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C APÍTULO III – S INISTRALIDADE RURAL : PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

2010:7) O plano de ação definido deve ser assinado pelo responsável ou líder da equipa que o elaborou e

C APÍTULO III – S INISTRALIDADE RURAL : PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

4.CARACTERIZAÇÃO DA SINISTRALIDADE RURAL

Segundo Richthofen (2006) a agricultura, a pecuária e a floresta são setores de atividade económica onde ocorrem muitos acidentes no desenvolvimento das mais variadas tarefas e que serão analisados neste capítulo no horizonte temporal 2007-2011 e no ano 2013. Apesar de termos a consciência de que o horizonte temporal encontra-se um pouco afastado no tempo, na sua definição teve-se em conta as datas de disponibilização dos dados do organismo oficial do Estado responsável pela estatística de acidentes de trabalho (GEP/GEE) que tem de aguardar pelo mapa de encerramento do processo de acidente de trabalho - final da reparação ou morte ou caso tenha passado um ano sobre a sua ocorrência – remetido pelas seguradoras, ou seja, os dados de 2011 só ficaram disponíveis em 2013 para posterior análise e tratamento.

Neste capítulo estudam-se os acidentes ocorridos nos setores de atividade económica da agricultura, pecuária e floresta, correspondentes à divisão 01 e 02 da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas (CAE)257, tendo por base as fontes de informação do GEP/GEE, da ACT, da ANSR e do INEM. Pretende-se conforme apresentado no pontos seguintes qualificar as fontes de informação, nas suas principais dimensões, caracterizar a sinistralidade em Portugal Continental e aferir a existência de subnotificação às autoridades responsáveis pela investigação e análise desses mesmos acidentes.

4.1.FONTES DE INFORMAÇÃO, CONCEITOS E METODOLOGIA

Para compreender e conhecer a sinistralidade nos setores em estudo, recolheu-se informação em várias fontes, em função das competências, missões e atribuições de diferentes instituições, de forma a abranger informação relativa aos diferentes tipos de acidentes, nomeadamente os ocorridos no interior e exterior das explorações, em deslocação nos acessos e na estrada, nos seus diferentes contextos, desde o profissional, ao associado a deslocação e transporte de fatores de produção e produtos, passando pelo hobbie como ocupação de tempos livres. Não menos importante procurou- se nas diferentes fontes obter informação em diferentes momentos do acidente: imediatamente após a sua ocorrência, durante a operação de emergência e de socorro, na fase de investigação e análise até passado um ano sobre o evento ter acontecido. Nesse sentido, a seleção das fontes pretendeu

257 Em Portugal estas atividades económicas enquadram-se na seção A da CAE, Ver. 3, divisão 01 - Agricultura, produção animal, caça e atividades dos serviços relacionados - 1111 a 1702; e divisão 02 - Silvicultura e exploração florestal - 2100 a 2400, de acordo com o DL n.º 381/2007, de 14 de novembro, que procedeu à 3º revisão da Classificação Portuguesa de Atividades Económicas (CAE) em Portugal Continental (entrou em vigor a 1 de janeiro de 2008).

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abarcar diferentes conceitos de acidente, formas de investigação e análise, instrumentos e métodos de recolha e tratamento da informação para percecionar como elas se poderão interligar, minimizando-se a subnotificação às autoridade responsáveis pela investigação e análise e maximizando-se o conhecimento produzido sobre a realidade da sinistralidade, tendo sempre em vista a definição e implementação de políticas públicas mais ajustadas ao setor e à efetiva mudança nos locais de trabalho, tornando-os mais seguros e saudáveis.

Em Portugal existem diferentes organismos nos quais é possível a recolha de elementos estatísticos sobre acidentes ocorridos nos locais de trabalho nos setores de atividade económica da agricultura, produção animal, caça e silvicultura e exploração florestal. A nível nacional os organismos oficiais que ofereceram maior fiabilidade para fornecer essa informação foram a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), o Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), ambos pertencentes ao Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, o Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE), do Ministério da Economia, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), do Ministério da Administração Interna, e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), do Ministério da Saúde e a nível comunitário o Eurostat que permitiram enquadrar a sinistralidade nacional a nível europeu. As especificidades e objetivos definidos nas missões e atribuições de cada instituição exigem à presente investigação uma análise mais profunda que permita clarificar as fontes, os conceitos, as metodologias de recolha e estudo, os conteúdos, as dimensões de análise, os meios e os propósitos da informação divulgada. Os diferentes conceitos de acidente, designadamente de acidente de trabalho, de acidente de viação e de acidente para o qual deve ser acionado meio de emergência e de socorro, assumem neste trabalho o estatuto de categoria para fins de classificação, potenciando assim, a uniformização dos seus usos para um melhor entendimento e homogeneização de interpretações efetuadas ao longo do estudo.

Compete ao GEP (até 2010)258 e ao GEE (após 2011)259 o apuramento e a produção de informação estatística sobre acidentes de trabalho260 no quadro nacional, resultante da recolha e

258 Por força do disposto nos n.º 1 e no n.º 3, da alínea a) do art.º 36.º, do Decreto-Lei n.º 211/2006, de 27 de outubro, o GEP assumiu as atribuições, direitos e obrigações legalmente cometidas à Direção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento (DGEEP), ao Gabinete para os Assuntos Europeus e Relações Internacionais (GAERI) e ao Gabinete para a Cooperação (GC), competindo-lhe garantir o apoio técnico ao planeamento estratégico e operacional e à formulação de políticas internas e internacionais do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social.

259 Ao abrigo da alínea b), do n.º4, do Decreto-Lei n.º 11/2014, de 22 de janeiro, foi criado o GEE, do Ministério da Economia (ME) com a missão de prestar apoio técnico aos membros do Governo na definição de políticas e no planeamento estratégico e operacional, apoiar os diferentes organismos do ME, através do desenvolvimento de estudos e da recolha e tratamento de informação, garantindo a observação e avaliação global de resultados obtidos. De entre as atribuições destaca-se a referida na alínea f), do n.º 2, do art.º 2.º do Decreto Regulamentar n.º 7/2014, de 12 de novembro, ou seja, garantir a produção de informação adequada, designadamente estatística, no quadro do sistema estatístico nacional, nas áreas de intervenção do ME.

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tratamento estatístico de participações e mapas enviados mensalmente pelas companhias de seguros e empresas com capacidade financeira para a auto cobertura dos riscos de acidentes de trabalho, sejam os acidentes de trabalho ocorridos no setor público ou privado. Os resultados são regularmente publicados nas coleções estatísticas de acidentes de trabalho, nos termos da delegação de competências do Instituto Nacional de Estatística (INE) e, em tempo, remetidos ao Eurostat261 em cumprimento das obrigações europeias. Para além da produção da informação estatística o GEP/GEE assegura ainda a gestão da reparação de danos com vista a uma racionalização de custos para todas as partes envolvidas.

Para o GEP/GEE o acidente de trabalho é definido como todo o acontecimento inesperado e imprevisto, que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença, de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte (acidente nas instalações).262 Conforme já referido, são também considerados acidentes de trabalho os acidentes de viagem, de transporte ou de circulação, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e que ocorram por causa, ou no decurso do trabalho, isto é, quando os trabalhadores exercem uma atividade económica, ou estão a trabalhar, ou realizam tarefas para o empregador.263 A legislação portuguesa faz ainda extensão do conceito de acidente de trabalho aos acidentes de trajeto ou in itinere, que são os acidentes que ocorrem no trajeto normalmente utilizado pelo trabalhador, qualquer que seja a direção na qual se desloca, entre o seu local de trabalho ou de formação ligado à sua atividade profissional e à sua residência principal ou secundária, o local onde toma normalmente as suas refeições ou o local onde recebe normalmente o seu salário, do qual resulta a morte ou lesões corporais.264 Apesar da legislação portuguesa englobar na definição de acidentes de trabalho os acidentes de trajeto (ou in itinere), estes encontram-se excluídos do tratamento estatístico efetuado pelo GEP/GEE devido às suas características, à dificuldade do empregador implementar medidas prevenção e de proteção e às regras e metodologias do projeto europeu de acidentes de trabalho (GEE, 2011: 13).

A fonte de informação do GEP/GEE são as seguradoras, que permite a caracterização do acidente de trabalho não só no momento do acidente mas também no intervalo de tempo entre a data de ocorrência e a finalização da reparação dos danos resultantes ou da morte do sinistrado. No setor privado, bem como no setor público que tenha transferido a responsabilidade para entidade seguradora, são os empregadores que participam o acidente de trabalho à seguradora que por sua

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