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N OVA REALIDADE SOCIAL : MIGRAÇÃO E AGRICULTURA A TEMPO PARCIAL

Nacional de Qualificações e, ainda, definir os perfis profissionais, os referenciais de formação e de

2.2.4. N OVA REALIDADE SOCIAL : MIGRAÇÃO E AGRICULTURA A TEMPO PARCIAL

As circunstâncias sociais específicas reforçam as coletividades rurais a mecanismos de autorregulação cuja matriz de conhecimento prático é baseada na descodificação contínua, entre o percebido e não percebido das ações realizadas, e das verificações e correções destinadas ao ajuste nas práticas, à expressão das expetativas e à reação de agentes (Bourdieu, 1984, apud Pinto, 1981: 203) O mecanismo de autorregulação redefine continuamente as orientações da ação em função da

147 Art.º 79.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, na redação atual.

148 N.º 2, do Art.º 77.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, na redação atual. Em fevereiro de 2015 constavam na lista 39 entidades autorizadas para ministrar a formação adequada, desde centros de formação, escolas profissionais, associações empresarias e universidades, com uma carga horária entre as 30 e as 80 horas sendo que a carga horária mais frequente é de 35 horas. Consulta efetuada em 13.03.2015. Disponível em:

http://www.act.gov.pt/(pt-

PT)/PromocaoSST/CertificacaoEntidadesFormadoras/Documents/ListaETD_Fev2015.pdf

149 Aplicável às explorações agrícolas familiares, aos trabalhadores independentes, aos trabalhadores agrícolas, sejam sazonais, sejam a termo e às microempresas que não exerçam atividades de risco não elevado, conforme disposto no Art.º 76.º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, na redação atual.

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informação recebida relativamente à informação emitida, bem como sobre os efeitos produzidos por essa informação – interhabitus. A especificidade das coletividades rurais em matéria de autorregulação social resulta de nelas ser coletivamente acionado um interhabitus integrado que produz a matriz do conhecimento prático recíproco dos princípios – igualmente práticos – a partir dos quais os agentes produzem e atribuem sentido. Por vezes, ocorre aquilo a que Bourdieu denominou de desintegração do interhabitus que pode manifestar-se de diversas formas, desde as características da profissão não agrícola dos camponeses parciais, aos condicionalismos da credibilidade mínima das estratégicas simbólicas, à reestruturação do habitus a longo prazo, às exigências específicas que no plano da entreajuda na organização económica da agricultura, pecuária e floresta local impõe aos produtores a tempo parcial, às formas jurídicas e à luta de classes.

Em 2009 aproximadamente 207 mil indivíduos da população agrícola familiar de Portugal Continental (correspondendo a 29% do total) exerciam outra atividade remunerada exterior à exploração, quer como trabalhadores por conta de outrem, quer na qualidade de empresários, em complemento do rendimento agrícola. De entre as várias justificações apontadas para a prática a tempo parcial destacam-se as motivações de âmbito local, designadamente, a dinâmica sócio económica, a busca de alternativas à atividade agrícola, pecuária e florestal, o empreendedorismo, o sistema de produção, a dimensão da exploração e a viabilidade económica. Apesar de não terem sido assinaladas grandes divergências regionais foram as regiões do interior onde as atividades externas à exploração foram menos referidas por serem mais escassas as alternativas profissionais e empresariais (INE, 2011: 99).

Da análise à origem do rendimento do agregado doméstico do produtor verificou-se que no continente em 6% das explorações o rendimento é exclusivamente da atividade da exploração, em 10% das explorações o rendimento resulta principalmente da atividade da exploração e em 84% (cerca de 228 mil explorações) a principal fonte de rendimento é externa à exploração. Comparativamente a 1999 verificaram-se tendências distintas: o decréscimo dos produtores que obtêm o seu rendimento exclusivamente da atividade desenvolvida nas explorações agrícolas, pecuárias e florestais (menos 2%) e o aumento dos produtores com rendimentos de outras origens (mais 14%), com especial destaque para as pensões e reformas (referidas por 64% dos produtores) e os salários dos setores secundário (14% dos produtores), terciário (22% dos produtores) ou mesmo em complemento de atividade empresarial (7% dos produtores) (INE, 2011: 100). O IEEA 2013, conforme já referido, refere que somente cerca de 6% dos produtores vivem exclusivamente da atividade agrícola, pecuária e florestal e que o número de produtores a tempo completo na exploração é inferior a 1/5 do total, ou seja, o rendimento doméstico do produtor agrícola continua a ser maioritariamente de origens exteriores à exploração (81%), em especial de pensões e reformas (65%) (INE; 2014). Pinto (1981) refere que nesta matéria as opiniões são convergentes e admitem que

84 “a obtenção de um rendimento de origem extra-agrícola por parte de alguns agricultores

tende a gerar uma conflitualidade latente ou aberta entre os que continuam a exercer a sua atividade a tempo pleno, quer como camponeses, quer como empresários”.150

O aumento do peso da agricultura, pecuária e floresta desenvolvida a tempo parcial, muitas vezes associado a migrações pendulares, alterou a lógica da entreajuda, em virtude do fluxo de rendimentos extra-agrícolas ter permitido uma intensa mecanização das explorações e, em muitas situações, a dispensa do recurso à entreajuda ou, noutras, a uma constituição de circuitos de entreajuda seguindo uma lógica diferente, dando lugar a práticas sociais cuja eficácia, efetiva e aparente, seja revista numa matriz economicista, com uma lógica de reprodução e acumulação do capital económico, associada a formas contratuais, para compra da força de trabalho ou direito de exploração de terra.

A introdução de novas relações no espaço social de vizinhança, muitas vezes associadas a fundamentos materiais, transformou a estrutura de classe nos campos e provocou um processo de desintegração do interhabitus (Pinto, 1981: 212-213). As transformações ocorridas na estrutura social de classe nos campos facilitam a penetração de novas relações na sociedade rural, mesmo quando não está implícita a diferenciação do quadro espacial de residência, que não poderá ser deixada de equacionar pelos naturais constrangimentos da produção, suas especificidades e condicionalismos. Segundo Barbichon (1962a) a desintegração no plano das relações sociais pode apresentar diferentes formas de manifestação, marcas e articulações, desde a valorização socialmente diferenciada dos locais de convívio e dos tempos de ócio, às rivalidades de ordem moral relacionadas com os lugares, à oposição de classes, apropriação e rejeição seletiva de festas locais, vestuários, gastronomia, materiais de construção, seleção de técnicas, métodos, processos de cultivo, escolha de espécies, até mesmo à forma de desenvolver a atividade, seja a tempo inteiro, seja a tempo parcial, podendo atingir ainda as relações de sociabilidade entre agricultores inativos e ativos.151 Barbichon (1962b) designou por equívoco simbólico as relações de sociabilidade existentes entre antigos agricultores (muito deles a trabalhar em mercado informal) e novos agricultores ativos.

De entre as transformações nas relações sociais Pinto (1981) salientou a dialética de relações entre produtores a tempo parcial e a tempo inteiro, entre os novos produtores que retornam de outros setores de atividade, muito ligados a valores da vida urbana e industrial e, por isso, com

150 Na ótica dos agricultores a tempo pleno a obtenção de rendimento adicional, quer pelo montante, quer pela regularidade, enfraquece a capacidade reivindicativa do setor, em particular na defesa do preço dos produtos e no facto de tornar mais rígido o mercado fundiário, adiando o abandono de terras que, noutras circunstâncias seria inviável. Henrique de Barros refere que os agricultores a tempo parcial, são vistos como aliados duvidosos ou mesmo concorrentes desleais, uma vez que por não dependerem em exclusivo da atividade, adaptam-se a estruturas defeituosas e ultrapassam mais facilmente conjunturas desfavoráveis (Barros, 1975).

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marcas efetivas e simbólicas dessa passagem social ou, ainda, os que emigraram para outros países, seja por opção seja pela situação forçada de desemprego. As migrações verificadas no meio rural condicionaram também a forma como as atividades são desenvolvidas nomeadamente quanto à reestruturação social, envelhecimento da população rural, transformação dos sistemas culturais, aquisição de prédios rústicos e de fatores de produção e à prática de agricultura a tempo parcial.

A sociedade portuguesa em geral, e as comunidades rurais em particular, sempre registaram elevado comportamento migratório ao longo da sua história,152 com todas as transformações e impactos daí resultantes, desde os demográficos, económicos e sociais. A emigração constituiu em Portugal um dos fenómenos de mobilidade social mais significativos e influentes na identidade rural. Na estrutura social portuguesa os emigrantes assumiram uma posição de prestígio na escala socioprofissional e um papel que reforçou a sua posição na estratificação social, em especial nas pequenas comunidades rurais (Antunes, 1981). Os movimentos migratórios verificados durante o período de ditadura provocaram grandes transformações em Portugal, tendo conduzido a que parte significativa dos trabalhadores do meio rural tenha sido transferida para outras regiões e outros setores de atividade económica. Apesar de terem saído de todas regiões do País, o seu fluxo manifestou-se de forma desigual, por ter-se centrado essencialmente nas zonas rurais do centro e norte de Portugal. O êxodo rural, manifestado tanto na emigração das décadas 60 e 70 - tanto para países do centro da europa, nomeadamente França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda como para a américa latina, designadamente Brasil e Venezuela -, acrescido pela migração interna para as regiões do litoral, em espacial para os polos industriais de Lisboa e Porto, provocou alterações sensíveis na distribuição da população, quer no espaço físico, quer nas diferentes atividades económicas a nível do território nacional (Antunes, 1981). A migração registada na comunidade rural, por incidir com especial preponderância no grupo de jovens adultos e ativos do sexo masculino, determinou a transformação dos sistemas tradicionais, quer nos processos de trabalho quer nos sistemas culturais e introduziu, pelo envelhecimento e a feminização da população do meio rural, alterações profundas à lógica da entreajuda. (Pinto, 1981:208-209).

A emigração ocorrida nas comunidades rurais desempenhou um papel fundamental na reestruturação social localizando-se os emigrantes normalmente no topo da escala da estratificação social. Nas comunidades rurais os emigrantes instituíram uma camada social, com conotação positiva, através dos atributos da iniciativa, capacidade de sacrifício e trabalho, de enfrentar riscos, vontade de mudança e de procura de novas e de melhores condições de vida. Os emigrantes passaram a ocupar uma posição social privilegiada, apresentavam sinais exteriores simbólicos que sustentavam de forma inequívoca e pública a sua nova posição de status social, com presença física mesmo com ele ausente - casa, equipamento doméstico, arquitetura, carro de luxo, investimento na

152 Desde a migração das populações indígenas, à fundação do País, aos descobrimentos, às invasões francesas, às guerras mundiais, aos movimentos para as antigas colónias e à emigração para o centro da europa.

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escolaridade dos filhos, identidade social (padrões de comportamento em festas e romarias) e no maior poder económico que permitia aumentar o património da família e assumir nova condição de proprietário, distintas dos padrões da sociedade tradicional rural onde estiveram anteriormente inseridos (Antunes, 1981).

No meio rural identificam-se ainda as migrações pendulares, típicas da década de 70 e de 80, que permitiram o escoamento do excedente da força de trabalho, o que fez com que a pressão sobre a procura de emprego ficasse aliviada, conforme o estudo efetuado em Fonte Arcada (Pinto, 1981), que retrata a forte dinâmica das comunidades rurais, levando ao necessário ajustamento de habitus de classe, com reflexos nas hierarquias e nas oposições de classe.A transferência geográfica de força de trabalho de natureza pendular153 permitiu o contato com novas situações objetivas e formas simbólicas inovadoras que introduziram transformações diretas na produção.

Conforme dados estatísticos apresentados, o abandono das explorações de menor dimensão, pelas razões atrás mencionadas, refletiu-se numa migração seletiva que conduziu a um decréscimo e a um desequilíbrio na composição da população rural, seja em género seja em idade.

2.3.SÍNTESE

Neste ponto estudou-se o ambiente social e técnico para que tenhamos um conhecimento mais profundo dos produtores e da mão de obra utilizada no trabalho (sexo, idade, instrução, informação e formação), das estruturas e sistemas produtivos (número, áreas exploradas, dimensão económica, formas de exploração, fatores e meios técnicos de produção, mecanização) e das relações sociais características da sociedade rural. Esta análise torna-se fundamental para a melhor compreensão dos acidentes ocorridos no meio rural, designadamente por possibilitar estabelecer relação de causa- efeito entre os locais onde são desenvolvidas as tarefas, as características, os conhecimentos e as competências dos produtores e trabalhadores que as desenvolvem, das relações sociais enraizadas e tipificadas nas comunidades rurais, da influência das migrações na sociedade rural, e da prática da atividade a tempo parcial que colocam desafios acrescidos aos sistemas de prevenção de acidentes.

Nas duas últimas décadas verificou-se a redução da população agrícola familiar na população residente bem como do número de explorações, em especial nas de menor dimensão, que permitiu o aumento médio da superfície utilizada por exploração. Apesar do ajuste estrutural ter possibilitado a aproximação da dimensão média das explorações à média da UE 28 a realidade

153 A obra Sociedade de Bairro, do sociólogo António Firmino da Costa (Costa, 1999), retrata um exemplo de migração pendular (duma região rural da zona centro de Portugal para a cidade de Lisboa). Nesta investigação sociológica analisou-se a influência das relações sociais, interiores e exteriores ao bairro, na produção de identidade cultural, cujo modelo analítico teve por base os padrões culturais, as classes sociais e os quadros de interação. A identidade cultural de Alfama foi investigada sob o ponto de vista das dinâmicas de permanência e mudança.

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evidência que cerca de 76% das explorações têm área inferior a 5 ha, não têm dimensão e viabilidade económica, praticam a atividade em sistemas de produção tradicionais, muitas vezes em complemento de pensões e reformas e com persistência do grupo doméstico.

A adesão de Portugal à Comunidade Europeia, em 1 de janeiro de 1986, permitiu o acesso a ajudas no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) que possibilitaram a modernização das estruturas produtivas, nomeadamente, fortes investimentos em construções e em máquinas e equipamentos de trabalho que permitiram o aumento da produtividade do trabalho. No período pós adesão verificou-se o decréscimo acentuado dos preços reais da maioria dos produtos agrícolas, pecuários e florestais que levou ao abandono nas explorações que não conseguiram acompanhar o processo de modernização em curso, por debilidade e impreparação económica, social e técnica. As transformações verificadas com a integração portuguesa no espaço europeu e na economia globalizada originaram um dualismo rural concretizado em dois sistemas de produção distintos: o tradicional e o moderno.

O sistema de produção tradicional encontra-se associado a baixos níveis de produtividade, a fraca divisão do trabalho, a utilização de mão de obra familiar de idade avançada, sem informação e formação adequadas aos riscos a que ficam expostos durante a realização das tarefas desenvolvidas, a aplicação de fatores de produção tradicionais e a utilização de máquinas e equipamentos obsoletos e pouco seguros. Nestes sistemas permanecem favorecidas as relações de vizinhança associadas a um sistema de ajuda reciproca, envolvendo trocas de serviços com utilização de mão de obra familiar e de máquinas e equipamentos de trabalho não pertencentes à exploração, em especial nos picos de trabalho mais intensos e exigentes. A reduzida dimensão social, técnica e económica, a prática da atividade em contexto informal como complemento de outros rendimentos ou como hobbie, a utilização de mão de obra essencialmente familiar e de idade avançada, com formação exclusivamente prática, associada a troca de serviços e a ajuda mútua nos picos de trabalho sazonais, dificultam a organização dos serviços de segurança e saúde (cerca de 67% da área encontra-se explorada por produtores singulares). Conforme referido no ponto anterior a legislação de SST é de difícil aplicação nestas estruturas produtivas pelo que ficam muitos destes produtores e trabalhadores expostos aos riscos de acidente sem o adequado planeamento das atividades de prevenção de riscos profissionais. Como forma de colocar estas micro empresas no sistema nacional de prevenção de riscos profissionais as Estratégia Europeia e Nacional para a SST fomentam a simplificação da legislação e a construção de instrumentos de aplicação legislativa para as micro e pequenas empresas. Caso a diretiva específica para a agricultura tivesse sido produzida poderia ter tido um contributo forte para a promoção da melhoria das condições de trabalho destes produtores e trabalhadores.

No sistema moderno podemos encontrar as explorações que acompanharam a evolução do capital científico e tecnológico e conseguiram fazer face à redução dos preços reais dos produtos com aumentos de produtividade e explorando maiores áreas. Nesse sentido, muitos dos produtores singulares associaram-se e constituíram-se em sociedades aumentando assim a sua dimensão

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económica. As políticas de apoio permitiram elevados investimentos em máquinas e equipamentos de trabalho, em especial tratores, que permitiram a mecanização das principais tarefas agrícolas, pecuárias e florestais. O número de tratores aumentou entre 1999 e 2009 em cerca de 15% (cerca de 180 mil) tendo quase metade idade superior a 20 anos, encontrando-se a trabalhar sem as estruturas de proteção (obrigatórias nos tratores matriculados após 1 de janeiro de 1993). Sendo o trator uma máquina com risco de reviramento, e daí a importância da existência de estruturas de proteção, devem os operadores ter formação específica habilitante. Atendendo a que existem duas instituições responsáveis pelo controlo da mesma habilitação em contextos diferentes de utilização (estrada e interior das explorações) analisou-se este tema e efetuou-se uma reflexão sobre as diferentes exigências de duas diferentes instituições do Estado.

Nas explorações de maior dimensão económica recorre-se, para além da mão de obra familiar, à contratação de trabalhadores permanentes e de eventuais ou sazonais. Regista-se ainda a utilização de mão de obra não contratada diretamente pelo produtor através de contratação de prestação de serviços em especial nos períodos de picos de trabalho (sementeiras, plantações e colheitas). Quanto à instrução apurou-se que cerca de 89% dos produtores têm formação exclusivamente prática e os que apresentam instrução esta é maioritariamente não agrícola. A importância da formação na atribuição de conhecimentos e de competências, em especial nos jovens agricultores, levou-nos ao levantamento da oferta formativa relacionada com a atividade agrícola, pecuária e florestal e com a área da segurança e saúde no trabalho em particular. A idade avançada, tanto de produtores como de trabalhadores, os riscos e condicionalismos associados às tarefas desenvolvidas e a tendência manifestada para continuação da atividade, não só pelo valor afetivo mas também como complemento de pensões e de reformas, levou-nos a abordar a temática do envelhecimento ativo em especial a necessidade de um cuidado acrescido na gestão da segurança e saúde para evitar a ocorrência de acidentes e de doenças profissionais. Sendo a atividade agrícola, pecuária e florestal praticada muitas vezes em tempo parcial entendeu-se como pertinente analisar esta nova realidade social.

Analisado o enquadramento político que disciplina a segurança e saúde no trabalho e que regulamenta a forma segura e saudável em que as atividades devem ser desenvolvidas de modo a evitar a ocorrência de acidentes e de doenças profissionais, bem como o enquadramento social e técnico das estruturas produtivas, apresentam-se no próximo capítulo as particularidades e condicionalismos das atividades agrícolas, pecuárias e florestais, os riscos a que os produtores e suas famílias e trabalhadores ficam expostos durante o desenvolvimento das tarefas, os sistemas de gestão da segurança e saúde e a forma como a prevenção está organizada em Portugal Continental. Na parte final faz-se uma reflexão sobre a construção de locais de trabalho dignos e seguros, analisando-se o papel do Estado, das organização e da sociedade na prevenção de acidentes e de doenças profissionais.

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