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O FERTA FORMATIVA : A FONTE DE CONHECIMENTO E DE COMPETÊNCIAS

99 De acordo com INE (2011) entende-se por:

2.2.3. O FERTA FORMATIVA : A FONTE DE CONHECIMENTO E DE COMPETÊNCIAS

Sendo o nível e instrução dos produtores e trabalhadores rurais bastante baixo e os índices de rendimento escolar reduzidos deverá ser realizada aposta para a formação qualificante dos jovens, no sentido de lhes proporcionar ferramentas que permitam aceder aos fundos comunitários. Os agricultores a tempo parcial bem como os que desenvolvem a atividade como hobbie de ocupação de tempos livres devem também ser detentores de informação e de formação adequadas aos riscos das tarefas desenvolvidas a fim de serem evitados acidentes no meio rural. O elevado número de acidentes ocorridos tanto aos sábados como aos domingos (ver capítulo relativo à sinistralidade rural) constituem fortes indícios de acidentes ocorridos nas tarefas agrícolas, pecuárias e florestais

136 De acordo com o Decreto-lei n.º 396/2007, de 31 de dezembro, a entidade competente para a certificação é a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) estando a formação, quer para os técnicos responsáveis pela distribuição, comercialização e aplicação de produtos fitofarmacêuticos, quer para a aplicação especializada destinada a aplicadores, prevista no art.º 24.º da Lei n.º 26/2013, de 11 de abril. A formação adequada é reconhecida pela Direção Regional de Agricultura e Pescas da área de realização da ação de formação.

137 Segundo o INE a taxa de desemprego no 1º trimestre de 2011 foi de 12,4%, no 1º trimestre de 2013 de 17,5% e no 4º trimestre de 2014 de 13,5%.

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realizadas a tempo parcial ou como hobbie para ocupação de tempos livres e produção de alimento para o autoconsumo.

No sentido de melhor compreender a oferta formativa nacional relacionada com as áreas da agricultura, pecuária e floresta estudaram-se os diferentes níveis de ensino previstos em Portugal. Analisando o sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências, da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P. (ANQEP,I.P.), destacam-se da oferta formativa nacional os Cursos de Educação e Formação (CEF)138, os Cursos Profissionais (CP)139, os Cursos de Especialização Tecnológica (CET)140 e os Cursos de nível superior das áreas da produção agrícola, produção animal e silvicultura e exploração florestal que permitem a aquisição de competências profissionais ajustadas aos interesses e às necessidades de mercado e a atribuição da habilitação no domínio da agricultura, pecuária e floresta que possibilitem as condições para instalação como jovem agricultor. Conforme anteriormente referido a política agrícola europeia define diretrizes aos diversos Estados-Membros para os jovens agricultores dando-lhes incentivos financeiros para a sua instalação. Para acesso aos apoios estabelecidos nos diferentes programas de ação para o desenvolvimento rural os jovens têm de ser detentores de formação adequada e garantir o respeito pelas regras de higiene e segurança no trabalho, ambiente e bem-estar animal.

138 Os Cursos de Educação e Formação integram 4 componentes de formação: sociocultural, científica, tecnológica e prática, organizadas numa sequência de etapas de formação (desde o tipo 1 ao tipo 7), consoante as habilitações de acesso e a duração das formações. Na oferta formativa nacional CEF, existem cursos na área da produção agrícola e animal, silvicultura e caça ministrados por estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo, por centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e por outras entidades formadores acreditadas. Podem frequentar os CEF os jovens com idade igual ou superior a 15 anos, com habilitação escolar inferior ao 2º e 3º ciclos ou ensino secundário já concluído mas sem qualquer certificação profissional de nível superior, permitindo um percurso formativo flexível com a conclusão da escolaridade obrigatória.

139 Os Cursos Profissionais são de nível secundário, possuem forte ligação ao mundo profissional, valorizando o desenvolvimento de competências para o exercício duma profissão, em articulação com o setor empresarial local. Estes cursos têm como condições de acesso o 9.º ano de escolaridade concluído ou formação equivalente e permitem prosseguir estudos a nível pós secundário ou superior, estando o plano de estudos organizado em 3 componentes de formação: sociocultural, científica e técnica (obrigatória formação em contexto de trabalho).

140 Os Cursos de Especialização Tecnológica são formações pós-secundárias não superiores que conferem o nível 5 de qualificação e preparam os jovens, entre outras, nas áreas da produção agrícola e animal, agricultura, silvicultura e pescas, floricultura e jardinagem, silvicultura e caça, ciências veterinárias, segurança e higiene no trabalho. Na oferta formativa existem 56 CET mas só um é de Segurança e Saúde no Trabalho. Os CET permitem aprofundar conhecimentos científicos e tecnológicos nas áreas de formação e prosseguir os estudos para um nível superior, podendo efetuar requalificações profissionais. Podem aceder ao CET os indivíduos que tenham o 10 e o 11º anos completos e inscrição no 12º ano e, ainda, aos indivíduos com idade igual ou superior a 23 anos, que tendo por base o reconhecimento da sua experiência profissional possam candidatar-se a um curso num estabelecimento de ensino superior.

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O Estado tem vindo a promover a integração de conteúdos sobre a segurança e a saúde no trabalho nos diversos currículos escolares dos vários níveis de ensino, tendo em vista uma cultura de prevenção no quadro geral do sistema educativo e na formação profissional, de forma a permitir a aquisição de conhecimentos e hábitos de prevenção de acidentes de trabalho e doenças profissionais.141 No que diz respeito às competências dos jovens que permitam a garantia e o respeito pelas regras de higiene e segurança no trabalho apurou-se que o domínio da segurança e saúde no trabalho está presente nos CEF (na componente formativa sociocultural, na área de competência cidadania e sociedade, que estabelece em todos a oferta formativa no domínio de formação em higiene, saúde e segurança no trabalho) nos CP (onde uma das áreas de formação é a de segurança e higiene no trabalho) nos CET e, ainda, em unidades curriculares específicas ou inserido nos programas de outras unidades curriculares do ensino superior142.

Relativamente aos adultos, a grande maioria dos produtores e trabalhadores destes setores de atividade, podem recorrer ao reconhecimento, validação e certificação de competências, aos cursos de educação e formação para adultos e às formações modulares (Aníbal, 2013). Os Centros de Qualificação de Ensino Profissional (CQEP) devem efetuar a triagem dos candidatos de forma a analisar e a percecionar se o candidato tem experiência profissional que lhe permita seguir a via do reconhecimento de competências ou se tem a necessidade de seguir a via da formação ou um curso de aprendizagem devendo, para isso, existir a garantia de que os centros de formação tenham disponíveis todo o conjunto de máquinas e equipamentos de trabalho que permitam cobrir todo o referencial formativo.

Da consulta realizada ao Catálogo Nacional de Qualificações143 concluiu-se que no referencial de formação tecnológica, na área de educação e formação estão previstas, na modalidade

141 Conforme preconiza a Medida 1 - Promover a inclusão de matérias referentes à segurança e saúde no trabalho na aprendizagem em todos os graus de ensino, incluindo uma sensibilização permanente ao longo de todo o percurso escolar – da ENSST.

142 A título exemplificativo, a Escola Superior Agrária de Santarém ministra a unidade curricular de Higiene e Segurança no Trabalho nas licenciaturas de agronomia, produção animal, tecnologia alimentar, nutrição humana e qualidade alimentar, atribuindo aos estudantes que concluam com aproveitamento as competências de empregador ou trabalhador designado devidamente reconhecidas pela ACT (www.esa.ipsantarem.pt).

143 A Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P. (ANQEP,I.P.) é um instituto público integrado na administração indireta do Estado, sob a tutela dos Ministérios da Educação e Ciência conjuntamente com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em articulação com o Ministério da Economia e tem como objetivo desenvolver e gerir o sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências, de âmbito escolar e profissional, assegurando a coordenação da correspondente rede de estruturas, bem como o acompanhamento, a monitorização, a avaliação e a regulação do sistema, em estreita colaboração com as demais entidades que integram o Sistema Nacional de Qualificações. No Catálogo Nacional de Qualificações as entidades empregadoras podem conhecer as qualificações de nível não superior (ensino básico, secundário e pós-secundário) enquadradas pelo Sistema

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de educação e formação de adultos, formações modulares, estruturadas em Unidades de Formação de Curta Duração - UFCD (de 25 a 50 horas) que importa salientar pela importância que assumem para os setores de atividade em análise em especial por ser ministrada gratuitamente nos centros de formação profissional, do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Na área de educação e formação da produção agrícola e animal (621) existem 6 qualificações de nível 2 (Operador agrícola - 621.277, Operador de pecuária - 621.283, Operador de máquinas agrícolas - 621.155, Operador Apícula – 621.248, Tratador/desbastador de equinos - 621.157 - e Tratador de animais em cativeiro 621.156) e 3 qualificações de nível 4 (Técnico de produção agropecuária - 621.312, Técnico de gestão equina – 621.330 e Técnico vitivinícola - 621.313) podendo ser estruturadas através de 533 UFCD. A área da Floricultura e jardinagem (622) dispõe de 2 qualificações de nível 2 (Operador de jardinagem - 622.161 e Operador de manutenção em campos de golf – 622.162) e no nível 4 a de Técnico de jardinagem e espaços verdes – 622.163, estruturadas por 91 possíveis UFCD.

Quanto à Silvicultura e caça (623) apurou-se que estão previstas no nível 2 as qualificações de Operador florestal (623.164), Motosserrista (623.211) e Sapador florestal (623.239) e no nível 4 as de Técnico de gestão cinegética (623.165), Técnico de máquinas florestais (623.314) e Técnico de recursos florestais e ambientais (623.166) estruturadas por 139 UFCD.

A elevada utilização de tratores e de máquinas agrícolas e florestais exige um olhar mais atento sobre o curso de operadores de máquinas agrícolas. Nesse sentido, apurou-se que a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional exige a frequência de 15 UFCD144 para atribuição de competências para operar com segurança o trator com reboque, bem como com as

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