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introduzidas pela Lei n.º 59/2008, de 11 de setembro No que diz respeito aos acidentes dos trabalhadores

independentes é aplicável o Decreto-Lei n.º 159/99, de 11 de maio.

41 A este propósito consultar a Resolução sobre as estatísticas das lesões profissionais devidas a acidentes de trabalho, adotada na 16ª Conferência Internacional de Estatísticas do Trabalho (CA do BIT/OIT, 1998; Cfr art.º 8º e 9º da Lei n,º 98/2009, de 4 de setembro).

42 Acidente que ocorre no trajeto normalmente utilizado pelo trabalhador, qualquer que seja a direção na qual efetua a deslocação, entre o local de trabalho ou de formação ligado à sua atividade profissional e a residência principal ou secundária, o local onde toma normalmente as refeições ou o local onde recebe habitualmente o salário, do qual resulta a morte ou lesões corporais. A este propósito consultar a Resolução sobre as estatísticas das lesões profissionais devidas a acidentes de trabalho, adotada na 16ª Conferência Internacional de Estatísticas do Trabalho (CA do BIT/OIT, 1998; Cfr. art.º 8º e 9º da Lei n,º 98/2009, de 4 de setembro).

43 Cfr. art.º 8.º (Conceito) e 9.º (Extensão do conceito), da Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro. Nesta noção devem ser incluídos os atos de violência, derivados ou relacionados com o trabalho. No novo enquadramento jurídico o conceito de acidente de trabalho foi alargado, passando a proteger ainda o trajeto entre locais de trabalho diferentes, no caso do trabalhador ter mais do que um emprego (Quintero, Oliveira e Cardoso, 2012: 312).

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identificado e a doença manifestada, desde que seja reconhecida como tal na lista de doenças profissionais (Roxo, 2011). O Estado ao adotar medidas legislativas e administrativas para a gestão e o controlo dos riscos fomentou a criação de entidades especializadas na gestão e na aplicação de procedimentos de controlo da atividade desenvolvida (Frade, 2004) assumindo, assim, o seu papel de representante do interesse geral ou bem comum da sociedade e, de forma implícita, de agente de desenvolvimento social e económico (Delicado e Gonçalves, 2007).

A socialização do risco imposta por Lei e materializada pelo regime de cobertura dos acidentes de trabalho, pode apresentar configuração distinta, ou seja, ser assegurada pelo sistema da segurança social público (de segurança social), por sistema privado, ou mesmo, sistema misto (Quintero, Oliveira e Cardoso, 2012; Fialho, 2007, Lima, 2012). Em Portugal, o regime legal aplica o sistema privado, sendo o empregador obrigado a transferir para entidade legalmente autorizada, através de contrato de seguro de acidentes de trabalho, que assenta, como já referido, no princípio da responsabilidade pelo risco, ou seja, independentemente da culpa do empregador.44 A evolução da responsabilidade objetiva, onde não importava se a conduta do empregador foi intencional ou negligente, para a responsabilidade pelo risco e obrigatoriedade de transferência para entidade legalmente autorizada, constitui uma importante conquista social, estando assim, assegurada a reparação dos danos emergentes dos acidentes de trabalho e de doenças profissionais e, ainda, a reabilitação e reintegração profissionais.45

Não é possível obter uma relação objetiva sobre qual dos modelos – público ou privado – é mais eficaz. No entanto, Quintero, Oliveira e Cardoso (2012) referem que uma das vantagens do modelo de seguro público é a sua associação a um preço regulamentado, evitando-se, assim, a subtarifação do risco em resultado duma concorrência excessiva, especialmente nas atividades com responsabilidades de longo prazo. Por outro lado, os sistemas privados, por terem maior flexibilidade de aplicação de sistemas de participação nos resultados, podem procurar carteiras mais equilibradas, e criar um maior incentivo à prevenção de acidentes por parte dos empregadores, de forma a evitar a subsidiarização dos riscos nas diferentes atividades.

44 No âmbito dos acidentes de trabalho o regime legal pode seguir duas teorias: a do risco profissional e a teoria do risco económico ou empresarial (Quintero, Oliveira e Cardoso, 2012). A teoria do risco profissional só considera acidente de trabalho os eventos que decorrem dos riscos da própria atividade profissional desenvolvida, sendo necessário verificar o nexo de causalidade, ou seja existir uma relação entre o acidente e o trabalho desenvolvido. Por outro lado, a teoria do risco económico (também designado de empresarial ou de autoridade) prescinde da relação causa-efeito e considera acidente os eventos resultantes do risco da inclusão dos trabalhadores na estrutura da organização (Martinez, 2010).

45 Cfr. art.º 79.º (Sistema e unidade de seguro) e 171.º (Extensão do conceito), da Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro, para os trabalhadores por conta de outrem ou legalmente equiparáveis. No caso dos trabalhadores independentes, é aplicável o disposto no art.º 1.º do Decreto-Lei n.º 159/99, de 11 de maio, exceto aqueles cuja produção se destine exclusivamente ao consumo ou utilização para si próprio ou pela sua família. Não estão abrangidos os trabalhadores da administração central, regional e local quando abrangidos pelo regime de acidentes em serviço ou outro regime legal similar.

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1.3.2. A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM PORTUGAL

Na política social e de emprego em Portugal destacam-se vários marcos importantes para a saúde e segurança no trabalho e, consequentemente, para a redução dos acidentes de trabalho:

 a ratificação das convenções da OIT;

 a consagração na Constituição da República Portuguesa (CRP) do direito à prestação de trabalho em condições de higiene, segurança e saúde, na revisão de 1982;

 a criação do Conselho Nacional de Higiene e Segurança no Trabalho (1982);  a transposição da Diretiva-quadro 89/391/CEE, de 12 de junho;

 os pactos sociais e respetivos instrumentos de definição de políticas de SST;  as estratégias nacionais de saúde e segurança no trabalho 2008-2012 e 2015-2020.

No início do período da democracia manifestou-se uma importante vontade de modernização do quadro legislativo português materializado pelas ratificações de várias convenções da OIT46que trouxeram grande evolução no quadro legislativo português. Segundo Roxo (2012) a produção legislativa em Portugal, apesar de partilhar a mesma filosofia de base da legislação europeia do pós-guerra, foi muito limitada até finais dos anos 80. De entre as convenções relativas à segurança e saúde no trabalho ratificadas neste período, destacam-se as duas que são específicas para a agricultura: a Convenção n.º 129, de 1969, e a Convenção n.º 184, de 2001, relativa à Segurança e a Saúde na Agricultura, adotada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, na sua 89.ª Sessão, realizada em 2001, apesar de só ter sido ratificada para Portugal em 2012.

O ano de 1982 constituiu um importante marco histórico para a segurança e saúde no trabalho ao ser consagrado pela primeira vez na Constituição da República Portuguesa o direito à prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde a todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas47 e, ainda, pela criação do Conselho Nacional de Higiene e Segurança no Trabalho (CNHST)48. Conseguiu-se com estes dois momentos dar forte impulso à promoção da melhoria das

46 No período de pré-adesão à CEE foram ratificadas diversas Convenções da OIT, designadamente a Convenção n.º 148, de 1977, a Convenção n.º 120, de 1964, a Convenção n.º 129, de 1969, a Convenção n.º 127, de 1967 e a Convenção n.º 155, de 1981.

47 Na constituição da república portuguesa, revisão de 2005, está prevista, na alínea c), do n.º 1, do art.º 59.º (direitos dos trabalhadores) o direito à prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde. 48 Resolução do Conselho de Ministros n.º 204/82, de 16 de novembro, com o objetivo de promover a

cooperação do Estado com os parceiros sociais, com vista à formulação, aplicação e avaliação periódica de uma política nacional que vise a prevenção de acidentes e de danos à saúde resultantes de condições de

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condições de trabalho, nomeadamente, pela cooperação entre o Estado e os parceiros sociais, que iria permitir abrir portas à modernização do quadro legislativo com vista à redução dos riscos profissionais e ao combate à sinistralidade laboral e às doenças profissionais.

Com a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia, em 1 de janeiro de 1986, o quadro legislativo foi sendo construído em função dos riscos profissionais, dos setores de atividade económica, do âmbito e objeto e das tensões e equilíbrios sociais, com vista ao estabelecimento de um estado seguro. No entanto, Roxo (2012) refere que, “apesar das iniciativas o quadro de normas resultante continua a ser marcadamente parcializado, seja pela exclusão de partes significativas da população empregada, seja pelo seu âmbito setorial, seja ainda pela circunscrição a uma tipologia estrita de fatores de risco especificamente abordados, todos eles reportados à proteção da integridade física”, encontrando-se ausente da legislação “a prevenção de fatores de risco capazes de afetar a saúde mental”. A modernização da sociedade portuguesa, designadamente a definição e configuração de políticas de segurança e saúde no trabalho, assentou essencialmente no estabelecimento de pactos sociais, negociados e celebrados em sede de concertação social, de composição tripartida - Estado, representantes de empregadores e de trabalhadores. No âmbito do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS, 1991)49 foram estabelecidos os acordos de 1991, de 1996 (CES, 1996) e 2001 que permitiram a definição e a estruturação da abordagem preventiva, indo ao encontro das principais diretrizes das Convenções da OIT e da Diretiva-quadro 89/391/CEE, de 12 de junho. Roxo (2012) afirma que a interação dos sujeitos laborais permitiu a concretização dos mecanismos de prevenção de riscos profissionais, desde logo com a tomada de consciência de que o quadro legislativo construído somente em função do risco deveria ser estendido de forma a responder aos problemas das sociedades modernas e a abarcar todos os riscos, não só os físicos, mas também os mentais. Nos diferentes pactos sociais os setores de atividade da agricultura, pecuária e floresta estiverem sempre presentes, quer do lado dos empregadores, quer do lado dos trabalhadores pelo que iremos fazer uma breve revisão dos mesmos para analisar o que referem sobre as especificidades destes setores.50

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