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DESENHO DO ESTUDO EMPÍRICO

2.4. Características da amostra

A amostra é constituída por 167 familiares que acompanham ou cuidam doentes oncológicos. Esta será caracterizada a nível sócio-demográfico e socioprofissional, sendo também apresentadas as características familiares da amostra. Tendo em conta que a amostra se refere a familiares que acompanham doentes oncológicos, estes sujeitos serão também brevemente caracterizados.

Características sociodemográficas A amostra em estudo divide-se entre homens (42%) e mulheres (58%), representando estas a maioria. Relativamente ao estado civil, poderemos verificar que a esmagadora maioria dos sujeitos são casados, sendo que 58% são casados com os doentes que acompanham ou cuidam (33% homens e 25% mulheres). Aparecem também 25% de familiares solteiros, geralmente filhos do doente. Os divorciados e viúvos são muito pouco representados (1,2%, respectivamente) (Quadro n.º 9).

A média de idades da amostra é de 46 anos (

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=45,76; Me=49; s=14,3), apresentando, na sua maioria, idades entre os 40 e os 49 anos (24%) e entre os 50 e os 59 anos (29%), sendo os restantes grupos menos representados. Assim, a maioria dos indivíduos tem idades compreendida entre 40 e os 60 anos, exclusive (53,3%) (Quadro n.º 10), A distribuição das idades tem uma amplitude de 59 anos, variando entre os 15 e os 74 anos de idade. A amostra apresenta uma distribuição nas idades que rejeita a normalidade (K-S=0,111; gl=167; p=0,000) (gráfico n.º 3).

Quadro n.º 9 - Sexo e estado civil da amostra n % Sexo Masculino 70 41,9 Feminino 97 58,1 Total 167 100 Estado civil Solteiro 41 24,6 Casado 122 73,1 Divorciado 2 1,2 Viúvo 2 1,2 Total 167 100

Quadro n.º 10 - Grupo etário da amostra

n % Grupo etário < 25 anos 13 7,8 25-29 anos 20 12,0 30-39 anos 16 9,6 40-49 anos 40 24,0 50-59 anos 49 29,3 60-64 anos 16 9,6 ≥ 65 anos 13 7,8 Total 167 100

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Gráfico n.º 3 - Caixa de bigodes para a idade

Idade do Familiar 80 70 60 50 40 30 20 10

A maioria dos sujeitos da amostra apresenta níveis de instrução abaixo do ensino obrigatório na actualidade (3º Ciclo do Ensino Básico) (n=99; 59,3%), sendo ínfimos os casos registados de sujeitos sem instrução (n=3; 1,8%). Os restantes indivíduos declararam possuir o ensino secundário (16,2%) ou uma qualificação académica ao nível do ensino superior (22,8%) (Quadro n.º 11). Cruzando os dados, verificamos que o nível de instrução se associa à idade dos sujeitos de forma clara (χ2=130,7; gl=30; p=0,000;

r2=-0,566; p=0,000), encontrando-se, a título de exemplo, sujeitos com o ensino secundário até aos 60 anos, e nenhum caso de indivíduos cujo nível de instrução seja o 1º Ciclo do Ensino Básico abaixo dos 40 anos de idade (cf. Anexo C-2 para visualizar).

O tipo de profissão desempenhada corresponde em grande medida ao tipo de habilitações literárias detidas (χ2=200,1; gl=48; p=0,000; r

2=-0,426; p=0,000). A título de exemplo encontramos os especialistas das profissões intelectuais e científicas (sobretudo professores), detentores de títulos académicos de ensino superior, enquanto encontramos os operários, artífices e trabalhadores não qualificados com baixas

Quadro n.º 11 - Nível de instrução da amostra

n %

Nível de instrução

Sem Instrução 3 1,8

1º Ciclo do Ensino Básico 60 35,9 2º Ciclo do Ensino Básico 22 13,2 3º Ciclo do Ensino Básico 17 10,2

Ensino Secundário 27 16,2

Ensino Superior 38 22,8

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qualificações académicas, assim como as domésticas (todas mulheres). Também registámos excepções, com a presença de diplomados do ensino superior com empregos correspondentes aos grupos 3, 4, 5, 7 e 9 claramente abaixo das suas qualificações, não se registando casos da situação oposta.

Não registámos nenhum caso de sujeitos com profissões enquadradas nos grupos relativos aos “Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresa” e aos “Membros das Forças Armadas” (Quadro n.º 12).

Quadro n.º 12 - Profissão e principal meio de vida dos sujeitos da amostra

n %

Profissão

Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas 16 9,6

Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio 3 1,8

Pessoal Administrativo e Similares 13 7,8

Pessoal dos Serviços e Vendedores 16 9,6

Agricultores e Trab. Qualificados da Agricultura e Pescas 1 0,6 Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 23 13,8 Operadores de Instalações e Máq. e Trab. Montagem 6 3,6

Trabalhadores não Qualificados 22 13,2

Domésticos 29 17,4

Estudantes (outros activos) 13 7,8

Inactivos 25 15,0

Total 167 100

Principal meio de vida

Rendimento do Trabalho 91 54,5

Pensão 29 17,4

Rendimento da Propriedade e da Empresa 1 0,6

A Cargo da Família 38 22,8

Subsídio de Desemprego 6 3,6

Subsídio Temporário por Incapacidade de Trabalho ou

Doença Profissional 1 0,6

Rendimento Social de Inserção 1 0,6

Total 167 100

A maioria dos indivíduos da amostra vive do rendimento do trabalho (55%), seguindo-se os que se encontram a cargo da família (sobretudo estudantes e domésticas) (23%) e os que auferem de pensão de reforma (17%) (Quadro n.º 12).

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Características familiares

Os familiares da amostra são sobretudo cônjuges (58%) ou filhos dos doentes (26%), sendo estes maioritariamente

solteiros. São menos frequentes os pais ou mães de doentes e outros tipos de parentesco, que se referem a tios/ sobrinhos e padrinhos ou madrinhas/ afilhados (Quadro n.º 13).

Relativamente à forma como se configuram os sistemas familiares dos indivíduos da amostra, desde logo ressalta que mais de 2/3 dos doentes integram este núcleo, partilhando a residência (78,4%) (Quadro n.º 14). Explorando os dados, entre os 36 doentes que não integram a família nuclear do familiar que o acompanha, encontramos 8 filhos, 17 pais e 11 pessoas que mantêm outro tipo de parentesco com o familiar

As famílias apresentam uma composição essencialmente nuclear (76%) com duas gerações (72%) (Quadro n.º 19). Há ainda 6% de famílias com o seu núcleo truncado, onde não existe um dos elementos do subsistema executivo, e 7% de famílias nucleares alargadas através da incorporação de membros de outros sistemas, sobretudo da terceira geração. Em 8% dos casos (n=13), os

sujeitos vivem sozinhos. O agregado familiar tem, em média 3 pessoas (

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=3,41; Me=3;

s=1,313), compostas pelo mínimo de 1 pessoa e um máximo de 9 pessoas. A maioria dos

núcleos constam de 3 (n=48, 28,7%) ou 4 pessoas (n=56, 33,5%).

Quadro n.º 13 - Grau de parentesco entre o doente e o familiar da amostra

n %

Grau de Parentesco com o Doente

Cônjuge 97 58,1 Pai ou Mãe 13 7,8 Filha(o) 43 25,7 Irmã(o) 8 4,8 Outro parentesco 6 3,6 Total 167 100 Quadro n.º 14 – Características do sistema familiar n %

Doente integra o sistema familiar

Não integra 36 21,6

Integra 131 78,4

Total 167 100

Tipo de Família quanto à Composição

Família nuclear 127 76

Família nuclear truncada 9 5,4

Família nuclear alargada 11 6,6

Família nuclear truncada e

alargada 7 4,2

Outras situações (vive só) 13 7,8

Total 167 100

Presença Geracional no sistema familiar

Uma geração 36 21,6

Duas gerações 120 71,9

Três gerações 11 6,6

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Breve apresentação das características dos doentes

Os doentes acompanhados pelos familiares da amostra são, na sua maioria, do sexo feminino, representando 66,5% do total (n=111). Quanto ao estado civil, 84,4% são casados, sendo uma minoria os solteiros (6,6%), os divorciados ou separados (6%) ou ainda os viúvos (3%) (cf. Anexo C-6).

Têm uma média de idades de 51 anos (Me=53; s=9,74), variando entre os 25 (mínimo) e os 64 anos de idade (máximo), tal como estipulado nos critérios de inclusão para a constituição da amostra. A maioria dos doentes situa-se no intervalo entre os 50 e os 60 anos, exclusive (n=74, 44%).

O nível de instrução dos doentes é sobretudo nível do primeiro ciclo do ensino básico (n=86, 51,5%), distribuindo-se os restantes pelo segundo ciclo do ensino básico (13,8%), pelo ensino secundário (13,2%) e superior (13,8%). Não foram registados casos de sujeitos sem instrução. Profissionalmente, as domésticas destacam-se, representando 21,6% dos doentes, seguindo-se 14,4% de “operários, artífices e trabalhadores similares” e 11,4% de “especialistas das profissões intelectuais e científicas”. Há ainda 16,8% de inactivos (cf. Anexo C-6). Como meio de vida, a maioria dos doentes dependem sobretudo do rendimento do trabalho (n=90, 53,9%), seguindo-se os que estão a cargo da família (20,4%), particularmente as domésticas e os pensionistas (16,8%).

A literatura diz-nos que a doença assume significados distintos nas diferentes fases do nosso ciclo vital, enquanto sujeitos, e do ciclo vital da família que integramos. Assim, foi de nosso interesse caracterizar a fase do ciclo vital da família do doente atendendo aos dados demográficos que detínhamos sobre os elementos da família do doente (Quadro n.º 15).

Verificamos que 71,3% (n=119) dos doentes integram famílias com filhos, contra 28,7% sem filhos no sistema familiar. As famílias dos doentes encontram-se sobretudo na fase da família com filhos adultos (64%, n=107), sendo que, de entre estes, em 38,9% dos casos os filhos adultos permanecem no sistema familiar, coabitando com os restantes elementos que o compõem, e nos restantes 25,1% os filhos já não integram o sistema familiar ou o casal nunca os teve. Há 6% na fase das famílias com filhos adolescentes e 4,8% na fase com filhos na escola, sendo de sublinhar que 21,6% (n=36) das famílias vivem simultaneidade de fases do seu ciclo vital.

Nos 36 casos em que o doente não integra o sistema familiar, a fase do ciclo vital familiar predominante é a das famílias com filhos adultos (coabitantes), com 38,9% dos casos (n=14), seguido das situações de pessoas sozinhas (27,8%, n=10) (cf. Anexo C-6).

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Quadro n.º 15 – Fase desenvolvimental da família do doente

n %

Fase do ciclo vital da família do doente

Formação do casal 2 1,2

Família com filhos na escola 8 4,8

Família com filhos adolescentes 10 6,0

Família com filhos adultos (coabitantes) 65 38,9

Família com filhos adultos (não-coabitantes) / Casal sem filhos 42 25,1 Etapas CV simultâneas: Família com filhos pequenos e na escola 8 4,8 Etapas CV simultâneas: Família com filhos na escola e adolescentes 8 4,8 Etapas CV simultâneas: Família com filhos na escola e adultos 3 1,8 Etapas CV simultâneas: Família com filhos adolescentes e adultos 17 10,2

Sozinho(a) (“ninho vazio” ou vive só) 4 2,4

Total 167 100

Filhos no sistema familiar do doente

Família com filhos pequenos, na escola e adolescentes 54 32,3

Família com filhos adultos coabitantes 65 28,7

Família com filhos adultos não-coabitantes / casal sem filhos e

outras situações (etapa de formação do casal, sozinhos) 48 38,9

Total 167 100

Síntese

Ao identificar as características sociodemográficas e familiares da nossa amostra, podemos destacar que a maioria dos sujeitos são do sexo feminino, casados, com idades entre os 40 e os 60 anos (exclusivé) e que vivem do rendimento do seu trabalho. São sobretudo cônjuges de doentes e pertencem, na sua maioria, a uma família nuclear com duas gerações.

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