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Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal

DESENHO DO ESTUDO EMPÍRICO

47. Sentir-se nervoso quando tem que ficar sozinho

2.5.1.6. Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal

O instrumento que permite analisar a rede de suporte social na situação de doença, o IARSP – Instrumento de Análise da Rede Social Pessoal – foi originalmente concebido para os projectos de investigação de Sónia Guadalupe Abreu e Dina Simões (Guadalupe, 2000), sob orientação da Professora Doutora Madalena Alarcão, no âmbito do Mestrado em Família e Sistemas Sociais do Instituto Superior Miguel Torga, que se iniciaram em 1998. O IARSP contou com colaborações posteriores de Ana Paula Matos (FPCE Universidade de Coimbra) e de Liliana Sousa (Universidade de Aveiro), tendo sido desenvolvidas novas versões, com alterações tanto ao nível da sua configuração como

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de conteúdos. Alarcão e Sousa (2007) caracterizam detalhadamente o IARSP-R (Alarcão, Abreu & Sousa), considerando o instrumento como tendo um “valor claro e inequívoco” (Alarcão & Sousa, 2007: 375).

Neste estudo foi utilizado o IARSP-RS (in Guadalupe, in press) (Cf. Anexo A) e nele constam adaptações específicas para o presente protocolo de investigação. Este é um instrumento multidimensional que pretende recolher informação acerca da rede social pessoal do indivíduo questionado, sendo constituído por um conjunto de itens que nos permitem caracterizar a rede nos seus aspectos estruturais, funcionais e contextuais.

O IARSP-RS (versão revista sumária) apresenta três partes distintas, tal como a sua versão mais desenvolvida. É sobretudo na segunda parte que sofre mais alterações face às versões anteriores. Este elege as variáveis consideradas essenciais para aceder às características da rede social pessoal dos sujeitos de forma sumária, para permitir estudos com amostras mais amplas.

Na primeira parte consta um campo para caracterização do sujeito central e um campo para o gerador de rede. Para o presente estudo, não foi utilizado o gerador genérico do instrumento original (Guadalupe, in press), mas antes um gerador adaptado aos objectivos do estudo, tendo sido formulado para a avaliação do suporte social recebido e sendo o gerador de rede dirigido a esta população em concreto. Assim, o gerador de rede para o presente estudo focalizou a situação da doença, sendo enunciado da seguinte forma: “refira o nome das pessoas com quem se relaciona, são significativas na sua vida e o apoiam, desde que o seu familiar adoeceu”.

O IARSP-RS consta de oito campos e onze itens: nome e número das pessoas da rede; vínculo ou tipo de relação; sexo dos sujeitos; frequência de contactos; residência/distância; frequência do apoio emocional, material e instrumental, informativo; reciprocidade de apoio; mudança percebida no tamanho da rede; densidade (matriz de interconexão). Operacionalmente, IARSP-RS permite caracterizar a rede (nas suas Parte II e III) quanto ao tamanho e composição (elementos da rede e vínculo), densidade, frequência de contactos e dispersão geográfica, e quanto às funções genéricas de suporte social. Consta ainda de um pequeno conjunto adicional de questões opcionais que permitem avaliar a reciprocidade de suporte e a mudança percebida no tamanho da rede. Ou seja, sumariamente temos informação disponível que nos permite caracterizar a rede estrutural, funcional e contextualmente.

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Este é sobretudo um instrumento descritivo, não permitindo uma avaliação psicométrica. Mas, se a sua fidedignidade e validade não podem ser apuradas estatisticamente, e se lhe encontram limites ao tratamento estatístico, pois não sendo um construto unidimensional nem utilizando uma escala única de respostas, exige um processo de cotação intermédia (Alarcão & Sousa, 2007), este apresenta validade facial. A este propósito, Alarcão e Sousa (2007: 354) afirmam que IARSP se apresenta como uma forma estruturada e útil “para a análise, compreensão, intervenção e investigação no âmbito das redes sociais pessoais”.

Nos Quadros n.º 31, 32 e 33 são descritas as variáveis avaliadas a partir do IARSP-RS para as dimensões estrutural, funcional e contextual da rede de suporte.

Quadro n.º 31 - IARSP-RS: Dimensão estrutural

Variável Descrição Cotação

Tamanho

da Rede Número de membros da rede identificados -Valores absolutos -Categorização em classes Nível de densidade

Nível de Densidade obtido a partir do software de análise de redes sociais UCINET (para egonetworks) Densidade da

Rede Classificação do tipo de densidade

com base no nível de densidade da rede e na visualização da rede (através do software NetDraw)

1- Coesa 2- Fragmentada 3- Dispersa Composição da Rede Quadrantes considerados: - Família (com identificação do

parentesco);

- Relações de amizade; - Relações de trabalho e/ou de

estudo;

- Relações comunitárias ou de vizinhança;

- Relações no âmbito institucional.

-Tamanho do quadrante - Proporção do quadrante no tamanho da rede

- Número de Quadrantes - Composição quanto às combinações dos quadrantes presentes na rede

No tratamento dos dados relativos à dimensão estrutural da rede, foram utilizados os seguintes programas informáticos para análise das redes sociais: o UCINET 6.164 (Borgatti, Everett & Freeman, 2002) para avaliar o nível de densidade da rede social pessoal (egonetwork) e o NetDraw 2.072 (Borgatti, 2002) para visualização gráfica destas mesmas redes.

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Quadro n.º 32 - IARSP-RS: Dimensão funcional

Variável Descrição Cotação

Frequência do apoio emocional recebido

Frequência do apoio material e instrumental recebido Frequência do Apoio Social Recebido66 Frequência do apoio informativo recebido 1- Nunca 2- Raramente 3- Algumas vezes 4- Frequentemente 5- Sempre Reciprocidade de apoio Reciprocidade funcional percebida pelo sujeito relativamente aos membros da rede

1- Não dá apoio a nenhuma destas pessoas

2- Dá apoio a muito poucas destas pessoas

3- Dá apoio a poucas destas pessoas 4- Dá apoio a algumas destas pessoas 5- Dá apoio à maior parte destas pessoas

Quadro n.º 33 - IARSP-RS: Dimensão contextual

Variável Descrição Cotação

Frequência de Contactos67 Frequência de contactos entre o sujeito e os membros da rede 1- Diariamente 2- Semanalmente 3- Quinzenalmente 4- Mensalmente 5- Raramente Dispersão (geográfica) da rede68 Distância na residência entre o sujeito e os membros da rede 1- Na mesma casa 2- No mesmo bairro/rua 3- Na mesma terra 4- Até 50 km 5- A mais de 50 km Homogeneidade sexual na rede Semelhança entre os membros da rede baseada na característica sócio- demográfica “sexo”

Proporção do sexo feminino e masculino no tamanho da rede

Mudança percebida no tamanho da rede

Mudança percebida na rede desde que o familiar adoeceu

1- O número de pessoas com que se relaciona é aproximadamente o mesmo 2- (…) é pouco maior do que antes 3- (…) é muito maior do que antes 4- (…) é pouco menor do que antes 5- (…) é muito menor do que antes

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66 A cotação destas variáveis implica um processo de cotação intermédia. Apesar das variáveis serem, em rigor, variáveis

ordinais, tratamo-las simultaneamente como variáveis de intervalo porque incluem um número de categorias superior a 3 (Pestana & Gageiro, 1998:154). ao tratá-las desta forma vamos ao encontro da prática corrente que assume que as medidas baseadas em múltiplos itens tem propriedades similares às ditas verdadeiras variáveis de intervalo e podem ser tratadas como se fossem escalas de intervalo (Bryman & Cramer, 1993).

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