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Políticas na área da oncologia em Portugal 

A S POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL E DE

1.4. Políticas na área da oncologia em Portugal 

Tal como a saúde mental, também a Oncologia representa presentemente uma área prioritária do Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Neste sentido foi criada em 2005 a Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas (CNDO), através do Despacho n.º19123/2005 de 2 de Setembro, que integra também o Alto Comissariado da Saúde.

Portugal tem Planos Oncológicos Nacionais desde 1990. O último Plano Oncológico Nacional 2000/2005 apresentava como principais prioridades: melhorar a qualidade e reforçar a operacionalidade dos registos oncológicos regionais; informar os cidadão como reduzir os riscos; intensificar rastreios e permitir avaliação de qualidade;

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definir o conceito de rede de referenciação hospitalar; reforçar a radioterapia com racionalização do sector; dar continuidade aos cuidados paliativos na fase terminal da doença; apoiar o ensino pré e pós-graduado e contínuo dos profissionais; promover acções de formação especializada para profissionais; incentivar projectos de investigação; promover programas de melhoria de qualidade global. Assume-se que tais planos terão ficado aquém do desejado na sua execução (PNPCDO, 2007), tendo-se modificado a estratégia operacional, através da criação da Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas, Os seus objectivos materializam-se: na avaliação da situação das doenças oncológicas no país a nível epidemiológico e estatístico, tendo em conta os factores que as determinam e os resultados dos tratamentos; na coordenação, elaboração, direcção, avaliação e execução do Plano Nacional de Prevenção e Controlo das Doenças Oncológicas; na promoção da prevenção do cancro, tratamento e reabilitação dos doentes; na implementação das recomendações da UE relativas ao rastreio do cancro; na generalização de uma prática oncológica cientificamente correcta, promovendo o acesso à rede oncológica, diagnóstico e tratamento; na implementação da rede nacional de cuidados oncológicos, integrando todos os níveis de cuidados.

O Plano Nacional de Prevenção e Controlo das Doenças Oncológicas para os anos de 2007 a 2010, corresponde à necessidade de estabelecer uma estratégia global de acção nas diferentes áreas relacionadas com a prevenção e tratamento do cancro, de forma a obter maior qualidade e equidade de cuidados.

O PNPCDO tem fundamentalmente como objectivos a redução da morbilidade e mortalidade por cancro, a promoção da saúde, a prevenção e vigilância epidemiológica do cancro, assim como melhorar a qualidade de vida, a qualidade assistencial e a satisfação dos doentes com os cuidados de saúde prestados. De entre os 10 objectivos traçados, destacamos dois que estão intimamente associados ao estudo aqui apresentado: 1) “implementar o acesso a cuidados paliativos e o suporte psicossocial aos doentes e aos seus familiares”; 2) “incentivar a investigação científica na perspectiva do seu contributo para a melhoria da qualidade assistencial” (PNPCDO, 2007: 9). Se o primeiro objectivo não é alvo de explanação detalhada no plano, caindo num vazio operacional o suporte psicossocial aos doentes e familiares, o segundo centra-se quase exclusivamente na investigação epidemiológica, clínica e farmacológica, não se revelando prioritária, neste plano, a investigação sobre o impacto da doença oncológica a nível familiar e social.

Como já referimos, os Cuidados Paliativos assumem nova importância neste plano. O Programa Nacional de Cuidados Paliativos foi aprovado em 15 de Julho de 2004 e integra-se no Plano Nacional de Saúde 2004/2010, considerando que os cuidados

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paliativos são um elemento essencial na prestação dos cuidados de saúde, uma necessidade em termos de saúde pública e um imperativo ético que promove os direitos fundamentais como uma obrigação social.

Os cuidados paliativos dão relevo ao apoio à família, prestado por equipas e unidades específicas de cuidados paliativos, em contexto de internamento hospitalar ou no domicílio. Têm como componentes essenciais: o alívio dos sintomas; o apoio psicológico, espiritual e emocional; o apoio à família; o apoio durante o luto e a interdisciplinaridade. Enquanto que o Plano Oncológico Nacional 2001/2005, definia como um dos seus objectivo dar continuidade aos cuidados paliativos na fase terminal da doença, o Plano Nacional de Saúde 2004/2010, por sua vez, identifica os cuidados paliativos como uma área prioritária de intervenção, devendo estes ser “considerados como parte integrante da assistência multidisciplinar a prestar aos doentes e não apenas como o tratamento na fase terminal da doença” (PNPCDO, 2007:28). A proposta de revisão do Programa Nacional de Cuidados Paliativos esteve em discussão pública recentemente (até Agosto de 2008). Neste contexto da prestação de cuidados, importa também realçar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (criada pelo Decreto-Lei nº 101/2006 de 22 de Maio), que visa uma intervenção integrada da saúde e da segurança social, de natureza preventiva, recuperadora e paliativa, aglomerando diversos parceiros sociais, sendo uma vertente fundamental na rede secundária de suporte para estes doentes e famílias.

A nível da protecção social, merece destaque o Decreto-Lei n.º 92/2000 de 19 de Maio que regula uma forma de protecção especial para pessoas que sofram de doença do foro oncológico, com base no pressuposto de que esta doença, “pela sua gravidade e evolução, origina, com acentuada rapidez, situação invalidante”, proporcionando, entre outras medidas, um regime excepcional de reforma por invalidez.

As Organizações não Governamentais, que têm ligações à área da oncologia, têm assumido um papel de enorme relevo, tanto na prevenção, como no acompanhamento e apoio aos doentes e famílias durante e após o processo de tratamento, sendo de destacar, pela sua história e pela sua forte ligação aos centros regionais do Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, fundada em 1941, ou a Acreditar, associação vocacionada para apoiar famílias e amigos de crianças com cancro, entre outras.

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