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167sos como inputs existentes num destino, que se encontram disponíveis para que as organizações

lhe possam dar uso em atividades económicas específicas (a partir de González e Falcón, 2003: 722), enquanto as capacidades compreendem os conhecimentos que vão permitir a reconfiguração desses mesmos recursos e competências para a produção de serviços solicitados pelos mercados (Haugland et al., 2011:273):

“While destination capabilities reside at the destination level, resources and competencies are still at the level of the individual actor (…) the destination actors’ collective ability to integrate, reconfi- gurate, gain, and release distributed resources and competencies, and effectuate change”.

Nesta medida, a teoria das redes auxilia a compreensão da natureza coletiva da ação organi- zacional, dos seus constrangimentos e, em última instância, da coordenação no turismo. Scott, Cooper e Baggio (2008:15-16) entendem que os destinos se constituem como redes complexas, devendo o desenvolvimento turístico tomar em consideração a implementação de estratégias que envolvam atores de diferentes setores, níveis geográficos e diferentes dimensões:

Destinations are complex co-producing networks, and destination development needs to take into account the challenges of developing strategies involving a large number of firms and other ac- tors such as, for example, local and regional authorities (…) needs to encompass strategies across multiple actor boundaries and across multiple actor levels (…) networks, whether based on informal local alliances, formal partnership agreements, not-for-profit local, regional or national tourism or- ganisations or other governance structures, help to compensate for the fragmented nature of tourism (…) are a logical response to the context that tourism provides to business managers, and network theory may therefore help to understand the collective nature of organisational action, constraint and coordination within tourism”.

Verifica-se, nesta medida, um reconhecimento na literatura quanto aos benefícios decorrentes da cooperação e da coordenação de atividades, por parte dos prestadores de serviços turísticos e do destino (Medeiros de Araujo e Bramwell, 2002; Bramwell e Sharman, 1999; Formica e Kotha- ri, 2008; Pansiri, 2009; Wang e Krakover, 2008; Wang e Fesenmaier, 2007). De igual modo, é re- conhecida a dificuldade quanto à criação de processos de coordenação interorganizacional entre empresas independentes e de pequena dimensão devido, sobretudo, à falta de recursos financeiros e de gestão, e à falta de tempo, por parte destes gestores, para o investimento em processos desta natureza (Halme, 2001; Saxena e Ilbery, 2008; Tinsley e Lynch, 2001).

No capítulo 2 conclui-se que um planeamento turístico participado pressupõe a participação e cooperação entre os vários stakeholders. A literatura no âmbito dos processos de colaboração, par- cerias e cooperação no turismo, tem vindo a constituir objeto de interesse académico, revelando- -se bastante rica (Yüksel, Bramwell e Yüksel, 2005). No entanto, constata-se, de igual modo, que estes termos tendem a ser utilizados de modo indistinto, não existindo consenso entre os autores,

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quanto à sua utilização (Bramwell e Lane, 2000; Fyall e Gerrod, 2005).

Para Scott, Cooper e Baggio (2008), os conceitos de confiança e de colaboração sobrepõem-se ao estudo das redes. No seu entendimento, a colaboração constitui, efetivamente, uma razão para a existência de uma rede, na medida em que pressupõe a troca de informação, a partilha de recursos e a existência de objetivos comuns. Por colaboração, Jamal e Getz (1995) a partir de Gray (1985), entendem o processo de decisão conjunta entre os stakeholders, num determinado domínio. O ob- jetivo do trabalho conjunto é o de partilhar objetivos através de um processo de tomada de deci- são com base no consenso, requerendo, nesta medida, uma resposta multi-organizacional. A co- laboração distingue-se de outras formas de relações inter-organizacionais, pela existência de um certo nível de formalidade, pressupondo a existência de um diálogo regular (Wood e Gray, 1991).

A noção de parceria pressupõe a partilha voluntária de recursos (informação, recursos financei- ros, humanos, entre outros) entre stakeholders, com vista a resolver um problema ou a criar uma oportunidade que não se consegue potenciar de modo individual. Selin e Chavez (1995) entendem as parcerias como uma forma de lidar com a complexidade da indústria turística.

Para Bramwell e Lane (2000:1) o conceito de colaboração tende a ser utilizado, sobretudo, na literatura científica, enquanto o termo parceria é privilegiado no contexto empresarial do turis- mo, apresentando o seguinte entendimento quanto à noção de parceria: “The term partnership describes regular, cross-sectorial interactions between parties based on at least some agreed ru- les and norms, intended to address a common issue or to achieve a specific policy goal or goals”.

De acordo com Svensson, Nordin e Flagestad (2001) é possível identificar três tipos de parcerias, que diferem quanto à sua função e propósito:

(i) Parcerias estratégicas – pressupõe a existência de uma coordenação de atividades entre os atores numa perspetiva de longo prazo, baseando-se na confiança e compromisso entre os parceiros;

(ii) Parcerias institucionais – ligada a organismos específicos, por vez na sequência da criação de novas instituições ou na tentativa de resolver problemas de cooperação, necessita de alguma au- tonomia ao nível da tomada de decisão e de recursos financeiros para conseguir ser eficaz; (iii) Parcerias em projetos – ocorrem num período de tempo relativamente curto, ligadas a pro- jetos específicos e com origem em interesses comuns.

Todos estes termos se encontram relacionados e correspondem, na prática, a processos de cola- boração inter-organizacional, entendendo-se as redes como forma de operacionalização dos mes- mos (Albrecht, 2013; Hall, 2000; Jamal e Getz, 1995; Morrison, Lynch e Johns, 2004).

Assim, uma rede corresponde a uma representação conceptual de uma estrutura social, na qual interagem atores (indivíduos, organizações, comunidades, países, etc.), que se encontram ligados entre si, através de relações (sociais) de um tipo específico, sendo que com cada tipo de relação se pode construir uma rede (Scott, Baggio e Cooper, 2008). A unidade de análise é a relação (ligação) correspondendo o conjunto de relações à rede social.

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