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67nha, no Mediterrâneo, e algumas zonas do Algarve, constituem exemplos desta situação, ocorridas,

em particular, durante a década de 1980.

De igual modo, a proximidade que caraterizava a relação entre visitantes e visitados tende a mo- dificar-se, no sentido destes últimos desenvolverem alguns sentimentos de apatia, ou mesmo de re- jeição, em relação aos turistas. Nesta fase, os turistas que procuram o destino são denominados por Plog (2002), no âmbito da tipologia proposta pelo autor, como “mediocêntricos”, que se caraterizam pelo facto de procurar destinos, de certo modo, conhecidos e familiares, com uma indústria turística estruturada. Por sua vez, Cohen (1972), designa estes visitantes por “turistas de massas individuais”, que valorizam o facto da indústria se encontrar organizada e preferem viajar para locais conhecidos e recomendados pelos seus amigos e familiares.

Nesta fase, o setor público tende a assumir uma maior consciência quanto à existência de uma concorrência crescente e, à necessidade de assumir uma estratégia, que permita um melhor posicionamento do destino, face aos seus concorrentes, bem como de encontrar soluções para resolver e evitar problemas ligados ao turismo. Deste modo, verifica-se também, por parte dos empresários e das associações do setor, uma perceção quanto aos problemas existentes, o que suscita a realização de debates com vista à tomada de decisão no âmbito das necessárias estra- tégias a implementar (Almeida, 2009).

Na fase de consolidação, Butler evidencia, em particular, a desaceleração das taxas de crescimento,

fruto, por um lado, do facto da oferta em algumas zonas, ter sido excedida e, por outro lado, do pró- prio destino deixar de estar na moda, encontrando-se associado a um turismo de massas. No entanto, o destino encontra-se extremamente dependente da atividade turística (Butler, 1980; Weaver, 2000).

A deterioração dos recursos naturais e culturais, decorrente do facto de a capacidade de carga ter sido ultrapassada, conjugada com a diminuição da procura conduzem, em muitas situações, a um desinteresse por parte dos investidores internacionais sobre o destino (Weaver, 2000). O visi- tante que procura o destino nesta fase corresponde ao que Cohen (1972) denomina como “turista de massas organizado” e Plog (2002) designa por “psicocêntrico”, que se carateriza por procu- rar destinos conhecidos, com infraestruturas turísticas claramente implantadas, que lhe permite desfrutar das férias sem os receios associados à prática turística que definem este visitante.

A fase de estagnação testemunha o atingir e, em certos casos, ultrapassar, dos níveis de capaci-

dade, na qual apesar de o destino possuir uma imagem consolidada, já não é atrativo, fruto de um acentuar dos problemas associados ao desenvolvimento turístico, identificados nas fases anteriores. A quebra nas receitas faz com que a indústria comece a tentar concorrer pelo preço, de modo a con- seguir atrair mais turistas e compensar as perdas registadas. Butler regista, nesta fase, a perda de identidade na região e a massificação dos serviços, o que contribui para acentuar a dificuldade em se conseguir atrair novos turistas.

O fim do ciclo é, assim, marcado pela fase de pós-estagnação, na qual se colocam três cenários possíveis: estabilização, rejuvenescimento ou declínio. Estes serão reflexo do tipo de opções toma- das. Chegar-se-á ao declínio, se o mercado turístico não for capaz de competir através da criação de novas atrações. Contudo, se forem tomadas medidas (tais como a reorientação das atrações tu-

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rísticas, projetos de renovação urbana, etc.), o declínio pode dar lugar ao rejuvenescimento. A estabilização carateriza-se pela manutenção da posição, sem se registar um aumento do nú-

mero de visitantes, na qual se procura desenvolver estratégias com o objetivo de manter os turis- tas habituais que já visitam o destino (Almeida, 2009).

Num cenário de declínio, a área não apresenta capacidade para competir com novos destinos,

sendo escolhida fundamentalmente para as viagens de curta duração e fins-de-semana, com base no preço. Progressivamente, os equipamentos turísticos são reconvertidos como complexos para residentes, assumindo funções sociais, tais como lares e locais de repouso.

Apesar do número de destinos que viveram este cenário não ser muito elevado, a literatura iden- tifica os casos de destinos como Atlantic City, na Florida, a Riveira Francesa e alguns destinos da costa espanhola, que conheceram momentos que encontram tradução nos aspetos que carateri- zam esta fase.

O rejuvenescimento de um destino pode ser conseguido, se se verificar a existência de uma es-

tratégia coordenada dos vários intervenientes do turismo, nomeadamente do setor público, privado e associações do terceiro setor, que tenha por consequência uma alteração e adequação das estraté- gias e políticas de turismo, de planeamento e ordenamento do território, que permitam resolver e evitar os erros urbanísticos do passado. As soluções encontradas tendem a passar pelo reposiciona- mento do destino, traduzindo-se em aspetos como a renovação da imagem, diversificação da oferta de atrações, a introdução de novos produtos turísticos e redefinição dos segmentos turísticos a atrair (Butler, 1980, 2006, 2011; Weaver, 2000).

A duração de cada uma das fases não é fixa (varia de acordo com a influência de fatores diversos, tais como as características do produto, estratégias adotadas, acontecimentos imprevistos, etc.). Por outro lado, nem todos os destinos passam por todas as fases descritas (o exemplo mais citado na li- teratura é o de Cancun, no México, um resort7 instantâneo que não passou pela fase de exploração).

Cooper (1990) considera que o modelo constitui uma forma de compreender as mudanças ocorri- das nos destinos, na medida em que articula o desenvolvimento do destino em termos físicos, com as alterações da procura e dos mercados. Apesar do reconhecimento da importância deste modelo, como instrumento para o planeamento e gestão de um destino turístico, a sua utilização tem sido sujeita a um amplo debate. Grande parte das críticas decorrem de erros teóricos apontados ao mo- delo, nomeadamente, o facto de não tomar em consideração a escala geográfica, e de olhar para o destino como um produto único: “Unlike a product, a resort is made up of a mosaic of different ele- ments, each of these exhibiting separate life-cycles. Some may show growth, whilst others may dis- play signs of decline. Therefore, the unit of analysis is of critical importance” (Agarwal, 1994:199).

Outro problema inerente ao modelo tem a ver com a capacidade de carga que, de acordo com Butler, orienta o desenvolvimento do futuro potencial de um destino turístico. Contudo, uma ca- pacidade de carga única não é fácil de definir, já que a capacidade do destino consiste em diferen- tes elementos naturais e culturais, que variam em termos espaciais e temporais.

Haywood (1991) critica ainda o facto de o modelo não considerar a ocorrência de fatores externos que influenciam a evolução do destino (fatores como a concorrência, o desenvolvimento de novas

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