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189Dredge (2006a:579) defende a legitimação, por parte do setor público, das redes ligadas à comuni-

dade, setor privado e não lucrativo, na medida em que a gestão pública assume uma posição única no contexto da governança: “To be effective and achieve their goals, its unlikely that business, en- vironmental or community networks can operate outside of and independent to government. The remedy to bind tourism network research, therefore, is to take a more integrated approach that re- cognises the role of governments in empowering and legitimising networks, and that considers the resources and the unique position that governments hold in fostering tourism governance.”

As principais conclusões do seu trabalho centram-se, por um lado, na noção de que a abordagem de redes reconhece que as distinções entre setor público e setor privado são ténues, devido à neces- sidade de implementação de estratégias de ação coletiva, de responsabilidade partilhada, que se en- contram subjacentes à noção de governança e, por outro lado, a noção de que os atores pertencem a diferentes tipos de redes, podendo os seus níveis de poder, papéis, funções e nível de interação variar no âmbito destas estruturas.

Dredge (2006a,b, 2008) e Dredge e Pforr (2008) adotam uma abordagem qualitativa ao estudo das redes de políticas de turismo nas regiões de Queensland e Newsouth Wales, na Austrália, com base na realização de entrevistas. Os seus contributos centram-se na perspetiva das políticas de turismo, não integrando aspetos da atividade produtiva dos destinos.

No âmbito da gestão das micro e pequenas empresas no turismo identificam-se contributos re- levantes para a compreensão das dinâmicas do setor privado do turismo, bem como da sua liga- ção ao setor público (Breda e Pato, 2014; Costa, Breda, Costa e Miguéns, 2008; Novelli et al., 2006; Tinsley e Lynch, 2007). Esta linha de investigação integra contributos da analise de clusters em turismo (Gybson e Lynch, 2007; Richards e Hall, 2003).

De acordo com Merinero-Rodríguez e Pulido-Fernandéz (2016), o seu contributo decorre, entre outros motivos, do facto de considerar a componente produtiva no funcionamento do sistema tu- rístico nos territórios e dos mecanismos institucionais que facilitam a sua interligação.

Breda et al. (2006), no âmbito de investigação desenvolvida em Portugal, na região do Caramu- lo, defendem que a criação de redes e de parcerias público-privadas permite às regiões periféricas a identificação e desenvolvimento de clusters de produtos, em consonância com as especificidades lo- cais, conseguindo, por essa via, um posicionamento estratégico dos territórios. Estes aspetos assu- mem importância para as micro e pequenas empresas, predominantes no âmbito do tecido empre- sarial do turismo, que apresentam limitações ao nível dos recursos (marketing, gestão), e que podem por via do trabalho em rede, ultrapassar fraquezas desta natureza. Os autores reconhecem, de igual modo, o papel central do setor público nos territórios periféricos, devido à relutância, por parte do setor privado, em investir nestes locais, associados a níveis reduzidos de retorno do investimento.

Costa et al. (2008), no âmbito de investigação empírica sobre a importância das redes para as mi- cro e pequenas empresas nas áreas do desporto e do turismo de aventura identificam vários bene- fícios, no que diz respeito à adesão, por parte das mesmas, a estruturas em rede, destacando, por exemplo, a um maior reconhecimento junto de entidades oficiais e, consequentemente, maior capa- cidade para influenciar as políticas públicas, para a obtenção de apoio técnico e acesso a informa-

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ção, para o aumento das oportunidades de promoção conjunta e, em última instância, o reforço da competitividade do destino. A investigação empírica revela ainda que estas empresas coordenam as suas atividades por via de redes informais e que, embora de pequena dimensão, assumem um papel importante no desenvolvimento económico local.

Na mesma linha de pensamento, Scott, Baggio e Cooper (2008:45) notam que as formas locais de conhecimento tornam as regiões competitivas num contexto de globalização. Defende-se, nesta investigação, que o terceiro setor, enquanto elemento ligado ao território, encontra-se estrategica- mente posicionado para assumir uma participação ativa no desenvolvimento turístico, enquanto ator gerador de conhecimento a nível local.

Saxena (2005) estuda as atitudes dos stakeholders de um parque natural (Peak District Natio- nal Park, na Inglaterra) em relação à criação de parcerias e redes inter-setoriais, concluindo que as relações informais assumem um papel importante, como catalisadoras do empreendedorismo local e para a aprendizagem coletiva. A autora entende que o potencial das redes, no âmbito dos processos de colaboração, reside nas relações de troca, isto é, no reforço do capital relacional entre os diferentes atores. Sem o afirmar explicitamente, reconhece o potencial das redes para o reforço do capital social. No contexto dos diferentes stakeholders Saxena (2005:285) descreve, do seguinte modo, o setor não lucrativo como mobilizador de iniciativas informais:

“[voluntary sector] have mobilise community networks, social resources and the informal enterpri- se to engage in partnership networks with the local authorities and the local businesses. They have utilised such opportunities to establish their legitimacy as tourism providers. The voluntary sector bodies view networks as clients and as opportunities to generate revenue with which they are able to support their aims of improving economic and social conditions locally and take on an activist role (if the need arises) to defend local interests (Saxena, 2005:285)”.

No âmbito de destinos de turismo rural em Gales e com base em investigação qualitativa, Saxena e Ilbery (2008:237) analisam os conceitos de inserção (Embeddedness) e de desenvolvimento endó- geno (endogeneity), colocando em evidência o contexto territorial no qual a criação das redes ocorre:

“(…) not only that resources or activities are directly linked to place but also that relationships are formed within particular sociocultural contexts in specific localities, and the unique sociocultural characteristics and identities that are embedded in place help to shape relationships and networks”. Os autores alertam, contudo, para a importância de se desenvolver, de igual modo, redes com algum nível de desinserção (disembedded), pois constituem oportunidades para alcançar merca- dos exteriores, como suporte à entrada dos produtos e serviços locais em mercados não-locais, aumentando, por esta via, a competitividade do destino:

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