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87cursos distintivos são assumidamente centrais, em consonância com os modelos de planeamento de-

senvolvidos a partir da década de 1980 (Turismo de Portugal, 2015b:143): «Portugal quer ser o destino com maior crescimento turístico na Europa, suportado na sustentabilidade e na competitividade de uma oferta turística diversificada, autêntica e inovadora, consolidando o turismo como uma ativida- de central para o desenvolvimento económico do país e para a sua coesão territorial».

Figura 2.16 - Turismo 2020 – objetivos estratégicos

Fonte: Traduzido de Turismo de Portugal (2015:152)

No documento de apoio ”Por uma Estratégia para o Turismo de Portugal e das Regiões”, e no âm- bito do Eixo 1 – Atrair “Qualificação e valorização do território e dos recursos turísticos distintivos”, reveste-se de pertinência o facto de, pela primeira vez, um documento de referência a nível nacional, integrar, entre os promotores e parceiros, no âmbito de projetos de natureza regional e sub-regio- nal, agentes como associações de desenvolvimento local, associações culturais e organizações não- -governamentais (Turismo de Portugal, 2015b). Esta constatação vem colocar em evidência, a pers- petiva defendida na literatura, quanto à importância assumida pela colaboração horizontal e pelas formas de planeamento mais participado.

Cunha (1997) defende que o turismo pode assumir um papel determinante no desenvolvimento das regiões e identifica os principais motivos que justificam esta convicção, destacando (i) o po- tencial do turismo para a dinamização dos recursos endógenos, nomeadamente ligados ao am- biente, cultura e património, que determinam e afirmam as especificidades da região; (ii) a capa- cidade que o turismo apresenta para impulsionar a construção de infraestruturas e equipamentos de apoio ao seu desenvolvimento, com reflexos na melhoria das condições de vida das populações; (iii) o potencial contributo do turismo para o estímulo e dinamização das pequenas iniciativas de produção local, tais como os serviços, artesanato, agropecuária, etc.

COMPETIR Reforço da competitividade e internacionalização das empresas do turismo ATRAIR Qualificação e valorização do território e dos seus

recursos turísticos distintivos CAPACITAR Capacitação. Formação e I&D+I em Turismo COOPERAR Reforço da cooperação internacional COMUNICAR Promoção da oferta turística do pais e das regiões

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Neste contexto, Fazenda, Silva e Costa (2008:87) defendem que a política nacional de turismo tem que passar, efetivamente, por políticas territoriais de âmbito regional, pelos argumentos apresen- tados por Cunha (1997), mas também pelas responsabilidades que as regiões assumem na gestão dos recursos financeiros, no âmbito dos Programas Operacionais do QREN 2007-2013 e, mais re- centemente, no âmbito do acordo de parceria Portugal 2020, com a comissão europeia, no qual se encontram definidos os princípios orientadores da programação decorrente da política de desenvol- vimento económico, social e territorial para o país no horizonte temporal 2014-2020, com ligação e consequências no processo de desenvolvimento turístico.

Um dos pressupostos base do documento Portugal 2020 assenta na integração das especificidades regionais, que no caso da região em estudo, se encontram consubstanciados no programa operacio- nal CRESC Algarve 2020. Assim, no que ao Algarve diz respeito, o documento “Turismo 2020 - Pla- no de Ação para o Desenvolvimento do Turismo em Portugal” (Turismo de Portugal, 2015:112) toma por referencial estratégico o Programa Operacional Regional do Algarve 2014-2020 e o Plano de Marketing Estratégico para o Turismo no Algarve 2015-2018, a partir dos quais apresenta o racional estratégico para a região: “Região turística competitiva, reconhecida pela qualidade da sua oferta e com um crescimento sustentado.”

O Plano de Marketing Estratégico para o Turismo no Algarve (2015-2018), que se pretende afir- mar como um documento orientador da estratégia do turismo para a região, identifica, no âmbito das suas orientações estratégicas, como produtos turísticos consolidados, o sol e mar, o golfe e o turismo residencial e como produtos em desenvolvimento o turismo de negócios, de natureza e náutico. A gastronomia e vinhos, o touring e o turismo de saúde são entendidos como produtos complementares (tabela 2.6).

Tabela 2.6 - Produtos turísticos definidos no âmbito das orientações estratégicas do Plano de Marketing Estratégico para o Algarve

Produtos Situação

Sole e mar Produto consolidado

Golfe Produto consolidado

Turismo residencial Produto consolidado Gastronomia e vinhos Produto complementar

Touring Produto complementar

Turismo de saúde Produto complementar Turismo de negócios Produto em desenvolvimento Turismo de natureza Produto em desenvolvimento Turismo náutico Produto em desenvolvimento

Fonte: Traduzido de RTA (2014)

Este plano integra também uma análise do ciclo de vida do destino Algarve, na qual se conclui que a região, após uma fase de consolidação, se encontra atualmente numa evolução em direção

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ao rejuvenescimento12.

Na literatura encontram-se documentados os desafios que se colocam aos destinos maduros, que se traduzem, em particular, na necessidade de melhorar a sua coordenação e gestão, de modo a fa- zer face à concorrência dos novos destinos. Faulkner e Tideswell (2005) concluem que os destinos turísticos maduros devem procurar envolver um conjunto vasto de stakeholders no processo de pla- neamento, nos quais se englobam as organizações do setor público, os representantes da indústria turística, bem como de outros setores de atividade e representantes da comunidade, que, em conjun- to, podem contribuir para o desenvolvimento de uma visão comum em relação ao futuro do destino.

A nível regional, este desafio da coordenação e articulação entre atores tendo em vista a defini- ção de políticas e estratégias para o turismo revela dificuldade acrescida, quando se colocam em análise as questões das organizações responsáveis pela gestão dos destinos, na medida em que se verifica que as mesmas tendem a restringir a sua ação essencialmente à promoção do destino e não exercem um adequado controlo sobre a conceção e desenvolvimento dos produtos turísticos (Dwyer e Kim, 2003; Jamal e Jamrozy, 2006; Prideaux e Cooper, 2002). No entanto, o desenvol- vimento de produtos deve constituir uma das suas funções, assumindo estas organizações, deste modo, uma perspetiva de gestão do destino (Prezenza, Sheehan e Ritchie, 2005).

Segundo Morrison, Bruen e Anderson (1998:5) as organizações turísticas, designadas na litera- tura como Destination Management Organisations (DMO) devem assumir os seguintes papéis: (i) motor económico (economic driver) ao nível do emprego, rendimento, impostos que contribuam para uma economia local diversificada; (ii) promotor da comunidade (community marketer), comu- nicando a imagem do destino aos mercados; (iii) coordenador da indústria (industry coordinator), assumindo uma visão de futuro e contribuindo para a redução da fragmentação do setor; (iv) re- presentante do setor público (quasi-public representative), contribuindo para legitimidade da in- dústria e proteção dos visitantes; (v) criador de orgulho na comunidade (builder of community pri-

de), por via do contributo para a melhoria da qualidade de vida das comunidades.

Deste modo, as DMO assumem-se, no entendimento de vários autores, como catalisadoras e facilitadoras de um efetivo desenvolvimento dos destinos, simultaneamente competitivo e sus- tentado, devendo integrar funções ao nível da formulação de estratégias, representação dos inte- resses dos vários stakeholders, marketing dos destinos, coordenação, planeamento e desenvolvi- mento de atividades (Presenza et al., 2005; Spyriadis, Fletcher e Fyall, 2013).

Na região do Algarve, o setor institucional do turismo é constituído pela Região de Turismo, cria- da em 1970, cujas atribuições se centram em quatro eixos principais: (i) animação turística e pro- moção em Portugal e no mercado espanhol; (ii) informação turística; (iii) gestão da marca Algarve (produção de conteúdos e suportes promocionais, cmpanhas de promoção); (iv) estruturação do pro- duto e planeamento estratégico, atribuição mais recente que decorre da entrada em vigor da nova lei das regiões de turismo em 201313.

12 Para a aplicação do modelo de Butler (1980) ao Algarve, foram utilizados os indicadores relativos ao número de passageiros processados no Aeroporto Internacional de Faro, ao número de dormidas, número de unidades de alojamento classificadas e capacidade de alojamento em número de camas, entre 1962 e 2013.

13 Lei nº 33/2013, de 16 de Maio que “define o regime jurídico da organização e funcionamento das entidades regionais de turismo, às quais compete valorizar e desenvolver as potencialidades turísticas e gerir de forma integrada os destinos no quadro do desenvolvimento turístico regional de cada uma das áreas correspondentes, de acordo com as orientações e diretrizes da política de turismo definida pelo Governo”.

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A promoção externa da região e dos seus produtos é assegurada, desde 2004, pela Associação de Turismo do Algarve (ATA), associação público-privada, que tem também a seu cargo a concerta- ção com entidades públicas e privadas regionais, visando a definição de políticas e estratégias de promoção turística. Buhalis e Costa (2006) apresentam um enquadramento global para o desenvol- vimento do turismo no futuro, no qual identificam e evidenciam realidades emergentes mais signi- ficativas no âmbito das tendências globais a nível mundial, em particular, da demografia, seguran- ça, alterações climáticas, liberalização, ética e responsabilidade), as tendências da procura turística (novos consumidores) e da oferta no turismo (novos produtos e soluções como resposta à procura). Estas realidades emergentes requerem, segundo os autores, novas abordagens no âmbito da gestão e planeamento dos destinos e das empresas e novas ferramentas, assentes em estruturas organiza- cionais inovadoras, com capacidade para integrar os setores público e privado, nas quais as redes, parcerias e clusters bem como os recursos humanos (capital intelectual) assumem papel central (fi- gura 2.17). Serão assim as técnicas de gestão e os instrumentos operacionais desenvolvidos para dar resposta aos desafios identificados, e a forma como o sistema turístico reconhece e integra as reali- dades emergentes, a determinar, em grande medida, o sucesso dos destinos turísticos, a longo prazo.

Figura 2.17 - Desenvolvimento do turismo para o futuro

Fonte: Adaptado Buhalis e Costa (2006:2)

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