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Parte I Enquadramento teórico

Diagrama 4.6. Reformulações lexicogramaticais na paráfrase geral da frase 1 do Texto 4.2 Como se pode conferir no diagrama, a paráfrase geral combina um conjunto de paráfrases

4.5 Construção da Frase

A macroestratégia da Construção da Frase (de ora em diante CF) visa aprofundar a discussão do conhecimento de campo e dos recursos linguı́sticos levada a cabo na LD, que o precede, reforçando, em particular, a relação entre o campo e os padrões lexicais e gramaticais ao nı́vel da frase (Rose e Martin 2012: 214).

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do excerto trabalhado na LD, as quais são transcritas para uma cartolina. A Tarefa dos alunos consiste em recortar estas frases sob a orientação do professor, primeiro em grupos e posteriormente em palavras individuais (ibidem). A fim de apoiar os alunos na identificação e apreensão dos constituintes frásicos, Rose (2011f: 2) sugere que se repitam os ciclos de apoio da LD, sendo dadas menos pistas nos momentos de Preparação e mais informação linguı́stica e de campo nos momentos de Aprofundamento. Rose e Martin (2012: 216) preconizam, em particular, a introdução de metalinguagem sobre o funcionamento da lı́ngua nos momentos de Aprofundamento, considerando que os alunos possuem uma compreensão profunda ou mesmo exaustiva dos significados experienciais ao nı́vel da frase aquando da entrada para o ciclo interno. Na verdade, é esta base de compreensão sólida que lhes permite apropriarem-se de significados mais abstratos e transitarem da aprendizagem com a lı́ngua para a aprendizagem sobre a lı́ngua182.

Ainda no plano metodológico, Rose e Martin (2012: 214-5) propõem que os alunos manipulem fisicamente as tiras de cartolina à medida que estas vão sendo recortadas em unidades progressivamente mais pequenas, de modo a memorizar a ordem dos grupos de palavras na frase e das palavras nos grupos/sintagmas, por um lado, e de experimentarem novas sequências sob a orientação do professor, por outro183. Esta manipulação possibilita a construção

de frases coerentes e com significados pertinentes para o tópico sob estudo, libertando, contudo, os alunos do processo manual de escrita (ibidem). Além disso, providencia um pretexto natural para a introdução de metalinguagem, sempre que se delimita fisicamente unidades linguı́sticas e se faça referência a elas de uma forma exofórica (e.g. “isto [apontando para a tira de papel que o aluno acaba de recortar] é um grupo de palavras”).

Terminamos esta secção com um breve apontamento sobre a macroestratégia da Escrita de Frases, uma vez que a intervenção pedagógica por nós conduzida inclui um entrosamento da referida macroestratégia com a CF (cf. Capı́tulo 14).

A Escrita de Frases (de ora em diante EF) constitui uma macroestratégia de escrita, idealmente implementada na sequência da CF e da Ortografia (Rose 2011f: 4). Conforme se pode ler em Rose e Martin (2012), este momento do Programa R2L visa levar os alunos a produzir passagens textuais com alguma extensão, libertando-os contudo de um conjunto de tarefas habitualmente associadas à escrita:

182 Para uma discussão da complementaridade da aprendizagem com a lı́ngua e a aprendizagem sobre a

lı́ngua, veja-se Halliday (1993) ou Gouveia (2014).

183 Como se pode ler em Rose e Martin (2012: 214-5): “[a]t each step, students mix up the words groups

and words, and then re-arrange them into the right sequence (and then variations), re-reading the sentence aloud each time.”

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The purpose of Sentence Writing is for students to practice fluently writing long stretches of meaningful text, without the load of inventing a story for themselves, planning how to write it, thinking of the words to use, and knowing how to spell them. (Rose e Martin 2012: 219)

Com a EF pretende-se, portanto, reduzir a complexidade da tarefa de escrita, de modo a poder despender mais atenção na articulação de palavras gramaticais e lexicais, bem como na condensação de palavras com conteúdo lexical, fenómeno caracterı́stico do registo escrito e dos grupos nominais, em especial (cf. Capı́tulo 2).

No que respeita à metodologia, a EF consiste no treino da escrita das frases que compõem o excerto que serviu de ponto de partida às macroestratégias intensivas. A escrita é feita de memória e, para recordar os alunos da ordem das palavras em cada frase, aconselha-se o uso das tiras recortadas e exploradas na CF. O professor compõe a frase no quadro com o auxı́lio das tiras e, à medida que a frase é lida em voz alta, o professor vai virando as tiras de modo a ocultar as palavras. Poderá deixar algumas palavras gramaticais que articulam os diferentes significados oracionais. Cabe aos alunos reconstituir as frases de forma mais completa possı́vel, primeiro oralmente e depois por escrito. O professor poderá apoiar os alunos mais necessitados, seja para relembrar a sequência, seja para modelar a escrita de algumas palavras (cf. Rose e Martin 2012: 219, Rose 2011f: 4).

As macroestratégias de CF e EF não se encontram ilustradas em Rose e Martin (2012), nem nos materiais de formação do Programa R2L (Rose 2011a-j). Note-se, porém, que os DVD que acompanham os materiais de formação incluem vı́deos comentados sobre a sua implementação no contexto do ensino/aprendizagem da literacia nos anos iniciais do ensino básico.

4.6 Conclusão

Neste quarto capı́tulo do Enquadramento teórico, focámos as estratégias de desconstrução leitora do Programa R2L. Num primeiro momento, na secção 4.1, caracterizámos, de uma perspetiva global, as possibilidades de sequenciação das macroestratégias de leitura no ciclo de ensino/aprendizagem. Num segundo momento, detalhámos as macroestratégias de leitura que constituem objeto de análise na Parte IV do trabalho, a saber: (i) a Preparação para a Leitura, ou PpL, na secção 4.2, (ii) a Leitura Parágrafo a Parágrafo, ou LPP, na secção 4.3, (iii) a Leitura Detalhada, ou LD, na secção 4.4., e (iv) a Construção da Frase, ou CF, na secção 4.5. Na secção 4.5, descrevemos, ainda, brevemente a macroestratégia da Escrita da Frase, ou EF, dada a sua proximidade, em termos de objetivos e de metodologia, com a Construção da Frase.

Conforme terá ressaltado ao longo da exposição, a Leitura Parágrafo a Parágrafo e a Leitura Detalhada ocupam um lugar de destaque. Quanto à Leitura Parágrafo a Parágrafo, entendemo-la como uma macroestratégia do ciclo externo, situada ao mesmo nı́vel que a Preparação para a Leitura, ao contrário do que sucede na literatura do Programa R2L, onde é tratada como uma

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intervenção opcional. Apresentámos os argumentos que sustentam a nossa posição e propusemos uma representação visual alternativa do ciclo de ensino/aprendizagem, de modo a acomodar a referida macroestratégia.

Relativamente à Leitura Detalhada, identificámos as principais intervenções leitoras associadas aos diferentes momentos do ciclo de interação apoiada. Receberam especial atenção as estratégias que designámos como “generalização de significados experienciais”, “paráfrase geral”, “paráfrase gramatical” e “paráfrase lexical”. As categorias sugeridas correspondem a um aprofundamento sobre as categorias “generalização” e “paráfrase” propostas na literatura. Cada uma das estratégias enumeradas foi ilustrada com um exemplo de implementação retirado de Rose e Martin (2012).

O Capı́tulo 4 encerra a Parte I, em que apresentámos o Enquadramento teórico do trabalho. Segue-se, na Parte II, a primeira componente analı́tica, sendo apresentado um mapeamento dos géneros de CN, conforme instanciados num corpus de manuais de 5.º e 6.º anos.

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Parte II

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