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Parte I Enquadramento teórico

Diagrama 4.6. Reformulações lexicogramaticais na paráfrase geral da frase 1 do Texto 4.2 Como se pode conferir no diagrama, a paráfrase geral combina um conjunto de paráfrases

4.4.2.2 Paráfrase lexical

A paráfrase lexical distingue-se dos restantes tipos de paráfrase em dois aspetos: (i) por incidir sobre uma estrutura lexicogramatical de natureza suboracional, como o grupo de palavras ou a palavra, e (ii) por reformular especificamente o conteúdo lexical dessa mesma estrutura. As estruturas focadas correspondem a unidades lexicais, as quais se podem realizar sob a forma de palavras simples ou compostas, expressões lexicalizadas (e.g. expressões idiomáticas) ou, ainda, estruturas nominais de tipo Foco ^ Coisa ou Coisa ^ Classificador (cf. Capı́tulo 2). A paráfrase

167 A análise é da nossa autoria. Como apontámos previamente neste capı́tulo, a teorização, discussão e

demonstração das estratégias de desconstrução lexicogramatical é limitada na literatura do Programa R2L, obrigando a um esforço interpretativo por parte do leitor. O Diagrama 4.6 pretende, assim, dar visibilidade às múltiplas reformulações envolvidas na paráfrase geral da frase 1 do Texto 4.2, não sendo estas originalmente discriminadas por Rose e Martin (2012).

Note-se que as convenções utilizadas são idênticas às convenções adotadas por Rose e Martin (2012: 264) na demonstração do (des)empacotamento da metáfora gramatical.

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lexical visa esclarecer o significado das referidas unidades, recorrendo para o efeito a outras unidades lexicais, sem que se esteja necessariamente a realizar uma reformulação gramatical.

Consideramos que há dois subtipos de paráfrase lexical. Quando a estrutura do texto é substituı́da por uma estrutura com um significado e propriedades gramaticais idênticas (e.g. palavra a = palavra b), estamos perante um caso de sinonı́mia. Em alternativa, a estrutura do texto pode ser substituı́da por uma estrutura com um significado e/ou propriedades gramaticais aproximadas (e.g. palavra a » oração b)168. Este segundo subtipo de paráfrase lexical afigura-se

particularmente relevante no esclarecimento do significado de termos técnicos, uma vez que explicita (parte de) as relações de sequenciação, composição e classificação neles condensados169.

O conteúdo lexical constitui, em parte, um significado literal, i.e. intrı́nseco às unidades lexicais, como o revela o facto de se poder isolar as unidades lexicais no contı́nuo discursivo e consultar o seu significado num dicionário. Em LSF, porém, os significados lexicais são também interpretados como inferenciais, ou seja como dependentes do contexto. Na verdade, os dicionários listam vários significados possı́veis para cada vocábulo, mas nem todos eles se adequam aos contextos de uso particulares. Significativamente, é objetivo da paráfrase lexical esclarecer o significado das estruturas do texto de uma forma contextualizada. Nesse sentido, as paráfrases formam parte integrante do processo de leitura e, por meio delas, propõem-se definições relevantes (e apenas essas) atendendo ao contexto lexicogramatical e discursivo. Conforme argumentam Rose e Martin (2012) tais definições não só são mais eficazes, como ainda transmitem aos alunos uma técnica leitora essencial, nomeadamente a inferência de significados a partir de pistas contextuais. Assim se lê na seguinte passagem:

Continual definitions in context (…) guide students to use contextual clues as they read, and to infer the meanings of wordings. This is a more effective technique for expanding students' vocabulary and grammar knowledge than attempting to memorise words or grammar structures out of context, relying on dictionaries for definitions. (Rose e Martin 2012: 157-8)

Para ilustrar este segundo tipo de paráfrase, reportámo-nos à desconstrução da terceira frase do Texto 4.1 introduzido acima: “This activity within the cell is called its metabolism.” (em diante, “frase 3; Texto 4.1”). A LD proposta por Rose e Martin (2012: 188) encontra-se reproduzida no Exemplo 4.3, adiante.

168 Para sermos mais precisos, uma reformulação que envolva tanto modificações lexicais, como

gramaticais é tratada neste trabalho como uma dupla paráfrase, resultante da combinação de uma paráfrase lexical com uma paráfrase gramatical. Sempre que possı́vel, identificamos a motivação principal da reformulação (esclarecer o significado de um item lexical vs. propor uma formulação gramatical alternativa), considerando secundárias outras eventuais modificações.

169 Na literatura do Programa R2L, este tipo de intervenção é designado “definição de termos técnicos” (e.g.

Rose e Martin 2012: 189). Neste trabalho, a definição de termos técnicos é considerado um tipo de paráfrase lexical.

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Exemplo 4.3. LD da frase 3 do Texto 4.1 – Paráfrase lexical (Em: Rose e Martin 2012: 188; sublinhados nossos)

Teacher Prepare sentence

The last sentence tells us what it’s called. “This activity within the cell is called its metabolism.”

Focus First of all, what’s the word at the beginning that means what happens? [student name]

Student Identify This activity Teacher Affirm Right.

Direct Highlight activity.

Elaborate Activity means what’s going on. Focus And what’s it called? [student name] Student Identify Metabolism

Teacher Affirm Brilliant

Direct Let’s all say metabolism again. Student Identify Metabolism

Teacher Elaborate Metabolism is all the activity, everything that goes on inside your body, in every cell.

Como se pode ler no exemplo reproduzido, o professor socorre-se da paráfrase lexical para tornar acessı́vel o significado de dois vocábulos abstratos170: “activity” e “metabolism”. O primeiro

vocábulo é parafraseado duas vezes (“what happens”; “what’s going on”): (i) por meio de um pedido de informação em que o professor especifica a categoria gramatical e a localização geral da estrutura pretendida (“the word at the beginning that means …”) e, na sequência da resposta bem-sucedida do aluno interpelado, (ii) por meio de uma oração identificativa com todos os elementos explicitados (“Activity means what’s going on”). Quanto ao segundo vocábulo, “metabolism”, este constitui um termo técnico novo para os alunos e o professor opta por não o desconstruir por meio de uma Tarefa de identificação171. Em vez disso, o termo é definido de uma

forma simples, embora cientificamente fundamentada, por meio de uma paráfrase lexical integrada numa oração identificativa declarativa (“Metabolism is all the activity, everything that goes on inside your body, in every cell.”).

170 Entendemos por “nomes abstratos” nomes que codificam entidades virtuais, não diretamente acessı́veis

aos sentidos (cf. Martin e Rose 2003/2007: 113; Veel 1997: 184).

171 Importa esclarecer que os termos “activity” e “metabolism”, apesar de se reportarem a fenómenos

processuais, não constituem metáforas experienciais. Conforme demonstra Halliday (1997: 199), resultam de um fenómeno de transcategorização, i.e. da derivação de uma categoria gramatical a partir de outra, não mantendo qualquer traço semântico do processo que está na sua origem: “these are entities defined by processes, but they do not themselves contain any semantic feature of “process”” (ibidem). Os nomes abstratos não metafóricos não envolvem tensão interestratal ou transferência de significado (Veel 1997: 184). Atente-se, por exemplo, no facto de não haver (nem em inglês nem em português) verbos lexicalmente correspondentes aos nomes “atividade” e “metabolismo” (* x metaboliza y).

130 4.4.2.3 Paráfrase gramatical

A paráfrase gramatical consiste na reformulação gramatical de uma estrutura do texto, mantendo-se intacta a sua configuração lexical172. São objeto deste tipo de paráfrases as

estruturas gramaticais que se consideram de difı́cil acesso aos alunos devido à sua natureza gramaticalmente metafórica, omissa ou interdependente. Interessa-nos sobretudo, neste estudo, a reformulação gramatical de duas estruturas especı́ficas: (i) frases extensas, compostas por várias orações combinadas por meio de relações de hipotaxe e de encaixe, e (ii) metáforas experienciais. Estas são estruturas tipicamente associadas ao registo escrito (cf. Capı́tulo 2) e a sua formulação alternativa caracteriza-se por recorrer a padrões gramaticalmente simples e /ou congruentes, (mais) representativos do registo oral. Vejamos em mais pormenor as particularidades da desconstrução destes dois tipos de estrutura, começando com as frases extensas.

Não havendo na literatura sobre o Programa R2L uma explicitação sobre o procedimento da LD de orações combinadas ao nı́vel do complexo oracional (parataxe, hipotaxe) ou da oração (encaixe), fundamentamos o primeiro subtipo de paráfrase gramatical em dois elementos: por um lado, numa atividade de desconstrução de complexos oracionais sugerida por Rose e Martin (2012: 243) e, por outro, numa interpretação dos exemplos comentados da LD de frases constituı́das por duas ou mais orações.

Comecemos pelo primeiro elemento. Rose e Martin (2012: 243) sugerem uma atividade de desconstrução de complexos oracionais por meio da reformulação das orações constituintes como frases simples, com as alterações lexicogramaticais necessárias: “One useful activity to explore in more detail with primary and secondary clauses (…) is simply to practice rephrasing secondary clauses in a text as simple sentences, and discussing what has changed”.

Esta atividade é exemplificada pelos autores com a frase “They returned to the camp looking clean and refreshed and joined the rest of the family in the shade for lunch”173 e está sistematizada

na Tabela 4.2174, adiante.

172 Sempre que se reformula tanto a configuração gramatical, como a configuração lexical da estrutura do

texto, consideramos que se trata de uma dupla paráfrase, resultante da articulação de uma paráfrase gramatical e uma paráfrase lexical.

173 A frase é tirada da obra Follow the Rabbit Proof Fence de D. Pilkington. Veja-se Rose e Martin (2012: 170-

6, 238-44) para a apresentação de um excerto desta obra, analisado em termos genológicos, discursivos e lexicogramaticais e desconstruı́do por meio das macroestratégias de leitura.

174 A análise da frase nas suas orações constituintes e a sistematização das reformulações é da nossa

autoria. Rose e Martin (2012: 243; itálico no original) apenas explicitam as orações reformuladas: “Molly and Gracie returned to the camp. They looked clean and refreshed. They joined the rest of the family in the shade for lunch.”

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Frase original Reformulação por meio de frases simples 1

2 a b

They returned to the camp looking clean and refreshed

and joined the rest of the family in the shade for lunch.

Molly and Gracie returned to the camp. They looked clean and refreshed.

They joined the rest of the family in the shade for lunch.

Tabela 4.2. Exemplificação da reformulação de um complexo oracional em orações simples (Baseado em Rose e Martin 2012: 243)

Segundo se pode ler na anotação usada na coluna da esquerda da tabela, a frase constitui um complexo paratático cujo primeiro elemento é um complexo hipotático. Na coluna da direita, pode ler-se a paráfrase, onde se destacam duas reformulações gramaticais: (i) a explicitação do sujeito em cada uma das orações175 e (ii) a reformulação do gerúndio “looking” na forma finita

“looked”. Repare-se que estas reformulações são devidamente acompanhadas, no estrato grafológico, pelo uso da letra inicial maiúscula e do ponto final.

A atividade em questão é sugerida por Rose e Martin (2012: 234-303) num capı́tulo dedicado à introdução de metalinguagem de base funcional176, não sendo, contudo, claro se

integra/pode integrar o macrociclo de ensino/aprendizagem e, se sim, no âmbito de que macroestratégia.

Passemos para o segundo elemento que enquadra teoricamente a desconstrução de frases complexas, a análise dos exemplos comentados da LD na literatura do Programa R2L. Em Rose e Martin (2012), em particular, é possı́vel observar o seguinte padrão de desconstrução de tais frases: cada uma das orações constituintes é objeto de um ciclo de interação apoiada, em conformidade com a sua ordem na frase. No caso de duas ou mais orações realizarem um propósito sociocomunicativo comum (e.g. quando combinadas estruturalmente num complexo oracional que se encontra dentro de outro complexo oracional), estas podem ser previamente preparadas por meio de uma paráfrase geral.

A desconstrução faseada dos complexos oracionais pode ser ilustrada com base na segunda frase do Texto 4.1, que aqui voltamos a reproduzir: “In the cytoplasm, hundreds of chemical reactions take place, transferring energy, storing food and making new substances.” Na análise apresentada adiante, propomos uma segmentação da frase nas suas orações constituintes. Segundo se pode conferir na análise, estamos perante um complexo oracional constituı́do por uma oração principal e um complexo oracional dependente. Este último complexo inclui três

175 Tecnicamente, a entidade é introduzida na primeira oração e rastreada (no original: tracked) nas

orações subsequentes por meio do pronome pessoal “they”. Para uma descrição do sistema de

IDENTIFICAÇAKO veja-se Martin e Rose (2003/2007: 156-83).

176 Trata-se do Capı́tulo 5, intitulado “Knowledge about language (KAL)”. Confira-se também os materiais

de formação do Programa R2L designados “Language patterns in sentences” e “Language patterns in texts” identificados, respetivamente, na bibliografia como Rose (2011g) e Rose (2011h).

132 orações numa relação de parataxe.

a In the cytoplasm hundreds of chemical reactions take place, b 1 transferring energy,

2 storing food

3 and making new substances.

A LD da frase em questão encontra-se reproduzida no Exemplo 4.6, adiante. Visto que já discutimos antes a desconstrução da oração principal (cf. Exemplo 4.1), retomamos, no Exemplo 4.6, apenas a primeira e a última fala do primeiro ciclo de interação apoiada.

Exemplo 4.6. LD da frase 2 do Texto 4.1 – Paráfrase gramatical (Em: Rose e Martin 2012: 187-8; sublinhados nossos)

Teacher Prepare sentence

The next sentence tells us what happens in the cytoplasm. I’ll read the sentence.

(…)

Direct Let’s just highlight chemical reactions.

Teacher Prepare Then it says three things those chemical reactions do, three functions

Focus [student name] What’s the first one? Student Identify transferring energy

Teacher Affirm That’s right.

Direct Just highlight energy.

Elaborate Transferring energy means taking energy from a chemical reaction to do other work.

Focus For example, what work does the cell membrane need energy for? Student Propose Move particles in and out

Teacher Affirm Exactly.

Focus [student name] What’s the next function of chemical reactions? Student Identify Storing food

Teacher Affirm Right.

Direct Highlight that.

Elaborate One way cells store food is by converting nutrients into glucose. Focus [student name] What’s the next function?

Student Identify Making new substances Teacher Affirm Exactly.

Direct Highlight new substances.

Elaborate Our cells make hundreds of different chemicals.

Segundo se pode ler no Exemplo 4.6, a desconstrução da oração principal é seguida de uma preparação geral do complexo dependente. Recorrendo a uma paráfrase geral, esta preparação

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aponta o propósito sociocomunicativo partilhado pelas três orações do complexo dependente, a saber: especificar as funções das reações quı́micas no citoplasma, que são mencionadas na oração principal (“Then it says three things those chemical reactions do, three functions”). Segue-se-lhe a desconstrução de cada uma das orações constituintes por meio de uma sequência de três ciclos de apoio177, encontrando-se a pergunta Foco de cada ciclo sublinhada na transcrição.

Repare-se que a desconstrução faseada não garante, por si só, uma reformulação gramatical das orações do texto. Contudo, é possı́vel encontrar ecos da atividade de reformulação proposta em Rose e Martin (2012: 243) nos momentos de Aprofundamento dos ciclos de apoio. Na Tabela 4.3, adiante, comparam-se os padrões gramaticais da frase original com os mesmos padrões nos Aprofundamentos.

Frase original Aprofundamento

a b 1

2 3

In the cytoplasm hundreds of chemical reactions take place,

transferring energy, storing food

and making new substances

--- --- One way cells store food is by …

Our cells make hundreds of different chemicals.

Tabela 4.3. Orações da frase 2; Texto 4.1 e respetiva reformulação na Leitura Detalhada (Baseado em Rose e Martin 2012: 243)

Sendo claro que o foco dos Aprofundamentos registados na tabela reside na introdução de informação de campo complementar178, considerados de um ponto de vista gramatical, envolvem

também a reformulação gramatical das orações do texto. Desta forma, a oração “storing food” é reformulada como o Participante de uma frase simples (“One way cells store food is byconverting nutrients into glucose”), enquanto a oração “and making new substances” é reformulada como uma frase simples (“Our cells make hundreds of different chemicals”). Ou seja, em ambos os casos explicita-se o Sujeito e realiza-se o Processo por meio de uma forma verbal finita.

Estando enquadrada a desconstrução de frases complexas, vejamos o segundo tipo de paráfrase gramatical, a saber: a desconstrução de metáforas experienciais. Esta desconstrução179

constitui uma das principais estratégias para a LD dos textos escolares mais complexos, sejam

177 Note-se como há, ainda, um quarto ciclo que não visa a desconstrução de uma estrutura do texto e que

inicia com a pergunta Foco “For example, what work does the cell membrane need energy for?”.

178 Respondendo a perguntas que podem ser formuladas como: “De que forma é o alimento armazenado

pelas células?” e “Quantas substâncias são produzidas pelas células?”.

179 Mais especificamente, Rose e Martin (2012) propõem e exemplificam a desconstrução de metáforas

experienciais e de metáforas lógicas. Para o efeito do presente estudo, focamos unicamente a desconstrução de metáforas experienciais, dada a subrepresentação das metáforas lógicas nos textos de CN que serviram de base à implementação da Pedagogia de Género na disciplina de PLNM (cf. Capı́tulo 13).

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eles ficcionais, factuais ou argumentativos (cf. Martin e Rose 2005, Rose 2011e, Rose e Martin 2012). Particularizando, Martin e Rose (2012: 173, 195) designam esta estratégia de unpacking metaphor, que se poderá traduzir como desempacotamento180 de metáforas. O termo visa dar

conta da explicitação dos múltiplos significados condensados (i.e. empacotados) nestas estruturas.

Em termos metodológicos, a desconstrução das metáforas experienciais envolve duas reformulações gramaticais. Por um lado, procede-se à realização congruente do Processo nominalizado por meio de um verbo e, por outro, explicitam-se os Participantes envolvidos no Processo, mas elididos ou realizados sob a forma de pós-modificador nominal na metáfora (cf. Rose e Martin 2012: 195-6). Assim, a estrutura proposta na paráfrase, ainda que lexicalmente semelhante à estrutura do texto, constrói uma representação mais congruente, mais próxima dos usos orais da lı́ngua e, por conseguinte, mais facilmente apreensı́vel pelos alunos. Assim se pode ler em Rose e Martin (2012):

This construal of the events is more like the everyday grammar that students are used to, in which people undertake activities in place and time. It follows the same sequence as the text, and uses many of the same lexical items, but in a form that all students will understand. (Rose e Martin 2012: 196)

A desconstrução de metáforas experienciais encontra-se amplamente documentada na literatura do Programa R2L. Encontramos em Rose e Martin (2012: 197) um exemplo do seu uso na LD de uma explicação fatorial181. O tı́tulo e o primeiro parágrafo do texto encontram-se

reproduzidos, adiante, como Texto 4.3. Texto 4.3

Revolutionary days: The 1984 to 1986 uprising

In the mid-1980s South African politics erupted in a rebellion in black townships throughout the country. The government’s policies of repression had bred anger and fear. Its policies of reform had given rise to expectations amongst black people of changes which the government had been unable to meet. The various forces of resistance, which we outlined in the previous section, now combined to create a major challenge for the government.

Como se pode ver no texto reproduzido, Os nomes abstratos, muitos dos quais constituem metáforas experienciais, foram sublinhados. Ilustramos a estratégia em apreço com o desempacotamento da metáfora “uprising” no tı́tulo do texto. Veja-se no Exemplo 4.7, adiante, o

180 Neste trabalho, empregamos as designações “desconstrução de metáforas” e “desempacotamento de

metáforas” como termos técnicos e de forma intersubstituı́vel. Posto isto, esclareça-se que o termo “desempacotamento” é aplicado apenas às metáforas, uma vez que o entendemos como um tipo especı́fico de desconstrução.

181 O texto versa sobre a história recente de A*frica do Sul e integra um manual escolar dos anos intermédios

do ensino secundário. A exemplificação da desconstrução do excerto segundo a Preparação para a Leitura, a Leitura Detalhada e a Reescrita Conjunta pode ser consultada em Rose e Martin (2012: 195- 200).

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modo como Rose e Martin conduzem a LD da segunda metade do tı́tulo.

Exemplo 7. LD do título do Texto 4.3 – Paráfrase gramatical (Em: Rose e Martin 2012: 197; sublinhados nossos)

Teacher Prepare And then the next words tell us… it’s a word for a rebellion. Focus Can you see what it is? 1984 to 1986…?

Identify Uprising.

Affirm Uprising, that’s exactly right!

Direct Do the whole lot, OK, 1984 to 1986 uprising. Teacher Prepare You know why it’s called an uprising?

Focus Because what did the people do? Student Identify Rise up.

Teacher Affirm The people rise up, yes.

Focus And who were they rising up against? Student Identify The government.

Affirm The government, that’s right.

Considerando Rose e Martin (2012: 197) que “uprising” é um termo de difı́cil compreensão para os alunos, este mesmo é desconstruı́do de uma forma faseada por meio de uma sequência de estratégias. Em primeiro lugar, é fornecida uma pista de significado, por meio de um sinónimo

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