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Um Continuum Verde

| Fotografia 58 | Pinhal | Lagoa da Sancha | Sines | 01.Abr.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

Na década de 1980, a paisagem florestal apresentava-se na cartografia da área de Sines como um extenso continuum, bastante denso84, sobretudo na zona circunscrita pelos dois centros urbanos de Santo André e Sines, sendo limitada a Norte, pela Lagoa de Santo André e a Sudeste e Este pelo IC33/IP8 e pela EN P 261, respectivamente.

Apresentando-se com dupla função no âmbito do território – produção e protecção ambiental -, este contínuo florestal apesar de possuir os riscos inerentes de uma monocultura85, constitui um elemento fluído e permanente, de ligação entre os sistemas urbano e industrial. Esta área florestal caracterizada fundamentalmente pela sua extensão, marcada pontualmente por clareiras cujo perímetro corresponde, normalmente aos limites das instalações industriais, das áreas técnicas de apoio86 e dos caminhos corta-fogo caracterizados pela sua malha bastante reticulada e regular, indispensáveis à garantia e manutenção da segurança deste território.

Porém, e tal como referido anteriormente, apesar de constituir o principal elemento de ligação entre as diversas variáveis que compõem o território, verifica-se a existência de vários enclaves, sobretudo no que respeita aos pontos de contacto, ou seja, entropias que definem nítida e abruptamente os limites de áreas funcionalmente diferentes. Os

84 Consultar Apêndice Documental – Cartografia Específica – Cartografia do Gabinete da Área de Sines - Área

Florestal – Reordenamento do Território – p.47.1.

85 As florestas mono culturais ou seja, povoadas por uma só espécie, apresentam riscos sobrelevados no sentido em

que, quando expostos a pragas, existe uma maior facilidade de propagação e menor probabilidade de controlo, o que de certo se reflectirá não só a nível económico como da própria paisagem.

86 Como o aterro sanitário, ETAR, estação de distribuição eléctrica, entre outros.

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limites, instituídos pela falta de inter-relações perceptíveis, contribuem ainda mais para a fragmentação deste território. Este pontos de contacto, em vez de se apresentarem como locais de valor acrescentado através do cerzir de elementos de natureza diferente, impõe- se como limites, constituindo verdadeiras barreiras (LYNCH & AFONSO, 1999, p. 75) num extenso corredor verde, que pela sua densidade florestal, intimida a relação entre Homem e Meio. Deste modo, pode concluir-se que este extenso corredor verde, que poderia constituir um elemento de charneira potenciador de locais excepcionais operando como costura entre os vários elementos que compõem o sistema87, instituindo-se como um elemento de grande valorização territorial, se coloca como uma verdadeira manifestação de desurbanização, na qual é praticamente impossível estabelecer uma relação de proximidade, dada a monumentalidade e infinidade ritmada destas florestas (CULLEN, 2008, p. 137).

Por sua vez, as actividades agrícolas tradicionais desta área, embora não se

manifestassem de forma muito intensa, comparativamente com outras zonas da região do Alentejo devido, sobretudo, às características morfoestruturais do solo, tal como referenciado anteriormente, desapareceram quase por completo. O fenómeno de abandono generalizado da actividade agrícola é aliás bastante visível na cartografia produzida relativa à década de 1980, verificando-se excepcionalmente, a manutenção de pequenas culturas, a maioria para consumo do próprio produtor num corredor bem delineado no território – junto à Lagoa de Santo André, ao aglomerado urbano de Santiago do Cacém e no corredor de ligação entre as duas zonas anteriormente referidas.

87 Entenda-se Sistema enquanto Território.

| Fotografia 59 | Barragem de Morgavel | Sines | 25.Abr.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

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Embora não se integre directamente no contexto da florestação, há que referir, enquanto processo de humanização da paisagem, a construção da Barragem de Morgavel88, um vasto plano de água que aproveita, em parte, as características morfológicas do terreno, nomeadamente a Ribeira de Morgavel, sendo alimentada, artificialmente, por um sistema misto de túnel/canal, com captação de água do Rio Sado, em Ermidas-Sado. Por sua vez, o processo de localização e construção da barragem, levou ao desenvolvimento de iniciativas florestais junto à mesma, valorizando-se, como seria de esperar, o eucalipto e o pinheiro-bravo como espécies dominantes.

No domínio da protecção e salvaguarda dos solos e do controlo dos seus usos, na década de 1970, apesar da ainda acentuada debilidade política, foram criados mecanismos e instrumentos, através dos quais se demonstrava, pela primeira vez, a noção de sustentabilidade e que começaram a reflectir-se em todo o território nacional, sobretudo a partir de 1980. Surgem então as RAN e as REN89, instrumentos que alteraram

por completo os processos de ordenamento do território e planeamento urbano, e que de certo modo, visam dar continuidade aos objectivos de controlo de uso de solo para fins urbanísticos, para os quais a Lei de Solos de 197690, não se mostrou suficientemente eficaz. Estas reservas, definem não só os usos predominantes do solo como também determinam restrições relativas ao desenvolvimento e estabelecimento de urbanização,

88 A localização da Barragem de Morgavel é determinada não só de acordo com o local de captação de água e as

características hidrográficas e topográficas do território, mas sobretudo devido à proximidade, dos seus principais destinatários, os núcleos industriais, portuários e urbanos da área de Sines.

89 Decreto-Lei nº 451/82, de 16 de Novembro (revogado pelo Decreto-Lei nº 196/89) e Decreto-Lei nº 321/83, de 5 de

Julho, respectivamente.

90 Decreto-Lei nº 794/76, de 5 de Novembro.

| Fotografia 60 | Lagoa de Santo André (junto à Praia do Porto das Carretas) | Vila Nova de Santo André |28.Mar.2006 | Fotografia de Cátia Assunção.

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sendo esta restrita no caso da REN e exclusivamente rústica nas áreas de RAN (MORGADO, Protagonismo de la Ausencia. Interpretación Urabnística de la Formación Metropolitana de Lisboa desde lo Desocupado, 2005, p. 353).

No que respeita aos limites das Reservas Agrícola e Ecológica Nacional, verifica-se na área de estudo, e de acordo com a Carta de Realidades produzida pelo GAS relativa à RAN e REN91, que estas ocupam uma boa percentagem do território.

As áreas afectas à Reserva Agrícola Nacional, associam-se sobretudo aos aquíferos principais, efectivamente detentores de solos mais produtivos, pontuando porém, o território de forma dispersa e relativamente fragmentada, verificando-se as maiores concentrações junto à Lagoa de Santo André e numa faixa localizada a SSE do aglomerado urbano de Sines92.

Por sua vez, a Reserva Ecológica Nacional detém, de forma contínua e ininterrupta, toda a faixa litoral desde a zona Norte da Lagoa de Santo André até ao limite Sul do

estudo93. A área afecta à REN circunscreve ainda, a Ribeira e a Barragem de Morgavel, englobando grande parte do maciço da Serra do Cercal, estendendo-se de forma contínua até às áreas adjacentes ao aglomerado urbano de Santiago do Cacém.

Deste modo, verifica-se que quer a Reserva Agrícola quer a Reserva Ecológica Nacional, se tratam simplesmente da definição de limites, muitas vezes abstractos, que demonstram que não houve, sobre um determinado território, uma percepção da sua importância e da sua natureza ou ainda, da sua capacidade produtiva. As REN e RAN têm

91 Consultar Apêndice Documental – Cartografia Específica – Cartografia do Gabinete da Área de Sines - Reservas

Agrícola e Ecológica Nacionais – Reordenamento do Território – p.46.1.

92 Em direcção a São Torpes e ao interior.

93 Ultrapassando-o, até ao Barranco do Queimado, a Sul da Ilha do Pessegueiro.

| Fotografia 61 | Eucaliptal | Sines | 26.Jul.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

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subjacentes um conjunto de conteúdos abstractos que nem sempre se adaptam às realidades e singularidades de cada lugar, reduzindo assim, o seu carácter de protecção e controlo, à simples definição de formas e limites territoriais (MORGADO, Protagonismo de la Ausencia. Interpretación Urabnística de la Formación Metropolitana de Lisboa desde lo Desocupado, 2005, p. 353).

Apesar de demonstrar uma crescente consciencialização da necessidade de protecção dos recursos naturais, como por exemplo, os solos de produtividade mais elevada (RAN), zonas costeiras e ribeirinhas, áreas de infiltração máxima ou zonas de declive acentuado com forte risco de erosão (REN), entre outros, estas iniciativas de ordem política manifestam as preocupações não só do país mas de uma Europa, marcada por um século XX, de uso intensivo e esgotante dos solos e dos ecossistemas, aproximando-se simultaneamente, das intenções praticadas pela CEE. Contudo, verifica- se que estes instrumentos são ainda relativamente abstractos, demonstrando um certo desfasamento face à realidade efectiva de cada território, certo desconhecimento das suas estruturas e especificidades.

| Fotografia 62 | Pinhal - Antiga Via de Ligação Rodoviária Sines/Santiago do Cacém (Traçado Paralelo ao IP8) | Relvas Verdes | 06.Ago.2010 | Fotografia de Cátia Assunção

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Síntese

| Fotografia 63 | Vista sobre o a Industria e a Paisagem Florestal (a partir da Lagoa da Sancha) | Sines | 02.Abr.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

Apesar dos acontecimentos que marcaram o país e o mundo nas décadas de 1970 e 1980, como a revolução do 25 de Abril, o final da guerra colonial, ou as crises petrolíferas de 1973/74 e 1980/81 que fragilizaram fortemente quer a economia portuguesa quer o seu clima social e político, a estabilização do processo de desenvolvimento do projecto portuário, industrial e urbano de Sines, permite, já na década de 1980, interpretar algumas das suas consequências e impactos ao nível do território

A cartografia produzida, relativa a este período identifica, como marca mais evidente da localização do complexo de indústrias base em Sines, e de todas as infra- estruturas a si relacionadas, um desfasamento na relação e integração das várias escalas que compõem o território. Verifica-se uma sobreposição da escala supra-local face à escala local, ou seja, verifica-se uma relação pouco harmoniosa entre os vários níveis que compõem território, cada um deles com o seu respectivo hinterland e muito voltados para si mesmos. Trata-se de uma consequência directa do processo de transformação do território que se iniciou na década de 1970 e da inexistência de instrumentos de gestão territorial capazes de coordenar os diferentes domínios do ordenamento – local, regional e nacional. O projecto de uma área concentrada de indústrias base aliadas a um porto de águas profundas, constitui na década de 1970, um projecto com objectivos muito bem definidos à escala nacional, sobretudo no que respeita às questões económica e política impondo-se porém, ao nível local como uma consequência das características geográficas e morfológicas do oceano, a partir das quais foram encontradas motivações, relativamente

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incipientes para a seu interesse e integração a nível regional. Verifica-se portanto que foi aqui utilizada uma estratégia top-down na qual os níveis mais inferiores (local) são os que mais sofrem, registando um desenvolvimento e crescimento urbano quase exclusivamente dependentes das infra-estruturas instaladas. A esta desarticulação de níveis de planeamento a qual tem inerente a inexistência de instrumentos de gestão urbana, sobrepõem-se interesses económicos e políticos de vária ordem que se reflectem na estrutura urbana da área de estudo, sobretudo no que respeita à sua fragmentação (MORGADO, Protagonismo de la Ausencia. Interpretación Urabnística de la Formación Metropolitana de Lisboa desde lo Desocupado, 2005, p. 272).

Os locais de contacto e intersticiais aos vários elementos que compõem o território e que no domínio do estudo, reduzimos a cidade94, porto95 e paisagem, constituem as grandes áreas de oportunidade pela convergência de factores de diversa ordem, passíveis de gerar novas centralidades e novos eixos de oportunidade. Por sua vez, essas zonas de

contacto acabam por gerar espaços intersticiais, marcados por fenómenos de forte entropia urbana, pela incapacidade de gestão dos diferentes níveis, dinâmicas e funções urbanas.

Contrastando com o verificado em outras épocas, a paisagem florestal, marcada por um processo de florestação indissociavelmente humanizado, passa a desenvolver um papel fundamental enquanto espaço de oportunidade, para além das suas funções produtivas e de protecção ambiental. Ocupando grande parte do território em estudo, verifica-se desde 1970, que este se vai ampliando, formando um patchwork no qual se

94 Entenda-se aglomerado(s) urbano(s).

95 Entenda-se porto no conjunto de infra-estruturas a si aliadas, como as várias indústrias e áreas técnicas.

| Fotografia 64 | Vista sobre Zona Industrial, a Paisagem Florestal e Santiago do Cacém | Sines | 01.Abr.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

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destacam as clareiras correspondentes aos limites das (1) áreas urbanas, (2) industriais, (3) infra-estruturas rodo e ferroviárias, (4) áreas técnicas de apoio e (5) aos caminhos corta-fogo. Porém, apesar de iniciar um processo de protagonismo crescente, consequente das suas potencialidades enquanto espaço de oportunidade e da sua dimensão/extensão, há que referir que na prática, o seu desempenho no sentido da sua capacidade de ordenamento e do seu potencial enquanto agente de transformação territorial é relativamente incipiente (MORGADO, Protagonismo de la Ausencia. Interpretación Urabnística de la Formación Metropolitana de Lisboa desde lo Desocupado, 2005, p. 273). O zonamento funcional característico das influências que estruturaram a base do projecto de desenvolvimento da área de Sines, constitui indiscutivelmente o principal motor da fragmentação deste território96, mas não o único, sendo acompanhado pela incapacidade gerar espaços de oportunidade, nos locais de maior riqueza e complexidade.

Entre meados da década de 1970 e o final da década de 1980 verificam-se talvez

as mais importantes e aceleradas modificações na estrutura do território, induzidas por um processo de acentuada criação artificial, sendo a mais evidente, a alteração da estrutura da propriedade, que decorre da política de expropriações implementada e que, sem dúvida fomenta a adopção do modelo de desenvolvimento aplicado, marcado por uma forte fragmentação do espaço urbano. Os espaços naturalmente abertos constituíam até à década de 1970, os espaços de maior produtividade ou, em oposição, os espaços mais inférteis para cultivo, sendo que nas imediações do primeiro tendiam a desenvolver-se

96 Fragmentação essa que neste período, por desconhecimento do projecto em si ou, da sua evolução no tempo,

pode fomentar a sensação errada de inacabado.

| Fotografia 65 | Vista sobre Sines | Sines | 29.Jul.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

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estruturas urbanas de carácter rural, mais ou menos dispersas, associadas, normalmente a vias rodoviárias nos quais se desenvolviam, essencialmente espaços de cultivo familiar. Na década de 1980, para além dos fenómenos anteriormente descritos, a construção de novas vias e redefinição de algumas já existentes, contribuem para a extinção destas tipologias de ocupação, uma vez que a sua escala já não é mais a humana97 e sim a escala do automóvel. Estas zonas agrícolas familiares tendem a localizar-se em regiões naturalmente menos afectadas pela política de expropriações e nas imediações de vias que mantêm um perfil relativamente reduzido como por exemplo, a EN 26198 (para além de características naturalmente produtivas).

As vias rodoviárias construídas no âmbito do projecto da área de Sines e que detinham como principal objectivo a melhoria das acessibilidades às zonas portuária e industrial constituem, por sua vez, mais um elemento potenciador da fragmentação e dispersão do território. O perfil adoptado para estas vias99 tem em conta a dimensão

supra-local do projecto portuário e industrial, não se adequando no entanto às lógicas e funções urbanas nem à escala humana e local. Verifica-se o processo inverso ao que seria de esperar tendo em conta experiências de outras cidades como Lisboa (MORGADO, Protagonismo de la Ausencia. Interpretación Urabnística de la Formación Metropolitana de Lisboa desde lo Desocupado, 2005) ou Veneto (INDOVINA, Algunes Consideracions sobre la «Ciudad Difusa», 1998), nas quais a infra-estruturação viária, ligada em rede e que deriva directamente do processo de industrialização, associada a uma crescente

97 De caminho, por exemplo.

98 Que interliga os aglomerados urbanos de Vila Nova de Santo André e Santiago do Cacém.

99 As quais tiveram por base, a aplicação de um sistema de desenho automático (pela primeira vez, aplicado em

Portugal), efectuado por computador, tendo em conta aspectos como a visibilidade das curvas, a inclinação, etc. | Fotografia 66 | Estrada Nacional 261-5 | Vila Nova de Santo André | 29.Jul.2010 | Fotografia de Cátia Assunção.

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valorização do transporte automóvel, constitui a principal motivação de um desenvolvimento urbano do tipo habitacional em seu redor. Embora o perfil de via adoptado (tipo auto-estrada) constitua uma das principais motivações, o facto de esta não constituir verdadeiramente uma rede sistematizada, de conexão de vários locais, também influi directamente na incapacidade de potenciar o desenvolvimento urbano.

Tendo em conta o Plano Geral da Área de Sines, verifica-se que boa parte das premissas definidas no âmbito do projecto não foram avante, por razões que se prendem com adversidades no processo económico, social e político do país e do mundo, por um certo entusiasmo e megalomania do próprio projecto, pela consciência de que algumas das opções não eram as mais adequadas ou ainda por ainda não se encontrarem concluídas.

No domínio da questão regional verifica-se que o desenvolvimento deste pólo industrial, portuário e urbano veio acentuar, no contexto do país, o fenómeno de litoralização não se instaurando porém, como efectivamente vantajoso, no âmbito do desenvolvimento da região do Alentejo. Porém, ao nível das acessibilidades, verifica-se o aumento da mobilidade em direcção a Setúbal e à AML, com uma grande valorização do veículo automóvel, típica da década de 1980. As ligações ao interior do Alentejo verificam- se porém reduzidas, não induzindo melhorias consideráveis ao nível da acessibilidade e de valorização dos seus recursos.

A importância do porto de Sines e o seu hinterland, justifica a tendência para a integração deste território na área de influência da AML, e para a redefinição dos seus limites. Contudo, a nível local, são incipientes os reflexos deste fenómeno de metropolização, sobretudo no que respeita ao acesso a equipamentos e serviços.

Na década de 1980, apesar de ainda manter parte da sua estrutura rural, a área de Sines perdeu o seu motor económico natural potenciado pela agricultura e pesca, mantendo-se, no entanto o oceano como a grande determinante da transformação e desenvolvimento deste território.

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Os Novos Desafios Síntese Cartográfica

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Síntese Cartográfica

| Imagem 13 | Esquema de Localização e Cartograma Representativo da Data das Cartas Militares de Base.

NOTAS: (*) A produção cartográfica apresentada teve como suporte um conjunto de Cartas Militares de Portugal, Série M-888, Escala 1:25.000, Folhas 505, 515-A,516 e 526, 1987-1989, Instituto Geográfico do Exército, Documentos Cedidos pelo Centro de Cartografia da Faculdade de Arquitectura de Lisboa – UTL, bem como documentos relativos à Batimetria, cedidos pelo Instituto Hidrográfico.

(**) A cartografia apresentada foi especificamente produzida, integrando a leitura compreensiva, reflexiva e interpretativa do território da área de Sines constituindo, em si mesma, parte da investigação, equiparável aos conteúdos teóricos apresentados.

(***) As Sínteses Cartográficas apresentadas encontram-se anexadas ao Apêndice Documental, em formatos de maior dimensão, possibilitando consulta mais detalhada.

(****) No Apêndice Documental encontram-se anexadas, para além das Sínteses Cartográficas apresentadas, um conjunto de peças gráficas, que permitem uma compreensão facilitada da expressão temporal do território, conceptualizada em vários estádios de formação, segundo variáveis isoladas.

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| Cartografia 3 | Síntese Cartográfica 1980.

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Os Novos Desafios Síntese Cartográfica

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| Imagem 14 | Esquema de Localização.

NOTAS: (*) A cartografia apresentada foi especificamente produzida, integrando a leitura compreensiva, reflexiva e interpretativa do território da área de Sines constituindo, em si mesma, parte da investigação, equiparável aos