• Nenhum resultado encontrado

O controle, combate e a repressão da corrupção na União Europeia Uma abordagem da previsão normativa do tema

e os instrumentos de controle da corrupção Brief appointments on the european legal system

5.  O controle, combate e a repressão da corrupção na União Europeia Uma abordagem da previsão normativa do tema

Em conexão com o Curso realizado na capital portuguesa, observamos que no contexto dos mecanismos da União Europeia de controle e combate a

33 Conselho Constitucional Francês, Decisão n 2006-540 CD de 27 de julho de 2006 e

n 2006-543 de 30 de novembro de 2006.

34 Preâmbulo do TCU, versão consolidada: (...) SUA MAJESTADE O REI DOS BELGAS,

SUA MAJESTADE A RAINHA DA DINAMARCA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA, O PRESIDENTE DA IRLANDA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA HELÉNICA, SUA MAJESTADE O REI DE ESPANHA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FRANCESA, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ITALIANA, SUA ALTEZA REAL O GRÃO-DUQUE DO LUXEMBURGO, SUA MAJESTADE A RAINHA DOS PAÍSES BAIXOS, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA, SUA MAJESTADE A RAINHA DO REINO UNIDO DA GRÃ--BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE(...) DESEJANDO aprofundar a solidariedade entre os seus povos, respeitando a sua história, cultura e tradições (...)

35 Artigo 6º, item 3 do TUE, versão consolidada: o direito da União fazem parte, enquanto

princípios gerais, os direitos fundamentais tal como os garante a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e tal como resultam das tradições constitucionais comuns aos Estados-Membros.

corrupção ganham relevo, uma vez que são princípios e valores consagrados nos Tratados que irão repercutir no seio dos Estados.

A corrupção é considerada um grave fato social, com grave risco à estabilidade e à segurança da sociedade, que subtrai a capacidade de desenvolvimento econômico, com possibilidade de solapar a própria democracia, comprometendo a justiça social e o Estado de Direito. Os Estados da União Europeia não fogem à exposição e, consequentemente, aos efeitos deste fato social.

Diante do processo integracionista e suas vantagens, com meios de assistências mútuas, a União Europeia desenvolveu instrumentos para a investigação e repressão da corrupção.

E a cooperação judicial, prevista no art. 6736 do TFUE, retrata um desses

objetivos comuns buscados pelos Estados no combate à corrupção, o qual se enraíza nos países que compõe esse bloco.

Refere-se à prevenção e ao combate à corrupção, organizada ou não, como um dos objetivos para a criação e a salvaguarda de um espaço europeu de liberdade, segurança e justiça, através de uma cooperação judiciária, policial e aduaneira mais correlata à legislação penal. Contudo, não está restrita a matéria penal, isto é, o ilícito de natureza cível terá a mesma proteção do bloco.

Por sua vez, os artigos 82º a 89º do TFUE explicitam, em diversos níveis, como será a cooperação judicial em matéria cível e criminal, no âmbito do bloco.

Considerando o regramento das fontes, o artigo 83º37 do TFUE, este

delega ao Parlamento e ao Conselho a possibilidade de estabelecerem as 36 TÍTULO V O ESPAÇO DE LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA CAPÍTULO 1

DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 67º (ex-artigo 61º TCE e ex-artigo 29º TUE):

3. A União envida esforços para garantir um elevado nível de segurança, através de medidas de prevenção da criminalidade, do racismo e da xenofobia e de combate contra estes fenómenos, através de medidas de coordenação e de cooperação entre autoridades policiais e judiciárias e outras autoridades competentes, bem como através do reconhecimento mútuo das decisões judiciais em matéria penal e, se necessário, através da aproximação das legislações penais.

4. A União facilita o acesso à justiça, nomeadamente através do princípio do reconhecimento mútuo das decisões judiciais e extrajudiciais em matéria civil.

37 Artigo 83º (ex-artigo 31º, TUE):

1. O Parlamento Europeu e o Conselho, por meio de directivas adoptadas de acordo com o processo legislativo ordinário, podem estabelecer regras mínimas relativas à definição das

bases mínimas da criminalidade transfronteiriça que resulte da natureza ou incidência das infrações, visando ao combate de tais práticas. Destaco a lavagem de capitais (branqueamento de capitais, na linguagem do Tratado) bem como a corrupção e a criminalidade organizada.

O TFUE, em seu artigo 325º,38 determina que a Comissão e os Estados

devem combater as fraudes e quaisquer outras atividades ilegais lesivas dos interesses financeiros da União. Institui a prevenção e a detecção da fraude como uma obrigação geral na Comissão Europeia, na medida em que os seus funcionários realizem regularmente atividades que envolvam a utilização de recursos. Os Estados membros do bloco são responsáveis pelo estabelecimento de sistemas de gestão e de controle e devem assegurar que os programas utilizados cumpram todos os requisitos previstos nos regulamentos.

Nesse contexto, ainda dentro das fontes do direito, podemos citar a Diretiva 2014/42/UE de 03 de abril de 2014 que disciplina sobre a perda dos produtos do crime.39

infracções penais e das sanções em domínios de criminalidade particularmente grave com dimensão transfronteiriça que resulte da natureza ou das incidências dessas infracções, ou ainda da especial necessidade de as combater, assente em bases comuns. São os seguintes os domínios de criminalidade em causa: terrorismo, tráfico de seres humanos e exploração sexual de mulheres e crianças, tráfico de droga e de armas, branqueamento de capitais, corrupção, contrafacção de meios de pagamento, criminalidade informática e criminalidade organizada.

38 CAPÍTULO 6 A LUTA CONTRA A FRAUDE Artigo 325º (ex-artigo 280º, TCE):

1. A União e os Estados-Membros combaterão as fraudes e quaisquer outras actividades ilegais lesivas dos interesses financeiros da União, por meio de medidas a tomar ao abrigo do presente artigo, que tenham um efeito dissuasor e proporcionem uma protecção efectiva nos Estados-Membros, bem como nas instituições, órgãos e organismos da União.

2. Para combater as fraudes lesivas dos interesses financeiros da União, os Estados-Membros tomarão medidas análogas às que tomarem para combater as fraudes lesivas dos seus próprios interesses financeiros.

3. Sem prejuízo de outras disposições dos Tratados, os Estados-Membros coordenarão as respectivas acções no sentido de defender os interesses financeiros da União contra a fraude. Para o efeito, organizarão, em conjunto com a Comissão, uma colaboração estreita e regular entre as autoridades competentes.

39 Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%

Na resolução do Parlamento Europeu, de 25 de outubro de 2016,40 nota-

mos um conjunto de exortações e recomendações aos órgãos executores e diretivos da União Europeia, em especial o Conselho e a Comissão. Não se trata de norma de direito Derivado fruto do processo legislativo previsto no TFUE, e portanto, obrigatórias para as Instituições da União ou mesmo para os Estados. Contudo, não obstante, a não obrigatoriedade, traduz a preocupação do bloco sobre o tema.

Podemos citar também, no contexto do bloco, o Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), responsável por investigar e instaurar ações contra os casos de corrupção e fraude.

A Rede Judiciária Europeia é, por sua vez, um instrumento que permite o conhecimento jurídico regional, podendo ser utilizada pelos estrangei- ros para, por exemplo, identificar as autoridades locais competentes para receber uma carta rogatória.

Também é possível citar a Eurojust, órgão da União Europeia dotado de personalidade jurídica própria e encarregado de facilitar a cooperação judiciária, permitindo a gestão, coleta e o intercâmbio de informações, dentro dos fins aqui tratados.

Tudo isso evidencia a necessidade de aprofundar o estudo dos valores, meios e métodos de combate a corrupção, cuja aplicação ocorrerá em todo o bloco Europeu.

6. Conclusão

Por tudo quanto foi exposto, nota-se que o sistema jurídico da União Europeia possui características próprias, seja em função do grau de ama- durecimento e evolução do bloco, seja em função das normas vigentes sobre o tema.

Mesmo que ausente uma ou outra característica típica do constitucio- nalismo clássico, podemos afirmar que o sistema possui características que não deixam dúvida quanto à existência de um constitucionalismo próprio, mesmo que os instrumentos de solução de controvérsias não estejam compilados em um único documento, bem como não haja uma declaração formal de existência de uma Constituição da Europa.

40 Disponível em: <http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//

A relação entre o direito da União Europeia e os ordenamentos jurídicos nacionais, reflete o nível de integração do bloco e denota fundamentos próprios, com a incidência das regras, fontes e princípios em toda a União Europeia.

O estudo das fontes do direito da União Europeia mostra-se tarefa instigante e inovadora para os padrões brasileiros, até mesmo em função das novas normas que serão editadas sobre o tema “controle e combate à corrupção”, assunto cada vez mais aprofundado e pujante no bloco.

Por fim, o assunto “combate à corrupção” encontra guarida na legislação da União Europeia que, a cada dia, mais se preocupara com o tema, com uma estrutura de organismos, decisões e legislações que buscam acom- panhar a temática, na mesma velocidade da integração do bloco, com seus diários desafios.

Referências

ALONSO DE ANTONIO, Angel Luis et al. Derecho Constitucional Español. Madrid: Editorial Universitas, 2002.

AMARAL, Diogo de Freitas do; PIÇARRA, Nuno. O Tratado de Lisboa e o Prin- cípio do Primado no direito da União Europeia: uma evolução da continui- dade. Revista Mestrado em Direito, Osasco, ano 9, n. 1, p. 187-222, 2008. APARICIO TOVAR, Joaquín. Introdución al derecho social da la Unión Europea:

Unión Europea. Albacete, España: Editorial Bormazo, s.d.

CAMPOS, João da Mota de. Contencioso comunitário. Curitiba: Juruá, 2008. CAMPOS, João Mota de. Direito comunitário. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian, 1994. v. 2.

CUNHA, Paulo de Pitta e. O Tratado de Lisboa: génese, conteúdo e efeitos. Lis- boa: Prefácio, 2008.

DUARTE, Maria Luísa. Nota de apresentação. In: DUARTE, Maria Luísa, LOPES, Carlos Alberto. Tratado de Lisboa. Lisboa: Lex, 2008.

DUARTE, Maria Luísa. União Europeia e Direitos Fundamentais: no espaço da internormatividade. Lisboa: Lex, 2006.

DUARTE, Maria Luiza. A teoria dos poderes implícitos e a delimitação de com- petências entre a União Europeia e os Estados membros. Lisboa: Lex, 1997. GORJÃO-HENRIQUES, Miguel. Direito comunitário. Coimbra: Almedina, 2004.

GORJÃO-HENRIQUES, Miguel. Direito da União. Coimbra: Almedina, 2017. JOVEN GÓMEZ-FERRER, José María. Constitución y Derecho Comunitário.

Madrid: Boletín Oficial del Estado, 2004.

MARTINS, Ana Maria Guerra. Manual de Direito da União Europeia. 2. ed. atual. e aumentada. Coimbra: Almedina, 2017.

MIRANDA, Jorge. Para uma teoria dos sujeitos de direito internacional. In: CUNHA, Sérgio Sérvulo da; GRAU, Eros Roberto (Org.). Estudos de direito

constitucional em homenagem a José Afonso da Silva. São Paulo, Malheiros, 2003.

MOURA RAMOS, Rui Manoel Gens de. Das Comunidades à União Europeia: estu- dos de direito comunitário. Coimbra: Coimbra Ed., 1997.

OLIVEIRA, Odete Maria de. União Européia: processos de integração e mutação. Curitiba Juruá, 1999.

RIBEIRO, Marta Chantal da Cunha Machado. Da responsabilidade do Estado pela

violação do Direito Comunitário. Coimbra: Almedina, 1996.

TAVARES, Fernando Horta. O direito da União Européia: autonomia e princí- pios. In: TAVARES, Fernando Horta (Coord.). Constituição, direito e processo: princípios constitucionais do processo. Curitiba: Juruá, 2007.

VILHENA, Maria do Rosário. O princípio da subsidiariedade no direito comunitário. Coimbra: Almedina, 2002. Legislação.

Outline

Documentos relacionados