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Os parágrafos 51, 52, 53 e 54 são os parágrafos que descrevem os aspectos de infraestrutura, havendo poucas notícias novas em relação aos relatórios anteriores.

Digna de nota, é a observação do parágrafo 53 de que haveria uma grande redução da rede de comunicações no país com a saída progressiva da UNTAET e que seria necessária uma preparação do país nesse sentido. Da mesma forma, se chamou a atenção para a redução dos níveis de transporte e da necessidade de manutenção mínima de um serviço de transporte público no país.

3.3.7) “f) Desenvolver processos eleitorais” (3,4%)

Este importante objetivo, relacionado a aspecto político interno, que diz respeito ao nível de democratização, apenas aparece nos relatórios da ONU a partir do relatório

S/2000/738, de 26 de julho de 2000. Era razoável que se esperasse por uma aparição tardia

desse objetivo na medida que medidas emergenciais eram prementes no imediato pós-referendo de 1999.

A primeira menção a “processos eleitorais” nos relatórios da UNTAET aparece no parágrafo 6 do relatório. Nesse parágrafo, a UNTAET informa que, em virtude dos primeiros incidentes de violência política pós-referendo de 1999, teria início um programa intitulado "O futuro da democracia em Timor-Leste", cujos objetivos seriam os de “promover a educação cívica, o desenvolvimento constitucional, o estado de direito e a educação política” (tradução nossa). Nesse sentido, a UNTAET esperava “combater essas tendências” violentas e “preparar a população para eleições democráticas”.

Na parte final do relatório (parágrafo 68), no item denominado “VIII. Observações”, o Secretário Geral faz menção a uma visita que teria feito ao Timor-Leste em fevereiro de 2000. Nessa visita, teria solicitado ao RESG que elencasse pontos de referência com relação às atividades da UNTAET que permitiriam “aos timorenses de leste uma plataforma sólida para governar o seu país quando a independência fosse alcançada”. A esse questionamento, o RESG

respondeu que as áreas-chave seriam (ipsis litteris): segurança durante o período de transição e disposições para garantir a segurança de Timor-Leste uma vez que alcançasse a independência; estabelecimento de um sistema judicial credível em que os direitos humanos fundamentais sejam respeitados; realização de um nível razoável de reconstrução de serviços públicos e infra- estrutura; estabelecimento de uma administração sustentável do ponto de vista financeiro; e organização de uma transição política para a independência que culminasse na aprovação de uma constituição e na realização de eleições democráticas.

Fazendo referência a essas áreas-chave, o RESG (parágrafo 69) elencou o último objetivo como o mais importante, “uma vez que envolve o estabelecimento de um regime político que responda às necessidades dos cidadãos e uma liderança política que adote decisões em um espírito de responsabilidade”.

Em 16 de janeiro de 2001, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/42.

O objetivo “f” começa a ser abordado no parágrafo 2, onde se menciona que, em 12 de dezembro de 2000, o CNRT teria aprovado um calendário político com vistas a escalonar as atividades a serem realizadas para a consecução da independência do país até o fim de 2001.

O parágrafo 3 elenca a sequência das medidas noticiadas no parágrafo 2. Em uma primeira fase, seriam realizadas uma consulta nacional e a adoção de consultas relativas às modalidades eleitorais e à composição da Assembleia Constituinte101. Na segunda fase, a Assebleia Constituinte redigiria a constituição, cuja modalidade de aprovação ainda não se sabia: se pela própria constituinte ou se por referendo. A etapa seguinte seria o estabelecimento do governo. Caso se decidisse por um governo presidencialista, haveria a necessidade de se celebrar eleições presidenciais. O relatório utiliza uma expressão dúbia com relação ao estabelecimento da primeira legislatura do país ao mencionar “se supõe que a Assembleia Constituinte seria a primeira legislatura do Estado independente”.

O parágrafo 4 informa que diversos fatores influenciariam o calendário político mencionado, elencando o ambiente de segurança, as possíveis dificuldades técnicas na organização das eleições e o complexo processo político de adoção de decisões como os principais óbices a serem enfrentados.

No parágrafo 5, a UNTAET assume a inteira responsabilidade pela realização das primeiras eleições do país, afirmando que espera que elas se constituam em verdadeiro legado

101 Para maiores informações, vide “UNTAET Regulation NO. 2001/2 (UNTAET/REG/2001/2)”, “Sobre a Eleição

de uma Assebleia Constituinte para Preparar uma Constituição para um Timor-Leste Independente e Democrático”, de 16 de março de 2001. Disponível em <http://mj.gov.tl/jornal/lawsTL/UNTAET- Law/Regulations%20English/Reg2001-02.pdf> .

para que os timorenses possam organizar suas eleições futuras de maneira sustentável. Em 2 de maio de 2001, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/436.

A preocupação com as eleições para a Assembleia Constituinte aparece primeiramente no parágrafo 6, onde se menciona a realização de “um amplo programa de educação eleitoral na imprensa, rádio e televisão”. Mais uma vez, se enfatizava que aquela eleição era considerada uma oportunidade de aprendizado para os timorenses. A UNTAET, a par de dar treinamento à população local, “estabeleceu um centro de documentação sobre eleições para reunir documentação sobre as eleições de 2001, o referendo de 1999 e material comparativo sobre os sistemas eleitorais e as administrações de outros países”.

A realização das eleições não era uma unanimidade entre os timorenses (parágrafo 7), contudo, esta contestação estava longe de ser representativa. Um grupo do Conselho Popular de Defesa da República Democrática de Timor-Leste (CPD-RDTL) alegava que Timor já era um Estado independente, desde 1975, e que já possuía uma constituição. Esse grupo era acusado de ter promovido agitação política em Dili e Baucau.

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