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de julho de 2000, o Secretário Geral publicou o relatório S/2000/738 58 As primeiras referências ao objetivo “n” aparecem a partir do parágrafo 51 do relatório Nesse

parágrafo, salientou-se a transferência de responsabilidades da INTERFET ao componente militar da UNTAET (23 de fevereiro de 2000)59, a qual passou a desempenhar uma série de atividades diretamente ligadas à área da segurança e outras subsidiárias como o apoio à polícia, a entrega de artigos de socorro em zonas remotas e a prestação de assistência médica a civis. Na verdade, essa era apenas uma descrição inicial, pois as tropas da ONU se ocupam de um escopo muito maior do que este de ações subsidiárias.

Apesar da situação de segurança ter permanecida estável de uma maneira geral, entre o fim de fevereiro e o início de março se noticiaram sobre posições da UNTAET próximas à fronteira. Além disso, foram noticiadas quatro incursões terrestres de grupos milicianos, oriundos da porção oeste da ilha. Esta situação levou o Comandante (FC) da PKF60 e o Diretor de Assuntos Políticos da UNTAET a viajarem a Jacarta para um encontro com o Ministro das Relações Exteriores e o Chefe das Forças Armadas indonésias. Nesse encontro, obteve-se das Forças Armadas indonésias o compromisso de “renovar seus esforços para garantir a segurança ao largo da fronteira e evitar a infiltração de milícias no Timor-Leste”. Em 11 de abril o FC e o

comunicações. As operações em Timor Leste exigem um apoio considerável da aviação, que consistirá numa combinação de aviões militares e civis. Força até junho terá apoio logístico do Grupo de Apoio da Força Australiana (fornecimentos, serviços e transportes), que contingente falta sustentação serve atualmente como parte da INTERFET e fornece suporte, entre outros. Depois de junho, será necessário substituir a maior parte do grupo de apoio por empreiteiros civis ou outras unidades militares.

58 Relatório S/2000/738 (ONU, S/2000/738, 2000). O relatório reporta o período de 27 de janeiro a 26 de julho

de 2000.

59 Tradicionalmente, a transferência de uma responsabilidade militar qualquer, de uma tropa a outra, chama-se de

“handover” (passagem) na ONU.

Comandante das Forças Armadas da Indonésia firmaram um memorando de entendimento para que houvesse um mínimo de coordenação tática61 na zona de fronteira, fato este que levou os indonésios a posicionarem naquela região um segundo batalhão (já havia um) e um Comando de Brigada (parágrafo 52).

A partir dessas medidas, a situação na fronteira se estabilizou, o que não impediu, entratanto, a ocorrência de trocas de tiro eventuais. Em uma delas, no Distrito de Cova Lima, um soldado da Nova Zelândia veio a falecer inclusive (parágrafo 53).

Essa busca de contato do componente militar da UNTAET com autoridades indonésias foi muito importante para que o ambiente de segurança da missão não enfrentasse desafios mais gravosos. Além disso, a UNTAET contou com a boa vontade das autoridades indonésias, pelo menos no nos níveis mais altos, para que houvesse um bom encaminhamento das questões de segurança.

A primeira menção a questões de desmobilização e reinserção aparecem no parágrafo 54, onde se noticiou que os membros das Forças Armadas de Libertação do Timor-Leste (FALINTIL) acamparam no Distrito de Aileu, a partir de outubro de 1999. Dos quase 1.000 (mil) combatentes ali acantonados em outubro de 1999, em torno de 500 já haviam sido licenciados e enviados às suas casas em julho de 2000, haja vista as condições adversas que se encontravam em termos de infraestrutura e alimentação. A situação desses ex-combatentes era agravada pela falta de clareza em relação a função que teriam para a sociedade a partir daquele momento, bem como para o futuro, o que suscitava preocupações em termos de moral da tropa e disciplina. Para mitigar a situação, a UNTAET obteve do governo americano a quantia de U$ 100.000 (cem mil), via CEFET, a fim de prover alimentos durante dois meses ao pessoal das FALINTIL e seus agregados62.

O parágrafo 55 dava a dimensão e a diversidade de constituição da PKF63 àquele momento, que alcançava mais de 8.000 homens de 32 (trina e duas) nacionalidades diferentes,

61 Ações de coordenação de áreas de trânsito, corredores de progressão, balizamentos, horários de restrição de

atividades, entre outras.

62 É importante relembrar que o planejamento de emprego da UNTAET no Timor previa que a Divisão de Assuntos

Econômicos Financeiros e de Desenvolvimento formulasse um plano de reintegração dos ex-combatentes timorenses (FALINTIL) à vida civil. Mais tarde se verá que parte desses ex-combatentes foi aproveitada nas FDTL e parte foi dispensada.

63 55. Actualmente el componente militar de la UNTAET cuenta con 8.032 efectivos de todos los rangos (cifra que

comprende 198 observadores militares), provenientes de los países siguientes: Australia (1.542), Bangladesh (572), Bolivia (2), Brasil (81), Canadá (3), Chile (33), Dinamarca (2), Egipto (83), Estados Unidos de América (4), Federación de Rusia (2), Fiji (188), Filipinas (623), Francia (6), Irlanda (44), Jordania (720), Kenya (252), Malasia (32), Mozambique (12), Nepal (168), Noruega (6), Nueva Zelandia (675), Pakistán (804), Perú (23), Portugal (759), Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte (4), República de Corea (444), Singapur (24), Suecia (2), Tailandia (919), Turquía (2) y Uruguay (1).

incluídos nesses os 198 (cento e noventa e oito) observadores militares da ONU.

A intenção de diminuição paulatina dos efetivos militares à medida que a situação de segurança se estabilizasse aparece no parágrafo 56, onde se noticiou a hipótese de redução de um efetivo de 1850 (mil oitocentos e cinquenta) homens para 500 (quinhentos) no Setor Oriental. Essa redução equivaleria ao efetivo de um batalhão e estava prevista para que ocorresse até janeiro de 2001.

O relatório também exalta a importância dos observadores militares que acabaram desempenhando um importante papel nos distritos, garantindo a presença da ONU até o desdobramento de todo o componente militar e civil da UNTAET. Os observadores, igualmente, foram importantes interlocutores, promovendo a ligação com as Forças Armadas indonésias e com as FALINTIL (parágrafo 57).

O parágrafo 58 relata um assunto bastante polêmico que diz respeito ao fato do Timor- Leste ter a necessidade ou não de possuir Forças Armadas. Nesse parágrafo se dá a entender que, inicialmente, a intenção do CNRT era a de que Timor não possuísse Forças Armadas, mas, tão somente, “pessoal de segurança vinculado à polícia”. Esse pensamento do CNRT era baseado na carência de recursos e, ao momento do relatório (26 jul 00), já havia se modificado para uma posição favorável à existência de uma “força nacional de segurança, inicialmente fundada nos integrantes das FALINTIL”. O relatório não menciona o que teria levado a essa mudança de posição, mas remete à ideia de que a existência dessa força seria necessária na transição à independência para que Timor pudesse cuidar de suas fronteiras, levando-se em conta uma saída da UNTAET nesse interregno. Logo em seguida, ainda no mesmo parágrafo, menciona-se que, com o apoio do Reino Unido, o King’s College estaria realizando um estudo sobre as necessidades do Timor-Leste em relação às suas Forças Armadas e as consequências práticas e financeiras desse fato. A previsão era a de que o estudo terminasse em agosto e fosse submetido a um amplo debate sobre o que contivesse, muito embora não tenha especificado em que nível aconteceria esse debate e quem participaria do mesmo.

Em 16 de janeiro de 2001, já em um período de maior aprofundamento do processo de timorização64, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/42, relatório este que abrangia o período de 27 de julho de 2000 a 16 de janeiro de 2001.

As primeiras referências ao objetivo “n” aparecem no parágrafo 10 do relatório. Ali se

64 Até o relatório anterior, S/2000/436, a ênfase da UNTAET residiu na resolução de problemas emergenciais, em

especial os relacionados à segurança e a uma infraestrutura mínima (vide seus parágrafos 63 e 64). A partir do relatório S/2001/42, a UNTAET se volta mais ao processo de transição de governo, com ênfase nas questões sobre a Administração Transitória.

comenta a respeito persistência da promoção de pequenas incursões na fronteira oeste (sob responsabilidade do comando do setor Oeste) por parte de milicianos (no máximo 150 deles) advindos da Indonésia. O parágrafo demonstra a preocupação da ONU com essas atividades, mencionando que elas teriam sido responsáveis pelo deslocamento de, pelo menos, 3.000 (três mil) pessoas na região e que 2 soldados da ONU haviam sido mortos em combates fortuitos com milicianos (um neozelandês, em 24 de julho de 2000, e um nepalês, em 10 de agosto de 2000). Como ação retaliatória, a ONU teria promovido a intensificação de patrulhas na região, decidido por suspender a redução de seus efetivos (na verdade até aumentou em uma Companhia de fuzileiros) e intensificou as ações de vigilância e informação (parágrafo 11) o que teria levado a um decréscimo das ações dos milicianos até o fim de setembro, considerando estável a situação, ainda que com a ocorrência episódica de outros incidentes.

Nos parágrafos 43 e 44 o Secretário Geral presta conta dos efetivos militares e policiais da ONU, não se observando nenhum decréscimo significativo de efetivos para o período, o que denota a manutenção do status quo da situação de segurança. Os militares, que no relatório anterior eram 8.032 (oito mil e trinta e dois), haviam diminuído para 7.936 (sete mil novecentos e trinta e seis), uma queda de apenas 96 (noventa e seis) de seus efetivos. Os policiais internacionais eram 1.402 (mil quatrocentos e dois).

Considerada como uma inovação importante rumo ao processo de transferência de responsabilidades graduais aos timorenses (timorização), a participação da UNTAET na criação das FDTL é comentada com destaque no relatório (parágrafo 48). O parágrafo também menciona que as FDTL se mantiveram sob coordenação do ETTA, o que dá a entender que o processo teve a participação dos timorenses, e exortava aos países que se comprometeram a apoiar às FDTL (treinamento, doutrina, etc) que mantivessem suas posições, posto que este projeto dependia totalmente de apoio internacional.

A questão da segurança tinha um importante impacto na situação dos refugiados que se encontravam na parte ocidental da ilha (Indonésia). A UNTAET chamava a atenção para a relativa estabilidade que se havia conquistado nos últimos meses (a partir de setembro de 2000) com o controle das incursões clandestinas promovidas por milicianos ocidentais no território timorense, contudo, destacava que a mera existência dessas milícias era uma fonte de ameaça aos refugiados que se encontravam em acampamentos de refugiados na Indonésia. Desta forma, o relatório chama a atenção para a necessidade de que a Indonésia mantivesse o seu compromisso de garantir a segurança daqueles cidadãos timorenses que no seu território ainda permaneciam (parágrafo 49).

Finalizando o relatório quanto aos aspectos relativos ao objetivo “n”, o parágrafo 50 destaca a necessidade da manutenção da PKF e da UNPOL no território, mesmo após a independência do Timor-Leste (parágrafo 50). Os motivos para tal seriam os relacionados ao reconhecimento da falta de maturidade das instituições de segurança recém-criadas, as quais necessitariam de apoio por algum tempo. Para a força militar não se fez nehuma previsão de saída. Para a UNPOL, estimou-se que sairia em 2002.

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