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As condições econômicas do país são descritas em um cenário pós-referendo no parágrafo 24, o qual descreve as seguintes condições:

a) retração do PIB em 1999, estimada em 38%,

b) aumento significativo do desemprego, em especial nas áreas urbanas e

c) aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos básicos, em grande medida pela supressão dos subsídios que eram dados pelo governo indonésio.

A essa realidade, a ONU reagiu estimulando o comércio de produtos básicos na região de fronteira e promovendo obras de restauração de infraestrutura, o que fez, em garnde medida, com o auxílio de agências de desenvolvimento de outros países (USAID98, JICA99 e AusAID). À medida que as obras de emergência iam se encerrando, a UNTAET chamava a atenção para a necessidade de que o setor privado começasse a gerar emprego (parágrafo 25).

A necessidade de geração de emprego no setor privado passava necessariamente pela geração de emprego no comércio, haja vista que, à exceção da agropecuária e da pesca, o país carecia de outras fontes de trabalho. A fim de fortalecer o comércio, o Banco Mundial estabeleceu um programa de empréstimos a pequenos empresários, cujos fundos seriam provenientes do CFET. Esperava-se com esse programa conceder um total de 10 milhões de dólares em empréstimos (parágrafo 26).

Passando a tratar especificamente do tema “infraestrutura”, o relatório aponta as péssimas condições das estradas (parágrafo 29), agravadas pelo aumento do trânsito de viaturas da ONU e pela estação das chuvas (no Timor, a estação das chuvas começa em dezembro de termina em junho. O Secretário Geral descreve que as medidas de reparo das estradas seriam financiadas por um programa do Banco Asiático de Desenvolvimento.

Reparos no porto de Dili (a um custo de 9,6 milhões de dólares) e nos aeroportos de Baucau e Dili são noticiados no parágrafo 30.

A situação do restabelecimento de eletricidade, cujos cortes eram frequentes, foi amparada por ajuda bilateral (Grâ-Bretanha, Irlanda do Norte, Japão e Portugal) e por intermédio do PNUD e do Banco Asiático de Desenvolvimento (parágrafo 31).

O relatório indica que o abastecimento de água, em maio de 2000, já havia sido parcialmente providenciado nas principais cidades dos 13 distritos do país e que não havia se registrado nenhum significante surto de doenças (parágrafo 32).

A situação das telecomunicações é descrita como deficiente (parágrafo 33) e somente em Dili, Baucau e Suai é que se conseguia comunicação, ainda que de maneira limitada. O

98 United States Agency for International Development (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento

Internacional)

serviço postal do Timor-Leste foi restabelecido em abril, fornecendo serviços de postagem internacional, via Darwin, e local, entre Dili e Baucau.

Em 21 de fevereiro de 2000, o Banco Mundial e a UNTAET deram início a um projeto (parágrafo 34) de reabilitação das vilas e aldeias, com ampla participação local na escolha e designação de prioridades. Foram formados mais de 340 (trezentos e quarenta) conselhos locais para a escolha das prioridades de alocação financeira dos projetos e estabelecidas três componentes principais: entrega de subvenção às comunidades através dos conselhos locais, um projeto sobre patrimônio cultural e um fundo de desenvolvimento da sociedade civil. O projeto tinha uma previsão de gastos de 21,5 milhões de dólares e seria executado durante dois anos e meio.

Do ponto de vista da assistência humanitária de emergência o relatório destaca o papel do Componente de Assistência Humanitária e Reabilitação da UNTAET, coordenando a ajuda bilateral, de outras agências da ONU e das instituições do sistema de Bretton Woods (Banco Mundial) (parágrafo 59).

Uma grave crise alimentar teria sido evitada pela atuação do Programa Mundial de Alimentos (PMA), da CICV e de diversas ONGs, que teriam coordenado a distribuição de mais de 35.000 (trinta e cinco mil) toneladas de alimentos à população de uma maneira geral (parágrafo 60). Ao momento do relatório, o Secretário Geral informa que a distribuição indiscriminada já havia sido substituída por uma distribuição organizada e direcionada aos grupos vulneráveis, às escolas ou aos canteiros de obras. Este aspecto dá a entender que o caráter emergencial da distribuição de alimentos já havia cessado.

Um programa de habitação destinado à construção de 35.000 (trinta e cinco mil) casas foi colocado em prática (parágrafo 61). O ACNUR já havia distribuído 13.500 (treze mil e quinhentos) “kits” e outros 10.000 já haviam sido distribuídos por outras agências. O relatório noticia que o programa de habitação tinha alta prioridade e deveria ser prorrogado até o fim de 2000, importando madeira do exterior para diminuir o impacto ambiental no país.

Fazendo um resumo (parágrafo 62) do apoio humanitário de emergência, até a data do relatório, o Secretário Geral informava que “a situação em Timor-Leste registrou alguma melhoria, razão pela qual o período de emergência imediato é considerado como encerrado” (tradução nossa) e reiterava que “...que a assistência humanitária foi entregue a tempo e efetivamente” (tradução nossa). Além disso, se concluía que, ao se realizarem operações humanitárias de emergência havia “a necessidade de melhorar o mecanismo de consulta com beneficiários e líderes civis locais...”.

Em 16 de janeiro de 2001, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/42.

Os parágrafos 28, 29 e 30 fazem um resumo da situação de infraestrutura, mas não trazem muitas novidades em relação ao relatório anterior. Os aspectos novos são os resumidos nos parágrafos seguintes.

De uma forma geral, o parágrafo 28 anuncia um avanço considerável na reparação da infraestrutura do país, mas faz a ressalva que não na velocidade esperada pela população timorense.

O parágrafo 29 relata que foi colocada em funcionamento uma pequena central telefônica em Dili e que 30 das 58 centrais elétricas no país já estariam em funcionamento.

Pela primeira vez se faz menção a um programa de obras públicas100 para a renovação e recondicionamento dos edifícios públicos (parágrafo 30). O Tribunal de Apelações de Dili e a Comissaria Central de Polícia já teriam recebido os reparos necessários, bem como outros bens públicos nos distritos.

A reabilitação de emergência do serviço de saúde também é citada pela primeira vez no parágrafo 32 do relatório, que noticia a construção de 85 (oitenta e cinco) postos de saúde nas aldeias e a aquisição de 116 (cento e dezesseis) clínicas móveis, as quais deveriam atender às necessidades básicas de atenção de saúde da população.

Nos parágrafos 39 e 40 se prestam informações relativas à assistência humanitária. Não se reportam novidades em relação ao programa de reconstrução de casas, mas se ressalta que o PMA ainda distribuía alimentos a quase 180.000 (cento e oitenta) mil pessoas, o que correspondia a quase um quarto da população. A UNTAET reconhece que, em um país com tantas terras agricultáveis, essa distribuição, que já durava mais de um ano, não se demonstrava coerente. Contudo, justificava essa conduta no fato de que grande parte dos veículos agrícolas havia sido destruída em 1999 e que esse fato havia debilitado as redes de transporte necessárias à reativação dos mercados agrícolas.

O parágrafo 40 noticia, também, o fim das atividades do Componente de Assistência Humanitária e Reabilitação de Emergência da UNTAET no fim de dezembro de 2000. A partir daquele momento, as atividades desse componente ficariam a cargo dos escritórios orientados para as atividades de desenvolvimento da Administração Transitória do Timor-Leste.

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