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Neste relatório, a única menção ao objetivo “h” ocorre em seu parágrafo 30, onde se relata que a implementação do Serviço de Polícia do Timor-Leste seguia seu curso, esperando- se que, até o fim de 2003, a polícia desse país contasse com 3.000 (três mil) agentes. Até que isso não ocorresse, seguiria sendo necessária a presença de agentes internacionais, os quais sairiam aos poucos, gradativamente, à medida que não fossem mais necessários ao estabelecimento de segurança e à formação de policiais locais.

Passando ao próximo relatório, em 24 de julho de 2001 o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/719.

Neste documento, informa-se que a Dependência de Investigação de Delitos Graves 74(parágrafo 31), do Escritório do Procurador Geral do Timor-Leste havia se ocupado prioritariamente dos cinco casos de crime de lesa humanidade já citados anteriormente. Nesse sentido, o relatório elenca que o primeiro julgamento de pessoas que cometeram crimes contra a humanidade teve início em julho de 2001, quando 11 (onze) pessoas foram acusadas de crime de guerra cometidos no episódio de Lautem. O Secretário Geral menciona, também, que foram proferidas as acusações aos responsáveis pelos crimes em Lolotoe e em Liquiça e que o primeiro veredicto “foi pronunciado em relação ao caso de Lolotoe, em janeiro de 2001, e

74 De acordo com o Regulamento No. 2000/16 da UNTAET, de 6 de junho de 2000 (UNTAET/REG/2000/16), o

gabinete do Procurador Geral do Timor-Leste assim se estruturava: I. Estrutura. Seção 5. Escritórios do Ministério Público.

5.1 Os seguintes gabinetes do Ministério Público devem ser estabelecidos em Timor-Leste:

(um) Gabinete do Procurador-Geral, correspondente ao Tribunal de Recurso, com seu lugar em Dili. Dentro do referido Gabinete do Procurador Geral, haverá dois departamentos, liderados, respectivamente, pelo procurador- geral adjunto para delitos graves e procurador-geral adjunto para crimes comuns. (ONU, 2001, tradução nossa)

consistiu na imposição de uma pena de prisão a um ex-membro da milícia”. O relatório prossegue mencionando a falta de intérpretes como um obstáculo à promoção de investigações mais céleres.

No parágrafo 32 se faz um balanço das atividades do Poder Judiciário75, exprimindo-se em números as atividades realizadas. Contudo, o final do parágrafo deixa claro que a implementação do Poder Judiciário seria uma das tarefas mais difíceis a serem desempenhadas pela UNTAET haja vista as carências materiais e, principalmente, humanas.

Com relação à UNPOL, destaca-se a sua mais recente preocupação, que era a manutenção da segurança pública visando as eleições para a Assembleia Constituinte (parágrafo 33). Dado que a violência política havia sido a principal razão de intervenção da ONU no território, nada mais natural que a proximidade de um período eleitoral suscitasse preocupações a esse respeito. A ONU mantinha no Timor a presença de 1.419 (mil quatrocentos de dezenove) policiais. Uma média de 300 (trezentos) delitos eram relatados por mês, sendo a metade destes sobre roubos ou ataques a pessoas, em particular, atos de violência doméstica, fato muito comum no Timor-Leste. A ONU relata um grau de resolubilidade alto, com 80% dos crimes tendo tido investigações completas.

A formação policial seguia como uma das prioridades da UNTAET (parágrafo 34), que anunciava o recrutamento de 779 (setecentos e setenta e nove) agentes do total previsto de 3.000 (três mil). Um grande salto em relação ao relatório de janeiro de 2001, o S/2001/42, que mencionava um efetivo de 300 (trezentos) homens. Em seis meses, o efetivo da polícia nacional mais do que dobrou. A formação de 300 (trezentos) policiais para integrarem a unidade de proteção imediata (controle de distúrbios) atendia à proximidade das eleições. Não obstante, a polícia começava a especializar seu serviço o que se demonstrava com a criação de unidades voltadas ao trato com vulneráveis (mulheres, crianças e idosos) e destinadas a investigações sobre o tráfico de drogas. O relatório, atendendo a uma das diretrizes máximas do Mandato da Resolução 1272, afirma que a formação dos policiais atende a um critério de promoção de uma cultura de direitos humanos, contudo, este autor entende que o curto período de formação (três meses de curso teórico seguido de seis meses nas ruas) dos policiais e a diversidade de países

75 32. O sistema judicial investigou 210 casos criminais comuns nos últimos seis meses. As acusações foram feitas

em 118 casos, 54 dos quais são perante os tribunais e oito foram resolvidos através de um tribunal. Nos quatro tribunais distritais de Timor-Leste, o treinamento e aconselhamento de 25 juízes, 13 promotores, 9 defensores públicos e 25 funcionários judiciais foram intensificados. A reabilitação de três centros de detenção eo treinamento de 125 guardas de prisão que já exercem essa função estão aumentando a eficácia do sistema prisional. No entanto, o sistema de justiça continua a sofrer uma grave escassez de recursos materiais e humanos, o que impede seu desenvolvimento... (ONU, 2001, tradução nossa)

atuantes (29) nessa atividade (formação) em muito prejudicava a absorção dessa mentalidade. Curiosamente, todo o parágrafo 35 é dedicado a justificar a criação de unidades especializadas da polícia em ações antidistúrbios. Estas unidades, quando não estivessem sendo empregadas no controle da ordem pública, cumpririam tarefas normais de vigilância e controle de trânsito. O que chama a atenção, entretanto, é a ênfase da ONU na justificativa para a criação desse tipo de polícia: “A criação dessas unidades e forças de choque é uma prioridade, de modo que os cidadãos timorenses tenham um papel cada vez maior na implementação da segurança pública”. Ou de fato havia uma preocupação com o ambiente eleitoral ou, de alguma forma, havia a expectativa de um comportamento social que viesse a justificar a existência desse tipo de polícia.

O Secretário Geral informa, ainda, sobre a criação de um Escritório Nacional para os Casos de Desastre, dentro do Departamento de Polícia e Serviçoes de Urgência da Administração de Transição. Tratava-se de um órgão para responder a desastres de qualquer natureza, de maneira multisetorial, como uma espécie de Defesa Civil (parágrafo 36).

O parágrafo 57, já no item das recomendações à missão sucessora, era praticamente uma cópia do parágrafo 30 do relatório anterior (S/2001/436), onde o Secretário Geral fez um resumo da implementação do Serviço de Polícia do Timor-Leste, destacando que a presença dos policiais internacionais atende a uma dupla finalidade (policiamento e formação) e que a saída desses policiais do país estaria condicionada a que “a polícia timorense estivesse totalmente treinada e totalmente implantada”.

Em 18 de outubro de 2001, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/983, cujo

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