• Nenhum resultado encontrado

de janeiro de 2002, o Secretário Geral apresentou o relatório S/2002/80, relativo ao período compreendido entre 16 de outubro de 2001 a 18 de janeiro de 2002 Este relatório

se divide em duas partes. Uma primeira onde se faz, como de costume, um balanço das atividades da UNTAET para o período, reafirmando a necessidade da manutenção da presença da ONU após a independência (parágrafo1) e uma segunda parte onde se apresenta “um planejamento detalhado de uma missão integrada das Nações Unidas que se desdobraria no Timor-Leste após a independência” (parágrafo 2).

Bem ao início do relatório, em seu parágrafo 3, o Secretáro Geral informa que o Conselho de Segurança havia acatado a proposta da Assembleia Constituinte de que a independência do país seria declarada no dia 20 de maio de 2002, estabelecendo um importante marco temporal para fins de planejamento47.

No parágrafo 4 do relatório se mencionam os avanços logrados pela UNTAET, em especial:

a) o progresso no terreno político,

b) os resultados atingidos na complexa tarefa de estabelecer uma administração pública timorense,

45 No parágrafo 43 do documento intitulado “Que no haya salida sin una estrategia: la adopción de decisiones

en el Consejo de Seguridad para la terminación o transformación de las operaciones de paz de las Naciones Unidas” (S/2001/394), de 20 de abril de 2001, o Secretário Geral da ONU faz uma referência especial à responsabilidade da comunidade internacional em continuar a trabalhar para a manutenção das condições atingidas naquele país, após a saída da UNTAET: 43. O mais importante no caso de Timor Leste é garantir que os enormes sacrifícios da população, os investimentos substanciais da comunidade internacional e a cooperação das partes para alcançar uma transição feliz para a independência não se percam devido à falta de atenção e apoio internacional. para o novo Estado. Ao mesmo tempo, é importante avançar para uma estrutura normal de assistência ao desenvolvimento, o mais rápido possível, de maneira responsável.

46 Posteriormente, em 22 de outubro de 2001, foi publicado um adendo ao relatório S/2001/983, o relatório

S/2001/983/Corr.1. Ali, mais uma vez, se reforça que a responsabilidade pela viabilidade do Estado timorense pertencia a seu povo. A frase original, no parágrafo 87 do relatório, dizia: “Em princípio, a responsabilidade de estabelecer um Estado viável em Timor Leste pertence claramente ao seu povo ". Na correção, assim ficou: "Em última análise, a responsabilidade de estabelecer um Estado viável em Timor Leste pertence claramente ao seu povo. (ONU, 2001, tradução nossa)

c) as melhorias em relação à segurança e

d) as políticas favoráveis ao desenvolvimento econômico e social. Contudo, o relatório reconhece como incipientes ainda:

a) a fragilidade dos “cimentos” políticos do novo país,

b) seu número muito limitado de profissionais e funcionários administrativos experientes,

c) a falta de mecanismos de segurança firmes e independentes e d) o estado de seu desenvolvimento econômico.

Em virtude desses últimos aspectos, o Secretário Geral alertou para a necessidade de uma presença da comunidade internacional no país até “muito depois da independência”, a fim de que não apenas se gerasse estabilidade, mas também se “realizasse o potencial de progresso gerado nos últimos anos”.

A ideia de uma administração profissional e efetiva aparece no parágrafo 12, considerando que este é um aspecto decisivo para que se mantenha um ambiente estável no país. Reconhece-se, no entanto, que os recursos e as experiências aportadas pela comunidade internacional para o cumprimento desse desiderato seguiam sendo necessários.

O relatório chama a atenção (parágrafo 13) para o fato de que, até o fim de 2001, 9.633 (nove mil seiscentos e trinta e três) funcionários públicos do Timor-Leste haviam sido contratados para a Administração Pública do Timor Leste48, o que representava 91,2% do total de cargos previstos em orçamento. Os setores que mais demandaram trabalhadores foram o da saúde e educação, os quais abarcaram praticamente dois terços de todos os contratados, em uma demonstração de empenho governamental com atividades que promovessem crescimento sustentável e de longo prazo. Em uma rara referência às atividades distritais, o relatório, no mesmo parágrafo13, comenta que os servidores nacionais (timorenses) estariam exercendo as funções administrativas nos distritos, em virtude da saída da maioria dos servidores internacionais e do fato de que os internacionais ali remanescentes (nos distritos) estariam se dedicando às atividades de treinamento e fomento de capacitação.

No que diz respeito ao Ministério das Relações Exteriores e Cooperação (parágrafo 19), informa-se que, no período do relatório, 30 (trinta) agentes foram formados, preenchendo-se todas as vagas previstas, em 14 países diferentes, por intermédio de programas bilaterais. Este

48 Desde a edição do relatório S/2001/983, de 18 de outubro de 2001, a Administração Transitória do Timor Leste,

conhecida pelas iniciais em Inglês ETTA, passou a se denominar como “Segunda GovernoTransiório do Timor- Leste e Administração Pública do Timor-Leste (APTL).

fato, se positivo pelo aspecto da ocupação de todos os cargos previstos, torna-se relativo se consideradas as diferentes visões da prática diplomática recebidas pela diversidade da formação.

Várias foram as medidas adotadas tendentes à promoção de uma abertura do país ao mundo exterior após a independência (parágrafo 20). Destacam-se o pedido de obtenção da condição de observador na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e de ingresso como membro na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na segunda parte do relatório, que trata especificamente da missão sucessora, ressaltasse, mais uma vez, a necessidade da presença da ONU no território, com a ressalva de que a missão sucessora trabalharia em um cenário diferente, com distintas atribuições em relação a sua predecessora (UNTAET) (parágrafo 67). O Secretáro Geral (parágrafo 68) elencou como essenciais alguns elementos para houvesse uma transição sem “tropeços”:

a) a retirada em etapas do pessoal internacional,

b) a incorporação ao governo de serviços comuns essenciais e a transferência dos ativos da ONU que respaldassem esses serviços,

c) a transferência da UNTAET de algumas funções residuais de governo,

d) a preparação de um mecanismo legislativo e processual essencial para o funcionamento do governo depois da independência e

e) a contratação oportuna de assessores civis para o governo pós-independência. No mesmo parágrafo 68 ressalta-se a ideia do prosseguimento de uma missão integrada no território, com a ressalva da consequente necessidade de redução do seu tamanho49.

Sobre o processo de transferência de responsabilidades (parágrafo 73) foi relatado que os funcionários superiores da Administração Pública do Timor Leste estariam avaliando de que maneira a Administração iria assumir as funções governamentais que ainda estavam a cargo da UNTAET, como, por exemplo, a prestação de assessoramento jurídico e redação de leis, política e operações de defesa, política e operações de polícia, operação de rádio e televisão e planejamento eleitoral.

O parágrafo 76 reprisa que a estrutura da missão sucessora seria reduzida em relação a UNTAET e contemplaria um componente militar, um componente policial civil e um pequeno componente civil que incluiria um grupo de experts que deveria prestar assistência ao futuro governo em áreas específicas. O que aparece de novo em relação à estrutura da futura missão é

49 Esta ideia foi corroborada pelo Conselho de Segurança no pronunciamento de seu presidente consubstanciado

a descrição dos componentes que prestariam apoio direto ao RESG. Estes foram descritos como sendo: a) uma equipe de assistência para investigação e ajuizamento de delitos graves e b) uma equipe voltada para as atividades relacionadas à reconciliação nacional e para velar que a questão dos Direitos Humanos fosse incorporada ao trabalho da missão. É importante perceber que essas funções (investigação e ajuizamento de delitos graves e reconciliação nacional) não foram delegados ao novo governo do Timor Leste. Todos elas dizem respeito à pacificação do país e exigiam uma posição de neutralidade, posição esta difícil para o novo governo já que, com exceção da questão dos Direitos Humanos, ele também era uma das partes implicadas.

No parágrafo 82, o relatório aponta que até o fim de janeiro e início de fevereiro de 2002, a UNTAET, o PNUD e os ministérios do Timor-Leste terminariam de estipular a descrição detalhada dos cargos técnicos que seriam preenchidos por estrangeiros em apoio à Administração Pública do Timor-Leste (100 era o número de cargos considerados fundamentais). Nesse sentido, havia a intenção do Secretário Geral de desvincular o salário desses técnicos do orçamento da Administração Pública do Timor Leste, o qual era financiado pelo CFET, e integrá-los ao orçamento da UNTAET, pago diretamente pela ONU, justamente para que essas tarefas essenciais não ficassem à mercê da boa vontade dos doadores internacionais e da arrecadação tributária governamental (fontes de receita do CFET). Desta forma, a criação desses cargos dependia da aprovação da Assembleia Geral50.

Tratando desse mesmo tema, os parágrafos 83, 84 e 85 mencionam que as 135 (cento e trinta e cinco) funções complementares, estipuladas inicialmente pelo PNUD como necessárias ao auxílio do governo independente, principalmente nas áreas do desenvolvimento socioeconômico e da redução da probreza, teriam passado a 200 (duzentas). A fim de garantir recursos para o financiamento dessas funções o relatório menciona que estavam sendo viabilizadas acertos voluntários e bilaterais, além do oferecimento dessas vagas às diferentes agências da ONU e aos Estados-membros da organização.

Em 23 de janeiro de 2002, complementando o relatório S/2002/80, publicou-se o

50 Orçamento da Administracão de Transição das Nações Unidas para o Timor-Leste correspondente ao período

comprendido entre el 1° de julho de 2001 e 30 de junho de 2002 (A/56/685), de 6 de dezembro de 2001. Parágrafo 15: 15Na opinião da Comissão, é da responsabilidade da Assembleia Geral, com base nas propostas do Secretário-Geral e nas recomendações relacionadas da Comissão, decidir se as 100 funções podem ser equiparadas a 100 membros do pessoal e têm de ser financiadas pelas contribuições fixas da Comissão. orçamento da missão sucessora, bem como o período de financiamento. Além disso, o procedimento apropriado para o estabelecimento de cargos é que o Secretário-Geral apresente uma solicitação plenamente justificada do ponto de vista funcional e operacional. Os postos em questão não foram autorizados a nível legislativo e solicita- se ao Secretário-Geral que apresente uma proposta à Assembleia Geral sobre o assunto. como as posições propostas seriam usadas

relatório S/2002/80/Corr.1, o qual deu nova redação à primeira frase do págrafo 7 do relatório original e informou a data escolhida pela Assembleia Constituinte do Timor para as primeiras eleições presidenciais da história do país:

Parágrafo 7

O texto da primeira sentença deve ser o seguinte:

"De acordo com a resolução da Assembléia Constituinte a favor da realização de eleições presidenciais diretas, aprovadas em 28 de novembro de 2001, o Governo de Transição anunciou que em 14 de abril de 2002 seria eleito o primeiro Presidente de Timor Leste". (ONU, 2002, tradução nossa)

Em 17 de abril de 2002, o Secretário Geral publicou o relatório S/2002/432, em virtude

Outline

Documentos relacionados