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de julho de 2001, o Secretário Geral publicou o relatório S/2001/719, abrangendo o período de 2 de maio de 2001 a 24 de julho daquele ano, cujo principal tema era o das eleições

para a formação da Assembleia Constituinte.

Logo no seu parágrafo 1, o relatório informa que faria uma análise da evolução dos acontecimentos, em especial nos avanços logrados no planejamento de uma presença internacional após a independência.

O relatório descreve o Gabinete como um “instrumento eficaz e coerente que dirige o labor da Administração de Transição para o Timor Leste” e ressalta a sua boa relação com o Conselho Nacional37, mesmo quando este não aprova os projetos de normas que lhes são remetidos para apreciação (parágrafo 8). O relatório ainda informa que o Gabinete de transição seria ampliado, a partir de 15 de setembro de 2001, a fim de melhor refletir as estruturas governamentais de um Timor-Leste independente (parágrafo 9).

O parágrafo 10 menciona pontos de referência, indicados em um anexo ao relatório, onde se estipulam metas, escalonadas em um calendário, em diversas áreas de atuação governamental, que visavam deixar claras quais eram as atribuições governamentais da ONU que deveriam ser transferidas a um Timor independente. As áreas de atuação seriam as

37 Muito embora o Conselho fosse um órgão consultivo, não se sobrepondo à autoridade do RESG, sua opinião era

muito importante para o Gabinete. O Art. 1.3 do Regulamento 1999/2, de 2 de dezembro de 1999, assim dispunha:

1.3 O Conselho será um fórum consultivo conjunto composto por representantes do povo de Timor Leste e da UNTAET. Não violará de modo algum a autoridade final do Administrador Transitório no exercício das responsabilidades confiadas à UNTAET na Resolução 1272 (1999) do Conselho de Segurança e especificada no Regulamento No. 1999/1 da UNTAET (tradução nossa).

seguintes: assuntos políticos, transferência administrativa, Força de Defesa, Assunstos Exteriores, ordem pública, finanças públicas, agricultura/economia, saúde, educação e infraestrutura.

Ressaltam-se os progressos na contratação e formação de funcionários públicos e na edição de leis trabalhistas, inclusive com a aprovação de um salário mínimo. Especial atenção foi dada à transferência das funções administartivas a um governo do Timor Leste independente, ressaltando que a economia apresentava sinais sensíveis de progresso, mormente pelo aumento do poder aquisitivo dos timorenses contratados para as funções públicas, o que teria levado a um incremento dos serviços na capital Dili. Por outro lado, o relatório informa que o setor privado seguirá com seu crescimento limitado até que se resolvam as questões dos direitos de propriedade e títulos de terras e até que se estabeleça um marco legal sobre o comércio no país (parágrafo 11). Um importante destaque foi dado às más condições das estradas (pela estação das chuvas e pelo trânsito de veículos pesados da ONU) e sua influência como obstáculo ao desenvolvimento, trazendo a questão da reabilitação da infraestrutura, que não a emergencial, como central para o desenvolvimento sustentável do país (parágrafo 11).

Relata-se a maior integração dos timorenses em todos os aspectos considerados essenciais dentro da Administração de Transição. Até a expedição do relatório, 9.266 (nove mil duzentos e sessenta e seis) servidores timorenses haviam sido contratados para o ETTA, de um total previsto de 10.554 (dez mil quinhentos e cinquenta e quatro). Nos 13 (treze) distritos, todos os administradores e seus adjuntos já eram timorenses e uma terça parte desse total era de mulheres (parágrafo 13).

Uma observação interessante do relatório diz respeito ao orçamento do ETTA, cujas receitas provinham do “Consolidated Fund for East Timor (CFET). Traduzindo-se para o português: Fundo Consolidado para o Timor Leste. Este fundo, que juntamente com outras fontes orçamentárias será melhor analisado em tópico à parte, possuía uma composição mista. Grosso modo, era derivado de doações internacionais, geridas pela ONU, e de receitas domésticas, tais como o recolhimento de impostos. O relatório informa que a proporção das receitas advindas de doadores internacionais, àquela data, era de 60% e que os 40% restantes já eram de fontes domésticas, denotando uma sensível melhora, dada a totalidade de sua origem ser de doações internacionais ao início da UNTAET (parágrafo 16).

Desse orçamento, os percentuais de gastos com saúde e educação (40%) e com a agricultura e infraestrutura (25%) indicariam um acerto do planejamento e da gestão orçamentária, tendo em vista que essas seriam áreas que permitiriam um desenvolvimento

sustentável, de longo prazo. O relatório não indica, no entanto, o montante gasto nessas áreas (parágrafo 17). O que se demonstrará em um tópico mais adiante é que o orçamento que sustentava a estrutura do ETTA era irrisório frente ao orçamento autônomo da UNTAET.

O relatório menciona a atuação do Departamento de Relações Exteriores da Administração de Transição, Departamento este chefiado por um timorense (José Ramos Horta). Informa-se que o Departamento continuava em sua tarefa de seleção e contratação de servidores para área diplomática, havendo contratado 20 “diplomatas” que teriam concluído o curso de formação profissional básica em Dili e no exterior. Prossegue o relatório mencionando os esforços desse Departamento no sentido de incluir o Timor na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e no sentido de definir claramente suas fronteiras com a Indonésia, mediante a aplicação dos acordos do Comitê Misto de Fronteiras. Outra preocupação do Departamento dizia respeito à necessidade de a Indonésia definir uma política de pagamento de pensões ou de indenizações aos seus ex-servidores que decidiram permanecer no Timor-leste. Quando se analisar o objetivo que engloba a questão dos refugiados (objetivo “a”, ajudar a proteger a população do Timor-Leste deslocada ou afetada de outra forma pelo conflito), será verificado que muitos timorenses que se fugiram da violência foram para a porção ocidental da ilha (Indonésia) e muitos não regressavam ao Timor por medo de perderem seus benefícios previdenciários (parágrafo 27).

Nos parágrafos, 52, 53, 54 e 55 o secretário Geral reitera a necessidade de que o futuro governo independente do Timor-Leste se mantenha apoiado pela comunidade internacional. Nesse sentido, informa que certamente haveria uma redução dos efetivos da ONU e que o planejamento desse apoio não poderia prescindir de uma definição constitucional mínima, a fim de se verficar que áreas seriam merecedoras de uma maior atenção da comunidade internacional. Mesmo sem essa definição prévia, o Secretário Geral acreditava que os temas de atuação da ONU para a prestação desse auxílio deveriam ser: política, assessoramento jurídico, gênero, assuntos públicos, administração, manutenção de ligações com Jacarta, Direitos Humanos e assistência eleitoral. Menciona-se, pela primeira vez, o papel de atuação do PNUD, o qual deveria ter o seu representante residente no Timor nomeado como Representante Especial Adjunto do Secretário Geral. A esse respeito, também se dá notícia de um estudo detalhado do PNUD (estudo preparatório à Conferência de doadores em Camberra, em julho de 2001) sobre as áreas onde seria mais necessário o apoio internacional na transferência de conhecimento e habilidades de gestão. O PNUD levou em consideração que a maioria dos servidores timorenses contratados pelo ETTA possuía de 6 a 12 meses no exercício de suas

funções, o que não seria tempo suficiente à aquisição da expertise necessária a uma atuação não supervisionada após a independência. O Secretário Geral também chamou atenção para o fato de que seria necessário manter um amplo contato com a polulação timorense para explicar o porquê da necessidade desse apoio e de que maneira ele se tornaria viável, especialmente pela criação de mecanismos que permitissem a contratação de estrangeiros na futura administração independente do Timor.

No parágrafo 56, estimou-se que, até o fim de outubro de 2001, o pessoal civil internacional que prestava apoio à ETTA seria reduzido em 35% e que, ao final do mandato da UNTAET, em maio de 2002, essa redução seria de 75%. Ao mesmo tempo, o parágrafo estimou que o pessoal internacional civil que prestava apoio direto à UNTAET (fora do ETTA) seria reduzido em 20%38.

Em 18 de outubro de 2001, o Secretário Geral editou o relatório S/2001/983, referente

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