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As primeiras observações relativas ao objetivo “n” aparecem nos parágrafos 19 e 20 que destacam que as condições de segurança estavam boas, tanto na fronteira quanto no interior do país. Não obstante, há relatos isolados de violência nas províncias de Baucau e de Viqueque. Em Baucau, inclusive, funcionários da UNTAET teriam sido vítimas de alguns atentados e uma mesquita teria sido incendiada. Em Viqueque, os incidentes seriam relacionados a brigas entre gangues de jovens. Os incidentes em Baucau tiveram conotações políticas, com manifestações de insatisfação por parte de membros do Conselho Popular de Defesa da República Democrática do Timor-Leste (CPD-RDTL) e de membros das FALINTIL. Não há menções quanto aos motivos dessas manifestações, mas provavelmente fossem relacionadas a questões relativas ao aproveitamento de ex-combatentes nas FDTL. Esses parágrafos também fazem as primeiras menções ao crescente desemprego e à crescente pobreza, principalmente no seio dos jovens, associando-os às hipóteses de promoção da violência e os colocando como fonte de preocupação.

O parágrafo 21 informa que a maior preocupação de segurança àquele momento era relacionada à violência política, especialmente por causa das futuras eleições para a Assembleia Constituinte e para presidente. Esta era uma preocupação natural haja vista que todo o processo de intervenção da ONU era decorrente de um estopim relacionado à violência política (incidentes de agosto de 1999 decorrentes do resultado do plebiscito).

O relatório menciona, em seu parágrafo 22, a estabilização do setor Ocidental em termos de segurança.

Entretanto, informa que o ideal das milícias pró-indonésia se mantinha vivo (parágrafo 23), com seu objetivo de anexação do território timorense, para o qual contaria com a manutenção de seu arsenal (não foram desarmados) e um certo beneplácito das Forças Armadas

65 Este relatório é decorrente da Resolução 1338, de 31 de janeiro de 2001, a qual prorrogara o mandato da

UNTAET até 31 de janeiro de 2002. Essa Resolução determinou a apresentação de um relatório até 30 de abril daquele ano que informasse sobre a execução do mandato e como repercutiria o término da UNTAET em sua transição para uma missão integrada.

indonésias, as quais haviam “ajudado a manter uma estabilidade moderada na fronteira”. A ONU considerava que as milícias continuavam a ser “uma força que tinha que ser levada em conta” ainda que o número de incursões ao território timorense houvesse diminuído. Além disso, informava que as milícias continuavam a obter informações sigilosas no território do Timor por conta do exercício de contrabando na fronteira.

Em virtude de toda essa situação de incerteza, o Secretário Geral anunciava que “seria prudente manter o componente militar” tal como estava até que o governo do Timor-Leste houvesse sido instituído (parágrafo 24). A dotação da PKF àquela época era de 8.182 (oito mil cento e noventa e dois) homens de um total autorizado de 8.950 (oito mil novecentos e cinquenta).

A questão da possível redução dos efetivos militares da UNTAET (downsizing) seria revista após as eleições da Assembleia Constituinte (parágrafo 31) e, desde que as condições de segurança permitissem, após um governo independente, estava planejada a redução desses efetivos apenas no setor Oriental.

O relatório informava que o primeiro batalhão das FDTL já se encontrava em formação introdutória (instrução militar básica), a cargo de forças portuguesas e australianas, e que estes últimos estavam encarregados de criar um centro de instrução na localidade de Metinaro. O Secretário Geral mencionava que demoraria muito tempo para que as FDTL estivessem devidamente adestradas para o exercício de suas funções e que uma outra conferência seria realizada em junho de 2001 com os países que contribuíam para a criação das FDTL (parágrafo 32).

Em 24 de julho de 2001, a UNTAET publicou o relatório do Secretário Geral

S/2001/719.

Em seus parágrafos 40 e 41, o relatório descreve a situação do Centro de Formação de Metinaro, cuja criação, em termos provisórios, remetia a janeiro de 2001. Este Centro foi aprovado pelo Coselho Nacional, que aprovou a sua lei de criação, publicada pelo RESG em 31 de janeiro daquele ano. O relatório mencionava que dos 1.500 (mil e quinhentos) soldados previstos, 594 já haviam sido invcorporados às FDTL, sendo a maior parte procedente das FALINTIL. A inauguração do quartel permanente do Centro de Formação de Metinaro ocorreu em 7 de julho de 2001, sendo que a primeira turma de “cadetes” formou 247 (duzentos e quarente e sete) militares.

Ainda em relação às FDTL, o relatório comenta sobre a efetiva realização da reunião de junho de 2001 relativa ao futuro das FDTL, mencionada no parágrafo 32 do relatório anterior.

Nessa reunião (parágrafo 42), os países que se comprometeram bilateralmente com o Timor-Leste a cooperar para a criação de suas FDTL apresentaram um plano quinquenal para o futuro desenvolvimento dessas Forças. A implementação de um primeiro batalhão totalmente timorense se previa para o meio de 2002 e este contaria com um efetivo de 408 (quatrocentos e oito) homens. Ficou acordado que a instrução, a infraestrutura e os equipamentos das FDTL ficariam a cargo das contribuições voluntárias dos países que se propuseram a ajudar. Os gastos com pessoal, operações e manutenção ocorreriam por conta do governo do Timor Leste. Conforme se abordará mais adiante, esta influência internacional nas FDTL traria distintos impactos na formação da força militar daquele país, especialmente na ausência de uma doutrina unificada de formação e de mentalidade institucional.

Os parágrafos 47, 48, 49 e 50 relatam a preocupação da ONU com a recorrência da ameça miliciana (milícias pró-Indonésia), especialmente com os fatores que encorajavam a possibilidade de atuação dessas milícias desde a Indonésia, em que pese, desde de dezembro de 2002, ter havido uma diminuição dos contatos diretos entre as tropas da ONU e ditas milícias. Algumas fontes de preocupação da ONU eram: a) a continuidade de acesso dos milicianos a armamentos de pequeno porte e granadas de mão, que estariam “escondidos” na Indonésia, b) a condescendência da justiça indonésia frente a graves crimes cometidos por milicianos contra timorenses e agentes da ONU, quando dos episódios de violência de 1999, c) a possibilidade de reinício da atuação dessas milícias após a saída da ONU em um cenário pós-independência.

Por outro lado, no próprio Timor (parágrafo 51), as preocupações com a questão da segurança residiam na possibilidade de ocorrência de violência interpartidária e comunal durante o período de transição à independência. A velocidade e a magnitude de alguns incidentes no começo de março de 2001, com a queima de residências inclusive, nas localidades de Baucau e Viqueque, eram demonstrações de que nem tudo era pacífico e estável no território. Segundo o relatório, “muitos timorenses vêem o sistema multipartidário com medo, pois o associam aos confrontos e à violência do passado”. Em resposta a essas ameaças, a UNTAET e o ETTA intensificavam as medidas de segurança empregando coordenação entre os componentes civil, militar e policial. A essa altura, a PKF contava com um total de 7.953 (sete mil novecentos e cinquenta e três) homens de um total de 8.950 (oito mil novecentos e cinquenta) autorizados, não demonstrando nenhuma tendência de downsizing.

A preocupação com as milícias pró-Indonésia reaparece no relatório no parágrafo 58, já dentro do subtítulo “Missão sucessora”. O Secretário Geral informava que, conquanto o nível de atividade das milícias tivesse se reduzido, estas continuariam a representar uma ameaça

enquanto não fossem dissolvidas pelo governo indonésio. Como consequência desse cenário, a UNTAET, em coordenação com o governo do Timor-Leste, deveria manter suas atividades com ênfase na zona de fronteira (Setor Ocidental e enclave de Oecussi), com uma força militar compatível com o grau de presença que mantinha àquela época. Mesmo assim, o relatório do Secretário Geral considerava viável a redução de três para um batalhão de infantaria no setor Oeste, no caso em que o ambiente de segurança se estabilizasse.

Finalizando o relatório no que pertine às questões de segurança e estabilidade, os parágrafos 59 e 60 mencionam as características da futura PKF66 e a necessidade de se reavaliar a estrutura e o tamanho da força e da UNPOL em um cenário pós-eleições.

Em 18 de outubro de 2001, o Secretário Geral da ONU publicou o relatório S/2001/983,

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