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O item D do relatório, Desenvolvimento Econômico e Fiscal, começa no parágrafo 41, que descreve uma situação geral de estabilidade e progresso nesse setor.

O parágrafo 42 recupera informações dadas em relatórios anteriores, corroborando os aspectos que eram considerados positivos, como o crescimento do PIB em 18% e uma inflação na casa dos 3% em 2001. Menciona-se uma pesquisa feita nos lares timorenses em que 87% da população referia sentir-se em iguais ou melhores condições econômicas do que no período pré- crise de 1999. Ao mesmo tempo, o parágrafo reconhece o enorme desafio que o desenvolvimento econômico e social representa na medida em que 41% da população (341.000 pessoas) permanecia vivendo abaixo da linha da pobreza absoluta, ou seja, com menos de 0,55 dólares por dia.

O relatório deixa clara a importância do Fundo Fiduciário para o Timor Leste (TFET), sobre o qual melhor se abordará quando se mencionar o papel do Banco Mundial no fomento ao desenvolvimento. O parágrafo 43 menciona que oito áreas detinham programas beneficiados

pelos recursos desse fundo fiduciário: saúde, agricultura, educação, desenvolvimento comunitário, desenvolvimento do setor privado, transporte, energia, água/saneamento, além de microfinanciamento.

O parágrafo 44 faz uma importante observação sobre os gastos orçamentários do governo de transição, indicando que variavam de pasta para pasta, contudo, aponta-se para o fato de que os gastos com programas de “capital” eram mais lentos que os programas de serviços, salários e bens (despesas correntes).

O papel das instituições de Bretton Woods é reconhecido no parágrafo 45, onde se descreve que o FMI “proporcionou assessoramento e assistência sobre questões macroeconômicas e de ingressos (de receitas), além de ter prestado apoio em um amplo programa de criação de instituições no organismo de regulamentação bancária”. O Banco Mundial, por sua vez, é citado (para o período do relatório) como tendo concluído uma avaliação do sistema de gestão dos gastos públicos, o qual reputou “com práticas de gestão idôneas” e com “firmes controles” em relação a países com ingressos de receitas semelhantes. Descrevia-se como principal problema, a médio prazo, a colocação desse sistema sob controle governamental local, para o qual deveria ser dada a devida capacitação.

No parágrafo 46, o Secretário Geral faz menção a um importante documento que compilou as aspirações do povo timorense, para um projeto de país, com projeções até o ano de 2020. Trata-se do documento intitulado “East Timor 2020 – Our Nation, Our Future”, de fevereriro de 2002, cuja principal característica foi a de ter sido redigido sob as opiniões de um extrato populacional de bases amplas. O relatório menciona que a pesquisa interrogou a mais de 17.000 (dezessete mil) homens e 11.000 (onze mil) mulheres em todo o território nacional.

As principais preocupações da população timorense compiladas nesse relatório eram educação (vital para 70% dos entrevistados), saúde (vital para 49 %) e agricultura (vital para 32%).

Nos parágrafos 48 e 49 se descreve a questão do petróleo, onde se destaca a importância do Acordo do Mar do Timor, alinhavado entre o governo da Austrália e a UNTAET em 5 de julho de 2001, como importante vetor de receitas para o futuro governo independente. O parágrafo 49 menciona que havia a intenção de se autorizar a exploração de gás no campo de Bayu-Undan, paralelamente à produção de petróleo, o que aumentaria as receitas do futuro governo. Não obstante, o parágrafo menciona a possibilidade de exploração de outro campo, nos mesmos moldes de Bayu-Undan, o campo “Greater Sunrise”.

reconhecendo nessas atividades a principal fonte de composição do PIB, estimada, à época, em um terço deste. O parágrafo destaca que a produção agropecuária havia recuperado os níveis anteriores a 1999 e que este era um fator fundamental para garantir a autossuficiência alimentar e a segurança alimentar.

Os parágrafos 55 e 56 tratam da educação. Ali, de relevância, se mencionam dois aspectos importantes. Primeiramente, se faz uma comparação entre o número de crianças matriculadas em 1999, que era de 190.000 (cento e noventa mil) e o número de crianças matriculadas em 2001, que foi de 240.000 (duzentos e quarenta mil). Estes números não fazem uma análise qualitativa do ensino, mas revelam vontade política e empenho em universalizar o ensino. Um aspecto negativo relatado era a falta de mão-de-obra local qualificada ao exercício da atividade docente. O parágrafo 56 menciona que 800 (oitocentos) professores deixaram de ser contratados em virtude da falta de condições mínimas para o exercício da profissão. Por outro lado, o relatório cita a presença de 150 (cento e cinquenta) professores portugueses no território, encarregados de dar formação aos professores locais para o ensino do idioma. Além disso, se previa a criação de uma escola normal no país para a formação de professores das séries primárias.

Encerrando as menções ao objetivo “i” nos relatórios da UNTAET, o parágrafo 57 informa que o país já dispunha de 88 (oitenta e oito) clínicas comunitárias (24 construídas apenas no período), as quais teriam como função a prestação de serviços básicos de saúde em todo o país. Relata-se, de igual forma, que teria sido apresentada ao Conselho de Ministros uma proposta de reabilitação e reconstrução do Hospital Nacional de Dili e a criação de mais quatro hospitais regionais, com o que se esperava uma melhora considerável no tratamento secundário e cirúrgico em todo o país.

3.3.6) “b) Facilitar a reabilitação e reconstrução de emergência dos serviços e da infraestrutura” (9,5%)

O objetivo “b” começa a aparecer nos relatórios da UNTAET a partir do relatório

S/2000/53, de 26 de janeiro de 2000.

Nesse relatório, o parágrafo 7 destaca uma visita do RESG, Sérgio Vieira de Melo, a Jacarta, entre 12 e 14 de dezembro de 1999, a fim de se reunir com autoridades indonésias e restabelecer vínculos de cooperação e representação diplomática daquele país no Timor-leste. Dentre os vários pedidos, destacam-se os seguintes:

a) promover “a retomada dos serviços aéreos a Timor-Leste pelas empresas indonésias” (tradução nossa) e

b) a “cooperação em serviços bancários e financeiros”. Estas eram medidas emergenciais fundamentais para não deixar que o país padecesse de um isolamento físico e econômico.

O parágrafo 40 do relatório anunciava que fora “estabelecido um componente básico de gestão e administração de assuntos públicos e foram criadas estruturas administrativas para implementar políticas oficiais e prestar serviços essenciais”. O mesmo parágrafo informava que “a maior urgência foi atribuída à reparação de infra-estrutura essencial, fornecendo serviços sociais básicos, contratando funcionários e revitalizando o comércio”, embora não especifique de que forma isso ocorreu. Essas medidas deveriam ocorrer até o fim de fevereiro, quando a maioria dos departamentos e serviços equivamentes seriam estabelecidos e as políticas planejadas seriam aplicadas, ainda que de forma rudimentar.

No parágrafo 43, o Secretário Geral é mais específico em relação às medidas de reabilitação e reconstrução de emergência. Inicialmente, menciona que 80% da população estaria sem “meios aparentes de apoio” e que os principais empregadores no Timor-Leste seriam as agências humanitárias, as quais haviam criado mais de 3.000 (três mil) empregos. A UNTAET estaria encarregada de lançar o “primeiro projeto com efeitos imediatos” a fim de atender os distritos mais necessitados. O objetivo desse projeto era dar emprego às comunidades pela sua própria reconstrução física. O PNUD anunciou que implementaria “projetos de reparação rodoviária em pequena escala” a fim de proporcionar emprego à população. O Banco Mundial apresentou o primeiro plano de reconstrução em larga escala, tendo recebido o apoio do Conselho Consultivo Nacional. Este era um plano para obras públicas em grande escala, por seis meses, que também tinha como mote a recuperação da infraestrutura básica e a garantia mínima de empregabilidade à população.

A fim de atender às necessidades prementes de implementação das atividades financeiras no país (parágrafo 55), o “O Conselho Consultivo Nacional apoiou regulamentos sobre a autoridade fiscal central, um escritório de pagamento central, um novo regime fiscal, o uso de moeda, empresas comerciais e uma moeda de transição legal (o dólar dos Estados Unidos)”. Essas medidas foram estabelecidas logo nos primeiros Regulamentos da UNTAET, e foram tomadas em pouco mais de um mês, entre 14 de janeiro de 2000 e 25 de fevereiro do mesmo ano (datas entre as edições do UNTAET/REG/2000/1 e do UNTAET/REG/2000/8, todos atinentes à regulamentação de atividades econômicas).

No parágrafo 56 se mencionava a abertura de uma filial de um banco português e a futura abertura de um banco australiano. “Foram estabelecidas medidas para que as operações básicas de banca comercial pudessem ser iniciadas” e as empresas, ainda que não houvesse um regime fiscal estabelecido, foram orientadas a se cadastrar na UNTAET para que pudesse ser instituída posteriormente um sistema de cobrança de impostos retroativo.

Os parágrafos 57,58 e 59 relatam que os danos à infraestrutura física foram incontáveis e que as principais áreas merecedoras de reparos imediatos seriam “eletricidade, água, estradas e transportes, telecomunicações, portos e aeroportos”. O fornecimento de energia elétrica era um ponto crítico, dado que a maior parte das fontes de energia do país derivava de geradores dependentes de combustíveis fósseis, os quais encontravam-se em falta. A falta de energia elétrica, por sua vez, prejudicava o fornecimento de água à população. O aeroporto e o porto de Dili se encontravam sob a administração da INTERFET e logo seriam passados ao componente militar da UNTAET. Até aquela data, apenas uma empresa aérea australiana operava voos regulares até a cidade de Darwin, no extremo norte da Austrália e se estudava a ampliação desse serviço. As telecomunicações e os serviços postais estavam confiados a empresas comerciais, aguardando-se o restabelecimento de um serviço local.

No parágrafo 60, se relatam medidas em relação à agricultura, cuja necessidade de recuperação imediata aquilatava a sua já mencionada importância na economia do país.

Da mesma forma, os parágrafos 61 e 62 mencionam medidas de emergência para o restabelecimento imediato das atividades de ensino e o provimento de atendimento básico de saúde.

Os parágrafos 67 e 68 descrevem um quadro desalentador em relação à disponibilidade de profissionais especializados e de estruturas físicas mínimas necessárias ao estabelecimento institucional da UNTAET. As áreas profissionais mais carentes eram as de: “eletricidade; recursos hídricos; saúde pública; educação; telecomunicações; manutenção rodoviária; e-mails; administração de aeroportos, portos e docas; aquisições; tesouraria; orçamentação; e administração da prisão”. As precárias condições das instalações físicas, em grande parte destruídas pela violência pós-referendo, levavam a uma demanda anormal por apoio logístico, apoio este necessário para que as instalações de trabalho dos diversos departamentos pudessem ser estabelecidas.

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