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Antes de falarmos sobre game design, precisamos conhecer alguns signiĄcados da palavra design. Esta palavra não está relacionada apenas com uma ideia ou um conceito, mas também muito com a prática. Segundo Salen (2004), ela pode assumir variados signiĄcados, de acordo com o que entendemos pelo que é ŚideiaŠ, ŚconhecimentoŠ, ŚprocessoŠ, ŚpráticaŠ e ŚprodutoŠ.

1.3.1 Design

Etimologicamente, esta palavra de origem inglesa deriva do Latin (de + signare), o que signiĄca construir alguma coisa, designando sua relação com outras coisas. Contudo, alguns estudiosos possuem outras deĄnições para esse termo. Buchanan (1992) entende que o design esta preocupado com a concepção e o planejamento de todas as instâncias do mundo humano e artiĄcial, como os signos, as imagens, os objetos físicos, as atividades, os serviços, os sistemas e os ambientes. Para Simon (1996), a deĄnição desse termo enfatiza a ação que está fundamentalmente relacionada com as teorias da ciência da administração. Já para Heskett (1980), esta palavra tem um sentido mais tradicional, priorizando a aparência visual dos produtos e das coisas. Para ele, o design é a concepção da forma visual.

1.3.2 Game Design = Design + Game ?

Da mesma forma que aconteceu com a deĄnição da palavra design, o termo game

design também se destaca pela variedade de deĄnições. Schell (2008) veriĄcou isso em seus

estudos, percebendo certa confusão na deĄnição desse termo, mesmo entre os proĄssionais da área de jogos digitais. Para ele, o design de jogos é o ato de decidir o que um jogo deve ser. Apesar de trivial a sua deĄnição, na realidade, a pessoa responsável pelo design de jogos45 possui uma grande responsabilidade em um projeto de jogo. O designer de

jogos é um papel desempenhado por uma pessoa física ou por uma equipe, visto o grande atarefamento no momento da construção de um jogo digital. Ainda, de acordo com o autor, ser um designer de jogos não requer necessariamente habilidades de programação, criação de roteiros de histórias ou conhecimentos sobre desenho e arte, apesar de, para Schell, esses conhecimentos serem desejáveis para esses proĄssionais, já que são eles os responsáveis por decidir os caminhos do desenvolvimento do jogo.

Novak(2010) prefere comparar o Game Designer com a proĄssão do engenheiro. Para ela, o pensamento do Game Design deve estar voltado para a resolução de problemas, gerados a partir de necessidades do próprio jogo, Ş[...] adotando uma abordagem de solução de problemas para projetar sistemas funcionais (mundos e interfaces).Ť(NOVAK, 2010, p. 45 Game Designer

311). Essa visão confere ao construtor de jogos digitais uma tarefa mais interna no que tange à construção do jogo.

Para Rogers(2012), a pessoa responsável pelo Design de jogos incorpora geralmente a função de diretor, planejador e produtor de um jogo. Segundo ele, cabe a esta pessoa(s) a responsabilidade de Ş[...] criar as ideias e regras de um jogo.Ť(ROGERS, 2012, p. 38). Sob essa visão, o autor confere ao game designer, além das responsabilidades mais relacionadas com o processo interno de criação do jogo, as funções gerenciais do projeto de criação do mesmo.

Percebemos não haver um consenso na deĄnição da área do game design, de acordo com os autores supra citados mas, no entanto, todos concordam com a importância da pessoa que desempenha esse papel em um projeto de criação de jogos. Concordamos com Rogers e Novak no sentido de que eles entendem que o game designer possui a tarefa principal de agir sobre a construção do jogo, seja na problematização, construção de regras ou na jogabilidade.

Por entender essa centralidade no projeto do jogo, Schell estende as responsabili- dades do game designer para também atuar no âmbito gerencial do projeto, envolvendo ações na área Ąnanceira, comercial e operacional. De acordo com ele, esses proĄssionais, preferencialmente, devem possuir alguns conhecimentos de diversas áreas que, a princípio, não possuem relação com os jogos.

1.3.3 As habilidades necessárias para a construção dos jogos digitais

Jesse Schell (2008) listou algumas habilidades que achou ser importante para um bom proĄssional que deseje se aventurar na área da criação dos jogos digitais. Para ele, é importante (porém, não necessariamente obrigatório) que a pessoa que vá construir jogos possua conhecimentos de várias áreas, podendo eles estarem relacionados com a criação de jogos ou não.

Habilidades nas áreas da tecnologia, do design, das Ąnanças, da engenharia, da história, do desenho, entre outras, ajudam esse proĄssional no momento de tomar decisões no processo de criação de um jogo digital. Conhecer os fundamentos dessas áreas, segundo o autor, permite uma maior interação desse proĄssional com as demais, envolvidas no processo de criação de um jogo.

Para Rogers (2012), a função de um game designer vai além de cuidar da produção dos jogos. A questão Ąnanceira é sempre importante dentro de um projeto e, analisar custos e gerenciar verbas, pode ser uma das suas atribuições. Possuir essas habilidades de negócios torna-se é crucial quando o dinheiro destinado a um projeto de jogo é limitado ou escasso.

mos nesse momento quão interdisciplinar é a área do game design, e a importância desse proĄssional que precisa ter uma visão do ŚtodoŠ no processo de criação de um jogo digital. Por isso a importância da sistematização do processo de criação de jogos digitais, sejam eles criados para ensinar conceitos químicos ou para abordar conhecimentos de outras áreas do ensino de conteúdos escolares. Com este trabalho, procuramos entender os aspectos essenciais considerados no processo de construção dos jogos digitais, com a Ąnalidade de serem usados no ensino de Química e Ciências. Com essa sistematização, em tese, podemos nos ater mais aos aspectos educativos, relacionados ao ensino de Química, e menos em entender todos esses aspectos relacionados com as habilidades desejáveis para o game designer que listamos acima. Deste modo, em tese, é possível guiar os professores, estudantes ou empresas da área da educação na tarefa da criação desses recursos.

Em relação a questão em aberto, ou seja, ŚGame Design é a simples associação entre os jogos e o design ?Š, podemos concluir, a partir da experiência desses autores46, que

essa relação é deveras simplista. Por exemplo, o design deĄnido por Heskett se preocupa apenas com a aparência visual do produto e das coisas, e, transplantando para o papel do

game designer, percebemos que, de acordo com Schell e outros autores, esse proĄssional

não se limita apenas ao processo interno de criação do jogo, mas, também, à superfície dele, o que envolve o processo gerencial e organizacional das equipes de trabalho.