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2.3 Principios Gerais, Principios Juridicos, Objectivos e Destinatários do Ordenamento do Território

2.3.4 Destinatários

Apesar do ordenamento do território ser um processo contínuo no tempo, “os seus frutos só são visíveis a médio ou longo prazo.” (Oliveira 2002). A autora pretende alertar para a componente temporal no ordenamento do território, no entanto, também as componentes espaço e economia devem ser consideradas pelos planeadores e destinatários do ordenamento do território. Estas três componentes não podem ser dissociadas e devem ser pensadas conjuntamente para o sucesso das políticas e a prática do ordenamento do território.

Não se pode produzir ou conceber o ordenamento do território de forma separada da acção humana, já que é exactamente esta acção que vem suscitar a necessidade de se repensar as atitudes do Homem para com o meio envolvente. “O homem e o seu bem-estar, bem como a sua interacção com o ambiente, estão no centro das preocupações do ordenamento do território, que tem por objectivo proporcionar a cada indivíduo um quadro e uma qualidade de vida que assegurem o desenvolvimento da sua personalidade num ambiente planeado à escala humana.” (Conselho da Europa 1988).

Nesta perspectiva, o Homem é o destinatário do ordenamento do território e, terá sempre como fim alcançar um bom entendimento entre ambos. Para isso o Homem tem que assumir uma postura de sustentabilidade nas suas relações com o espaço físico mas, como tal não aconteceu, tenta-se agora através deste conceito alcançá-lo, remediando as consequências. Nesta lógica, o ordenamento do território deve tentar pôr os problemas numa perspectiva de antecipação, considerando a localização das actividades, não tanto como ela está, mas como ela deveria estar (Oliveira 2002).

O facto é que o ordenamento do território assume influência directa e indirecta no desenvolvimento do Homem e das suas actividades, podendo influenciá-los de formas diversas. Numa escala local, pode implicar consequências directas na vida de um indivíduo, enquanto que numa escala supranacional, as acções tomadas terão impacte ao nível do país, mas obviamente influenciarão, indirectamente, todos os seus cidadãos.

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Jorge Gaspar (1995) encerra a questão de uma forma clara: “Como é sabido, o correcto ordenamento do território situa-se na intersecção dos três eixos vitais do desenvolvimento: o da eficácia, o da equidade e o do ambiente, tendo presente que os seres humanos, as comunidades locais, regionais, nacionais, são os destinatários últimos das acções a empreender – todos sem excepção”.

Na concepção de ordenamento do território como uma política pública, os destinatários das directivas gerais são por um lado, os futuros diplomas e instrumentos legais que irão pôr em prática os princípios e objectivos definidos. Por outro, são também destinatários as entidades públicas que irão elaborar tais planos e instrumentos. Ulteriormente, as entidades públicas que se encontram vinculadas pelos objectivos de ordenamento do território são também destinatários mas simultaneamente, responsáveis pela sua execução.

Atentemos no seguinte quadro que estabelece os fins e os objectivos do ordenamento do território vertidos na LBPOTU:

Quadro 2.1 – Fins e Objectivos do Ordenamento do Território Adaptado de: Oliveira, 2009

Fins da Política de ordenamento do território (Artigo 3 ° )

Objectivos do ordenamento do território (Artigo 6 ° )

Reforço da coesão nacional através da organização do território, da correcção das assimetrias regionais de forma a assegurar a igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às infra-estruturas, equipamentos, serviços e funções urbanas [al. a)];

 Distribuição equilibrada das funções de habitação, trabalho, cultura e lazer [ n.° 1,al.° b)];

 Criação de oportunidades diversificadas de emprego como meio para a fixação de populações, particularmente nas áreas menos desenvolvidas [n.° 1, al. c)];

 Adequação dos níveis de densificação urbana, impedindo a degradação da qualidade de vida, bem como o desequilíbrio da organização económica e social [n.° 1, al. e)]; - nos diversos espaços, a programação, a criação e a manutenção de serviços públicos, de equipamentos colectivos e de espaços verdes deve procurar atenuar as assimetrias existentes, tendo em conta as necessidades específicas das populações, as acessibilidades e a adequação da capacidade de utilização- n.° 2

Promoção e valorização integrada das diversidades do território nacional [al. b)];

 Protecção e valorização das paisagens resultantes da actuação humana, caracterizadas pela diversidade, pela harmonia e pelos sistemas sócio-culturais que suportam n.°3

Aproveitamento racional dos recursos naturais, e a preservação do equilíbrio ambiental [al. c)]

Melhoria das condições de vida e de trabalho das populações no respeito pelos valores culturais, ambientais e paisagísticos [n.° 1, al. a)];

Preservação e defesa dos solos com aptidão natural ou aproveitamento para actividades agrícolas, pecuárias ou florestais, restringindo-se a sua afectação a outras utilizações aos casos em que tal for comprovadamente necessário [n.° 1, al. d)]; a salva- guarda dos valores naturais essenciais, garantindo que constituam objecto de protecção compatível com a normal fruição pelas populações das suas potencialidades específicas os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas, a orla costeira, as florestas e outros locais com interesse particular para a conservação da natureza; a protecção e valorização das paisagens resultantes da actuação

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Fins da Política de ordenamento do território (Artigo 3 ° )

Objectivos do ordenamento do território (Artigo 6 ° )

humana, caracterizadas pela diversidade, pela harmonia e pelos sistemas sócio-culturais que suportam e utilização dos solos por forma a impedir a sua contaminação ou erosão - n.° 3

A defesa e valorização do património cultural e natural [al. d)];

 Melhoria das condições de vida e de trabalho das populações, no respeito pelos valores culturais, ambientais e paisagísticos [n.° 1, al. a)]; a reabilitação e revitalização dos centros históricos e dos elementos do património cultural classificados [n.° 1, al. h)]. A promoção da qualidade de vida e sal-

vaguarda das condições favoráveis ao desenvolvimento das actividades económicas, sociais e culturais [al. e)];

 Melhoria das condições de vida e de trabalho das populações, no respeito pelos valores culturais, ambientais e paisagísticos [n.° 1, al. a)];

 Distribuição equilibrada das funções de habitação, trabalho, cultura e lazer [n.° l,al. b)];

 Criação de oportunidades diversificadas de emprego como meio para a fixação de populações, particularmente nas áreas menos desenvolvidas [n.° 1, al. c)];

 Adequação dos níveis de densificação urbana, impedindo a degradação da qualidade de vida, bem como o desequilíbrio da organização económica e social [n.° 1, al. e)];

 Rentabilização das infra-estruturas, evitando a extensão desnecessária das redes e dos perímetros urbanos e racionalizando o aproveitamento das áreas intersticiais [n.° 1, al. f)];

 Aplicação de uma política de habitação que permita resolver as carências existentes [n.° 1, al. g)];

 Salvaguarda dos valores naturais essenciais, garantindo uma protecção compatível com a normal fruição pelas populações das suas potencialidades específicas os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas, a orla costeira, as florestas e outros locais com interesse particular para a conservação da natureza n.° 3

A salvaguarda e valorização das po- tencialidades do espaço rural, contendo a desertificação e incentivando a criação de oportunidades de emprego [alínea g)];

 Distribuição equilibrada das funções de habitação, trabalho, cultura e lazer [n.° 1,al. b)];

 Criação de oportunidades diversificadas de emprego como meio para a fixação de populações, particularmente nas áreas menos desenvolvidas [n.° 1, al. c)];

 Preservação e defesa dos solos com aptidão natural ou aproveitamento para actividades agrícolas, pecuárias ou florestais, restringindo-se a sua afectação a outras utilizações aos casos em que tal for comprovadamente necessário [n.° 1, al. d)];

 Utilização dos solos por forma a impedir a sua contaminação ou erosão ( n.° 3)

A prevenção da protecção civil da população prevenindo os efeitos decorrentes de catástrofes naturais ou da acção humana [al. h)].

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