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4.7 Os instrumentos de desenvolvimento territorial

4.7.2 Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT)

O PROT define a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estabelecidas a nível nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento local, constituindo o quadro de referência para elaboração dos planos municipais de ordenamento do território.

B) Âmbito territorial:

O PROT abrange, em princípio, a área correspondente à respectiva comissão de coordenação que procede à sua elaboração, mas esta pode propor ao Governo que o PROT seja estruturado em unidades de planeamento sub-regionais integradas na respectiva área de actuação susceptíveis de elaboração e aprovação faseada.

C)Objectivos:

Os objectivos dos PROT são os seguintes:

48 O programa de acção enumera os objectivos estratégicos (na sequência da sua previsão pela Resolução de Conselho de Ministros n.° 76/2002, de 11 de Abril), concretizando-os em objectivos específicos bem como em medidas concretas para a sua operacionalização fornecendo ainda, a propósito de cada um dos referidos objectivos (estratégicos e específicos) orientações, directivas e medidas a adoptar para a respectiva concretização. (Oliveira, 2009)

4 | O SISTEMA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO EM PORTUGAL

 Desenvolver, no âmbito regional, as opções constantes do programa nacional da política de ordenamento do território e dos planos sectoriais;

 Traduzir, em termos espaciais, os grandes objectivos de desenvolvimento económico e social sustentável formulados no plano de desenvolvimento regional;

 Equacionar medidas tendentes à atenuação das assimetrias de desenvolvimento intra-regional;

 Servir de base à formulação da estratégia nacional de ordenamento territorial

 Servir de quadro de referência para a elaboração de planos especiais, intermunicipais e municipais de ordenamento do território.

D) Conteúdo material:

No que concerne ao conteúdo material do PROT este define um modelo territorial de organização do território regional, estabelecendo a estrutura regional do sistema urbano, das redes, das infra-estruturas e dos equipamentos de interesse regional, assegurando a salvaguarda e a valorização das áreas de interesse nacional em termos económicos, agrícolas, florestais, ambientais e patrimoniais. Define igualmente os objectivos e princípios assumidos a nível regional quanto à localização das actividades e dos grandes investimentos públicos; as medidas de articulação, a nível regional, das políticas estabelecidas no programa nacional da política de ordenamento do território e nos planos sectoriais preexistentes, e das políticas de relevância regional contidas nos planos intermunicipais e nos planos municipais de ordenamento do território abrangidos; bem como a política regional em matéria ambiental, incluindo a delimitação da estrutura regional de protecção e valorização ambiental e a recepção, a nível regional, das políticas e das medidas estabelecidas nos planos especiais de ordenamento do território. Por fim, o PROT define ainda as directrizes relativas aos regimes territoriais definidos ao abrigo de lei especial, designadamente áreas de reserva agrícola, domínio hídrico, reserva ecológica e zonas de risco e medidas específicas de protecção e conservação do património histórico e cultural.

E) Conteúdo documental:

No que concerne ao conteúdo documental do PROT, ele é constituído por três grandes grupos de documentos. Em primeiro lugar, pelas opções estratégicas, normas orientadoras e um conjunto de peças gráficas ilustrativas das orientações substantivas nele definidas. Em segundo lugar, por um esquema representando o modelo territorial proposto, com identificação dos principais sistemas, redes e articulações de nível regional. O PROT é igualmente acompanhado por um relatório que contém os estudos sobre a caracterização biofísica, a dinâmica demográfica, a estrutura de povoamento e as perspectivas de desenvolvimento económico, social e cultural da região; a definição de unidades de paisagem; a estrutura regional de protecção e valorização ambiental; a identificação dos espaços agrícolas e florestais com relevância para a estratégia regional de desenvolvimento rural; a representação das redes de acessibilidades e dos equipamentos; o programa de execução com disposições indicativas sobre a realização das obras públicas a efectuar na região, bem como de outros objectivos e acções de interesse regional, indicando as entidades responsáveis pela respectiva concretização e a identificação das fontes e estimativa de meios financeiros. Os PROT são ainda acompanhados de um relatório ambiental, por se encontrarem sempre sujeitos a avaliação ambiental estratégica (AAE).

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F) Elaboração:

A elaboração do PROT compete à comissão de coordenação regional na sequência de proposta aprovada pelo Governo por resolução de conselho de ministros, sendo acompanhada por uma comissão consultiva.

O PROT está sujeito a um período formal de discussão pública e é aprovado por resolução do conselho de ministros, sendo esta publicada na 1ª Série do Diário da República e objecto de publicação em dois jornais diários, e na página da internet do Governo, sendo depois depositado na Direcção-Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU).

G) Eficácia jurídica:

Os PROT são apenas vinculativos para as entidades públicas, não vinculando, por isso, de um modo directo e imediato os particulares, porquanto as suas normas apenas fixam o quadro estratégico, directrizes orientadoras de carácter genérico e orientações para o ordenamento do território regional. Assim sendo, por possuir um grau analítico pouco denso, as suas disposições não podem servir de base para decisões concretas da administração em relação aos particulares.

Apesar de o PROT possuir normas com uma densidade muito reduzida, a verdade é que lhe cabe, nos termos da LBPOTU e do RJIGT, a identificação da rede regional de infra-estruturas e da rede regional de equipamentos, que têm uma espacialização precisa. Ora, de acordo com o regime fixado para os PROT, não obstante este identificar uma determinada localização para uma certa infra- estrutura, a Administração não poder opôr esta solução consagrada no PROT aos particulares para impedir que eles levem a cabo utilizações ou ocupações dos solos incompatíveis com elas, dado o carácter não vinculativo das normas dos PROT em relação aos particulares (Oliveira 2009).

Nesta conformidade, o RJIGT estabeleceu uma solução de molde a possibilitar que as resoluções estabelecidas nos PROT sejam o mais celeramente acolhidas pelos planos de eficácia directa relativamente aos particulares para que, desse modo, a opção fundamental neles estabelecida não possa ser posta em causa, mas pelo contrário, possa ser efectivada. Assim, logo que um PROT entre em vigor e estabeleça a identificação da localização de infra-estruturas ou de equipamentos regionais com espacialização na área do município, o PROT deve identificar as disposições dos planos municipais de ordenamento do território abrangidas que se tornaram incompatíveis com ele, e quais as formas e os prazos pelas quais os PMOT preexistentes se devem adaptar ao seu novo regime. 49

4.7.3 Os Planos Intermunicipais de Ordenamento do Território