• Nenhum resultado encontrado

6 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO E A REPACTUAÇÃO DOS CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

6.3 Direitos Direito do Trabalho e a Negociações Coletivas de Trabalho no Brasil

A realidade é que a às instituições coletivas e a atuação sindical brasileira e estas

não se observou no Brasil, o pacto social que enxergasse, nos sindicatos, como sujeitos legítimos e com credibilidade na relação capital trabalho (PORTO, 2012).

A legislação sindical brasileira tem origem no seio estatal não sendo fruto de reivindicações da classe trabalhadora, ao contrário da experiência europeia. A Constituição do Império de 1824 tratou de abolir as corporações de ofício. Já a Constituição da República de 1891 previu a liberdade de associação, mas não as garantias de exercício de tal direito. [...] As primeiras leis que tratavam de matéria sindical no Brasil se destinaram ao trabalhador rural, tendo em vista que este predominava no Brasil em vez da indústria, como ocorreu na Europa.[...] O Decreto 979 de 1903 tratava da atuação sindical dos agrícolas. Já a Constituição de 1934 tratou da pluralidade e autonomia dos sindicatos, além disso, instituiu a Justiça do Trabalho.[...] A Constituição de 1937 resgatou o modelo do sindicato único e instituiu a contribuição sindical compulsória. Vale a pena a transcrição de parte do art. 139 dessa Constituição que marginalizou a greve e o lockout: A greve e o lockout são declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital, e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional (PORTO, 2012. p. 21).

Por outro lado, no Brasil, como já sabido o movimento sindical, surgiu tardiamente em relação à Europa, pois no País o sistema econômico girava basicamente em torno do trabalho escravo e da agropecuária, onde, além de o fato de as relações de trabalho carecer legislação, já que escravos não possuíam direitos, faltava a consciência de união entre os poucos trabalhadores livres. (SILVA, 2013)

Outro aspecto característico do aspecto Brasileiro é a legislação brasileira sempre teve origem no bojo estatal, não sendo fruto dos movimentos das classes trabalhadoras. Esta intervenção na vida sindical foi mais acentuada durante o Estado Novo, ou seja na era Vargas, quando da edição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), decreto lei n. 5452 de 1943. De acordo com Porto (2012, p. 24):

“Vargas estruturou seu modelo desenvolvimentista sob a égide da paz social entre capital e trabalho. No que tange às questões trabalhistas, alicerçou esse modelo a partir de dois pilares regulatórios: aperfeiçoamento da legislação trabalhista e regulação detalhada da vida associativa dos trabalhadores, atrelando-a à burocracia estatal.

É possível extrair alguns aspectos históricos importantes da CLT quanto às organização sindical, dos quais pode-se destacar os seguintes:

a) A legislação que antecedeu a CLT, já estabelecia os mecanismos de controle que estruturam a vida sindical no País, dentre outros, a proibição de existência de mais de um sindicato por categoria; o enquadramento estatal dos sindicatos conforme

lista preestabelecida; a investidura sindical pelo Ministério do Trabalho; a proibição de sindicalização no funcionalismo público; proibição da greve; a estrutura piramidal de hierarquia sindical sem a inclusão das centrais sindicais e a contribuição sindical compulsória. Tudo isso fruto da vontade do Estado e não de lutas do movimento sindical (NASCIMENTO, 2009).

b) Durante este regime ditatorial de vargas, a CLT não foi eficiente e atingia apenas uma pequena parcela dos trabalhadores, pois não abrangia dos trabalhadores rurais, os quais eram a maioria na época, este eram mais de 70%.

c) Em 1946, a nova Constituição Federal, restitui a liberdade associativa. Segundo Porto (2012) prevê a prerrogativa dos sindicatos de representação dos empregados na celebração de convenções coletivas, reconhece o direito de greve (regulamentado por lei).

d) No regime militar, por incrível que pareça, a constituição de 1967, continua a prever esta liberdade associativa, manteve a contribuição sindical compulsória e o direito à greve. Mas, este último com algumas limitações;

e) Atualmente a Constituição de 1988, prever todos esses direitos originários na era vargas, no entanto inovando em alguns casos como o fato de permitir a associação de servidores públicos (exceto militares). Por outro lado, cabe destacar que recentemente a reforma trabalhista 13.467/2017, retirou a obrigatoriedade da contribuição sindical. Mas, um fato interessante desta reforma é que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho agora se apresenta como prevalência sobre a lei, ou seja, o objeto negociado prevalece sobre o que foi legislado nas hipóteses previstas na própria legislação trabalhista.

No contexto internacional em 1981 na Genebra, o incentivo e fomento da negociação coletiva trabalhista surge do texto da Convenção nº 154, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, editado durante a 67ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho.

Além das convenções, a OIT possui uma série de recomendações em matéria sindical e de negociação coletiva, visando a promover a solução pacífica de conflitos na esfera laboral e a promoção do valor trabalho na sociedade. Para

citar algumas delas: n. 91 que dispõe sobre convenções coletivas de trabalho, n. 143 que dispõe sobre proteção dos representantes dos trabalhadores nas empresas e n. 163 que dispõe sobre o amplo direito de negociação e mecanismos de solução de conflitos trabalhistas. (PORTO, 2012, p. 19)

E no Brasil , a negociação coletiva foi acompanhada a partir desta mesma convenção, quando em 1992 este texto foi aprovado pelo Congresso Nacional, conforme Decreto legislativo nº 22, deste mesmo ano. Este fato demonstra de certo modo os efeito das nova CF, mais democrática e a nova visão política do país na época, aquela de inserção no contexto internacionais com problemas comuns e em processo de globalização, preocupados dentre outros aspectos o fator trabalho.

Segundo Delgado (2014) “os diplomas negociais coletivos são instrumentos formais, solenes. Ou seja, devem ser expedidos por escrito, bem como submetidos à divulgação razoável, sendo que estes têm ritos e requisitos com certo grau de complexidade”. Diante disso, cabe destacar que no Brasil, as negociações podem resultam em dois institutos: o acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho.

A cordo Coletivo de Trabalho (ACT) : trata-se de um ato jurídico celebrado entre um sindicato representante de um grupo profissional e uma ou mais empresas que celebre contrato com a respectiva classe trabalhadora. A CF/88, diferentemente das constituições anteriores, reconhece os acordos coletivos (Art. 7o, XXVI), mas eles já ocorriam antes desse reconhecimento constitucional. Seus efeitos se restringem aos sujeitos acordantes (inter partes).

As Convenções Coletivas de Trabalho (CCT): aparecem nos textos

constitucionais desde a Carta Magna de 1934 (Art. 121, §1oj) e se mantém desde então. Constitui-se de um ato jurídico que traduz um ajuste entre entidades sindicais (de empregadores e empregados), visando novas condições de trabalho. Sua eficácia se estende a todo âmbito das respectivas categorias. (erga omnes). (SILVA, 2012).

A CF de 1988, sem dúvida, é a que mais democratizou o sistema sindical no país, no entanto trouxe heranças no regime autocrático, ou seja, por um lado afasta em seu bojo a intervenção estatal, expande os direitos da negociação coletiva e garantia dos direitos individuais de coletivos, mas mantém o sistema da unicidade sindical, manteve por muito tempo o financiamento compulsório. Mas é com a CLT, que os termos são melhores organizados.

Art. 611 Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.

Art. 611 § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais emprêsas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da emprêsa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.

Sob outra perspectiva, cabe destacar também, que no século XX, mais especificamente durante a segunda metade dele, a economia brasileira caracterizou-se, dentre outros traços, por um recorrente e acentuado processo inflacionário, o qual coexistiu com generalizada indexação de preços e salários. Neste cenário, negociações salariais entre sindicatos de trabalhadores e de empregadores eram conduzidas sob os efeitos da inflação alta e crônica e da vigência de normas estatutárias de indexação dos salários. Já durante a estabilidade, abre se um novo capítulo na história das negociações salariais do país ( DIAS, 2012).

Dias (2012, p. 8), completa dizendo que o novo contexto de baixa inflação e desindexação alterou a dinâmica dos salários nominais. Os reajustes salariais passaram a ser definidos exclusivamente por negociação individual ou coletiva, sem arbitrariedade direta do governo, excetuando-se a determinação de salários mínimos, que continuaram a ser definidos em lei.

6.4 Os impactos econômicos e a flexibilização das negociações