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3 IMPREVISIBILIDADE E INCOMPLETUDE CONTRATUAL 1 Teoria jurídica versus teoria econômica

3.5 Externalidades e a relação aos aspectos da incompletude e imprevisibilidade contratual

3.5.3 Problemas de informação: Informação Imperfeita

3.5.3.2 Informação assimétrica e simétrica

Simetria e assimetria de informação são termos geralmente utilizados na área econômica, mas com aplicabilidade em todas as áreas em que seus conceitos se adequarem. Sobre isso, cabe destacar que pouco se fala sobre o termo “simetria”, pelo que se percebe nos estudos sobre assunto, talvez seja a mesma justificativa apontada quanto ao estudo entre completude e incompletude contratual, custos zero ou positivado das transações, ou seja, não faria muito sentido estudar o que já é perfeito, mas sim a problemática do assunto, para então encontrar soluções.

Ronald Cose, no seu discurso para o recebimento do Prêmio nobel , falou o seguinte: “o mundo real apresenta fricções que denominamos ‘custos de transação’, fricções estas causadas por assimetrias de informação que dificultam ou impedem que os direitos de propriedade sejam negociadas a custo zero.”

Sendo assim, por informações simétricas pode-se conceituar como aquelas disponíveis e distribuídas em igualdade para todos os indivíduos. Por outro lado, por assimetria de informação compreende como a diferença do acesso a conhecimentos relevantes de um mesmo assunto em que um indivíduo possui mais informações que o outro. (MANKIW, 2008).

Em um jogo, por exemplo, a simetria, é basicamente quando os indivíduos encontram se em posição de paridade e com as informações igualmente distribuídas, ou seja, todos os “jogadores” tem as mesma informações disponíveis, devendo usá las da melhor forma possível. Por outro lado, a assimetria acontece quando o equilíbrio destas informações é quebrado.

Neste sentido, incorporando ao pensamento estudos de teoria dos jogos, sabe-se que, em virtude da assimetria de informações, as pessoas tendem a não-contratar ou a retardar a celebração de contratos, agindo de modo ineficiente.(SZTAJN, 2006).

Contudo é possível ratificar que assimetria informacional é uma falha de mercado, talvez a mais frequente, a qual está presente na negociação contratual entre os agente econômicos. Então, para que esta relação negocial funcione de forma eficiente estes agentes precisam de informações para as tomadas de decisões, no entanto, a obtenção destas informações tem um custo.

Então, já sabendo informação assimétrica se configura quando uma das partes tem mais informações ou informações mais completas sobre algo que ainda é desconhecido da outra parte, cabe destacar que isso também pode ser um diferencial competitivo, fato que nem sempre, quem tem essa informação extra tem desejo de divulgá-la. No entanto, isso também pode resultar no chamado comportamento oportunista. (SATUR et. al., 2017)

Sendo assim, partindo-se do pressuposto de que a assimetria de informação pode desmotivar contratações socialmente interessantes, ou ser fonte de práticas oportunistas, ou ainda facilitar que as pessoas se comportem de forma indesejável, os economistas reconheceram que existem custos na negociação contratual, sendo importante encontrar meios para minimizá-los . (SZTJAN, 2006).

Sobre estes custos, cabe ressaltar que a assimetria informacional se junta ao oportunismo dos agentes para restringir a elaboração de contratos completos, causando custos de transação, pois nem sempre as condições averiguadas no momento da contratação coincidem com as da execução, principalmente naqueles ajustes de longo prazo. (CATEB; GALLO 2010, p.3)

Na mesma linha, Sztajn (2006, p. 179) completa dizendo que a incompletude contratual é manifesta, porque a assimetria de informações permite que condutas oportunistas, típicas das relações de execução continuada, se manifestem nessa relação [...].

Nesse sentido, a assimetria informacional pode ser decorrente de um desconhecimento técnico, de uma disparidade econômica, da habitualidade com que tais relações são entabuladas pelas partes envolvidas, dentre outros fatores. Tais falhas de mercado comprometem a alocação eficiente de recursos, na medida em que elevam os custos de transação e podem, inclusive, obstar a concretização do negócio jurídico . (CASCAES, 2017, p. 171).

Ao reconhecer a existência de assimetrias de informação e que o contrato pressupõe custos, sejam estes ex ante ( ou seja, aqueles que acarretaram custos na sua elaboração) ou ex post ( aqueles resultantes da imposição de se fazer cumprir os próprios termos acordados), cabe destacar ainda que estes resultam em outros elementos denominado seleção adversa e risco moral (moral hazard) , o que em consequência afetam

o desempenho econômico.

Segundo Stzjan (2006, p. 172) muitas vezes medir a informação é complicado e há casos em que informações são difíceis de serem obtidas requerendo atividades adicionais das partes. Quando uma delas conhece alguma coisa desconhecida pela outra, diz-se que a informação é assimétrica e daí derivam problemas na elaboração de contratos: a seleção adversa e moral hazard .

a) Risco Moral ( Moral hazard )

Sobre o Risco moral que, está relacionado a questões pós-contratuais. Uma das partes contratantes pode possuir informações privilegiadas relevantes que incentivem mudanças comportamentais indesejáveis ou contrárias ao objetivo mútuo celebrado no acordo.

O perigo moral acontece quando um lado do mercado não consegue observar as ações do agente, pela existência de uma ação oculta. Isto ocorre quando o principal não pode observar as ações do agente mesmo após o contrato ( ex post ), a ação deste não é verificável. (KLANN et. al., 2010).

Por exemplo, o risco moral pode se referir a probabilidade do agente econômico, em um determinado negócio jurídico, de transmutar os seus comportamentos diferente do acordado dentre as particularidade e do ambiente em que a transação econômica ocorre um exemplo clássico nos estudos pesquisados, é o caso da contratação de seguros de

carros, , por exemplo, onde o agente pode mudar a sua conduta atual para uma mais imprudente, pois agora se mais seguro após a contratação.

b) Seleção Adversa ( Adverse selection )

A seleção adversa está relacionada às condições intrínsecas e determinantes da realização (ou não) de uma transação, por outro lado, o problema de seleção adversa surge da falta de conhecimento do principal sobre o tipo do agente.

De acordo com Klann et. al (2010, p. 107), entende-se que o problema de seleção adversa existe quando o agente possui mais informações que o principal antes do contrato, ou seja, uma das partes não sabe o tipo ou a qualidade dos bens que a outra possui a informação oculta, assim o principal colocará em oferta somente aquilo que o interessa.

Partindo-se da ideia, então é razoável supor que demandantes e ofertantes possuam informações distintas e privilegiadas ex ante, cabe destacar que quanto mais complexo for o mercado e mais diversificado forem os bens ofertados, mais dificuldade terá o vendedor para convencer o consumidor sobre a qualidade de seu produto. Por outro lado, o comprador possui uma série de dificuldades para reconhecer no bem desejado os atributos demandados. (ROMERO, 2009).

Na seleção adversa, o agente possui informação privilegiada antes da assinatura do contrato e o principal sabe disso. Todavia, como o principal não tem condições de avaliar essa assimetria informacional, oferece então, estrategicamente, várias alternativas com a finalidade de que o agente involuntariamente manifeste suas pretensões.

Seguindo a exemplificando no caso dos seguros, mais especificamente em seguros saúde, cabe destacar que apenas o segurado teria às informações completas sobre sua saúde a ser fornecidas à seguradora. Porém, a própria seguradora criou critérios, e no momento da contratação é possível estabelecer valores e classificar os diferentes perfis. Fato que se não existisse estes critérios, poderia ensejar em um comportamento de uso ao máximo dos benefícios deste seguro, por aquele mais doente e pagando a mesma coisa daqueles que estão saudável, fato que poderia inflar os custos do plano, em consequência

os valores aos segurados e fuga do público que quase não usa o seguro, para outro que esses critérios.

Contudo, existem estratégias capazes retardar estes problemas, dentre outras, é possível destacar a sinalização e a filtragem . Quanto a sinalização é uma forma de minimizar os problemas, onde agente “sinaliza” o tipo ou qualidade do bem que deseja antes de assumir o compromisso com o principal, de tal forma que este saberá o tipo ou a qualidade exigida pelo agente. Já filtragem , neste caso , o principal age para determinar o tipo ou qualidade do bem que deseja, dessa forma, o agente fornece as características no contrato prévio antes que se realize.(KLANN et. al., 2010).