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3 IMPREVISIBILIDADE E INCOMPLETUDE CONTRATUAL 1 Teoria jurídica versus teoria econômica

3.4 Teoria do custo de transação e o “Teorema de Coase”

Primeiramente, deve se considerar que as instituições não usufrui apenas dos custos atrelados a produção, pois da mesma forma existem os custos de transação atrelados aos contratos, oriundo de custos tais como: o de negociar, redigir, fiscalizar, gerenciar e garantir o cumprimento de um contrato.

Os custos ex-ante de preparar, negociar e salvaguardar um acordo bem como os custos ex-post dos ajustamentos e adaptações que resultam, quando a execução de um contrato é afetada por de falhas, erros, omissões e alterações inesperadas. Em suma, são os custos de conduzir o sistema econômico” (WILLIAMSON, 1993).

Teoricamente, os principais elementos que alavancaram os estudos da teoria econômica dos contratos incompletos foram os custos de transação ou também chamado de “teorema de Coase”, pois este termo foi apresentados inicialmente no estudo formulado por Ronald Coase em 1937, e teve bastante espaço nos trabalhos corolários, cabe destacar nestes estudos a figura de Oliver Williamson. Desta forma, cabe destacar que os estudos propulsores sobre “Custo de transação’ tem raízes na Escola de Chicago.

Em seu discurso no prêmio Nobel, Coase revela que Adam Smith já tinha colocado as bases de sua teoria de custos de transação ao tratar da utilização da moeda como redutor dos custos da “dupla coincidência de desejos” [...] Contudo, tal ideia havia ficado restrita somente à explicação da existência da moeda, não sendo percebida pelos economistas pós-Smith como instrumento para explicar outros tipos de arranjos econômicos. (SILVA E FARIAS, 2016, p. 865)

O “Teorema de Coase” serve perfeitamente de ponto referencial, de “conceito regulador”, e de certo modo poderá dizer-se que os custos de transacção são o instrumento de medida que permite aferir o distanciamento de cada situação concreta em relação a esse padrão ideal [...]. (ARAÚJO apud CAMINHA E LIMA, 2014)

Pelos estudos de Coase, infere-se que em regime de custos de transação zero a alocação inicial dos direitos de propriedade não importa, pois neste caso das relações institucionais estariam perfeitamente funcionando, sem a necessidade de intromissão, ou seja seriam eficientes de Pareto.

Não faria sentido gastar muito tempo investigando as propriedades de um mundo como esse [sem custos de transação]. O que o meu argumento sugere é a necessidade de introduzir explicitamente custos de transação positivos na análise

econômica para que possamos estudar o mundo que existe. Esse não foi o efeito do artigo. A extensa discussão nas revistas tem se concentrado quase que inteiramente no ‘Teorema de Coase’ como uma proposição a respeito de um mundo com custos de transação zero. (COASE 1988 apud ROMERO, 2009, p. 7)

Se os custos de transação são zero, significa que os direitos de propriedade são perfeitamente estabelecidos e mantidos. Por outro lado, custos de transação positivos implicam, portanto, em custos de garantia de direito econômico sobre um ativo. [...] o aspecto chave dos custos de transação está na mensurabilidade dos atributos dos bens. (BERZEL, 2003 apud AUGUSTO et. al., 2014).

Oliver Williamson caracteriza de “ficção do custo de transação igual a zero” aos requisitos neo-clássicos e afirma que os arranjos institucionais de governança são uma resposta minimizadora de ambos os custos, os de transação e os de produção (WILLIAMSON, 1993) .

De acordo com Sztajn (2006), formas de governança devem considerar que a incompletude negocial pode resultar em ações menos benéficas para os acionistas, porque os padrões legais deixam de prever certos comportamentos.

Sendo assim, pode se inferir que a estrutura onde a produção ocorre não é uma resposta apenas aos custos internos, mas também uma comparação deste com às questões burocráticas, aquelas incorridos para planejar e monitorar as estruturas de governança. Então é importante conhecer estas estruturas pois é neste ambiente que às transações ocorrem, onde as pessoas interagem na busca por bens e serviços.

Com foco no sujeito, Williamson (1985) descreve que os agentes criam determinados mecanismos, chamados de estrutura de governança, para lidar com os custos de transação (WILLIAMSON apud PERES, 2007). De outra maneira, agora com foco no objeto, Williamson (1996) define como estruturas de governança os mecanismos de coordenação empregados para reduzir custos de transação na realização das transações, a partir de instituições reguladoras.

De modo prático, pode-se destacar que estruturas de governança precisam ser criadas para sanar com maior agilidade problemas atuais e futuros que possam surgir. A partir de um sistema de governança eficaz, problemas como processo decisório lento em razão de burocracia e de estruturas organizacionais incompletas, podem ser solucionados a partir de uma leitura mais dinâmica do

mercado e, consequentemente, fazer com que a empresa seja mais competitiva e alcance seus resultados organizacionais. (MORE E GONÇALO, 2016, p. 4)

Para completar o entendimento, sob a perspectiva o ideal seria, então, um sistema de governança corporativa que minimizasse os custos de agência atuando em paralelo com um sistema de governança contratual que minimizasse os custos de transação. (RABELO, 1999).

Como já sabido, a teoria econômica surge da integração dos estudos de direito e economia, isso pois envolve os estudos que envolve o comportamento dos agentes que buscam em suas transações negociais matéria prima, equipamento ou mesmo serviços, além dos custos ligados diretamente à produção, assim como os custos transacionais do contrato também são enfrentados. Por outro lado, esta teoria afirma que esses custos de transação podem ser mutáveis a depender dos aspectos da transação e do mercado concorrencial, então estes custos transacionais não se referem apenas aos expensas anterior a negociação ex ante , mas também no decorrer da execução ex post .

A estrutura de governança introduz e desenvolve a importância da especificidade dos ativos e confia na análise institucional comparativa, dando ênfase na firma como uma estrutura de governança e não como uma função de produção. Além disso, esta abordagem enfatiza o papel das instituições como fator ex post dos contratos. ( THIELMANN, 2013).

[...] o custo de transação pode-se apresentar em razão da racionalidade limitada das partes, principalmente quando os contraentes estão diante de decisões complexas, já que nem sempre os indivíduos possuirão todas às informações necessárias para se alcançar a decisão “ótima”, bem como em virtude da assimetria de informação, da conduta oportunista, dentre outros fatores. (CAMINHA E LIMA, 2014, n. p.)

Entendida a premissa de que os custos de transação inviabilizam a execução de um acordo completo, passa-se à exposição dos aspectos que causam esta incompletude dos contratos. (CAMINHA E LIMA, 2014). Ou seja, o custo de transação é um elemento responsável pela incompletude dos contratos e decorre de eventos relacionado a algumas causas, tais como: comportamento oportunista, problemas de informação,

racionalidade limitada, dentre outros.

[...] a existência dos custos de transação passou a ser questionada a partir da escola do Law and Economics e os princípios da Nova Economia Institucional, oferecendo uma nova visão à necessidade de um sopesamento entre fatores tais como os custos advindos da racionalidade limitada, comportamento oportunista,

assimetria de informações, duração, investimentos em ativos específicos, complexidade e incerteza das relações contratuais. Essas circunstâncias sempre devem ser combatidas como forma de salvaguardar as partes de futuros prejuízos, mas, a partir da visão econômica, seu entendimento e consideração devem ser ampliados e entendidos como partidos necessários para a interação entre esses dois ramos da ciência, Direito e Economia. [...] Ou seja, os custos de transação não dependem apenas das características do acordo firmado, pois, também são resultantes das condutas das partes, em especial, quando se comportam com racionalidade limitada e oportunismo, bem como de condições objetivas, como as incertezas das transações decorrentes das mudanças sociais, a duração e os investimentos específicos do contrato, fatores inerentes às relações contratuais de longo prazo.(CAMINHA E LIMA, 2014, n. p.)

De acordo com Sztajn (2006) o reconhecimento pelos economistas de que há custos de transação envolvidos nas negociações, entre eles o de que uma das partes pode ter informações de que a outra não-dispõe (assimetria informacional), leva a considerar que contratos merecem ser analisados sob outra perspectiva, em face do resultado econômico.

Como já é sabido, as partes contratantes não têm certeza de que o acordo será efetivado em conformidade com o estipulado em sua conclusão. Isso se dá em virtude da existência dos custos de transação, decorrentes de características objetivas, como a incerteza, a duração e os investimentos em ativos específicos, ou de características subjetivas, tais como a racionalidade limitada e o oportunismo negocial. (CAMINHA E LIMA, 2014).

Sendo assim, cabe destacar que teoria econômica ao expor os estudos sobre contrato incompleto e custo de transação, pretendeu integrá-los ao campo da ciência jurídica como uma nova hipótese de revisão dos contrato, fato que reafirma a conclusão de Carminha e Lima no tópico anterior.

Com esta ideia em mente, conclui o entendimento com a afirmação de que a teoria fundamental da “Economia dos Custos de Transação” considera que estruturas eficientes (minimizadoras de custos) de governança são resultado do alinhamento destas aos atributos das transações, sob definidos pressupostos comportamentais. (ZYLBERSZTAJN, 1995).

3.5 Externalidades e a relação aos aspectos da incompletude e