1. O nazismo. 2. O racismo alemão.
1. O NAZISMO
Assim como o fascismo italiano, surgiu o nazismo na Alemanha com o duplo objetivo de combater o liberalismo democrático decadente e de reagir contra a infiltração comunista.
Duas outras finalidades integravam o programa de ação do Partido Nacional Socialista: desvencilhar a Alemanha das cláusulas asfixiantes do Tratado de Versalhes e impor a supremacia da raça ariana.
Desenvolveu-se o nazismo à sombra das instituições democráticas, sob a égide da Constituição de Weimar, ascendendo ao poder através das eleições de maio de 1933. A república alemã de Weimar era excessivamente liberal, o que propiciou o rápido desenvolvimento de um partido declaradamente subversivo, totalitarista e revestido de caráter militar. Aliás, a corrente nazista exaltava as tradições e reunia os expoentes do antigo militarismo prussiano.
Por decreto de 6 de fevereiro de 1933, o governo da federação alemã dissolveu o Landtag (câmara de deputados) da Prússia, província que já se encontrava sob intervenção federal. Consequentemente, o Comissário do Reich foi investido de plenos poderes para realizar ali novas eleições, conjuntamente com as do Reichtag. Na renovação de ambas as assembleias o Partido Nacional Socialista, liderado por Adolph Hitler, obteve esmagadora vitória.
Diante do triunfo dos nacional-socialistas, o Presidente Hindenburg nomeou Hitler Chanceler do
Reich, iniciando-se uma profunda transformação política.
Foram desde logo elaboradas pelo novo governo diversas leis de uniformização, pelas quais se extinguiram os laços da antiga federação, tornando-se os Estados-Membros simples províncias diretamente subordinadas ao governo central. O sistema republicano parlamentarista, regido pela famosa Constituição de Weimar, de 1919, foi abolido por etapas, rapidamente, caminhando o Estado a passos largos para a plena integração da ditadura hitleriana.
Com o falecimento do Presidente Hindenburg deu-se a sucessão nos termos do art. 1º da lei de 1º de agosto de 1934, verbis: O cargo de presidente do Reich fica unido ao de Chanceler do Reich.
Os poderes do Presidente do Reich , consequentemente, passam ao Führer e Chanceler do Reich, Adolph Hitler. Ele designará o seu substituto.
Investido de poderes ditatoriais, Hitler extinguiu os demais partidos políticos, dissolveu todos os grupos nacionais considerados perigosos, subordinando-os à disciplina férrea do Partido Nacional Socialista e lançou as bases estruturais do Terceiro Reich , que iria reconstruir a Grande Alemanha sobre os escombros da primeira grande guerra mundial.
Adolph Hitler, antigo oficial subalterno, de nacionalidade austríaca, iniciara a luta pela posse do governo fundando um partido militarizado à maneira fascista com a sua milícia de Camisas Pardas. Possuindo extraordinário poder de domínio sobre as massas, adquiriu imenso prestígio e tornou-se um semideus, aureolado pela pretensão de um destino místico, qual fosse o de realizar o
pangermanismo pregado pelas teorias caducas de Chamberlain e Gobineau.
O Partido Nacional Socialista tornou-se a personificação do próprio Estado. Era o poder mais alto e incontrastável, ao qual se subordinavam todas as atividades públicas e privadas. Procurou o Partido reeducar as massas e formar uma juventude hitlerista semelhante a um exército de autômatos. Realizou gigantescas obras públicas e desenvolveu intensivamente a preparação bélica do país. Desenvolveu no plano internacional uma atividade diplomática agressiva, procurando libertar a Alemanha dos tratados humilhantes que lhe foram impostos pelos vencedores da grande guerra de 1914-1918, levando esse programa de ação à provocação da segunda guerra.
2. O RACISMO ALEMÃO
A parte construtiva do seu programa no plano interno tinha por objetivo principal a exaltação dos vínculos nacionais, como resume Queiroz Lima: proteção aos símbolos nacionais e dignificação da história alemã segundo a interpretação nacional-socialista; e depuração da nacionalidade com o fim de realizar uma Alemanha isenta da influência dos não arianos. Com esta finalidade, aliás, foi elaborada a lei sobre esterilização, em vigor a partir de 1º de janeiro de 1934.
A ideia racial trouxe a separação entre alemães e não alemães, especialmente entre alemães e judeus, afirmando os nazistas que a luta contra os judeus é questão de vida ou morte. Assim, as teorias racistas foram dirigidas com ferocidade particular aos judeus, condenados ao extermínio nos terríveis campos de concentração.
O racismo alemão, em última análise, era um racismo político, fundado sobre o estado civil e o vínculo de religião. Se o fosse sobre as mesurações somáticas, observa G. Mosca, teria esse racismo o inconveniente de fazer aparecer o fato de que Hitler pertencia à raça inferior dos braquicéfalos morenos e que Goebbels tinha um tipo judaico característico.
Fazendo reviver os velhos mitos germânicos e procurando impor ao mundo o domínio da raça
superior ariana, o regime nazista apresentava um nítido contraste em cotejo com o regime fascista,
como observa Pedro Calmon — a moral do fascismo era clássica: sonhava com o império romano; a do nazismo era romântica (romantismo de aço de Goebbels): reavivava as origens germânicas. O fascismo considerava a raça uma comunidade de sentimentos; o nazismo, um laço de sangue. O fascismo considerava o império como uma tendência política: é o fim dominador do Estado; o nazismo, como uma predominância racial: o destino superior dos arianos. A Itália deu à conquista da Etiópia a justificação de um objetivo civilizador-colonial; a Alemanha explicou a incorporação da Áustria como sentido unitarista da raça germânica na luta contra os não arianos. O fascismo era um movimento de romanidade; o nazismo, estendendo-se aos países onde havia minorias étnicas alemãs, era um movimento de consanguinidade.
No que tange à sua organização econômica declarou o nazismo que a totalidade dos alemães
forma uma comunidade econômica, os atentados à economia nacional devem ser castigados com a pena de morte. O estabelecimento de um ano de trabalho obrigatório gratuito para a pátria, dado como serviço militar, tem um alto valor educativo e econômico.
O princípio da igualdade perante a lei, no Estado nazista, foi substituí-do pelo da igualdade de deveres e pelo de prevalência do bem comum sobre o bem individual. Sectário e intolerante como todas as ditaduras, a ditadura nazista absorveu inteiramente a personalidade humana e anulou todos os valores individuais.
nas ruínas da imensa hecatombe que o seu desvario fez desencadear sobre o mundo mal refeito das desastrosas consequências da primeira guerra.