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CAPÍTULO IV – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

4.2. Análise das entrevistas

4.2.3 Estratégias preventivas para a violência nas escolas

Nesse eixo, discute-se o que pode ser feito nas escolas para prevenir a violência em seu interior e possibilitar que os conflitos possam ser resolvidos de forma pacífica, evitando que as situações se agravem e gerem violência. Para a análise desse bloco, duas categorias são utilizadas: estratégias organizativas e formativas. Cabe destacar que essa divisão é meramente didática, porque todos os elementos levantados dizem respeito ao que a escola faz ou pode fazer, assim, tudo é considerado estratégia.

a) Estratégias organizativas

Nessa categoria é discutida toda estratégia que a escola utiliza, ou vislumbra utilizar, que diga respeito à estrutura, organização e funcionamento das escolas para prevenir a violência. Essencialmente, os entrevistados mencionaram que todos devem se envolver para trabalhar qualquer mudança na instituição, então, gestores, coordenadores, professores, demais funcionários da escola, alunos, família e parceiros institucionais devem contribuir para fomentar um ambiente diferente, como no trecho a seguir:

Eu acho que toda a escola. Toda escola né, assim, pais também saberem né, não só saber na hora que tá o problema, mas assim, defendo a ideia de que toda a comunidade deveria conhecer, pais, alunos, professores, funcionários, porque você não tem só

conflitos de alunos, você não tem violência só de aluno, você tem violência de professor, que tive violência de professores, da professora ir pra delegacia da mulher (Participante L, Escola 12).

No âmbito da participação, a família foi recorrentemente mencionada e destacada a sua importância para que as ações possam dar certo, porque “não adianta a escola fazer um trabalho e em casa ser desconstruído”, precisam ter valores próximos e alinhar as ações. Além disso, um entrevistado sugeriu que a família deve se ocupar da vida dos seus filhos de uma maneira geral. Nesse sentido, as escolas também tem que avaliar as estratégias que desenvolvem para aproximar as famílias e poderem trabalhar de forma integrada, incluindo ter uma postura mais compreensiva sobre o contexto de vida dos alunos e, como um entrevistado relatou, ser um apoio que muitas vezes eles não têm.

Dentre os outros elementos mais mencionados, foi sugerido a escola oferecer modalidades de atividades diversas para os alunos e que sejam dos seus interesses. Nesse sentido, ainda sugerem que o aluno possa passar o dia na escola, e em uma delas “receber a assistência que não tem em casa”. De acordo com um entrevistado, quando os alunos se envolvem em atividades prazerosas eles não “brigam”, como no trecho “[...] mais esporte, mais esporte, quanto mais envolvido no esporte, na música, nenhum desses alunos envolvidos em esporte e música eles brigam. Nenhum!” (Participante J, Escola 10).

Para dar conta dessas estratégias, as escolas precisam mudar, quebrar a rigidez de disciplinas estanques, avaliações rígidas, ser uma escola inclusiva, que não se preocupe apenas com a transmissão de conteúdo. Para tanto, também precisam que os profissionais mudem sua postura, uma vez que a formação ainda é muito tradicional. Sobre essas mudanças necessárias, uma entrevistada coloca:

É, eu acho que isso a gente já está modificando, a gente está, é... quebrando, muitas vezes, ainda não conseguimos avançar muito, né, mas, quebrando com essa rigidez na escola, com

essas disciplinas separadas, com a questão, né, do, de ser vista... que a escola é só pra transmitir conteúdo, a gente já, ao longo do tempo, a gente vem quebrando com isso, a gente tenta trabalhar é... muito com projeto, com questões do dia a dia dele, então assim, a gente tá tentando, é um longo passo (Participante 3, Escola C).

Outros entrevistados falaram que é preciso mudanças mais amplas, como ter uma política pública que se preocupe com isso, além do mais, apontam como necessária a garantia de direitos às crianças e adolescentes e de serem tratados com mais dignidade. Nesse sentido, a parceria com órgãos do poder público é essencial.

[...] eu penso que se a gente tivesse formas de dar uma atenção mais... melhor... a cada... a cada situação que a gente fosse vivendo, acho que isso diminuiria. Se a gente acolhesse melhor, se essa... se essas crianças fossem tratadas com mais dignidade... [pensando] por que quando eles vão, por exemplo, a um teatro que chega lá e eles vão assistir alguma coisa, que tem a sua cadeirinha confortável, um lugar pra todo mundo ver direitinho, eles não têm o mesmo comportamento. Aí, além disso, a gente também, se a gente tivesse mais dignidade de... de ter um tempo, de vir com mais tranquilidade, de trabalhar com um número menor de criança, de conhecer melhor cada um deles, tivesse mais... é... é... por que ela tem dignidade! Na hora que você dá dignidade, espaço pra o seu... eu não acredito... (Participante F, Escola 6).

Outro ponto bastante mencionado foi a necessidade da escola ter assistência de profissionais específicos, como psicólogos e assistentes sociais. Em alguns casos, para atender também qualquer demanda social e psicológica. Essa necessidade se deve porque os entrevistados, alguns pelo menos, não se sentem preparados para resolver essas situações. Portanto, sugerem que as escolas possuam profissionais para mediar os conflitos, e não necessariamente precisa ser um psicólogo ou assistente social:

Primeiro deveria ter uma pessoa com capacidade, é, pra dialogar, negociar esses conflitos. Entendeu? Uma pessoa assim que compreendesse melhor o que passa na cabeça do adolescente. Porque como eu falei pra você, coordenador

pedagógico ele não lida só com isso. Talvez tivesse um, um coordenador só de, de, de. É assim, de, de, de, [pausa] como é que eu diria? [pausa] Pra olhar, pra conversar com os alunos, tipo, num sei se seria uma psicóloga, talvez não, talvez a gente nem precisasse, mas alguém que pudesse estar sempre mediando esses conflitos (Participante I, Escola 9).

Em uma das escolas mencionou-se já possuir um profissional específico para lidar com as questões de indisciplina e violências, o chamado coordenador de disciplina. Nessa escola, a gestora convidou dois servidores que não tinham função específica para cuidar dessas questões, estabelecendo que cada um ficaria em um turno diferente.

Outra escola trouxe a importância da construção das regras escolares com a participação dos alunos, inclusive com a sua disseminação através dos alunos líderes de turmas já que trabalhariam de forma horizontal no estabelecimento e cumprimento das normas que todos ajudaram a construir. O trecho abaixo ilustra isso:

A abordagem tem que ser desde o início, por exemplo, primeiro dia de aula, vamos fazer uma grande assembleia com os alunos pra eles colocarem o que eles acham, o que é que poderia ser feito, que tipos de punições poderia sofrer aquele aluno e isso ser uma coisa que eles construam entre si desde o princípio, com liderança de sala, com grêmio, seja lá com o que instituições funcione, dentro da escola, mas que precisa ser feito desde o início, que não seja uma coisa só pra remediar o acontecido, tem que ser preventivo, desde o começo, desde a educação infantil. [...] Construir entre eles o que eu chamo assim o acordo, ou a constituição da sala de aula, o que é que vai acontecer, o que é que pode acontecer, o que que não pode acontecer, pra que ao construir eles tenham consciência do que não pode acontecer. E o aluno quando está consciente ele realmente não faz, esse precisa ser um trabalho efetivo diariamente. Participando do processo, eles vão ter conhecimento e entendimento do que pode e o que não pode (Participante A, Escola 1).

Sobre as estratégias que as escolas já utilizam, tem-se: dividir o intervalo em dois para os alunos menores e os maiores, buscando aproximar as idades; dividir os turnos por anos escolares, ou seja, em uma perspectiva semelhante à divisão no intervalo; e, uma escola

trabalha com brincadeiras na hora do intervalo, estimulando, principalmente, as brincadeiras que os alunos fazem nos seus bairros, e, além disso, disponibiliza jogos diversos, como fica evidente no trecho abaixo:

Então isso melhorou 100%, principalmente também o brincar na hora do intervalo, a gente também passou a... a trabalhar vários tipos de brincadeiras que traz crescimento, não as brincadeiras que traz a agressividade de cada um [...] É, aí a gente... usou, a brincadeira mesmo, de, da técnica, que já usam muito na... no bairro deles, né, mais a brincadeira de pular corda, a brincadeira do bambolê, né, a, os jogos, os jogos interativos, os jogos que não se joga sozinho, né, aqueles jogos, é... xadrez, dama, e, e... outros jogos mais desafio, de dificuldade, a gente tá fluindo nesse tipo [...] e a gente também dividiu, a..., o espaço, por exemplo: dia de jogo na quadra, a gente tem a quadra coberta e num é muito grande, mas aí, dia do futebol que é mais, uma coisa que eles gostam muito, né, principalmente menino. Então aí tem o dia do primeiro ano, do segundo, terceiro, então também já dividiu mais (Participante E, Escola 5).

Como se pode perceber, a maioria das estratégias utilizadas diz respeito à organização do intervalo, do tempo que os alunos passam na escola e estão em contato uns com os outros. Isso tem um resultado positivo na diminuição da ocorrência de situações de violência, porque quando se colocam alunos da mesma faixa etária juntos e permanecem ocupados com atividades que são interessantes, dificilmente se envolvem em casos. Por outro lado, como relatado, demanda disposição de pessoal para cuidar desses alunos e preparar o lanche em dois momentos distintos, além de que uma entrevistada relatou que atrapalha o andamento de algumas aulas que são interrompidas ou, ainda, para as turmas que ficam na sala, enquanto as outras estão no intervalo, o barulho dos alunos incomoda um pouco.

b) Estratégias formativas

Além de estratégias que se referem à organização e estruturação das escolas, os entrevistados também relataram medidas preventivas no âmbito formativo. Assim, nessa

categoria, são incluídos todos os dados que se relacionam com as medidas que as escolas utilizam e que se baseiam na formação, seja dos alunos, gestores, coordenadores, família e demais funcionários das escolas. Todos os participantes mencionaram a importância de se trabalhar com a formação para a prevenção da violência nas escolas, tendo por base a conscientização de que a violência não é a resposta para as divergências; utilização de valores, sendo o respeito um dos primordiais; o diálogo como alicerce das relações; e, para que tudo isso funcione, deve ter integração entre todos os envolvidos na comunidade escolar, como se pode observar no trecho adiante:

O argumento que a gente usa, a estratégia que a gente usa é a conversa, né, infelizmente ou felizmente a gente não tem muito o que fazer, é tentar conscientizar, é tentar conversar, é tentar mostrar, né, os dois pontos de vista e convencer que não precisam se gostar, se eles se gostarem e ficarem amigos, ótimo, mas não precisam. Agora que aqui, nesse espaço, pra convivermos razoavelmente a gente precisa se respeitar, é isso que a gente tenta passar pros alunos. [...] O que a gente precisa é criar uma estratégia de trabalhar mesmo essa questão dos limites, dos valores e infelizmente a família hoje em dia não trabalha e ai gente tem dificuldade aqui na escola de trabalhar porque eles passam aqui 4 horas. Muitas vezes o que a gente constrói aqui, alguma coisa que a gente vai tentar é destruído, né? [...] A gente, digamos, a gente passa 4 horas tentando mostrar que não é uma forma legal de chamar o outro, de, né, de falar, de se expressar. Chega na rua, ele bota o pé na rua a gente já escuta 'seu filho de num sei de que, venha cá', então assim, é difícil a gente trabalhar contra, digamos assim, uma cultura que eles tem, né? [...] mas, precisa ter algo pra trabalhar a comunidade, a família, algo a mais, ta entendendo? Que sozinho, que só a escola, ela não consegue mudar muitas coisas (Participante C, Escola 3).

Sobre a conscientização, recorrentemente mencionada, deve acontecer não somente para alunos, mas também para a família e funcionários, de acordo com o que os entrevistados disseram. Cabe destacar que uma das entrevistadas alertou para o fato de estratégias

formativas terem um limite, que seria a idade dos alunos, quanto mais crianças, mais difícil seria internalizar as normas escolares e os valores trabalhados:

[...] Mas aí também vem a história deles serem crianças e deles não saberem a medida, aí é o mais difícil. Por que quando você vê... você trabalha com questões de ódio, de disciplina bem direitinho, os meninos sabem na ponta da língua o que... o que pode, o que não pode, o que deve, o que não deve. Mas daí, eles seguirem isso... é o tempo todinho, é... é chover no molhado, é você dizer 500 vezes (Participante F, Escola 6).

Dentre as estratégias que as escolas já utilizam, destacaram: participar de formação e ser agente multiplicador na escola; ter parceiros institucionais que desenvolvem atividades como o PROERD, a UFRN, o Instituto do Cérebro, os diversos estágios nas escolas, etc.; a escola possuir projetos próprios que trabalhem os valores, como utilizar-se da metodologia do Caráter Conta; e, grupos de discussão. Sobre o que poderia ser feito ainda, todos mencionaram a necessidade de convidar órgãos diversos e tê-los com parceiros executando palestras, formações e orientações nas instituições; realizar grupos e oficinas com os alunos; e oferecer atividades que os alunos se interessem.

Sobre os projetos desenvolvidos em algumas das instituições: uma escola tem o chamado “Aluno de valor” para trabalhar os valores e regras de convivência, funciona através do mecanismo de recompensa e punição, quem se comporta ganha pontos que podem ser trocados por brindes ao final do bimestre, por outro lado, quem não age dentro das regras, perde pontos, mas também dedicam momentos para refletir sobre as ações em assembleias e na própria sala de aula; outra escola estimula grupos de debates entre alunos que se reúnem, periodicamente, por afinidades para discutir temas diversos.

Por fim, alguns entrevistados propuseram que a Justiça Restaurativa seria a medida eficaz para prevenir a violência nas escolas, especialmente, aquelas que a entenderam para além da atuação do Núcleo e buscam, minimamente, ter atitudes restaurativas no seu dia a dia.

Nesse sentido, sugerem a atuação mais presente do Núcleo, ou ainda, como uma escola propôs que pudesse ser construído um projeto junto com o NJJRE:

Esse seria o meio né, uma Justiça Restaurativa, mas defendo que toda escola deveria conhecer. Esse é o caminho, o diálogo, a conversa, o entendimento né, assim, conhecer cada um, saber o que aconteceu e tentar resolver pra ambas as partes e não só pra um ou outro. [...] Eu acredito em projetos né, projetos dentro da escola, e se não fosse possível esse vínculo, assim, estar sempre aqui dentro da escola, mas que houvesse um projeto elaborado pela equipe junto com o Núcleo, assim, que a gente pudesse trabalhar durante todo o ano, eles viessem, plantavam a semente e a gente iria trabalhando né, desta forma, então, assim, poderia ser um meio para que a gente conseguisse alguma coisa já a princípio né. Vindo só com nossos conflitos eu também não acho que seja 100% bacana né, porque a escola toda deveria conhecer o trabalho da Justiça Restaurativa, um projeto elaborado junto com a equipe da Justiça Restaurativa seria muito bom, porque aí você teria o projeto para o ano todo, trabalharei com aquela clientela o ano todo, só os casos extremos que a gente não conseguisse resolver dentro da escola, que a gente pediria ajuda, parceria (Participante L, Escola 12).

Que ele esteja presente cada vez mais dentro da escola de uma forma a contribuir para o nosso trabalho, mesmo que seja de maneira itinerante. Como nós temos aí o acompanhamento da secretaria fazendo o acompanhamento do pedagógico esporadicamente, da mesma forma que solicitado o Núcleo como se estivesse à disposição dentro da Secretaria de Educação, estivesse à disposição caso a escola solicitasse resolver situações difíceis, que estivessem além do que no dia a dia nós já fazemos. Então que nós pudéssemos realmente bater à porta e ser recebidos ou solicitados quando eles viessem até a escola (Participante H, Escola 8).

Como já foi colocado em outro momento, as escolas acharam que a JR teve bons resultados, provocou mudanças na forma de olhar para o conflito, mas “infelizmente” as ações foram interrompidas, então, o que falta para as próprias escolas implantarem projetos de JR e disseminarem por toda a comunidade? É o que uma das entrevistadas falou sobre qual seria a estratégia preventiva para violência nas escolas que poderia ser eficaz:

violência ela é [pausa] eu não sei se é violência o nome, sabe... é... é... essas... essas atitudes, essas coisas que... essas divergências que acontecem na relação das pessoas, eu acho que ela é própria das... das relações, própria dos seres humanos, então... [...] Então assim, isso... isso tem que mudar, a gente num pode mudar a estrutura física, mas a... a estrutura... que nem é tão ruim, né, a estrutura física. Não é tão ruim, ela não permite determinadas coisas, só permite de... que se precisa ser adequada. Mas a organização do dia a dia é com a gente mesmo, e aí, é envolvimento, é querer, que nem... que nem todo mundo tá disposto, quer, mas num quer quando... só quero mudança se num mexer comigo, com meu conforto. Eu quero que a escola funcione bem, meu desejo... quero que... quero disciplina, eu quero isso, eu quero isso, eu quero isso... mas na hora de dizer assim: 'não, vamo sentar aqui, vamo pensar tal... tal... tal momento, como é que é melhor?!' Aí a gente vai e senta, então aí... 'não, mas aí ó a gente...' aí não vai muito pra lugar nenhum (Participante F, Escola 6).

Assim, é preciso que realmente as escolas queiram que aconteça a ponto de se mobilizar para fazer o que for preciso para construir um espaço de não violência. Para que isso aconteça os entrevistados já falaram recorrentemente em utilizar programas e projetos que trabalhem com valores, porque conviver de forma pacífica e resolver os conflitos e violências de forma positiva, com diálogo e respeito, exige uma mudança que postura, da forma como enxergamos o mundo, o outro, e como resolvemos as divergências. Por isso que, pra funcionar, uma das entrevistadas relatou que essa tem que ser uma prática para a vida, e com isso, talvez os conflitos diminuíssem:

Se a gente tivesse uma prática assim mais pra vida talvez os conflitos fossem bem menores, nem existissem talvez. Entendesse? o lugar que o outro, 'o que é que o outro tá querendo me dizer com aquilo? É muito comum, é... o professor tá dando uma aula, infelizmente muito comum, diz: 'olhe, fulano não tem condições de ficar na minha aula', aí você vai conversando o que é que você fez? ‘Ou professora, fui na carteira de um... de fulano, dizer num sei o que a ele!' Não era com o professor, não tava querendo ofender. Mas a por... a... a agonia do professor é tanta que não consegue perceber que aquilo não era nada demais. Do mesmo jeito, é como se fosse

uns esbarrões o tempo todo, que ele vai dando no outro na hora do recreio [pausa] que a... a... a... a disciplina... é o aspecto humano que é difícil, né! (Participante F, Escola 6).

Enfim, seja qual estratégia for utilizada, é preciso disposição de todos da comunidade escolar para o engajamento em direção à mudança. Além disso, apesar de muitas escolas exercerem a gestão democrática, o diretor ainda tem um importante papel nas decisões tomadas nas instituições e sua disponibilidade e abertura para ouvir opiniões e novos projetos também é essencial. Ou seja, é preciso um movimento de todos para avaliar o que tem sido feito e pensar novas estratégias para substituir o que não vem dando certo. Os entrevistados colocaram que as ações preventivas de fato devem acontecer antes e não esperar que algo aconteça ou só se mobilizarem quando a situação for tão grave que possa ser difícil reverter. Além disso, toda mudança leva tempo, então, um dos entrevistados falou que é preciso compreender que é um processo e não acontece de uma hora para a outra, por isso o trabalho tem que ser diário e avaliado constantemente.

Apesar das escolas usarem uma ou outra estratégia, é preciso reconhecer que o fenômeno da violência tem uma raiz estrutural, talvez por isso os entrevistados mencionem que esbarram no contexto de vida dos alunos (os mesmos que trazem a violência da sociedade para dentro das escolas, como os participantes falaram). Portanto, as ações empreendidas não vão erradicar a violência completamente, podem amortizar os seus efeitos e com isso, exigem um trabalho diário. Ou seja, concorda-se com Pino (2007) quando diz que sozinha a educação não é a solução para acabar com a violência, mas sem ela a violência também não teria solução.

Considerações Finais

A partir de tudo que foi discutido nesse texto, consegue-se perceber que existe um eixo que atravessa todos os dados e recai sempre na mesma questão: a problematização de