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Extinção do crédito tributário: a morte

2. CONCEITOS DOGMÁTICOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO:

2.2. Obrigação tributária e crédito tributário:

2.2.3. Extinção do crédito tributário: a morte

Conforme já explicamos anteriormente, o direito positivo não é composto apenas por normas jurídicas dotadas de abstração e generalidade. Para regular as condutas, são editadas normas individuais e concretas, derivadas das normas gerais e abstratas, as quais têm como finalidade se aproximar da realidade social. E foi esse mecanismo de aproximação que convencionamos chamar de processo de

positivação, tratado no item 1.6 desse trabalho.

Assim, cabe destacar que, no que tange o processo de positivação decorrente da cobrança do crédito tributário, o fenômeno da extinção se verifica na última norma dessa cadeia de normas derivadas umas das outras. Em outras palavras, esta se extingue junto com o fim processo de positivação.

Todavia, o Código Tributário Nacional trata do assunto no art. 156, se referindo à extinção do crédito, e não da obrigação tributária. Porém, como definimos que o crédito tributário nada mais é do que um dos componentes da obrigação, a extinção de um implica necessariamente na extinção do outro107. Eis a

forma como o Código Tributário Nacional trata do tema:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento;

II - a compensação; III - a transação; IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

107 Inclusive, esse é o entendimento de PAULO DE BARROS CARVALHO: “Lamentavelmente, disso

não se apercebeu o legislador do Código, que resolveu sistematizar a disciplina jurídica da matéria em torno do conceito de extinção do crédito, quando cumpriria fazê-lo levando em conta a obrigação, que é o todo.” Direito tributário, linguagem e método. São Paulo, Noeses, 2008, p. 468.

Contudo, ao i em abordar o fenôme fundamentais de Teoria analítica.

Dito de outra CARVALHO, que aborda da relação obrigacional.

Conforme já intersubjetiva, composta de cobrar determinado (i que possui o (v) dever ju subjetivo atribuímos o n

débito.

Temos então da seguinte forma:

Considerando à conclusão que a extinç decorre do desaparecime

108 “Qualquer hipótese extin

inexoravelmente, num dos cin sexta solução, precisamente natureza.” CARVALHO, Paulo 2008, p. 467.

invés de tratar de cada uma dessas mo eno da extinção a partir de reflexõ ia Geral do Direito, tratando a obrigação

a forma, seguimos aqui a proposta de PA da o tema da extinção do crédito tributário

l.

explicamos, a obrigação tributária é u ta por um (i) sujeito ativo, detentor de um (iii) valor a título de tributo, em face de um

jurídico de entregar aos cofres públicos e

nome de crédito, e ao dever jurídico atr

o que a estrutura da obrigação jurídica tr

o essa estrutura, PAULO DE BARROS C nção da obrigação tributária (e consequen ento de qualquer um desses cinco eleme

tintiva da relação obrigacional que possamos a inco itens que enumeramos. Carece de possibilida e porque esta é a fisionomia básica da existênc ulo de Barros. Direito tributário, linguagem e méto

odalidades, optamos ões nas categorias o tributária de forma

PAULO DE BARROS io a partir da estrutura

uma relação jurídica m (ii) direito subjetivo m (iv) sujeito passivo, esse valor. Ao direito tribuímos o nome de

tributária se organiza

CARVALHO108 chega

ntemente do crédito), entos.

aventar estará contida, dade lógica imaginar uma cia de um vínculo de tal

Todavia, o próprio autor adverte que o direito positivo brasileiro não prevê qualquer hipótese de desaparecimento do objeto da relação jurídica tributária, quando estritamente considerado109.

De fato, essa conclusão está correta, uma vez que o objeto da relação jurídica tributária é a moeda entregue aos cofres públicos, que não se confunde com a prestação realizada com a finalidade de adimplir a obrigação.

Já o desaparecimento dos demais elementos está relacionado com ao menos uma das modalidades de extinção do crédito tributário. Porém, cabe dizer que, para fins de análise da extinção da obrigação tributária, os seis elementos acima indicados podem ser reduzidos a três possibilidades.

Isso porque crédito e débito são pontos de vista de uma mesma realidade. Estes somente são separados diante da pretensão analítica de decompor a relação jurídica. Não existe crédito sem um débito correspondente, e vice-versa. Ao extinguir um, necessariamente o outro também será extinto.

Dessa forma, podemos dizer que os enunciados “A tem um crédito

perante B”, e “B tem um débito perante A” são distintos, pois os fonemas e grafemas

não são os mesmos. Todavia, os dois enunciados se referem a uma mesma proposição, pois provocam a mesma significação no intelecto no sujeito.

Assim, no ordenamento jurídico brasileiro, a obrigação tributária pode se extinguir pelas seguintes formas: (i) desaparecimento do sujeito ativo; (ii) desaparecimento do crédito/débito; (iii) desaparecimento do sujeito passivo.

Na tabela abaixo, relacionamos o desaparecimento de cada um desses elementos com algumas modalidades de extinção:

109 “Advertimos: no direito positivo brasileiro, no que se refere às obrigações tributárias, não há

prescrições que contemplem a extinção do objeto prestacional, estritamente considerado”. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. São Paulo, Noeses, 2008, p. 467.

Desaparecimento do: Modalidade de Extinção

Sujeito Ativo Confusão Crédito/Débito Pagamento

Compensação Transação Remissão

Prescrição e decadência

Conversão do depósito em renda

Pagamento antecipado e homologação do lançamento Consignação em pagamento

Dação em pagamento de bens imóveis Sujeito Passivo Dissolução regular de pessoa jurídica

Morte sem herdeiros e bens

Vê-se, portanto, que a abordagem do tema com base na estrutura da obrigação jurídica tributária proporciona uma visualização que vai além do rol previsto no art. 156 do Código Tributário Nacional.

Isso porque o rol do art. 156 do CTN contempla algumas formas diferentes de uma mesma realidade. Por exemplo: conversão do depósito em renda, pagamento antecipado e consignação do pagamento, nada mais são que espécies de pagamento.

Por outro lado, o art. 156 não contempla outras formas, como a confusão, a dissolução regular da empresa, ou a morte de sujeito passivo sem bens e herdeiros.

Dessa forma, podemos concluir que a extinção da obrigação tributária ocorre quando há o desaparecimento de um de seus elementos essenciais. E isso se dá no átimo em que é constituída a última norma individual e concreta do processo de positivação.

Contudo, pode ocorrer que no percurso do processo de positivação, surjam empecilhos que obstaculizem a edição de normas individuais e concretas de extinção do crédito tributário. Estamos falando da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, que será nosso próximo tema.

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