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2.3 Os agentes da Globalização (os governos mundiais) e a construção do discurso da

2.3.1 O Fórum Econômico Mundial

Um dos grandes agentes da Globalização é o Fórum Econômico Mundial – World Economic

Forum. Em seu caderno institucional (Anexo 08), esse Fórum se define como uma organização internacional independente, compromissada em melhorar o estado do mundo (Figura 02). Essa organização foi incorporada em 1971 como uma fundação sem fins lucrativos. Sediado em Genebra, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial afirma não estar preso a interesses políticos, partidários ou nacionais, embora declare, no mesmo documento, que é uma organização preocupada em melhorar o estado do mundo por meio do envolvimento de líderes empresariais, políticos, acadêmicos e outros membros da sociedade para estruturar agendas globais e regionais da indústria34. Nesse texto institucional, ainda podemos ler a Missão35 e a Visão36 da organização, respectivamente: Empreendedorismo no

34 The World Economic Forum is an independent international organization committed to improving the state

of the world by engaging business, political, academic and other leaders of society to shape global, regional and industry agendas. Incorporated as a not-for-profit foundation in 1971, and headquartered in Geneva, Switzerland, the Forum is tied to no political, partisan or national interests.

interesse público global e Catalisar e integrar os processos globais e regionais da indústria

como parceiro de confiança de nossos membros e constituintes.

Figura 02 – Logo e slogan do Fórum Econômico Mundial

Figura 01– Logo e slogan do Fórum Econômico Mundial

Fonte: Fórum Econômico Mundial

O Fórum Econômico Mundial é uma comunidade37 de comunidades. Por meio da construção de comunidades de interesse, essa organização promove a interação formal dessas comunidades, ligando-as a comunidades por objetivos. O Fórum administra formalmente trinta e oito comunidades entre empresas, governos e sociedade civil. Desde os Parceiros Estratégicos de empresas líderes do mundo que trabalham para a construção de uma plataforma múltipla até os Jovens Líderes Globais, Formadores Globais e Rede dos Conselhos de Agenda Global. Esse Fórum foi chamado de European Management até 1987, quando foi renomeado para World Economic Fórum, para refletir a expansão e a transformação de uma organização Europeia para uma organização verdadeiramente global. Antes disso, em 1973, no encontro de Davos, os participantes espontaneamente tiveram a iniciativa de redigir um

Código de Ética, baseado no conceito de partes interessadas de Klaus Schwab. O texto foi unanimemente aprovado na sessão final do Simpósio. Essa foi uma conquista singular para o

36 Our Vision: To catalyse and integrate global, regional and industry transformation processes as the trusted

partner of our Members and constituents.

Fórum, que desde o começo aderiu ao princípio de que não deveria agir advogando para nenhum grupo nem para expressar opiniões em nome de membros ou participantes. O que ficou conhecido como O Manifesto de Davos foi uma rara exceção para essa política (Figura 03).

Figura 03 – “Manifesto de Davos”, 1973.

Fonte: A partner in shaping history: the first 40 years – 1971-2010 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2009, p.15).

Como uma organização internacional com mais de quarenta anos de existência, vem ganhando força; essa força, expressa já no nome – Fórum Econômico Mundial (alcançando o mundo em seus interesses) – possibilita que as ações empreendidas sejam ações unificadoras, ajustadoras, modeladoras, formadoras. De acordo com o que se lê no documento de apresentação da instituição numa de suas brochuras, a interação promovida entre as comunidades leva a uma compreensão comum das questões e dos caminhos que levam às soluções.

A questão de um pensamento e de um entendimento únicos ainda é reforçada quando a organização afirma que todas as suas atividades são amarradas por uma única cultura combinada a uma comunidade global, a uma organização de serviço público, uma organização internacional, uma organização empresarial e uma instituição acadêmica. A ideia do único, da unificação, uma única cultura é muito presente e muito forte em seu caderno institucional. Ainda nesse caminho, o fundador e Presidente Executivo, Klaus Schwab, declara que o desafio mais significativo da liderança do Fórum ao longo de sua história tem sido o de misturar e equilibrar essas culturas para garantir que o que tem sido feito seja válido e valorizado por todas as partes interessadas. E a noção de unificação retorna ao texto do documento, pelas palavras do fundador: Nosso povo é o nosso bem mais forte, abraçando o

princípio “um Fórum, uma cultura, uma Missão”. Um, uma: a noção de unicidade

globalizada ou a noção da globalização das culturas, dos interesses, das soluções. Um único objetivo para diferentes nações, diferentes povos, diferentes economias, diferentes sociedades.

Essa tentativa de monologização, de unificação em detrimento da pluralidade, da multiplicidade de vozes; monologismo em vez de polifonia; uma só identidade em vez da multiplicidade de alteridades; formatação em vez de arestas; uníssono em vez de dissonâncias, etc. É o jogo de forças das ideologias oficiais e não-oficiais. É a luta da ideologia oficial – mais estável, mais enformada – e da ideologia do cotidiano – “mais sensível, compreensiva, nervosa e móvel” (BAKHTIN, 2009b, p.88). É a luta das forças de unificação, de modelação, de enformação dos interesses e das culturas – ideologia oficial – com as forças de ruptura – ideologia do cotidiano. “No seio da ideologia do cotidiano é que se acumulam aquelas contradições que, após atingirem certo limite, acabam explodindo o sistema da ideologia oficial” (BAKHTIN, 2009b, p.88). Se há toda uma organização internacional, há mais de quarenta anos, trabalhando pela unificação, pela não-contradição, pela limpeza dos conflitos e pelo direcionamento dos esforços para a conquista de um só objetivo, para a construção e

amarração de uma só cultura, para a consolidação de um estado mundial, há aí a oficialidade tentando minar as forças das contradições, das diferenças, das singularidades, das vozes que podem, “após atingirem certo limite”, explodir e extrapolar os limites da ideologia oficial.

Mas a ideia da unificação, da estabilidade, vai se construindo e se mostrando em vários momentos das apresentações e definições que o documento expressa. A limpeza, a assepsia, a ausência dos conflitos e das contradições vão emergindo. Na exposição sobre as comunidades componentes do Fórum – Governos, Empresas, Sociedade Civil, Comunidades Focadas no Futuro, Comunidades de Visão Estratégica –, entre as expressões empregadas para descrever as funções dessas diferentes comunidades, encontramos: [...] para discutir questões globais

num cenário neutro e não-partidário (Governos); [...] para encontrar soluções sustentáveis e

globais para melhorar o estado do mundo (Membros Fundadores – Empresas); Esses

parceiros acreditam no poder da interação de grupos com múltiplos interesses para impulsionar mudanças positivas (Parceiros Estratégicos – Empresas); [...] para ajudar a

conduzir mudanças positivas em todos os aspectos e se envolver em ações de apoio à cidadania corporativa global (Parceiros da Indústria – Empresas); [...] explora o papel da

religião para enfrentar os desafios críticos globais, fortalecendo a resiliência social e conduzindo a transformação social (A Comunidade dos Líderes da Fé – Sociedade Civil). Essas são expressões que permitem a construção de sentidos relacionados a uma vontade

global comum, um trabalho desinteressado, neutro, que inspira ações e mudanças positivas, de superação conjunta, entre outros sentidos que aqui poderíamos levantar.

Contudo, nesse mesmo trecho do documento, trecho esse em que se apresentam as comunidades constituintes do Fórum, também se leem as expressões: [...] trabalha em estreita

colaboração com o fórum para ajudar a moldar as agendas regionais e globais da indústria

(Parceiros Estratégicos – empresas); [...] com uma forte representação dos mercados

emergentes (Comunidade de empresas de Crescimento Global – Empresas); [...] 100 líderes e

formadores de opinião altamente influentes e respeitados extraídos de todas as plataformas de mídia que participam das atividades do Fórum (Conselho de Mídia Internacional – Sociedade Civil); [...] que carrega a promessa de ter um impacto significativo no modo como

os negócios e a sociedade operam (Pioneiros em Tecnologia – Comunidade Focada no Futuro); [...] para influenciar a agenda global e criar impacto positivo (Fórum dos Jovens Líderes Globais – Comunidades Focadas no Futuro). Compondo o mesmo discurso de apresentação do Fórum e suas comunidades, estão tais expressões, constituindo um perfil de

comunidade que ao mesmo tempo em que preza a neutralidade e o apartidarismo, quer

modelar soluções, agendas, conduzir tomadas de posição, formar opiniões. Entre outras questões, está a possibilidade de que a unificação, a monologização e as mudanças positivas expressas como intenções do Fórum o são de acordo com um ponto de vista, que é também uma tomada de posição do próprio Fórum Econômico Mundial enquanto organização, atendendo a interesses específicos dessas comunidades e dos representantes dessas comunidades e não a interesses globais. O global aqui é uma construção por meio da qual se trabalha para modelar, enformar vontades, necessidades, culturas, soluções, objetivos; o global é o espraiamento, o transbordar dos interesses dessas comunidades hegemônicas.

E esse jogo, essa luta, não é somente no campo do discurso. Todas essas concepções de unificação de culturas, de globalização de interesses e de objetivos, são concepções geradas por ações políticas, sociais, econômicas, entre outras, e geradoras delas também. O Fórum é um dos locais em que se decide sobre os melhores países em que investir, os países e as economias que apresentam maior segurança de retorno dos investimentos, quais são as principais necessidades para que os países passem a atender às exigências globais, ou aos índices de risco, ou às condições impostas globalmente para que se corresponda às expectativas e aos ditames de empresas e de instituições agentes da globalização e da mais- valia universal.

Para toda essa construção de instituição reguladora dos índices globais de desenvolvimento, são inúmeras as ações que produzem e reproduzem, produzindo e reproduzindo também uma determinada ordem das coisas. O Fórum Econômico Mundial publica uma série abrangente

de relatórios que analisam detalhadamente a ampla gama de questões globais que se debruçam sobre as partes interessadas, como parte de sua missão de melhorar o estado do mundo38. Um desses relatórios é um outro documento publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial que divulga, como parte de seu trabalho de empreender esforços para a construção de um estado global, os índices de competitividade de diversos países no mundo para, a partir desse estudo, propor políticas globais de avanço na classificação de acordo com os parâmetros construídos pelo próprio Fórum. Esse documento é o Relatório Global de Competitividade – The Global Competitiveness Report (Anexo 09).

Esse relatório traz a competitividade como um motor para a realização de mudanças e adequações por parte dos países para que alcancem os níveis propostos pelo próprio Fórum, a partir de estudos realizados por essa instituição para estabelecer, dentro dos limites e das necessidades do mundo globalizado, quais os pilares que possibilitam mensurar a capacidade competitiva de cada país, para que todos possam trabalhar e direcionar suas ações para esse sentido, na busca pela construção de planos de ações globais que possam unificar e moldar as condições globais para alcançar maiores índices de produtividade.

Em 1979, ano da primeira participação de uma delegação chinesa no Simpósio de Davos, foi publicado o primeiro Relatório de Competitividade da Indústria Europeia (Report on the

competitiveness of European Industry), relatório esse que mais tarde se tornou o Global

Competitiveness Report, baseado na definição inovadora de Schwab sobre a competitividade não somente da maneira tradicional de produtividade de trabalho ou de capital, mas também empregando um conjunto mais vasto de critérios e medidas. Na introdução desse primeiro relatório, lê-se:

Traditionally competitiveness is defined mainly in terms of the cost of production and productivity. However, we know today that many other elements come into play: the internal dynamism of a country, its socio- political consensus, the quality of its human resources, its commercial spirit, the manner in which it prepares for the future, etc. But competitiveness can also be influenced by factors as diverse as wage costs and the cost of social programmes, or the efficiency of telephone systems, or even the ability to speak foreign languages! For this reason, the present Report takes into account both quantifiable elements and subjective ones. The methodology employed provides for a combination of strict economic and statistical material with opinions obtained from corporate chief executives and from economic and social specialists throughout Europe. This was supplemented by the experience and knowledge acquired by the Forum’s staff during the past 10 years. (“Background Document Davos Symposium 1980”, Report on

the Competitiveness of European Industry 1979, European Management Forum).

Nesse documento, foram publicados dez fatores determinantes dos índices de competitividade: 1) dinamismo da economia; 2) eficácia da indústria e custo de produção; 3) dinâmicas de

mercado; 4) dinamismo financeiro; 5) recursos humanos; 6) o papel do Estado; 7) dimensão

infraestrutural; 8) orientação para o exterior; 9) orientação para avanços; e 10) consenso

sociopolítico e estabilidade. Esses fatores foram, nesse primeiro relatório que trata da competitividade, os que, como veremos adiante, mais tarde se transformaram nos pilares de medida ou de balizamento dos níveis de competitividade de diferentes nações e diferentes

economias no mundo.

Mais tarde, foram também publicados alguns documentos regionais sobre os níveis de competitividade, mas no Encontro Anual de 2001, as tarefas do Fórum para o futuro incluíam um relatório global de competitividade. Essa edição – The Global Competitiveness Report

2001-2002 – foi lançada como uma ferramenta de valor inestimável, identificando a

existência de impedimentos para o crescimento econômico e contribuindo, dessa forma, para a concepção de medidas políticas para remover tais obstáculos como uma pré-condição para o avanço do bem-estar humano em todo o mundo (WORLD ECONOMIC FORUM, 2002, p.7). O discurso da homogeneização dos avanços do bem-estar humano em todo o mundo reafirma a necessidade de remoção de obstáculos e impedimentos para o crescimento econômico. Lançado após os ataques terroristas aos Estados Unidos, o texto introdutório do documento afirma que este Relatório traz um pressuposto chave de que a integração

econômica global irá continuar nos próximos anos, apesar de choques como o horrendo ocorrido em 11 de setembro (WORLD ECONOMIC FORUM, 2002, p.7). A ideia de concessão expressa pela conjunção apesar nos permite observar a existência de duas ideias contraditórias: 1) a necessidade de continuação da integração econômica global; e 2) os choques causados pelos horrores de 11 de setembro. Contudo, o uso da conjunção apesar permite-nos construir um sentido de que os horrores causados pelos ataques de 11 de setembro não são suficientes para anular a necessidade de integração econômica global e que, em nome dela, é preciso superar esses horrores.

Diferentes vozes estão presentes nesse mesmo enunciado: as vozes que defendem a continuidade dos trabalhos na direção da integração econômica global e que desejam que os ataques aos Estados Unidos não interfiram nesse processo; e as vozes que lembram os horrores e a importância desses ataques. A escolha da composição desse enunciado, ligando as duas ideias por meio de uma conjunção concessiva (apesar) expressa que a primeira ideia [a necessidade de integração econômica global] tem mais força e mais peso na fala e na tomada de posição desse agente da globalização; diferentemente do que ocorreria caso essas duas ideias fossem ligadas por uma conjunção adversativa, por exemplo [este Relatório traz um pressuposto chave de que a integração econômica global deveria continuar nos próximos anos,

mas houve um choque como o horrendo ocorrido em 11 de setembro], que expressaria as mesmas duas ideias, contudo, a segunda [o choque de 11 de setembro] teria mais peso argumentativo no discurso.

A força e o peso da ideia da necessidade de manutenção dos esforços para a integração econômica global são refletidos e refratados no trecho mais adiante do mesmo Relatório: Na

verdade, nós consideramos os potenciais ganhos da globalização, se for bem administrada, tão vitais para o bem-estar mundial que apelamos à comunidade internacional para fazer tudo o que estiver ao alcance para preservar a paz e o aprofundamento das ligações econômicas em todo o mundo e para melhor garantir que esses ganhos sirvam para beneficiar todos os países ricos e pobres (WORLD ECONOMIC FORUM, 2002, p.16). A globalização e seus potenciais ganhos são vitais para o bem-estar social e é por isso que, segundo o Fórum Econômico Mundial, deve-se buscar o aprofundamento das ligações econômicas, apesar da tragédia. Aqui, o discurso da globalização como potencial promotora do bem-estar para todos (ricos e pobres) funciona como base, como justificativa para as ações propostas pelo Relatório Global de Competitividade e, ao mesmo tempo, como objetivo a ser alcançado (e bem administrado) também por todos na esfera global.

O Global Competitiveness Report vem estudando e aferindo os muitos fatores que ancoram a competitividade nacional. No relatório de 2013-2014, são apresentados os doze pilares que caracterizam o nível de competitividade de um país: 1. Instituições; 2. Infraestrutura; 3.

Ambiente macroeconômico; 4. Saúde e educação primária; 5. Educação superior e

treinamento; 6. Eficiência do mercado de bens; 7. Eficiência do mercado de trabalho; 8.

Desenvolvimento do mercado financeiro; 9. Prontidão tecnológica; 10. Tamanho do mercado; 11. Sofisticação dos negócios; e 12. Inovação39. Esses pilares são divididos em três categorias, de acordo com suas funções: Basic requirements subindex; Efficiency enhancers subindex; e

Innovation and sophistication factors subindex (Figura 04). Na primeira das três categorias –

Subíndice de Requerimentos Básicos –, encontram-se os quatro primeiros pilares [1.Instituições; 2. Infraestrutura; 3. Ambiente macroeconômico; 4. Saúde e educação

primária]. Na segunda categoria – Subíndice de potencializadores de eficiência –, estão outros seis pilares [5. Educação superior e treinamento; 6. Eficiência do mercado de produtos; 7. Eficiência do mercado de trabalho; 8. Desenvolvimento do mercado financeiro; 9.

Prontidão tecnológica; e 10. Tamanho do mercado]. Já a terceira categoria – Subíndice de

fatores de inovação e sofisticação – comporta os últimos dois pilares [11. Sofisticação dos negócios; e 12. Inovação].

Todos os pilares estão divididos em três categorias de acordo com estágios de desenvolvimento definidos por instituições econômicas globais, propagadoras desses índices e requisitos. O primeiro subíndice comporta requerimentos básicos para as factor-driven

economies, cujas bases dominantes de competitividade e vantagens são o baixo custo de mão- de-obra e produtos naturais não processados. Esse tipo de economia é tido como altamente sensível aos ciclos econômicos mundiais, aos preços de commodities e às flutuações nas taxas de câmbio. O segundo conjunto de pilares é característico das Efficiency-driven economies, que têm a base de vantagens advinda de produtos mais avançados e serviços mais eficientes. Nesse tipo de economia, há investimentos mais pesados em infraestrutura eficiente, administração governamental mais amigável aos negócios, fortes investimentos e incentivos, melhorando habilidades e garantindo melhor acesso a investimentos de capital, o que permite melhorias na produtividade. E o terceiro e último conjunto é ligado às Innovation-driven

economies, que já atingiram capacidade de gerar produtos e serviços inovadores na fronteira tecnológica global, utilizando os métodos mais avançados e com maior vantagem competitiva. Uma economia orientada para a inovação é caracterizada por produtores distintos e uma elevada participação dos serviços na economia e é bastante resistente a choques externos. Por essa divisão de categorias e pela alocação dos pilares medidores dos índices de competitividade de diferentes economias no nível global, é possível compreender parte do funcionamento desse discurso hegemônico da competitividade e do desenvolvimento: o índice global de competitividade vai criando estágios de desenvolvimento para as diferentes economias e estipulando estratégias para que as metas por eles estipuladas sejam buscadas por diferentes nações a fim de se alcançar níveis mais altos. É uma espécie de passo-a-passo para o enquadramento de diferentes tipos de economia aos níveis globalmente estipulados. A cama de Procusto globalizada e competitiva.

Figura 04 – Os doze pilares da competitividade global – World Economic Forum

Fonte: The Global Competitiveness Report 2013-2014 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2013-2014, p.9)

Nessa mesma edição do relatório Global de Competitividade [2013-2014], o Fórum Econômico Mundial define competitividade: Nós definimos competitividade como o conjunto

de instituições, políticas, e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. O nível de produtividade, por sua vez, define o nível de prosperidade que pode ser alcançado por uma economia. O nível de produtividade também determina as taxas de retorno obtido por investimentos numa economia, o que é fundamental para suas taxas de crescimento. Em outras palavras, uma economia mais competitiva é aquela que tem mais probabilidade de crescer rapidamente. O conceito de competitividade envolve, assim, componentes estáticos e dinâmicos. Embora a produtividade de um país determine sua capacidade de sustentar um alto nível de renda, ela é também um determinante central de retorno de investimento, que é