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Gestão de Risco

No documento Relatório Anual 5. l 05 (páginas 126-130)

Introdução 123 Organização da função de riscos 124 Análise do perfil global de risco 126 Risco de crédito 127 Risco de mercado 143 Risco operacional 154 Risco de reputação 159 Atividades de treinamento de Riscos 160

Gestão de

Risco

Introdução: princípios corporativos e principais ferramentas de gestão de risco

A gestão excelente de risco constitui um dos pilares básicos da estratégia do Grupo Santander como condição necessária para a criação de valor. Ao longo da sua trajetória, o Santander desenvolveu uma combinação de prudência (por exemplo, na dotação de provisões) com o uso de técnicas avançadas de gestão de risco, que demonstrou ser claramente eficiente na obtenção de resultados econômicos e na criação de valor para o acionista.

Esta prioridade pela qualidade do risco foi, e continua sendo, uma

característica diferencial da cultura e do estilo de gestão do Santander, que os mercados reconhecem com clareza e associam a uma vantagem competitiva. Por estes motivos, o Santander identifica-se totalmente com o Novo Acordo de Capital de Basiléia (BIS II), na medida em que manifesta e regulamenta as práticas mais avançadas da indústria. A entrada em vigor do referido Acordo de Capital vai além do mais, permitir ao Santander refletir, com mais ênfase e transparência, a sua pujança neste terreno e a sua capacidade para aplicar com êxito o sistema de Modelos Internos Avançados de risco e a sua adequada integração com a gestão global do Grupo. Nesse processo, realizaram-se avanços muito importantes ao longo do exercício de 2005. Dessa forma, o Santander não só se manterá em posições de liderança em termos de

gestão de risco, como também os próprios mercados, no âmbito do Pilar III de Basiléia II, terão ao seu dispor todos os elementos necessários para a sua melhor avaliação.

O Grupo Santander está investindo os esforços necessários em recursos humanos e tecnológicos para poder satisfazer os exigentes requisitos do Novo Acordo num prazo razoável, com o claro compromisso de continuar dedicando os recursos necessários para a sua posterior manutenção, estando certo dos resultados vantajosos que a sua prática continuará apresentando. A gestão de riscos no Grupo é inspirada nos princípios apresentados a seguir:

• Independência funcional com hierarquia compartilhada, de modo que os objetivos e a metodologia são estabelecidos na Divisão de Riscos, enquanto a estrutura organizacional se adapta à

estratégia comercial e à proximidade com o cliente, prevalecendo os critérios de qualidade de risco. • Capacidade executiva fundada no

conhecimento e proximidade com o cliente e decisões colegiais através dos correspondentes Comitês de Riscos.

• Alcance global da função (diferentes tipos de risco) e tratamento único do cliente (não admissão de riscos a partir de unidades diferentes), sem prejuízo de especializações por tipo de risco ou segmento de clientes. • Decisões colegiadas (inclusive a

partir da própria sucursal) que 122-160 Riesgos BR.qxd 4/7/06 12:57 Página 123

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assegurem contraste e que não comprometam os resultados por decisões unicamente individuais

• Perfil de riscos médio-baixo como objetivo, sem prejuízo do seu caráter previsível, o que implica consistência cultural com uma série de políticas e procedimentos, entre os quais se destacam os seguintes:

- Ênfase especial na função de acompanhamento de riscos para prevenir com a antecipação suficiente eventuais agravamentos.

- Diversificação do risco limitando, em geral, a quota do Grupo no endividamento que os clientes mantêm no sistema de crédito.

- Evitar a exposição com empresas de rating ou classificação considerada insuficiente, mesmo que exista a possibilidade de receber um prêmio de risco conseqüente com o rating interno.

Na gestão de riscos do Grupo está se utilizando, há alguns anos, uma série de técnicas e ferramentas, às quais se faz uma referência detalhada nas diversas seções deste capítulo. Entre elas se destacam, devido à anterioridade com que o Santander as implantou à época e pela sua atualidade de acordo com o BIS II, as seguintes:

• Ratings internos de ponderação qualitativa e quantitativa que, avaliando os diversos componentes por cliente e operação, permitam o cálculo, primeiramente, da probabilidade de falha e, posteriormente, em função dos estudos de gravidade, do prejuízo esperado.

• RORAC (rentabilidade ajustada ao risco), utilizando-se como ferramenta de pricing por operação (“bottom up”), bem como para a análise de carteiras e unidades (“top down”).

• Capital econômico estimado a partir da avaliação de todo o tipo de riscos, como referencial da gestão realizada e a rentabilidade obtida nos diversos “building blocks”, mas também nos processos de admissão e estabelecimento de limites nas pré-classificações globais dos grandes clientes. • "Value at Risk" como elemento de controle e fixação de

limites de risco de mercado das diferentes carteiras de negociação.

• “Stress testing” complementar das análises de risco de mercado e de crédito para efeitos de avaliação dos impactos de cenários alternativos, incluindo em provisões e capital.

1. Organização da função de riscos

Os órgãos de governo e a Alta Direção do Banco contam com o conhecimento e a experiência necessários para o desempenho das suas funções com a eficácia, a objetividade e a independência necessárias para supervisionar o

desenvolvimento da estratégia geral da Organização. A Alta Direção fixa os planos de negócio, supervisiona as decisões da atividade diária do negócio e garante a sua consistência com os objetivos e as políticas determinadas pelo Conselho. A Comissão Delegada de Riscos desenvolve, por delegação do Conselho de Administração, as seguintes funções:

• Estabelece as políticas de risco para o Grupo, de acordo com a Comissão Executiva do Conselho.

• Supervisiona se os níveis de risco assumidos, tanto globais como individualizados, cumprem os objetivos fixados. • Decide as operações acima dos poderes delegados aos

órgãos inferiores, assim como os limites globais de pré- classificações a favor de grupos econômicos ou em relação a exposições por tipos de riscos.

• Delega a outros Comitês de nível inferior poderes para a assunção de riscos.

• Recebe informação sobre os assuntos de importância que deve conhecer ou decidir.

• Revê sistematicamente exposições com os principais clientes, setores econômicos de atividade, áreas geográficas, tipos de risco etc.

• Conhece e supervisiona o cumprimento dos objetivos de risco, as ferramentas de gestão, iniciativas de melhoria, evolução de projetos e qualquer outra atividade relevante relacionada com a matéria.

• Conhece, valoriza e cumpre as observações e

recomendações que, por motivos diversos, elaboraram periodicamente as autoridades supervisoras no exercício da sua função.

• Supervisiona para que as ações do Grupo cumpram o nível de tolerância de risco previamente determinado. As atividades da Comissão Delegada de Riscos abrangem a totalidade dos diferentes tipos de risco: crédito, mercado, operacional, liquidez etc.

Os órgãos colegiados de decisão em matéria de riscos são as Comissões e Comitês que têm atribuições em matéria de decisão, controle e acompanhamento dos riscos de acordo com a seguinte relação hierarquizada.

Gestão de Risco

A Divisão de Riscos do Grupo depende diretamente do 3.º Vice-Presidente e Presidente da Comissão Delegada de Riscos.

A função de riscos tem um alcance global e execução multi-local que abrange as diferentes áreas geográficas em que o Grupo está presente.

A missão desta Divisão é preservar, em qualquer momento, a qualidade do risco, ao mesmo tempo em que presta um serviço ágil, eficaz e eficiente aos clientes.

A Divisão de Riscos do Grupo está organizada em duas Direções Gerais:

• Direção Geral de Riscos.

• Direção Geral de Controle Interno e Avaliação Integral do Risco.

A Direção Geral de Riscos encarrega-se das funções executivas da gestão de riscos de crédito e financeiros, estando adaptada à estrutura do negócio, tanto pelo tipo de cliente como pela atividade e geografia (visão

global/visão local).

Desta forma potencializa-se a sua capacidade de

antecipação face a variações das condições financeiras de um cliente ou do mercado, preservando a qualidade ou os padrões de risco do Grupo e promovendo uma atividade de gestão dinâmica e integrada. De forma complementar, sob a mesma Direção Geral, existe uma área que zela pela utilização das melhores práticas em medição e ferramentas com vistas a possibilitar uma melhor oferta de produtos complexos, assim como uma melhor análise de riscos.

De acordo com o anteriormente referido, os seus objetivos são os seguintes:

• Colaborar com a Alta Direção na definição do nível de tolerância do risco.

• Aplicar as políticas de risco, comunicá-las às áreas de negócio, facilitar o seu entendimento e vigiar o seu cumprimento.

• Informar as exposições de risco e garantir que estejam em consonância com os objetivos estabelecidos. Para isso, a segmentação constitui um dos pilares fundamentais da função de Riscos, visto que permite classificar o risco com base em determinados critérios para realizar uma gestão eficiente, segundo, por sua vez, os seguintes objetivos:

• Analisar o risco de modo diferente de acordo com a sua tipologia.

• Avaliar os melhores rendas e os riscos da instituição. • Tomar decisões com informação mais adequada. E, de acordo com as seguintes visões de segmentação: • Geográfica • Setores • Negócio • Produtos • Atividade • Cliente

Âmbito Nível Hierárquico Denominação

Âmbito Centralizado Executivo Comissão Executiva

Comissão Delegada de Riscos

Divisão de Riscos Comitê de Direção de Riscos

Comitê Global da Direção Geral de Riscos Comitê Permanente de Riscos

Áreas e Departamentos Comitê Global de Riscos do Banco de Grandes

dependentes da Divisão Clientes Global

de Riscos Comitê Global de Riscos do Banco de Empresas

Comitê Global de Riscos Padronizados Comitê Global de Riscos Financeiros

Âmbito Descentralizado Comitê de Unidades Comitê de Riscos nos Bancos do Grupo/Países

Comitê de Riscos em sucursais do exterior Comitê de Riscos nas Territoriais ou em Unidades de Negócio

Outros Comitês

Em termos organizacionais, a Direção Geral de Riscos distribui as suas funções entre as seguintes áreas: • Planificação e Projetos

• Áreas de Clientes

- Riscos Banco de Grandes Clientes e Empresas - Riscos Padronizados

- Recuperações

• Áreas de Controle e Acompanhamento - Investimento de Crédito

- Riscos de Grandes Clientes - Riscos Financeiros

• Análise quantitativa e infra-estrutura

Por sua vez, na Direção-Geral de Controle Interno e Avaliação Integral do Risco incidem as responsabilidades e funções próprias de uma unidade independente que, em consonância com o estabelecido no Novo Acordo de Capital de Basiléia (BIS II) e como equipe especialista no referido acordo, ocupa-se do controle e avaliação do risco nas suas diferentes dimensões, com as seguintes

incumbências específicas referidas ao conjunto do Grupo: • Validação quantitativa dos modelos internos de risco. • Validação qualitativa dos sistemas de qualificação,

processos internos e tratamento de dados para avaliar a idoneidade e adequação aos requisitos dos modelos internos, segundo as normas fixadas pelo Basiléia II e legislação aplicável.

• Cálculo dos parâmetros internos relativos ao capital econômico e regulatório (Pilar I).

• Suporte metodológico em tudo o que se relaciona com o Basiléia II às unidades do Grupo.

• Medição, controle e acompanhamento do Risco Operacional do Grupo.

• Cumprimento dos requisitos estabelecidos pelo BIS II que estabelece os Pilares II e III (Relatório do Conselho de Administração, agências de rating, analistas etc.). • Coordenação e acompanhamento do cumprimento das

recomendações estabelecidas por organismos reguladores e auditores em matéria de riscos. Ambas as direções estão sob a dependência direta do responsável pela Divisão de Riscos e 3.º Vice-Presidente do Grupo, o que garante o funcionamento dos mecanismos adequados de coordenação.

2. Análise do perfil global de risco

O perfil de risco assumido pelo Grupo em 31 de dezembro de 2005 no conjunto das suas atividades, medido em termos de capital econômico, segundo distribuição por tipos de risco e por unidades de negócio, está refletido nos quadros seguintes:

Por tipos de risco, a exposição de crédito continua sendo a principal fonte de risco do Grupo com um consumo de 55% do capital econômico global. O risco de mercado das participações de renda variável é o segundo em

importância, ascendendo a 11% do total (23% em 2004), enquanto o das posições de trading é de 8%. O restante dos riscos (entre os quais se inclui pela primeira vez o risco do negócio de seguros do Abbey) representa outros 26%. O Santander vem utilizando, desde 2003, o Marco Integral de Riscos (MIR), como ferramenta para a quantificação, agregação e atribuição do capital econômico e para a medição da rentabilidade ajustada ao risco do Grupo e das suas principais unidades de negócio.

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