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PARTE II DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

DIGITAL DUPLA 4 DIGITALDUPLA

6. ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.5. Grupo focal e entrevistas

6.5.1. Grupo focal no experimento piloto

O grupo focal foi realizado com os oito participantes das etapas de estudo/interação do conteúdo e da avaliação de compreensão. Nele, os alunos responderam algumas questões relativas a utilização de OEDs e demais recursos digitais no contexto escolar (anexo I). Neste primeiro momento foram estabelecidos três pontos de referência para as perguntas: questões referentes ao artefato impresso, ao artefato digital e pedagógicas.

A seguir são conferidas as respostas para cada um dos três tipos de questões: Questões referentes ao artefato impresso

As opiniões ficaram divididas quando os participantes foram questionados sobre em qual dos dois artefatos eles gostaram mais de trabalhar (impresso ou digital). Um dos alunos mencionou a perda de concentração e até problemas de experiência do usuário ao se trabalhar com os recursos digitais disponibilizados. Insistiu que seu foco é aumentado quando o estudo se realiza no livro impresso, de acordo com a passagem:

Geralmente eu prefiro trabalhar com material impresso porque eu me concentro mais. Até quando eu vou ler mesmo, livro literário e tal, eu prefiro o impresso porque eu acompanho com meu dedo e não perco a linha, e fico mais concentrada também. Eu acho que se tu notar nas gravações eu estou mais concentrada nesse aqui (impresso). Também não sei se foi porque eu senti mais dificuldade no assunto que eu vi lá (computador), entendeu? Eu acho que vendo no livro ou no computador eu sentiria a mesma dificuldade, só que ali o zoom estava bugado, não dava para aumentar. Aí eu fiquei... “calma: deixa eu dar uma olhada”. Aí no final eu fiquei meio estressada. ENTREVISTADO 4. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016]. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Outra aluna destacou que só conseguiu visualizar a situação a que se propunha o assunto ao praticar o jogo, que foi capaz de elucidar alguns pontos que até então não lhe pareciam claros:

Depois que terminou a parte de torque que eu entendi o assunto no computador. Por mais difícil que tenha sido entender, visualizar... eu consegui entender o assunto, mas só me dei conta disso quando fui fazer o joguinho. A parte de joguinho foi muito essencial! ENTREVISTADA 8. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Pensamento contemplado por outro aluno que vê nas situações práticas uma boa maneira de demonstrar conceitos mais ou menos complexos quando comparadas com um texto ou cálculos fora de contexto:

Você está estudando, você estuda, tudo bem, mas você não tem aquela coisa da prática, sabe? É aquela coisa mecânica de você pega uma questão, e você resolve num instante. Faz uma conta e “puff, resolvi”. Com o jogo você vai ganhando prática, sabe? A partir do momento que você vai passando dos níveis, você vai... “Eita!” (risos de satisfação por passar de nível). ENTREVISTADO 6. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Para outro aluno não existe a circunstância de um tipo de artefato ser melhor de se trabalhar que o outro, e sim uma complementaridade entre eles: “Não é que um seja melhor que o outro ou que suprima o outro. Ou que coloque o outro para baixo. Os dois se completam”.

Outro ponto levantado é que, independente do suporte (digital ou impresso), o problema estava concentrado em outra variável: a qualidade do livro, como destaca um dos participantes:

Desconsiderando que o livro, eu não entendi mesmo, não sei se porque ficou mal representado, ou porque... eu não entendi mesmo... eu gostei dos dois. ENTREVISTADO 6. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Mesmo ponto defendido por outros alunos nas passagens: “É que eu sou suspeita porque eu não gosto muito daquele nosso livro de Física”; ou “ Eu acho ele o pior livro que eu já tive na minha vida”. A insatisfação com a abordagem dos autores no livro disponibilizado pelo colégio é comum também ao professor que utiliza outros materiais para repassar com maior precisão os assuntos de física.

Questões referentes ao artefato digital

Ao utilizar o hiperlivro os alunos relataram as dificuldades encontradas na ferramenta de zoom e as tentativas de resolver o problema: “a parte de dar zoom, não dar zoom. Aí apertava “Ctrl+” para poder aumentar”. E por fim a desistência para que pudessem seguir com o estudo: “É que a gente estava mais preocupado com o tempo, entendeu? Aí ‘vamos ler assim mesmo’ (gesto de aproximação do rosto a tela do computador). Ficou meio corrido o tempo”.

Quanto aos OEDs presentes houve o relato da leitura total do seu tutorial, apresentado logo na abertura do objeto, e ainda da importância dos objetos para contextualizar situações reais do cotidiano geralmente inviáveis do ponto de vista prático, como demonstra o seguinte trecho do grupo focal:

E7: Mas quando não se tem recurso, sei lá, para se ter uma barrinha daquela, metrada e tudo mais aí o joguinho é bom.

E8: O joguinho é muito bom.

E2: E também a praticidade dele. Muito mais fácil de você mostrar. Vamos dizer que você só tem aquilo: você pode projetar no caso e mostrar para a turma como é que é…

E8: Essa parte de simulações ajuda bastante.

E2: Ajuda muito pelo fato de você visualizar como aquilo se dá, porque muitas vezes o livro traz.. ele mostra.. faz um recorte da situação. Mostra já o início, o meio e o fim e você tem que construir aquilo.

E1: O movimento você não consegue abstrair num livro, que é passo-a-passo. No jogo é o contrário.

Segundo os depoimentos, apesar de encontrar problemas referentes à usabilidade do artefato (zoom e clicar/arrastar) a dificuldade estava no livro em si: a maneira como os temas estão organizados e são explicados. A forma resumida como se apresentam é mais conveniente ao alunos para um estudo rápido, preferencialmente antes de alguma prova ou trabalho. Essa forma condensada submete os estudantes a procurarem outras formas de estudo, seja por meio de outros livros impressos ou mesmo videoaulas.

Questões pedagógicas

Dentre os pontos verificados nessas questões estão as motivações dos alunos ao realizarem o experimento, comumente associadas à ajuda ao pesquisador e à pesquisa, como indica a passagem retirada do grupo focal (anexo VI): “O meu sentimento foi mais uma motivação de ajudar. De ajudar o projeto, sabe? De ajudar a pesquisa”. No entanto, houve também relatos sobre aspectos positivos relativos a eles mesmos, visto que o conteúdo ainda seria visto em sala de aula, assumindo-o não mais como novidade. É o que indica a fala: “gente, vê o lado positivo: quando a gente tiver esse assunto em sala de aula vai ser bem mais fácil...”. Além disso há o fato do experimento ter sido realizado em duplas, havendo debates e retirando-se dúvidas que surgiram nas discussões: “eu acho que você se sente mais motivado em fazer, entendeu? Porque é um desafio em conjunto. Se eu desafio sozinho às vezes dá preguiça”.

Há ainda o reconhecimento da utilidade dos livros digitais, especialmente quando existem outros fatores que impedem um estudo mais aprofundado de determinado assunto (qualidade didática do livro, impossibilidade de acesso a outros materiais impressos, etc.). Além disso, o reconhecimento de que recursos digitais são úteis especialmente em sala de aula, visto que fora dela, quando encontrados online, podem causar dispersão ao competir com redes sociais ou outros atrativos que os alunos julguem mais interessantes.

Em casa, realmente, é muito mais fácil você se distrair em casa. Mas assim, em sala, uma plataforma digital dessa iria ser de uma ajuda muito grande na apresentação do assunto, em fazer a turma compreender mais rápido. ENTREVISTADO 2. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Com base ainda nas contribuições dos recursos digitais os alunos foram indagados sobre aqueles objetos que poderiam ser mais e melhor utilizados, sendo citados vídeos e simulações pela aproximação com situações do cotidiano e pela ludicidade no modo como são expostos, como indica o seguinte trecho do grupo focal:

Todo tipo de coisa que tornasse mais lúdica a apresentação do conteúdo. Porque às vezes ela se torna meio que... muito de reprodução mesmo. Que você está li, joga no quadro e copia aquilo. E isso, sei lá, desestimula muita gente que acaba não gostando da matéria por conta disso e quem não entende fica muito confuso, sabe? E não ajuda. ENTREVISTADO 2. Transcrição do grupo focal (experimento piloto). out. 2016. Entrevistador: Gregorio Bacelar Lameira. Recife, 2016. A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no Anexo VI desta dissertação.

Em relação às disciplinas que poderiam se apropriar com maior diligência aos objetos de aprendizagem, as mais citadas foram as de química e biologia, por precisarem de uma ilustração maior de seus temas visto que ainda há uma separação da vida real com aquilo que é observado na teoria dos livros didáticos, com associações que nem sempre parecem perceptíveis à totalidade dos alunos.