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PARTE II DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

271Capítulo 10 • Estática dos corpos rígidos – Máquinas simples

4.5.2. Sistema de atividade

Assim como aconteceu nas análises a partir dos níveis de atividade, no sistema proposto na segunda geração da Teoria da Atividade, foram identificados apenas os elementos presentes nas duas primeiras etapas do experimento: leitura do material (nos livros digital e impresso) e avaliação de compreensão.

O foco no contexto onde a atividade é realizada é fator determinante para a verificação de eventuais contradições, influenciando, neste caso, na compreensão. Como mencionado anteriormente, durante a explicação do diagrama proposto por Engeström, quando o instrumento utilizado passa a se comportar de modo distinto daquilo que se havia planejado, oportunizando o aparecimento de operações inadequadas ou fazendo dessas o próprio objeto da ação, temos os breakdowns. Isso ficou evidente, por exemplo, no uso do livro digital, pois a explicitação do uso de alguns de seus recursos influenciaram no modo como os alunos leram ou entenderam o conteúdo.

Optou-se por separar a atividade em dois diagramas: da leitura do conteúdo no livro impresso e daquela no livro digital. Isso objetiva compreender os resultados verificados nas avaliações de compreensão com base no assunto/artefato utilizado para estudá-lo. Dessa forma, o objeto da atividade se modifica a partir do dispositivo.

Cabe ressaltar que foi dada oportunidade a todos de realizarem a leitura dos materiais nos dois tipos de artefatos, variando apenas os assuntos, embora complementares, e os tipos de objetos educacionais digitais ali presentes (jogo e infográfico).

A seguir são apresentados os elementos identificados na atividade a partir da leitura do conteúdo disponível no livro impresso inseridos no diagrama de Engeström.

Figura 24 - Diagrama de Engeström (1987) com base no estudo do livro impresso.

Ferramentas

Sujeitos

Regras sociais Comunidade Divisão do trabalho Objeto Resultado - Livro impresso; - câmeras; - bancadas; - cadeiras; - quadro; - ficha de avaliação. 8 alunos do 1º ano do ensino médio com 15 e 16 anos.

- Atenção à explicação das etapas do experimento; - Cumprimento no tempo previsto; - Discussão sobre os temas durante a leitura; - Desenvolvimento das etapas propostas; - Entrega da avaliação após a sua conclusão.

- Alunos; - Pesquisador; - Professor.

- Pesquisador:

. explicação sobre a dinâmica do experimento; . filmagem e captura das telas;

. verificação do tempo es�mado. - Alunos:

. atenção/par�cipação;

. estudo/interação e cumprimento da avaliação. - Professor:

. auxílio ao pesquisador quanto à infraestrutura. Leitura e compreensão

dos conteúdos a par�r do livro impresso

- Cumprimento do experimento;

- Resultado sa�sfatório na avaliação de aprendizagem.

Fonte: do autor

Algumas tensões são percebidas em três pontos do diagrama: ferramentas, regras sociais e divisão do trabalho. Dentre as ferramentas, o próprio livro utilizado para o estudo é destacado como problemático pelos participantes. Seu conteúdo, segundo eles, é resumido, sendo necessário complementar com outros materiais para um pleno entendimento dos assuntos. Além disso, a forma como está diagramado (posicionamento de imagens, textos, fórmulas e esquemas) confunde o leitor. Com os assuntos propostos no experimento não foi diferente: houve reclamações quanto ao modo como as explicações são conduzidas, tendo o usuário de ir e vir às imagens e esquemas para poder associá-los ao conteúdo. As demais ferramentas lhes serviram como artefatos facilitadores, ou seja, permitiram boas condições para a realização da atividade. A única exceção, neste caso, são as câmeras que tiveram o intuito de colaborar com a observação do pesquisador, não havendo qualquer interação direta entre os participantes e elas, embora houvesse o conhecimento acerca da filmagem da atividade.

Dentre as regras sociais, apenas uma chama a atenção por ter sido parcialmente prejudicada: a do cumprimento da atividade no tempo previsto. Isso porque, como veremos nos elementos no diagrama referentes à leitura do material digital, uma das duplas que utilizou os computadores teve problemas após um desligamento repentino do dispositivo, atrasando os demais alunos. Com isso, todos saíram levemente prejudicados, visto que a proposta inicial era a de que as duas duplas que começaram juntas o experimento com os computadores também iniciassem ao mesmo tempo a etapa de estudo com o livro impresso, sendo a recíproca verdadeira para as duplas que iniciaram com o livro impresso, e posteriormente a avaliação.

Por último, na divisão do trabalho, houve problemas no que tange as responsabilidades do pesquisador. Filmagem e captura de movimentos em tela foram dois fatores que fizeram parte desses problemas: não havia suporte para câmeras, tendo uma delas limite de duração para gravações, sendo reiniciadas a cada dez minutos; e grande parte das capturas foi perdida devido a problemas técnicos dos computadores, restando apenas aquelas realizadas no computador do pesquisador, utilizado para eventuais emergências (que de fato ocorreram). A adequação do novo dispositivo influenciou na sua segunda responsabilidade: a verificação do tempo, havendo atraso quanto ao horário de término previsto. Cabe ressaltar que ao contrário das tensões observadas na filmagem e captura de movimentos em tela, a verificação do tempo teve influência direta sobre os alunos: muitos pais apareceram junto ao laboratório de informática a fim de pressionar o término do experimento.

A seguir apresentam-se os elementos identificados na atividade a partir da leitura do conteúdo disponível no livro digital enriquecidos com objetos educacionais digitais inseridos no diagrama de Engeström.

Figura 25 - Diagrama de Engeström (1987) com base no estudo do livro digital.

Ferramentas

Sujeitos

Regras sociais Comunidade Divisão do trabalho Objeto Resultado - Computadores; - livro digital - OEDs; - internet; - mouses; - câmeras; - bancadas; - cadeiras; - quadro; - ficha de avaliação. 8 alunos do 1º ano do ensino médio com 15 e 16 anos.

- Atenção à explicação das etapas do experimento; - Cumprimento no tempo previsto; - Discussão sobre os temas durante a leitura; - Leitura das instruções do OED; - Execução completa do OED; - Desenvolvimento das etapas propostas; - Entrega da avaliação após a sua conclusão.

- Alunos; - Pesquisador; - Professor.

- Pesquisador:

. explicação sobre a dinâmica do experimento; . filmagem e captura das telas;

. verificação do tempo es�mado. - Alunos:

. atenção/par�cipação;

. estudo/interação e cumprimento da avaliação. - Professor:

. auxílio ao pesquisador quanto à infraestrutura. Leitura e compreensão

dos conteúdos a par�r do livro digital

- Cumprimento do experimento; - Bom resultado na avaliação de aprendizagem.

Fonte: do autor

As mesmas tensões, e suas respectivas justificativas, percebidas nos elementos que constituem o diagrama de Engeström para o livro impresso (ferramentas, regras sociais e divisão do trabalho) são também observadas no estudo com o livro digital. A adição de objetos educacionais digitais fez despontar novas regras sociais, além de estarem inseridos no contexto de ferramentas junto ao livro digital e computadores, seus dispositivos de suporte. O hiperlivro, aliás, mostrou-se ainda mais problemático que o livro impresso aos usuários por seus aspectos de interação, especialmente na questão do zoom, mencionada no tópico dos níveis de atividade. No entanto, os objetos educacionais digitais, por estarem separados em uma nova aba do navegador, tendo em sua estrutura instruções de como utilizá-lo e aspectos lúdicos (no caso do jogo) e de informação não-linear (no caso do infográfico), fez-se agente diferenciador na atividade, capaz de ter influenciado nos resultados das avaliações.

No próximo tópico são apresentados outros detalhes acerca dos dados coletados nas avaliações de compreensão com base nos dispositivos utilizados para o estudo.