• Nenhum resultado encontrado

Márcio Costa

Tânia Cristina Chiarello

1 INTRODUÇÃO

Muito tem se falado em desenvolvimento sustentável e atividades sociais, contudo, essas campanhas são recentes, desencadeadas pela falta de conscientização global, que geraram pegadas ecológicas no planeta. Entidades vêm efetuando essas campanhas que têm sido apresentadas anualmente à sociedade por meio dos Balanços Sociais, que são demonstrativos de dados da empresa com relação a seus projetos sociais, educacionais, ambientais, dentre outros.

A Organização das Nações Unidas (ONU), lançou no ano de 2015 a “Agenda 2030” objetivando campanhas de desenvolvimento

sustentável. Referido programa é constituído de 17 objetivos relacionados às pessoas, ao planeta e à prosperidade.

Buscou-se, nesse estudo, historicamente apresentar a origem dos problemas que culminaram na elaboração da “Agenda 2030”, relacionando com sua adesão na atualidade por grandes entidades, em especial a Petrobras S/A.”, que é uma estatal brasileira de economia mista, que explora os setores de petróleo, gás, energia e biocombustível e tem grande impacto sob a sociedade.

2 DISCUSSÕES

Constantemente, cientistas e especialistas alertam e chamam atenção para que se busque o desenvolvimento sustentável, mostrando que a preservação dos recursos naturais é essencial para que o planeta não entre com colapso. A origem dessa preocupação, remete-se ao final do século XVIII, mais precisamente na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, período que ocorreram

grandes mudanças econômicas e sociais.

A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra e expandiu-se pela Europa, Ásia e EUA, trazendo avanços nos meios de produção, tecnologia, transporte e comunicação. Com o consumo excessivo de bens e produtos, houve a necessidade de expandir a capacidade produtiva das indústrias, que passaram a retirar da natureza

a matéria prima de forma agressiva, desconsiderando a degradação dos recursos naturais, sem qualquer tipo de controle ou penalização (MANSANO, 2018).

Acontece que paralelamente à expansão industrial e ao aumento do consumo nasceu o sistema capitalista que se sustentou como sistema econômico e cristalizou a crescente degradação ambiental em várias partes do globo (REGO, 2013).

Apesar dos danos causados ao meio ambiente, pouco se falava em desenvolvimento sustentável. Apenas nos anos 1950, após desastres e o boom do consumismo americano nos anos 1960, é que de fato a população começou a ter um olhar crítico sobre o tema; portanto, desde a Revolução Industrial até os anos 1960 foram mais de cem anos de degradação do meio ambiente, e ainda hoje, o tema é tratado, de certa forma, com displicência por diversos setores da economia e por certos políticos.

Pensando nisso, a ONU (2015) criou a “Agenda 2030”, que apresenta planos de ação para transformar o planeta Terra com desenvolvimento sustentável e estipulou metas a serem cumpridas por todos os países, de forma colaborativa, até o ano de 2030, das quais destacam-se: a erradicação da pobreza, educação de qualidades, igualdade de gênero, saneamento básico, energia limpa, cidades sustentáveis, consumo e produção responsável, proteção do meio ambiente e paz, justiça e instituições eficazes.

Como fundador da ONU, o Brasil deve de forma especial, mostrar seus esforços para cumprimento dos objetivos, e assim, a adesão pelas grandes entidades se torna de suma importância. A estatal Petrobras S.A., disponibilizou seu Balanço Social de 2017, do qual, é possível observar diversas atividades conforme analisado a seguir.

A estatal investiu no referido ano cerca de R$ 142 milhões em projetos socioambientais, culturais e esportivos, buscando atuar de forma mais sustentável e apoiar o desenvolvimento das comunidades, participar de projetos que colaboram com a proteção do meio ambiente (PETROBRAS, 2017).

Nessa mesma linha de pensamento o fundador do Instituto Ethos, Emerson Kapaz, em entrevista para Mendonça (2004, s.p.), elenca que:

Responsabilidade Social nas empresas significa uma visão empreendedora mais preocupada com o entorno social em que a empresa está inserida, ou seja, sem deixar de se preocupar com a necessidade de geração de lucro, mas colocando-o não como um fim em si mesmo, mas sim como um meio para se atingir um desenvolvimento sustentável e com mais qualidade de vida.

Portanto, é possível afirmar que o desenvolvimento sustentável é uma postura ética e moral que visa assumir a responsabilidade de melhoria de seus colaboradores, familiares e toda comunidade onde a empresa é inserida.

Com relação ao 4º objetivo da Agenda 2030 – Educação de Qualidade –, observou-se que a Petrobras S/A possui campanhas de treinamento para seu pessoal, a fim de que estejam em constante atualização e que o processo seja eficaz, além de melhorar a mão de obra como um todo. Considerando valores, no ano de 2017, foram investidos R$ 33,15 milhões na capacitação do pessoal.

A transição para uma economia de baixo carbono está ligada ao 12º objetivo da Agenda 2030 – Consumo e Produção responsáveis – e a Petrobras S/A, em seu plano de negócio (2018- 2022) pretende concretizar a transição para uma economia de baixo carbono, tendo como estratégia realizar investimentos em novas tecnologias por meio de start-ups, passando por três pontos principais: a redução na emissão de carbono; o investimento e promoção de novas tecnologias para reduzir o impacto nas mudanças climáticas; e o desenvolvimento de negócios de alto valor de energia renovável.

Outro objetivo da Petrobras S/A é alcançar a igualdade de gênero, relacionado ao 5º objetivo da Agenda 2030. No entanto, vemos que a ONU busca empoderar as mulheres e meninas, contudo, investigou-se a estatal brasileira e foi auferido as diferenças de ocupação entre cargos de homens e mulheres. Vale destacar que a Petrobras

é uma entidade pública, portanto, a seleção é realizada por meio de seleção pública, onde as bases salariais são iguais de homens e mulheres.

O efetivo da Petrobras é composto por 74.279 funcionários nos cargos de nível médio e superior, destes, apenas 7% são ocupados por mulheres nos níveis médio e 9% nos de nível superior. Já em cargos de gerência o efetivo é de 12.136 funcionários e a situação melhora um

pouco, chegando a 18% na função de Especialista e Gerencial e 8% na função Supervisão. Portanto, fica claro que as mulheres ocupam uma fração muito pequena dentro da Petrobras.

Quando comparado os dados da Petrobras com outros órgãos públicos, identificamos a disparidade que existe entre cargos ocupados por mulheres em relação aos homens. Como apresentado no Gráfico 01

.

Gráfico 01: Participação da mulher Fonte: o Globo Economia, (2017)

Considerando o balanço social da Petrobras S/A, é possível identificar que os investimentos em projetos socioambientais, culturais e esportivos apresentaram cortes

relevantes, cerca de 70% a menos em relação à 2016, e comparado à 2013, o corte foi de 448%, ou seja, 4,5 vezes a menos.

Gráfico 02: Balanço Social Petrobras – Sustentabilidade Fonte: Petrobras, (2017, p. 5)

Sendo assim, o discurso do seu então presidente cai em contradição quando afirma a

importância dos investimentos ao mesmo tempo que a estatal realiza cortes significativos na área.

779 693 496 241 142 0 500 1000 2013 2014 2015 2016 2017

Investimento em projetos socioambientais,