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1 INTRODUÇÃO

O suicídio no ambiente acadêmico vem se tornando um assunto comum, provocado por diversos fatores como estresse, ansiedade, pressão do cotidiano, relações interpessoais e principalmente a depressão (GIJZEN, et. al 2018). Independentemente do local onde ocorra, os relatos dos suicídios demonstram ser mais apresentados nas mídias sociais (facebook, blogs, dentre outros), sendo pouco mencionados em mídias jornalísticas.

O modelo de exibição de tais notícias/informações escolhido pelas mídias é capaz de gerar uma epidemia de suicídios (por exemplo o jogo Baleia Azul); e, em outros casos, pode estimular a busca por auxílio psicológico. No mundo há diversas diretrizes que foram elaboradas para direcionar a mídia sobre as melhores maneiras de divulgação concernente ao assunto (SINYOR et. al, 2018).

Muitos casos de suicídio se mantêm omissos pela preferência da família, pelos seus conceitos religiosos/morais e pela privacidade emocional dos relacionados (DUTRA, 2012). Entretanto, os sub-registros referentes às tentativas de suicídio (TS) indicam que em diversas vezes isso ocorre por meio de ingestão de

medicamentos ou de pesticidas, que corresponde a uma alternativa indolor, ocorrendo com maior frequência. Tais fatos facilitam a divulgação das mídias jornalísticas, podendo estes apresentar o assunto de forma sensacionalista ou não, o que ocasiona concepções incertas e subjetivas perante tais relatos (SINYOR et. al, 2018).

Relatos sobre suicídio entre adolescentes e jovens apontam maior relação com altos níveis de depressão e desesperança na adolescência (BORGES, 2006, apud DUTRA, 2012). Nesse sentido, jovens acadêmicos possuem diversos fatores associados à saúde mental desequilibrada que corroboram para uma performance acadêmica insatisfatória. Considerando também a busca pelo consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas, assim como, a elevação da ingestão de medicamentos por indicação médica (anfetaminas e benzodiazepínicos) próximo ao período de formação, pois o alto nível de estresse e ansiedade são alguns aspectos que podem induzir os mesmos à TS (CHAVES, 2015, apud ARAÚJO, 2017).

Outro aspecto relevante, segundo Dutra (2012), é o período de transição, isto é, sair da casa dos pais para encarar a vida acadêmica. A mudança abrupta pode provocar o desequilíbrio

emocional o que possibilita o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Afastar-se da família com pretensão de estudar em um ambiente não familiarizado pode levar à depressão e elevados níveis de angústia.

Sob esta perspectiva, é fundamental manter um acompanhamento sobre o estado emocional e psicológico dos alunos nas universidades (DUTRA, 2012). Portanto, o

objetivo desse trabalho é relatar estratégias, na área da educação, para lidar com alunos em estado de sofrimento psíquico/emocional, visando evitar o desenvolvimento de transtornos psicológicos e a ocorrência da TS. Como método, buscou-se na literatura nacional e internacional artigos e/ou teses/dissertações que abordassem sobre o assunto.

2 DISCUSSÕES

Para a população mundial o suicídio se tornou um assunto em pauta e formas preventivas de abordar o assunto vêm sido discutidas. De acordo com Muller (2017) mais de 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo; nesse cenário o Brasil ocupa a oitava posição no ranking de países com altos índices de suicídio.

Há pouco tempo, o Ministério da Saúde apresentou uma nota em que o sul do país apresentava o maior número de TS (DUTRA, 2012). Entretanto, é possível trabalhar para a diminuição desta medida identificando que o suicídio não se resume apenas em causar a própria morte, mas em matar o sofrimento. Identifica-se a necessidade de constatar estratégias em abordagem pluricultural, a fim de que estejam introduzidas na sociedade para a diminuição desses índices elevados (ARAÚJO, 2017; MULLER, 2017).

Nessa linha, é necessário focar em diminuir o número de suicídios e acompanhar o progresso dos planos de ação apresentados (MULLER, 2017). Contudo, apesar das campanhas contra estereótipos, divisão de classes, gêneros e entre outros, o número de suicídio vem aumentando no país. Dados mostram que adolescentes e adultos jovens entre 15 e 29 demonstram maior propensão ao suicídio, principalmente estudantes e acadêmicos com algum transtorno mental (CREMASCO; BAPTISTA, 2017; MULLER, 2017).

Em 2006, como intervenção, o Ministério da Saúde desenvolveu o ‘Manual de Prevenção de Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental’ com o intuito de

identificar, de maneira antecipada, aspectos relacionados à TS, viabilizando medidas preventivas. Essa cartilha informa a importância do Centro de Atenção Psicossocial propiciando a prevenção, bem como, reconhece possíveis patologias que podem estar relacionadas à TS como: a depressão, ansiedade, transtorno de personalidade, dentre outras (ARAÚJO, 2017).

Esses relatos causam comoção na sociedade mundial, fato que instiga a população a tentar reduzir e mudar esse cenário desfavorável por meio de ações, planejamentos de saúde pública e campanhas específicas para apresentar projetos de prevenção ao suicídio. Conforme Araújo (2017), programas dentro das universidade têm um papel fundamental para a saúde psicológica dos acadêmicos, visto que, foi identificado que muitos vivem uma realidade instável emocional no cotidiano e que a responsabilidade de proporcionar a assistência devida aos alunos é um dever da instituição em que eles estudam (OSSE, 2013; MULLER, 2017). Um dos planejamentos à prevenção é por meio do ‘Setembro Amarelo’; uma ação que ocorre em todo o território brasileiro, principalmente nas universidades, visando chamar a atenção para este assunto, utilizando uma abordagem preventiva. Estabelecida no ano de 2015, essa é uma campanha que visa a valorização da vida (MULLER, 2017; ARAÚJO, 2017).

No Brasil, é visto um aumento das campanhas nas faculdades/universidades, com o propósito de disponibilizar aos alunos maior acolhimento psicológico, promovendo a saúde. Uma das campanhas mais realizadas é o programa

de assistência aos alunos, realizada principalmente em faculdades de medicina (OSSE, 2013; ARAÚJO, 2017).

De acordo com a UNE (2000, apud ASSIS, 2000), a assistência ao acadêmico é uma administração governamental para a promoção da diminuição das diferenças sociais, econômicas e culturais, favorecendo um incremento para a formação igualitária entre os acadêmicos. A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), contempla um programa chamado ‘Cada Doido com sua Mania’ o qual já é realizado há mais de 34 anos e tem como objetivo ajudar aos seus acadêmicos com tratamento psicológico humanizado, auxiliando em seu processo de graduação (CREMASCO; BAPTISTA, 2017).

Robinson et. al (2017), relatam que as mensagens pelas mídias sociais podem ser vistas como uma forma de prevenção ao suicídio. Jovens estudantes podem estar engajados com a prevenção do suicídio por meio das mensagens informativas, onde conteúdos sobre o suicídio e a prevenção são proporcionados aos estudantes, com o intuito de repassar informações coerentes no cotidiano por meio das mídias. Dessa maneira, entendem referidos autores, o assunto é propagado com maior efetividade, o que além de proporcionar conhecimento àqueles não familiarizados com esta problemática, ainda propicia auxílio para os indivíduos com tendência

suicida. Sendo assim, o envolvimento desses jovens é primordial desde que estejam atualizados e informados sobre como abordar uma temática tão delicada para muitos.

As iniciativas que permeiam as ações contra o suicídio são apresentadas em vários formatos. Modelos mais diretos e particulares do campo terapêutico; casos em que é percebido uma necessidade de maior alerta na saúde psicológica dos acadêmicos, onde apresentam alterações mentais e, também, no progresso de atitudes educacionais prolongadas, que direcionem a todos os responsáveis à proporcionar assistência na identificação de possíveis TS, desta forma, as condutas regularmente podem e vão favorecer no combate ao suicídio (OSSE, 2013).

O assunto se torna mais claro após observar os diversos fatores que o rodeiam e como ele ocorre em meio à diversas situações cotidianas que separadamente são pouco relevantes, mas perante uma rotina de pressão social e responsabilidades pessoais, geram sofrimentos. Sendo psicólogo ou não, é visível que o comportamento de jovens acadêmicos se modifica demasiadamente, identificando características preocupantes. Com isso, tais mudanças devem ser mantidas sob devida atenção, para a identificação de possíveis psicopatologias necessárias do tratamento adequado.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que os acadêmicos, em sua maioria, vivem uma realidade de alto índice de estresse o que pode ocasionar ansiedade, depressão, e diversos outros transtornos em níveis patológicos. Estes fatores se tornam preocupantes, pois aumentam as chances de uma TS, não pela morte ser percebida como positiva, mas por ser identificada como ferramenta de fuga da realidade das responsabilidades, pressões sociais e acadêmicas estabelecidas sobre o indivíduo.

Logo, considerando o histórico de vida e a situação socioeconômica e cultural dos acadêmicos universitários, estas questões podem

se tornar um fardo, e sem o

direcionamento/assistência de como lidar com estas problemáticas subjetivas, o indivíduo tende a agravar a condição.

Sendo assim, percebe-se como é imprescindível proporcionar amparo em forma de programas ou ações nas faculdades/universidades, viabilizando aos alunos esta possibilidade de apoio psicológico, trabalhando de forma humanizada para a diminuição do desenvolvimento de patologias psicológicas, corroborando para a prevenção das TS. Desta forma, viabiliza um período de experiências acadêmicas mais saudável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, C. L.; BRESSAN, V. R.: Ações de promoção à saúde, atenção psicossocial e

educacional como práticas de integração universitária. VII Clabes Séptima Conferencia