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1 INTRODUÇÃO

A paz na escola deve ser vista como um ato necessário para formar e construir uma sociedade mais solidária, justa, humana e comprometida com o bem-estar do cidadão. Ao refletir sobre o tema proposto para a Semana de Iniciação Científica, edição 2018, surgiu o questionamento sobre os motivos que levam ao desenvolvimento de projetos voltados ao tema “educação para a paz” nas escolas de Educação Básica. Com o objetivo de verificar como e por que se desenvolvem os projetos de educação para a paz nas escolas de educação básica, foi realizada uma pesquisa documental com análise de sete projetos disponibilizados na internet sobre a respectiva temática.

A amostra foi aleatória. Partindo da digitação das palavras “Educação para a Paz” no site de pesquisa Google, apareceram vários links. A seleção se deu pela ordem de aparecimento na página e que se referiam a projetos em escolas de Educação Básica. Para o levantamento de dados foram utilizadas cinco questões principais: o projeto surgiu de uma necessidade específica da escola? Em qual etapa da educação básica foi desenvolvido? Partiu dos alunos, do professor, da equipe de gestão ou da comunidade escolar? Qual foi o prazo de desenvolvimento do referido projeto? Quem foram os envolvidos: alunos, professores, pais, funcionários, toda a comunidade escolar?

2 DISCUSSÕES

Vive-se numa sociedade que está passando por profundas transformações sociais educacionais, religiosas e culturais. A escola está inserida nessa sociedade, por isso a relevância em estar atenta a essas transformações, agindo e interagindo nela. Contudo, entende-se que educação “É dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais

de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996, Art. 2º).

Ao tratar do pleno desenvolvimento do educando, a escola não pode deixar de lado questões relacionadas aos valores e atitudes para tornar os alunos mais solidários, críticos, éticos e

participativos valores que devem estar presentes na escola e sociedade. Segue o que foi observado

na análise do relato de cada escola.

2.1 O PROJETO SURGIU DE UMA NECESSIDADE ESPECÍFICA DA ESCOLA?

Nos sites pesquisados, sim, havia uma

necessidade específica nas escolas, surgindo pela busca da amenização da violência escolar, pela falta de vontade e interesse dos alunos perante atividades dirigidas pelos professores e pela falta de tolerância de alguns professores.

Esse é um grande desafio, pois se os professores continuarem tendo pouca tolerância com os alunos, visando apenas o conteúdo e pouco se comunicando com eles, nada avançará em prol da paz. Acredita-se que, tanto os pequenos quanto os maiores necessitam de atenção e acolhimento. Quando há esse distanciamento, todo o processo de ensino-aprendizagem e de convívio social fica comprometido (EDUCAÇÃO PARA PAZ, 2018).

Dentro de muitas escolas existem problemas devido à falta de respeito e harmonia entre os alunos e entre professores. Não tendo professores harmônicos os alunos perdem o prazer e os motivos para irem à escola. O desenvolvimento de projetos de educação para a paz surgiu pelo fato de algumas escolas estarem preocupadas com as questões de agressões voltadas aos professores:

Frequentemente, podemos ver notícias

de jornais relatando casos de violência contra professores, bulling (humilhar, intimidar, ofender, agredir física ou psicologicamente), vários outros modelos de abuso e agressão acometidos contra a comunidade escolar. Diante disso, podemos citar o caso da professora de Santa Catarina, espancada por uma mãe de aluna em uma das escolas públicas do Estado, tendo a mesma sofrido mais de vinte tapas e pontapés, em consequência de um sorteio de um chiclete e uma tatuagem, no qual a filha da agressora não fora contemplada (BARROS, 2018).

Em outras instituições verifica-se que os projetos foram desenvolvidos pelos fatos de estarem preocupadas com os valores voltados à formação de cidadãos:

Diante do problema de discriminação, agressões físicas e verbais enfrentada pela escola, através da discussão em sala de aula, foi proposto pelos alunos desenvolver o projeto Semeando a Paz. Com a proposta de resgatar valores morais e sociais, essenciais na construção de uma sociedade mais humana e justa, sem violência, em que os cidadãos atuem compromissados com o bem comum (PROJETO SEMEANDO A PAZ, 2018).

2.2 O PROJETO PARTIU DOS ALUNOS, DOS PROFESSORES, OU DA DIREÇÃO

ESCOLAR (EQUIPE DE GESTÃO)?

Nos sites pesquisados os projetos partiram da direção da escola. Consistiram-se no bom exemplo, com a intuição de resgatar o convívio humano, o respeito e o comprometimento entre aluno e professor. Houve a necessidade de buscar estruturação de um trabalho paralelo consistente e

constante, dando ao aluno segurança e confiança no espaço escolar, por meio de trabalhos que os envolvessem, como exemplo: gincanas, projetos pedagógicos, diálogo sobre valores, drogas, violência.

2.3 ENVOLVEU QUAL ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA?

Uma escola da Educação Infantil, uma do

ensino fundamental, e uma até o Ensino Médio aplicaram o projeto de paz. Flávia Cristina Pereira Assunpção, coordenadora do Colégio Crescer explica:

Para a educação Infantil e os anos iniciais do ensino fundamental a maneira de contribuir para a construção de uma cultura de paz é através de pequenos atos do dia a dia, ensinando os pequenos que temos direitos e deveres e que todos somos responsáveis pelo mundo que nos cerca”, (SOMOS EDUCAÇÃO, 2018).

2.4 PRAZO DE DESENVOLVIMENTO

A pesquisa mostrou escolas com projetos curtos e outras com projetos longos, variando muito da demanda de alunos. Uma escola de Educação Infantil teve o projeto de paz com o prazo de 30 dias. Uma escola de Ensino

Fundamental aplicou projeto de paz de um bimestre, e uma escola de Ensino Médio foi confiante planejando um projeto anual. Nessa faixa etária se desenvolvem os níveis físico, intelectual, emocional, psíquico e espiritual. 2.5 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR

Dos sites pesquisados três aplicaram projetos internamente promovendo interação por meio de brincadeiras de roda, cantigas, coreografias com a temática de paz, mesclando algumas disciplinas. E nos outros dois sites, verifica-se que as escolas aplicaram projetos interdisciplinares envolvendo os pais e responsáveis com participação de palestras, apresentações teatrais e musicais.

A vida dentro da escola deve ser legítima quando todos são convocados, inclusive a família, a resolver os conflitos que existem dentro dela e que são reflexos do que acontece adiante do portão. Portanto, diante desse embasamento, uma educação para a paz e não violência se faz necessária e urgente quando consideramos a formação integral do educando e a condição atual do mundo em que vivemos (GOMES, 2018, s.p.).

2.6

RESULTADOS

OBTIDOS

No decorrer dos projetos as escolas relataram que desenvolveram em seus alunos valores relativos à paz por meio de experiências significativas entre eles e para a vida de todos do ambiente em que convivem.

Precisamos ter em mente que somos adultos e nossos alunos ainda estão em processo de aquisição de conhecimentos e de formação da sua personalidade. Por isso, temos de “tentar” saber como “tocá- lo”, sensibilizando-o para a construção de valores. Cada ser humano tem sua própria história e a cada dia constrói uma nova página. Por este motivo, torna-se perfeitamente acessível o poder se remodelar com novas atitudes mais coerentes. Todo o ser humano é passível de se reeducar e educar os demais para a construção de um mundo melhor (EDUCAÇÃO PARA PAZ, 2018, s.p.).

No Projeto Cultura da Paz (2018, s.p.) foi relatado “Acreditamos que é através de um ambiente harmonioso que se mostra a importância de convivermos em paz com todos. Tudo isso possibilita a construção de um mundo mais justo e fraterno, conscientizando que o diálogo é a melhor

forma de resolver os conflitos”.

Os alunos foram avaliados por seu engajamento nas atividades, participação, contribuições positivas, por colocações e questionamentos durante as atividades. Foram analisados em sua postura nas diferentes situações e locais, na sua capacidade de trabalho em pequeno e grande grupo.

A paz não é para ser trabalhada em apenas em algumas semanas ou dias, mas o projeto é um meio de estarmos atentos às nossas atitudes e tentar melhora-la a cada dia na escola e também fora dela, porque a paz é a gente que faz no convívio de respeito e valorização do outro”.(PROJETO SEMEANDO A PAZ, 2018, s.p.).

Os projetos aplicados ajudaram na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres em relação ao planeta e a todos os seres humanos; por conseguinte, alunos com consciência da necessidade de sua colaboração para o desenvolvimento de uma cultura de paz e não violência na escola e fora dela.

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

Em sua forma mais pura, a paz é silêncio interno preenchido com o poder da verdade. É a característica proeminente do que nós chamamos de uma sociedade civilizada. O caráter de uma sociedade pode ser visto por meio da consciência coletiva de seus membros.

A escola, hoje, é um dos lugares mais importantes para discutir a educação para a paz, pois nela são formados cidadãos com opiniões, atitudes e valores. Por isso deve-se discutir e refletir sobre temas que tanto afligem a sociedade na atualidade.

Por meio dos relatos analisados, pode-se perceber que os projetos surgiram de uma necessidade específica detectada em cada escola; foram elaborados por parte da equipe gestora; fazem-se necessários em todas as etapas da

Educação Básica; produziram os resultados esperados e tiveram como princípio que os alunos participassem de todos os projetos da escola atingindo as suas famílias, trazendo-as até a escola.

Importante destacar que a motivação foi a busca da amenização da violência escolar, falta de vontade e interesse dos alunos perante atividades dirigidas pelos professores e pela falta de tolerância de alguns professores.

Construir-se-á uma cultura de paz quando a família, escola e sociedade caminharem juntas no mesmo envolvimento e responsabilidade no processo de educação, buscando a essência do ser, o respeito mútuo. Somente quando esse tripé se unir teremos a transformação necessária para uma sociedade mais justa, humana e fraterna, porém,

mesmo que não exista esta união, a escola não pode se eximir de sua parte essencial neste processo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS