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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve por objetivo analisar as políticas públicas em prol da valorização da vida e a importância da cultura da paz e espiritualidade. O método utilizado foi uma pesquisa de artigos na plataforma EBSCO e Google Acadêmico com temas semelhantes ao abordado, utilizando as palavras-chaves: valorização da vida; políticas públicas; espiritualidade; cultura de paz e suicídio.

Percebeu-se que ainda há muito tabu em relação ao assunto e que existe a real necessidade em abordar o tema para que ocorra uma maior conscientização à valorização da vida, diminuindo a discriminação e preconceito em relação aos atos suicidas, pois o problema deve ser tratado como caso de saúde pública e as políticas públicas de saúde devem ser eficientes afim de diminuírem os danos e enfatizarem a valorização da vida.

2 DISCUSSÕES

Sabe-se que a cultura da paz é a união de valores, atitudes e estilos de vida baseados nas práticas de não violência por intermédio da educação, diálogo e solidariedade. Contudo, possibilitar uma cultura baseada na paz depende de grandes esforços multidisciplinares das áreas de educação, saúde e, principalmente, de políticas públicas eficazes para a valorização da essência do ser humano como peça fundamental neste contexto, que é a cultura da paz. Muito além da ausência de guerra e violência, estar em paz é um estado de espírito que o indivíduo se encontra, por meio da evolução da consciência, respeito e amor ao próximo.

Atualmente, as políticas públicas para

valorização da vida estão diretamente ligadas às campanhas contra o suicídio. Visto que o suicídio é classificado como um problema de saúde pública, Estellita-Lins (2012), verificou que o Brasil foi o primeiro país da América Latina a seguir uma proposta nacional para prevenção do suicídio. Observa-se que as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, instituídas pela Portaria n. 1876, de agosto de 2006, orientam os principais objetivos de uma política nacional para prevenção de danos causados pelo problema, que é o suicídio.

Segundo Rosa et. al (2017), o suicídio está entre as 20 principais causas de morte em todo o mundo, sendo caracterizado como um grave

problema de saúde pública devido seu aumento progressivo em escala mundial. Há estimativas de que 900 mil seres humanos cometem suicídio ao ano, em média. Há ocorrência de um ato suicida a cada 40 segundos. Machado et. al (2014), afirmam que no Brasil, em 2013, ocorreram cerca de 10.533 mortes por suicídio, sendo mais de 29 mortes por dia.

É válido ressaltar que as informações e dados estatísticos são subnotificados em todo o mundo, pois o tema ainda é um grande desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a implementação de programas para redução dos números de óbitos por suicídio e valorização da vida têm uma abordagem sensacionalista e, muitas vezes, o atendimento é negligenciado, visto que ainda há um grande tabu relacionado ao tema (MACHADO et. al, 2014).

Supraditos autores ainda afirmam que quando uma pessoa pensa em suicídio ela quer matar a dor, mas nunca a vida. Há estudos que apontam que em 10 pessoas que tiram sua própria vida, oito apresentam sinais, que na maioria das vezes não são percebidos por àqueles que estão à sua volta. Segundo Bertolote et. al (2017), o suicídio predomina em homens numa proporção de 3:1, porém, há uma observação inversa. Quanto às tentativas de suicídio nota-se também que essas diferenças estão diminuindo. Quanto à idade, as maiores taxas de suicídio são, normalmente, em idosos, mas em determinados países a situação é diversa. No Brasil, por exemplo, a taxa de suicídio aumenta progressivamente em jovens por volta dos 20 anos. Ao considerar as taxas, as chances de homens brasileiros se suicidarem é de duas a quatro vezes maior que as mulheres.

Normalmente, o risco dos

comportamentos suicidas são os indicadores sócio demográficos e de natureza clínica. Entretanto, deve-se perceber entre os fatores aqueles que de alguma forma induzem ao comportamento suicida, que são chamados também de fatores estressores, podem estar ligados a uma série de situações como perdas (reais ou simbólicas) e mudança de status. O transtorno mental é um dos fatores mais importantes, neste caso. Admite-se que 90 a 98% das pessoas que se suicidam tem um

comportamento mental como transtornos de humor, alcoolismo, esquizofrenia, transtornos de personalidade e outros diagnósticos psiquiátricos (BERTOLOTE et. al, 2017).

O suicídio é evitável e pode ser prevenido, mas para isso são necessárias políticas públicas de saúde que realmente sejam eficazes. No Brasil, há alguns programas que têm por objetivo a conscientização da prevenção do suicídio, como por exemplo, a campanha Setembro Amarelo que tem o intuito de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, bem como suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2015, com a identificação de locais públicos e privados com a cor amarela e ampla divulgação de informações sobre o tema.

Existe também o Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza o apoio emocional e a prevenção do suicídio. Atende gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, mantendo total sigilo por telefone, e-mail e chat, 24 horas todos os dias.

No estado do Paraná, não foram implementadas estratégias para prevenção e controle da mortalidade por suicídio, mas houve a diminuição dos números de mortes ocasionadas pelo problema em questão, devido ao Estado ter reestruturado a rede de atendimento à saúde mental com base na lógica territorial, ao longo dos anos. Com a Política Estadual de Saúde Mental, as ações nessa área começaram a ser de responsabilidade municipal, mediante isto, o Estado começou a investir mais recursos financeiros em ambulatórios de atendimentos em saúde mental, tendo maior controle e supervisão da população de risco, além dos leitos em emergência psiquiátrica em hospitais gerais, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Atenção Primária à Saúde (ROSA et. al, 2016).

É necessário que as pessoas saibam onde buscar ajuda e é de extrema importância que os profissionais da saúde estejam aptos a abordarem o tema, sem preconceitos e discriminações. Atualmente, ainda há muitos profissionais da saúde despreparados para atender de maneira eficaz as situações relacionadas ao suicídio. A atenção básica de saúde é a porta de entrada do

cidadão, por isso os profissionais que atuam nesse nível devem ter um olhar holístico sob o ser humano.

É essencial que todos saibam onde procurar ajuda e atendimento humanizado. Há necessidade de um plano de políticas públicas de saúde amplo para abranger, relacionar e capacitar as Unidade Básicas de Saúde como porta de entrada para o atendimento de pessoas com comportamentos suicidas; bem como a formação e treinamento dos profissionais da saúde.

Indubitavelmente, o ser humano está ligado à espiritualidade, crenças e religiões. Visto que a espiritualidade ainda não tem uma definição concreta, pode-se definir como sendo um sentimento pessoal que estimula um interesse pela humanidade, caridade, solidariedade e tem uma busca incessante pelo significado da vida, livre de

regras e regulamentos religiosos.

Segundo a OMS (2006), as crenças religiosas e éticas podem ser fatores de proteção ao suicídio, sendo os grandes líderes religiosos e espirituais pessoas fundamentais para prevenção do problema.

Portanto, é preciso considerar o indivíduo além de sua biologia e valorizar a questão espiritual e expansão da consciência humana incluindo terapias mais integrativas na possibilidade de acrescentar formas para resolver o problema ou os danos causados por ele. Tal elemento pode ser importante na forma em que os indivíduos enfrentam as doenças crônicas, sofrimento e perdas, sendo assim, tem grande impacto sobre a saúde física e desenvolvimento de doenças emocionais.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, é possível concluir que o suicídio atinge muitos indivíduos em todo o mundo. Além de ser um grande problema para saúde pública é um tabu social que deve ser quebrado. É válido ressaltar que o suicida não quer acabar com a sua vida, diretamente, mas sim com a dor que sente. Sendo assim, um suicida é um indivíduo doente que precisa de tratamento.

Nota-se que as campanhas de conscientização são em prol a prevenção do suicídio, colocando ainda mais foco na questão. Porém, entendemos que as campanhas deveriam ser em prol da valorização da vida, com uma óptica mais integrada na essência do ser humano, visto que grande parte dos fatores que levam o indivíduo a ter atitudes violentas contra si mesmo são os transtornos mentais, perdas e mudanças de status.

Além do mais, a atenção básica de saúde não está preparada para atender esses indivíduos, pois na maioria das vezes esses profissionais não conseguem identificar os comportamentos suicidas dos indivíduos que tentam procurar certo tipo de ajuda. Com isso, tornam-se as políticas públicas de saúde relacionadas ao problema em

questão ineficazes, já que não são capazes de orientar, tratar e possivelmente diminuir os danos causados por tais comportamentos. Isso ocorre porque tais programas e campanhas não tratam a causa do problema e acabam sendo apenas medidas paliativas.

Entretanto, faz-se uma conexão entre espiritualidade e proteção da vida, já que se acredita que os indivíduos que possuem crenças e certo entendimento espiritual são mais propensos a buscar o real significado da vida por meio da expansão da consciência e autoconhecimento. Logicamente que são necessárias políticas públicas mais eficientes e não se deve ignorar as outras terapias, mas sim integrar todos os conhecimentos para o objetivo comum.

Então, cabe a todos os profissionais da saúde que atuam diariamente com o problema terem uma percepção mais refinada, um olhar integrado e holístico do ser humano como um todo, para, dessa forma, identificarem o risco em potencial. Assim poderão contribuir para que este indivíduo seja tratado de forma humanizada e com foco na sua essência do todo, assim poderá evitar atitudes destrutivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTOLOTE, João Manoel; et al. Detecção do risco de suicídio nos serviços de emergência

psiquiátrica. São Paulo: Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32, outubro, 2010.

ESTELLITA-LINS, Carlos. Trocando seis por meia dúzia: Suicídio como Emergência do