• Nenhum resultado encontrado

Três grandes eixos baseiam a divisão de competências e habilidades gerais – que darão suporte à inclusão dos conteúdos das áreas – proposta nos PCNEM: representação e comunicação; investigação e compreensão; e contextualização sociocultural.

É importante que se reflita sobre tais eixos visando à articulação dos conteúdos e competências mais apropriada a cada contexto educativo.

Buscando contribuir para essa reflexão e considerando a diversidade de nosso país, apresentam-se, a seguir, sugestões de temas e conteúdos específicos de Arte, articulados a esses eixos e aos conceitos que os integram.

Representação e Comunicação

Conceitos

Os conceitos gerais da área, abaixo enumerados, podem ser desdobrados para a disciplina da seguinte forma:

1. Linguagem verbal, não-verbal e digital

• Integração e articulação entre as linguagens.

• Experiência estética: processo perceptivo, sensível, reflexivo e integrador de conhecimentos culturais.

• Arte e tecnologia: criação de novas poéticas que articulam imagens, sons, animações e possibilitam um novo tipo de interatividade, decorrente não só da codificação da linguagem digital (de base matemática) como também das tecnologias que suportam e veiculam essa linguagem (os multimídia). Videoclipes, trabalhos artísticos em CD-ROM, instalações com dispositivos interativos, digitalizações são, entre outros, exemplos dessa interação.

2. Signo e símbolo

• Signo artístico: visual, sonoro, corporal. Das possibilidades de articulação desses signos e das motivações (sociais, culturais, psicológicas e científicas, entre outras) de seus usuários (indivíduos e grupos) resultam construções simbólicas. Por exemplo: a pintura corporal de indígenas brasileiros apresenta formas variadas, dependendo da nação a que pertencem, dos propósitos de sua elaboração (festa, dança, luta...), das disponibilidades materiais, das articulações específicas de determinados signos...

• Códigos visuais, sonoros, verbais, audiovisuais, verbo-visuais, corporais, para cuja compreensão adequada deve-se levar em conta o contexto histórico e social em que são produzidos.

3. Denotação e conotação

• Informações decorrentes das conexões entre as linguagens da arte, a comunicação visual e a sonora, incluindo as especificidades da publicidade e do design. Observe-se, neste campo, a correspondência entre os signos e códigos das linguagens da arte e de outros sistemas sígnicos.

Por exemplo: os pictogramas utilizados nas placas de trânsito indicativas de que há escola nas imediações e naquelas que sinalizam homens trabalhando. Em ambos os casos, as informações vão além das imagens representadas. Nelas estão orientações implícitas (conotativas) que os motoristas devem seguir: atenção, cuidado, redução de velocidade etc.

Há outras ocorrências cuja análise depende do domínio desses conceitos. Por exemplo: a resentadasosi5histaação da linguaglas visuao vsão e conntaç co. Em

Arte

185

uma delas talvez o próprio pintor;

• sobre o espelho está escrito Jan Van Eyck esteve presente, reiterando e simbolizando que o quadro testemunha o casamento.

4. Gramática

• Elementos constitutivos das linguagens artísticas. Articulação dos elementos formais, estéticos, materiais e técnicos, organizados na produção e apreciação da arte. • Iconologia e iconografia: ver Anexo 4, página 204.

5. Texto

Em Arte, a organização dos elementos e códigos das linguagens artísticas de acordo com sistemas de representação, expressão e comunicação resulta em texto: visual, sonoro, teatral, coreográfico, audiovisual. Para tanto, os alunos devem se apropriar de conceitos essenciais aos sistemas de representação e às linguagens artísticas.

Imagem: conceito fundamental para, por exemplo, evitar que o aluno adquira a falsa impressão de que uma obra é figurativa em virtude de sua adesão ao real imediato, já que toda imagem é uma ficção. A idéia de que os conceitos operam em rede se explicita melhor quando, por exemplo, nas estruturas do imaginário de uma determinada época, observam-se elementos “preparados” por estruturas antigas; ou quando a introdução de elementos complementares ao imaginário já conhecido acaba alterando o próprio o conceito de imaginário. Por exemplo: conhecer arte brasileira do século 19 é essencial para compreender por que o modernismo brasileiro, nas imagens de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Lasar Segall e outros, representou uma proposta poética inovadora. (Ver Anexo 1, à página 201.) Movimento: conceito fundamental no estudo das artes cênicas, já que os movimentos do corpo são indispensáveis à atuação no palco. “Um caráter, uma atmosfera, um estado de espírito ou uma situação não podem ser eficientemente representadas no palco sem o movimento e sua inerente expressividade.” (Laban, 1978, pp. 20-21) Este conceito fundamenta ainda os conceitos de forma e ritmo, essenciais para caracterizar tanto um estado de espírito, uma reação, quanto traços mais constantes da personalidade. (Ver Anexo 2, página 202.)

Som: conceito indispensável para a música. A definição consagrada pela Física não é suficiente para dar conta da amplitude que o conceito adquire em Arte, já que na contemporaneidade artística concorrem sons arrítmicos e sem altura definida. A questão torna-se ainda mais complexa quando o professor abordar os procedimentos aleatórios em música. (Ver Anexo 3, página 202.)

6. Interlocução, significação e dialogismo

Estes conceitos implicam o leitor, ouvinte ou espectador de produtos artísticos vazados em diferentes linguagens, mobilizando suas motivações pessoais, culturais, estéticas, suas idiossincrasias – sua história própria, enfim.

São conceitos importantes para compreender o diálogo que a arte estabelece com seus receptores, diálogo este em constante revisão. Há diferenças históricas marcantes na dinâmica entre o autor, a obra e o público. Basta, por exemplo, comparar a relação entre esses elementos na época do surgimento da tragédia grega e numa representação atual, do mesmo gênero dramatúrgico.

Protagonismo

Além desses conceitos, é necessário que o professor tenha em mente também a idéia de protagonismo que, no caso da Arte, abrange produtores, autores, artistas – compreendidos tanto individual como coletivamente: suas vidas, motivações pessoais, culturais, estéticas, artísticas.

Nesse universo, o aluno pode despontar como agente da produção de diversas linguagens artísticas ou da apreciação de manifestações de arte.

Competências e habilidades

Os conceitos comentados devem estruturar conteúdos em cuja construção serão mobilizadas as competências e habilidades apresentadas a seguir.

1. Utilizar linguagens nos três níveis

de competência: interativa,