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Ao ingressarem no curso superior de Educação Física, muitos estudantes trazem grande expectativa em relação aos conteúdos esportivos – até porque, em geral, sua escolha profissional foi movida pelo prazer que experimentaram em situações esportivas. Expectativas semelhantes movem os professores que freqüentam oficinas e cursos de esporte, dança ou ginástica, oferecidos em programas de educação continuada.

Ainda que o trabalho de formação inicial ou continuada procure subverter essa lógica, as possibilidades da atuação docente têm limites. Os professores que incorporaram uma visão mais abrangente da Educação Física (sejam recém-formados ou não) dirigem-se a diferentes escolas nas quais, na maioria das vezes, em vez de atuarem como elementos transformadores, acabam adaptando-se ao que encontram estabelecido – até como forma de não serem rejeitados.

Há muitos diretores, antigos professores da disciplina e docentes de outras disciplinas cuja expectativa é que a Educação Física forme equipes para obter sucesso em competições esportivas. Professores de todo o país têm apontado que, se as equipes da escola se tornam campeãs, são muito mais valorizados pela comunidade escolar do que quando realizam o trabalho cuidadoso e delicado de incluir todos os alunos na esfera da cultura corporal. A disparidade entre a concepção e a prática do docente e a cultura da escola leva, muitas vezes, o professor de Educação Física a desistir de suas convicções e render-se à prática estabelecida. A superação dessa disparidade exige que tanto a formação inicial quanto a continuada visem os mesmos objetivos e integrem-se num sistema.

Também é fundamental que os professores em exercício recebam apoio para implementar as novas concepções sobre a Educação Física escolar. Pode-se, inclusive, desenvolver ações de educação continuada com a finalidade específica de esclarecer diretores e coordenadores pedagógicos sobre os novos aspectos da disciplina.

Ações com professores leigos

No sistema educacional brasileiro ainda existem professores de Educação Física leigos que, por não terem completado o ensino médio ou não terem tido acesso ao

Educação Física

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ensino superior em Educação Física, dispõem de formação precária para sua atuação profissional. Esses profissionais, na maioria dos casos, estavam anteriormente ligados ao esporte.

Por isso, os conhecimentos que fundamentam a atuação profissional devem merecer destaque nas ações de formação. No nível superior, podem ser desenvolvidos em módulos, anteriores ou simultâneos à formação profissional; nos programas de formação continuada, como complementação, por meio de ações integradas à atuação profissional.

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Arte

Introdução

A arte como manifestação humana está presente na vida das pessoas, tanto nas manifestações artísticas em si como nos objetos de seu cotidiano, na arquitetura, no urbanismo, nos meios de comunicação. Também é da natureza da arte sua articulação com outras formas de saber: filosófica, histórica, social, científica.

Cientes da natureza do fenômeno artístico e da complexidade de suas articulações, muitos filósofos, artistas e educadores, entre outros, têm procurado explicar as relações da arte com a vida dos indivíduos – os significados cognitivos, lingüísticos, psicológicos, sociais, criativos e comunicacionais das experiências artísticas e estéticas para cada ser humano – e a formação individual e social das pessoas.

Introduzir-se no universo da arte representa manter contato com uma realidade complexa, cuja constituição se processa com a concorrência de várias áreas de conhecimento, diferentes tipos de ações e um vasto conjunto de valores.

Os conhecimentos artísticos e estéticos são necessários para que a leitura e a interpretação do mundo sejam consistentes, críticas e acessíveis à compreensão do aluno. Além de contribuir para o desenvolvimento pessoal, tais saberes podem aprimorar a participação dos jovens na sociedade e promover a formação de sua identidade cultural.

É papel do ensino médio levar os alunos a aperfeiçoarem seus conhecimentos, inclusive os estéticos, desenvolvidos nas etapas anteriores. Por isso, é importante frisar o valor da continuidade da aprendizagem em arte nessa etapa final da escolaridade básica, para que adolescentes, jovens e adultos possam apropriar-se, cada vez mais, de saberes relativos à produção artística e à apreciação estética. Com a vivência em arte e a extensão dos conhecimentos na disciplina, os estudantes terão condições de prosseguir interessados em arte após a conclusão de sua formação escolar básica.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, discute-se uma concepção contemporânea da disciplina, segundo a qual a arte é considerada um conhecimento humano articulado no âmbito da sensibilidade, da percepção e da cognição.

Maria Heloisa Corrêa de Toledo Ferraz