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A Cidade P

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A Cidade Porororor tuária e Identidade Marítimaortuária e Identidade Marítimatuária e Identidade Marítimatuária e Identidade Marítimatuária e Identidade Marítima

A cidade de Vitória é constituída por uma ilha incrustada no continente (ver fig 2.1). A maritimidade é mais visível na parte leste da ilha, apesar da expansão da rede urbana ter restringido sua visualidade, a presença das águas, seja do mar, da baía ou dos mangues sempre foi uma presença constante no imaginário da popula- ção. As sensações prazerosas exercidas por esta proximidade, sempre de alguma forma proporcionam momentos de serenidade aos cidadãos que cumprem uma rotina diária no ambiente urbano. O luar refletido no mar, os cheiros, as possibili- dades que emergem do desconhecido, favorecem esta satisfação.

“A água é uma fonte de vida, um símbolo universal de purificação e renovação. Como um imã primordial, atrai uma parte primitiva e bastante profunda da natureza humana.Mais do que qualquer outro elemento tem o potencial de forjar um elo emocional entre o homem e a natureza na cidade.” Spirn11

Uma ilha, limitada pelo mar e pela baía. A baía de Vitória é um braço de mar que penetra profundamente pelo continente tornando-se um espaço favorável à navega- ção e ao comércio portuário, abrindo na parte posterior voltada para o continente um pequeno mar interior. Baía que nos convida a navegar adentrando seus contor- nos, descortinando belas perspectivas visuais. Fazendo um percurso ao longo da baía, em primeiro plano, destaca-se a Terceira Ponte com extensos vãos, escultura símbolo da moderna engenharia, marcando os limites entre mar e baía, emolduran- do a cidade, garantindo acessibilidade da metrópole.

Em seguida avançando o canal da baía a sudoeste, no domínio natural da paisagem, surge exuberante afloramento rochoso, o Penedo12, porta de entrada da antiga vila

de Vitória. Eis o percurso dos navios e embarcações que trafegam diariamente pelo canal da Baía até alcançar o Porto de Vitória situado ao lado do centro histórico.

Fig 2.3 Fig 2.3Fig 2.3

Fig 2.3Fig 2.3 Homem desfruta da serenidade da praia. Vista da Ilha do Boi a partir da Praia do Canto (região nordeste) Fonte: acervo pessoal, 2003. Fig 2.4

Fig 2.4Fig 2.4

Fig 2.4Fig 2.4 A Baía: por ta de entrada da cidade e elo de relações comerciais com ci- dades portuárias. Foto: Vítor Nogueira.

Fig 2.5 Fig 2.5Fig 2.5

Fig 2.5Fig 2.5 O Penedo (à es- querda): marco referencial da paisagem sentido centro- oeste.

Fonte:www.baiadevitoria.ufes.br Fig 2.6

Fig 2.6Fig 2.6

Fig 2.6Fig 2.6 O Cais de Capuaba, contíguo ao Penedo no mu- nicípio de Vila Velha. Do lado oposto, o centro de Vitória – núcleo inicial - incrustado entre o Maciço e a Baía. Fonte:www.baiadevitoria.ufes.br

1010101010 Conforme já abordado no capítulo I, vale aqui revelar as distinções entre visualidade e visibilidade. A visualidade corresponde ao registro de um dado físico e referencial; a visibilidade, ao contrário é propriamente semiótica, partindo de uma representação visual para gerar um processo perceptivo complexo. (Jamesom, 1994 citado In: Turismo e paisagem. Coletâ- nea de textos. Organizado por: Eduardo Yazigi. Contex- to. 2002. p.74).

1111111111SPIRN, Anne, 1995,

p.159.

1212121212 Maciço gnáissico intrusivo (“tipo pão de açú- car” com 135 metros de al- 2.3

Este esconde por detrás de suas construções verticais suas antigas igrejas e casarios remanescentes de uma época áurea, e logo adiante vencido, cede lugar ao impo- nente Maciço Central que, gigantesco, domina a paisa- gem.

O elemento água compõe com a profusão dos morros e maciços graníticos uma paisagem singular. Dessa for- ma, a alternância do sítio físico de Vitória caracteriza e enriquece a toponímia do lugar, formando nuances e recortes inesperados. No tabuleiro litorâneo entre a ser- ra e o mar, formado por sedimentos arenosos, maciços

2.6 2.5 2.4

Fig 2.7 Fig 2.7 Fig 2.7

Fig 2.7 Fig 2.7 Navios cargueiros passam pelo Penedo em di- reção ao Por to de Vitória. Foto: Vítor Nogueira. Fig 2.8

Fig 2.8Fig 2.8

Fig 2.8Fig 2.8 As regatas torna- ram-se tradição e motivo de festas na Baía de Vitória. Fonte: Arquivo Público P.M.V. Fig 2.9

Fig 2.9Fig 2.9

Fig 2.9Fig 2.9 Barquinhos de pes- ca. O cotidiano da população capixaba historicamente vinculado à Baía. Fonte: Ar- quivo Público P.M.V.

e morros cristalinos constituídos de gnaisses e granitos afloram na planura do mar, formando ilhas ou costas rochosas mais profundas, cujas reentrâncias constituem verdadeiros portos naturais.

A posição geográfica do município define um caráter eminentemente marítimo, fa- vorecendo o desenvolvimento das atividades portuárias. Esta particularidade natural do território propiciou o crescimento econômico do município, estando diretamen- te vinculado à exportação de matérias-primas. Nesse sentido, as metas estabelecidas pelas políticas públicas fizeram com que o Porto de Vitória - e respectivas atividades correlatas - fosse o principal promotor da urbanização do município.

Nessa relação explícita com o mar, hábitos e tradições foram se acumulando ao longo da história, incorporando valores e técnicas, atravessando gerações. Os bar- cos de pesca, a cata de marisco associada ao mangue e os esportes náuticos tais como as regatas e a vela, fizeram história e marcaram época.

O complexo portuário (Vitória, Capuaba, Aribiri e Tubarão) que compõem o cená- rio do município de Vitória, deu novo sentido e significado à paisagem e ao olhar do capixaba. Seus habitantes incorporaram ao seu cotidiano, o trafegar lento de navios, que diariamente entram e saem da baía. Entretanto, a ampliação da atividade portu- ária impõe novo ritmo ao tráfego da Baía, agora disputado por navios cargueiros, militares e estrangeiros, traduzindo um movimento contínuo em direção ao univer- so global, revelando novas formas de se perceber e aceitar o mundo exterior. Agora, a cidade não é só local, mas global.

Entretanto, a instalação e ampliação provocaram mudanças nos hábitos dos mora- dores e também na forma de apropriação dos espaços da cidade, que anteriormente mantinham relação direta com a baía. O complexo portuário (Vitória, Capuaba, Aribiri e Tubarão) que compõem o cenário do município de Vitória, deu novo sen- tido e significado à paisagem e ao olhar do capixaba. Seus habitantes incorporaram ao seu cotidiano, o trafegar lento de navios, que diariamente entram e saem da baía.

titude) situado defronte para a Baía, nas proximidades do centro histórico porém em seu lado oposto, pertencen- do ao município de Vila Ve- lha.

2.7

2.9 2.8

13 13 13 13

13 BISSOLI, Daniela Coutinho.

Procura-se uma ilha. Monografia apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo. Vi- tória. 2002. p.27.

Fig 2.10 Fig 2.10 Fig 2.10 Fig 2.10

Fig 2.10 Navios ancorados na Baía de Vitória. Porto de Vitória à esquerda e cais de Capuaba à direita. Foto: Vítor Nogueira.

Fig 2.11 Fig 2.11 Fig 2.11 Fig 2.11

Fig 2.11 Porto de Vitória lo- calizado no centro da cida- de. Foto: Vítor Nogueira.

“Nessa ilha de contrastes, velocidades distintas convivem num mesmo espaço. É interessante observar os dois tempos de ritmos diferentes, que correm simultaneamen- te lado a lado: o tempo do mar, desacelerado, onde estão navios e pescadores, e o tempo do asfalto, acelerado, com automóveis e ônibus nas avenidas...” Bissoli13

Bissoli, nesse texto, revela com propriedade a ambigüidade característica do espaço moderno. O tempo responde às mudanças sociais imprimindo ritmos distintos na organização da vida diária. Nesse sentido, as concepções acerca do espaço e do tempo feitas por Harvey (1989) baseiam-se no conflito em torno do sentido próprio de espaço a ser usado para regular a vida social, portanto, necessariamente através de práticas e processos materiais que servem à reprodução da vida social.

A poluição manifesta-se visivelmente na Baía de Vitória, mais intensamente no tre- cho que margeia o centro da cidade. Isto ocorre principalmente pelo fato de serem despejados esgotos domésticos sem tratamento provenientes dos rios que nela de- sembocam. As atividades portuárias com grande movimentação de navios e cargas e o lançamento de águas pluviais através de galerias também contribuem, em menores proporções para a alteração da qualidade da água.

Na parte nordeste, a ilha possui uma grande área de praias, como Camburi, Praia do Canto e as ilhas do Frade e do Boi. Podemos considerar que as praias do município de Vitória não apresentam uma boa qualidade favorável a balneabilidade, afetando não só o lazer da população como a atratividade turística da cidade. Elas estão cons- tantemente sendo monitoradas pela prefeitura de Vitória, que mede os índices de poluição e resíduos sólidos presentes na água.

2.10

Fig 2.12 Fig 2.12Fig 2.12

Fig 2.12Fig 2.12 Panorâmica das praias na região nordeste. As praias de Vitória apresentam má qualidade de suas águas. Foto: Leonel

Fig 2.13 Fig 2.13Fig 2.13

Fig 2.13Fig 2.13 Banhista na praia da Ilha do Boi. Uma das pou- cas praias propícias ao ba- nho. Foto: Vítor Nogueira. Fig 2.14

Fig 2.14Fig 2.14

Fig 2.14Fig 2.14 Foto abrangendo a região nordeste. Em pri- meiro plano as Ilhas do Boi e do Frade; à esquerda, o ca- nal da Baía que corre em di- reção ao centro fazendo o contorno na ilha; à direita o Canal da Passagem que faz limites entre as praias do Canto e de Camburi. Fonte:www.baiadevitoria.ufes.br

“A praia é o único lugar de gozo descoberto pela espécie humana. Os corpos tendem a se comportar como campo diferencial. O retorno ao imediato, ao orgânico, portanto à natureza.” Lefebvre

A Baía e os Mangues

A Baía e os Mangues

A Baía e os Mangues

A Baía e os Mangues

A Baía e os Mangues

A Baía de Vitória é limite dos municípios que compõem a aglomeração da Grande Vitória e possui duas comunicações com o mar, sendo que seu canal principal banha as margens sul e oeste da Ilha de Vitória, recebendo a descarga de alguns rios. A área norte da Baía faz o elo de ligação entre os municípios de Vitória, Serra e Cariacica. O canal principal da Baía de Vitória estabelece, portanto, um percurso que nos permite conhecer quase toda a ilha. Correndo no sentido leste-oeste, inflete para nordeste, formando um cotovelo. Daí por diante, ele torna-se mais largo e, ao mes- mo tempo, menos profundo, até se confundir com toda trama de terrenos sedimentares recentes, como o Delta do Rio Santa Maria e áreas vizinhas. Recebe também as águas dos rios Aribiri, Marinho, Itaquari, e Bubu, estando em contato não somente através de seu canal principal, como ainda pelo canal da Passagem, que separa ao norte, a ilha de Vitória do continente.

2.12 2.13

1414141414 A Ilha do Lameirão, gran- de extensão de mangue (9km²), foi transformada em Reserva Biológica Municipal Ilha do Lameirão pelo Decre- to 3.616 de 11/09/86 pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Vitória.

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15 FERREIRA, Renata Diniz.

Os manguezais da baía de Vitória (ES): Um estudo de Geografia Física Integrada. Tese Doutorado Depar ta- mento de Geografia. Faculda- de de Filosofia, Letras e Ci- ências Humanas. Universida- de São Paulo. 1989, p.67.

16 16 16 16

16 A análise mais detalhada

do mangue e da região no- roeste será abordada em capítulos posteriores. Fig 2.15

Fig 2.15 Fig 2.15 Fig 2.15

Fig 2.15 Provável distribui- ção dos manguezais da Baía de Vitória no séc. XVI. Fonte: Fer reira (1989). In: manguezais Baía de Vitória.

O estreitíssimo Canal do Lameirão14 faz comunicação da baía com o Canal da

Passagem. Nesta área, sujeita à intensa sedimentação, protegida dos ventos, das correntes marinhas, dos embates mais fortes das ondas que, entre canais, gamboas e baixos cursos dos rios, vicejam os manguezais. O Manguezal, na descrição de Ferreira15 (1989) aparece espacialmente definido sobre sedimentos recentes, cons-

tituídos por partículas finas de areia, argila e silte, carreados pelas marés e corren- tes de rios, depositados em forma de sedimentos lamacentos. Portanto, toda a par- te interior da Baía de Vitória é constituída por exuberante vegetação de mangue que recobre a região noroeste da ilha.

Apesar de toda interferência antrópica sofrida nas últimas décadas, a Baía de Vitória ainda detém a maior área de manguezais do Espírito Santo, com aproximadamente 18 Km2, representando 25,5% dos manguezais de todo o Estado (Vale e Ferreira,

1998)16.O município de Vitória possui ainda 23% do seu território composto de

unidades de conservação (ver anexo 1). Estas unidades protegidas são compostas de floresta atlântica e os ecossistemas associados ao manguezal e a restinga.

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