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Os Planos de Vitória na r itória na r itória na r itória na r itória na retórica da moder etórica da moder etórica da moder etórica da modernidade etórica da moder nidade nidade nidade nidade

Os Planos de V

Os Planos de V

Os Planos de V

3131313131 FRIZZERA,Kleber.P. Paisa- gens e Passsagens. UFMG,1998.p.52. 32 3232 32

32 A supremacia dos elemen-

tos naturais da paisagem de Vitória e o predomínio da horizontalidade de suas construções nos primeiros séculos não abstraíram uma das principais características da cidade colonial portugue- sa, ou seja, a implantação das igrejas e outras institui- ções religiosas nos pontos mais altos do sítio geográfi- co.

“A ordem urbana é condicionada historicamente por valores, desejos, poderes, neces- sidades; e conformada por projetos - explícitos ou implícitos. É nessa imagem mate- rializada por edifícios, malhas ou grelhas que, ao se aporem sobre o sítio virgem, definem posições, categorizam e hierarquizam lugares e direções significativas. É realizada através do projeto, do desenho de uma paisagem artificial, idealizada e construída, que os múltiplos atos no tempo vão superpondo em camadas históricas sobre o mundo natural e o artifício inicial.”31 Frizzera

A Visão sanitarista e embelezamento da cidade

O traçado viário e a forma do parcelamento do solo na área central mostram como a urbanização primeira da cidade de Vitória seguiu o padrão colonial, ou seja, inse- riu-se no contexto histórico de implantação de núcleos urbanos identificando-se com o modelo português. Desse modo, a vila inicial edificou-se sobre terreno aci- dentado e tortuoso, espremido entre a baía e o Maciço Central.

A inserção colonizadora portuguesa no Brasil supôs a ambigüidade do pensamento vigente, ou seja, buscar reconhecer a insignificância humana diante da magnitude de Deus e enfrentar o imprevisível material natural, diverso em dimensões e variedades do continente europeu de origem. Nessa perspectiva, a análise do perfil urbano da cidade de Vitória, em sua primeira etapa de urbanização, denota a força do poder temporal através da posição de destaque de suas igrejas na paisagem. A identificação visual desses elementos, facilitada pela implantação privilegiada no sítio físico32 ex-

pressava o poder que exerciam sobre seus moradores e a forma dominadora como se incorporavam à imagem da cidade. Portanto, pelo viés teológico temos a primeira forma de organização da vida humana junto aos núcleos urbanos no Brasil.

Desde o início do século XX, a ascensão da produção cafeeira aliada à vocação portuária natural da cidade trouxe mudanças para a economia capixaba, proporcio- nando uma nova dinâmica no movimento comercial com a intensificação das ativi- dades no Porto de Vitória, localizado na área central da cidade. Acompanhando estas transformações ocorridas na esfera econômica capixaba e como forma de incentivá-las, o poder público estrutura o espaço a fim de adequá-lo às novas exi-

Fig.2.25 Fig.2.25 Fig.2.25 Fig.2.25

Fig.2.25 A cidade foi im- plantada seguindo o modelo português de urbanização. Fonte: Arquivo Público P.M.V.

3333333333 CURBANI,Sáira Glazar.

Henrique Novaes em Diferen- tes Momentos: Plano Geral da Cidade de 1917 e Plano de Urbanização de Vitória de 1931. Deptº de Arquitetura. UFES.1998.P.18

gências do capital mercantil, e aos novos hábitos e interesses da elite econômica local, iniciando-se assim, um processo mais intenso de urbanização na capital. A intensidade das intervenções urbanísticas aumentava em determinados períodos, conforme o governo vigente e a maior disposição de rendas públicas, advindas com o aumento da cotação do café33.

Entretanto, o traçado urbano era limitado pelas condições do sítio físico da ilha. Na perspectiva de ampliar a área de expansão da cidade, em 1895, o governo de Muniz Freire cria a Comissão de Melhoramentos da Capital, tendo como responsável o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. O engenheiro havia desenvolvido diver- sos projetos de saneamento e expansão urbana em diversas cidades brasileiras, e incorporava em seus projetos, teorias e práticas sanitaristas, que eram difundidas por urbanistas europeus, principalmente por Haussmann. A sua prática urbanista também era bastante influenciada pelos ideais de Camillo Sitte que entendia a cidade como uma obra de arte. Assim, o poder público já utilizava o discurso desenvolvimentista para justificar suas intervenções na cidade.

Fig. 2.26 Fig. 2.26Fig. 2.26

Fig. 2.26Fig. 2.26 As igrejas ocupa- vam lugar de destaque na paisagem. Em primeiro pla- no a Igreja do Carmo e ao fundo a Igreja do Rosário no centro de Vitória. Fonte: Ar- quivo Público P.M.V. Fig 2.27

Fig 2.27Fig 2.27

Fig 2.27Fig 2.27 Igreja dos jesuí- tas, mais tarde Palácio do Governo. Fonte: Arquivo Pú- blico P.M.V.

Fig 2.28 Fig 2.28Fig 2.28

Fig 2.28Fig 2.28 A antiga vila de Vitória no início do século XX. A sua expansão estava limita- da entre o Maciço e a baía. A natureza mostrava-se sobe- rana na paisagem urbana. Fonte: Arquivo Público P.M.V.

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Nesta época, 1896, o projeto de um Novo Arrabalde, lançava uma proposta de extensão do território cinco a seis vezes maior que o núcleo original e projetava-se no sentido da região nordeste (orla) até então desocupada. O sítio físico encontrado por Saturnino era composto por grande área úmida (mangues e brejos) e uma área com terrenos secos, circundados à leste pelo mar. O projeto apresentava um traçado ortogonal cortado na diagonal por duas avenidas longas e retas, que formam entre si ângulo agudíssimo, e seu desenho racionalista atendia à premissa higienista de vias bem ventiladas e iluminadas.

O desenho urbano do Novo Arrabalde foi executado sobre a superfície plana exis- tente e a aterrada, considerando as particularidades e os elementos naturais da paisa- gem, dando ênfase à visualização dos afloramentos rochosos. O aspecto de maior destaque nesse sentido, é a visão ao longo do seu percurso do Morro e do Convento de Nossa Senhora da Penha, permitida por meio do grande eixo viário – a Avenida Nossa Srª da Penha - que corta diagonalmente o traçado ortogonal proposto no projeto.

Entretanto, o projeto do Novo Arrabalde não correspondeu às expectativas de ocupação, uma vez que os fluxos migratórios esperados na época, não acontece- ram nas proporções que justificassem tal expansão, sendo que esta área do projeto referida, foi efetivamente ocupada somente na década de 60 e 70, constituindo atualmente o território que compõe a região nordeste (orla).

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Fig 2.29 Fig 2.29Fig 2.29

Fig 2.29Fig 2.29 O desenho do Novo Ar rabalde proposto por Satunino de Brito em 1896. Sua efetiva ocupação só veio a ocorrer na década de 1960. Hoje este território corresponde à região nor- deste, uma das áreas mais valorizadas pelo mercado imobiliário. Fonte: Arquivo Público P.M.V.

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34 A corrente romântica é tí-

pica da segunda metade do século XIX, quando o espaço passa a ser projetado de modo a recriar a imagem do parque e do jardim anglo- francês com clara inspiração nos cânones ingleses. No ro- mantismo, a imaginação cri- adora é vista como superior à razão, onde é atribuído à obra de arte um significado espiritual. Nesse sentido, os reformadores do século XIX na Europa, procuraram criar uma certa utopia nas cida- des, introduzindo elementos naturais na paisagem cívica como possibilidade de um re- torno imediato à natureza. À

As idéias higienistas de Saturnino de Brito também foram usadas no governo da administração Jerônimo Monteiro (1908-1912), que tinha como principal objetivo transformar Vitória numa cidade moderna, realizando um programa de remodela- ção profunda na cidade, baseado nos princípios de embelezamento, saneamento e modernização, aterrando e ajardinando mangues, saneando e retificando ruas. O romantismo34 associado ao movimento moderno influencia diretamente na remo-

delação da cidade de Vitória no início do século XX, cujo modelo europeu baseava- se nas idéias sanitaristas e de embelezamento. Assim, são executados aterros em áreas alagáveis dando origem a parques e jardins.35 Portanto, o primeiro marco da

urbanização de Vitória foi o aterro da área alagadiça do Campinho, onde hoje está situado o Parque Moscoso, e que na época serviu de base para instalação da nova elite capixaba.

O ajardinamento dos logradouros públicos principais, implementado juntamente ao calçamento sistemático e abertura de novas vias de circulação foi em decorrência dos novos hábitos que passam a utilizar um transporte mais rápido e moderno. Essas ações sobre o espaço público, associadas a uma transformação expressiva dos padrões construtivos e arquitetônicos dos edifícios, criam uma nova paisagem urba- na que colabora na identificação de uma pequena elite em emergência com seus pares europeus.

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Fig 2.30 Fig 2.30Fig 2.30

Fig 2.30Fig 2.30 O projeto do Novo Arrabalde preservou a visão de elementos significativos da paisagem como o Conven- to da Penha, visto ao longo da avenida Nossa Senhora da Penha. Foto: Vítor Noguei- ra.

Fig 2.31 Fig 2.31Fig 2.31

Fig 2.31Fig 2.31 O Convento Nossa Senhora da Penha cons- truído no município de Vila Velha faz parte da paisagem de Vitória.

Fig 2.32 Fig 2.32Fig 2.32

Fig 2.32Fig 2.32 Área alagável no antigo Campinho (centro da cidade). Fonte: Nau/UFES. Fig 2.33

Fig 2.33Fig 2.33

Fig 2.33Fig 2.33 O modelo sanita- rista propôs o aterro do Campinho para viabilizar a modernização da cidade dando lugar ao Parque Moscoso. Fonte: Nau/UFES.

Situações relevantes no campo do urbanismo continuaram a ocorrer posteriormen- te com participação destacada do engenheiro Henrique de Novaes, prefeito de Vitó- ria em dois mandatos. Além de responsável direto por dois planos de urbanização desenvolvidos para a cidade, em 1917 e 1931, Novaes participou, na década de 1940, como prefeito, da contratação de um novo plano para Vitória sob supervisão do urbanista francês Alfred Agache.

O discurso de Novaes era contraditório, por vezes exaltava a beleza natural da paisa- gem, e em outras assumia a defesa do urbanismo racionalista, cujo traçado geométri- co e regular conflitava com a existência de elementos naturais do sitio físico. Muitos dos seus projetos resultavam em desmonte de rochas, retificações e aterros, e eram executados principalmente na orla e em áreas alagáveis.

Em sua análise da urbanização de Vitória, Mendonça36 descreve o primeiro desses

planos restringindo-se a área central (núcleo inicial), onde havia intensa preocupa- ção com o porto e com a melhoria da circulação viária no sentido oeste-leste, entre elas a abertura da Avenida Capixaba no centro da cidade.

No plano seguinte, dentre outros aspectos, Novaes estendia a região do Porto de Vitória com previsão de expansão ao longo da Baía, e lançava amplo aterro (previsto para a área situada entre os bairros de Ilha de Santa Maria e o da atual Enseada do Suá), ressaltando a prioridade de ocupação do sítio físico da ilha de Vitória e evitan- do a expansão para além dos seus limites. O plano supervisionado por Agache pro- punha um novo desenho urbano sobre parte do aterro antevisto, correspondente ao

medida que as condições ur- banas pioravam em função de superpovoamento e po- luição provocada pela indus- trialização, aumentava as queixas contra a vida urba- na. Esta situação precipitou o movimento de reforma sa- nitarista que provocou um maciço investimento em paisagismo e infra-estrutura cívica. Esses empreendimen- tos utilizaram a natureza para projetar parques, dre- nagem das ruas e tratamen- to de esgotos atingindo um sucesso memorável como o do Fens de Boston, de OLMSTED.( In: MACEDO, Síl- vio. Quadro do Paisagismo noBrasil. FAUUSP.1999.p.23).

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35 Podemos citar a execu-

ção do aterro do Campinho em que deu lugar ao Parque Moscoso modelado na linha projetual do romantismo.

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36 MENDONÇA, Eneida Ma-

ria Souza et alli. Diagnósticos e Cenários. In: Vitória do Fu- turo. Vitória: UFES, 2002. Fig 2.34

Fig 2.34 Fig 2.34 Fig 2.34

Fig 2.34 Inauguração Par- que Moscoso. A remodelação da cidade passava pela cria- ção de parques. Fonte: Fon- te: Nau/UFES.

Fig 2.35 Fig 2.35 Fig 2.35 Fig 2.35

Fig 2.35 Os parques urba- nos arborizados se consoli- dam até meados do século XX, idealizados para o flanar de uma sociedade emergen- te. Parque Moscoso. Fonte: Nau/UFES.

Fig 2.36 Fig 2.36 Fig 2.36 Fig 2.36

Fig 2.36 O romantismo de- senha formas orgânicas e si- nuosas em suas praças. Pra- ça Costa Pereira no Centro. Fonte: CD Vitória Antiga. Fig 2.37

Fig 2.37 Fig 2.37 Fig 2.37

Fig 2.37 A introdução da na- tureza na paisagem cívica. Detalhe chafariz na Praça Costa Pereira. Fonte: CD Vi- tória Antiga.

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atual bairro de Bento Ferreira. O projeto deste novo bairro dava destaque à presença física dos morros, que permaneceriam com sua cobertura vegetal, porém, sem ocu- pação, e ao potencial paisagístico da orla, tratada como park way.37

Portanto, para atender ao propósito do desenvolvimento econômico, o sítio que outrora representava limite físico e barreira para expansão da cidade, começava a perder seu papel de entrave do crescimento da cidade, sofrendo interferências siste- máticas em seu domínio natural como a baía e o mar. A construção dos galpões do Porto de Vitória na década de 40, bloqueando a vista da baía e a relação desta com seus moradores na região do centro, reforça ainda mais esta constatação. O aterro da Esplanada Capixaba, destinado à implantação de novos edifícios (década de 60) aca- bou definitivamente com os últimos indícios do contorno original da ilha no núcleo de ocupação central. A única paisagem que se mantinha indelével e soberana na paisagem do centro histórico ainda era a do Maciço Central.

Observa-se que já na década de 50, o governo estadual dá início à construção de habitação popular através da criação do Instituto do Bem-Estar Social do Espírito Santo (IBES). O governo não dependia, para sua sobrevivência, do lucro nesse se- tor, entretanto exercia uma política efetivamente social atuando no mercado imobi- liário. Dessa forma, muito mais do que uma política populista, ele cria condições

Fig 2.38 Fig 2.38Fig 2.38 Fig 2.38

Fig 2.38 Aber tura da Av. Capixaba, atual Jerônimo Monteiro. A retificação das avenidas visava a melhoria da circulação viária. Fonte: Arquivo Público P.M.V. Fig 2.39

Fig 2.39Fig 2.39 Fig 2.39

Fig 2.39 Obras para alarga- mento da Av. Jerônimo Monteiro. Fonte: CD Vitória Antiga.

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Fig 2.40 Avenida Capixaba ampliada para atender ao fluxo de circulação de veícu- los particulares e coletivos. Fonte: CD Vitória Antiga. Fig 2.41

Fig 2.41 Fig 2.41 Fig 2.41

Fig 2.41 A antiga Av. Capixaba cede lugar a atual Av. Jerônimo Monteiro, im- portante corredor viário que liga o centro aos municípios de Cariacica e Vila Velha. Foto: João Bosco,1986.

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37A idéia de park way surge

nos Estados Unidos a partir da combinação de eixos viá- rios intermediados por gran- des áreas de parques e jar- dins.

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38 CAMPOS Junior,Carlos. A

construção da cidade. For- mas de produção Imobiliária em Vitória. . . Vitória: Flor e Cultura Editores, 2002.

para o estabelecimento de um operariado urbano nas cidades. Na análise de Cam- pos38, um outro fator que refletia a presença do Estado no setor imobiliário era a

venda ou transferência de terrenos de sua propriedade, por intermédio de aforamento, para quem o requeresse. Por esse mecanismo, o Estado criou sempre uma oferta abundante de terrenos urbanos, pelo menos para as demandas da época, dificultan- do assim, a formação da escassez necessária que viabilizasse a formação da empresa privada no setor.. Outro fato a ser considerado é que o desenvolvimento da cidade de Vitória desde o início do séc. XX até a década de 60, sempre esteve diretamente relacionado com a economia do café e as atividades portuárias. O café foi o grande empregador de mão-de-obra respondendo pelo emprego de 67% da população eco- nomicamente ativa. A crise na cafeicultura fez com que se verificasse, a partir de 1960, uma crescente urbanização em Vitória. A desestruturação agrícola, base da economia local, intensificou as migrações, que passam a se direcionar prioritariamente para Vitória e Grande Vitória. Aumenta assim, significativamente a procura pelos terrenos urbanos, visto que a alternativa política à crise, priorizava a indústria. Com isso, a produção imobiliária se modifica e se apropria do novo contexto, assumindo caráter empresarial.

Observa-se que, de modo geral, a economia está em freqüente mutação; as infra- estruturas de apoio se renovam instantaneamente, e o fazem sob condições que nem sempre competem ao Estado federado, mas à União, e não raro para responder a projetos nacionais. A queda nos preços internacionais do café gerou condições favoráveis a um processo gradativo de inserção da economia local à dinâmica nacio- nal e internacional através da indústria. Tratava-se de investimento externo e estatal em consonância, na época, com a política federal para o setor. Assim, alguns proje- tos industriais foram priorizados com fins à diversificação da economia. A instalação do terminal de exportação pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em 1942, também foi significativo dentro da realidade do Estado, pois expandiu e consolidou todo o complexo de prestação de serviços de diversas naturezas, benefician-

Fig 2.42 Fig 2.42 Fig 2.42 Fig 2.42

Fig 2.42 Obras para ampli- ação do Por to de Vitória. Fonte: Arquivo Público P.M.V. Fig 2.43

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Fig 2.43 Bloqueio visual dos galpões do Porto impediram a visiblidade de trecho da Baía. Foto: João Bosco. Fig 2.44

Fig 2.44 Fig 2.44 Fig 2.44

Fig 2.44 Movimentação portuária se integra à paisa- gem do centro e os prédios constituem-se em verdadeiros limites na acessibilidade à Baía. Foto: João Bosco.

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39 ABE, André Tomoyuki.

Grande Vitória E.S: Cresci- mento e Metropolização. Tese de Doutorado apresen- tada à Faculdade de Arquite- tura e Urbanismo da Univer- sidade de São Paulo. São Paulo, 1999. Fonte: BNDES, Plano de ação 1975/1979. 40 40 40 40 40 Segundo, Rober to

Simões, procurando concre- tizar a estratégia de cresci- mento sob a ótica eminente- mente privada, os centros de poder:

A)definem políticas públicas próprias;

B)pressionam e/ou interfe- rem na formulação de políti- cas , nos três níveis de po- der ;

C)alavancam e/ou viabilizam reivindicações estaduais, se- jam do Governo , sejam da iniciativa privada, junto ao Governo Federal, as agênci- as de financiamento nacio- nais e intranacionais e a ou- tras empresas estatais, além de possibilitarem a inclusão do Espírito Santo nas gran- des políticas do Governo Fe- deral.

Roberto Simões é professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universida- de Federal do Espírito Santo e assessor técnico do gover- no estadual.

do também a atividade tradicional de comércio de produtos primários do Estado com o exterior. Assim, o uso do território de um Estado federado é, em grande parte, resultado de fluxos gerados fora dele e até no exterior, e que por sua vez, escapam ao controle de suas instituições.

Os Projetos de Grande Escala: Rápida Urbanização e Degradação Ambiental

A partir de 1975, profundas alterações na estrutura produtiva configuraram um novo perfil do Estado. As decisões e gestões de investimentos passaram a serem baseadas em macro-políticas enquadradas em diretrizes e objetivos da política eco- nômica e territorial do Governo Federal. Segundo Abe39, a inserção do Espírito

Santo no surto de desenvolvimento nacional, apoiava-se na perspectiva de quatro grandes grupos de projeto, voltados predominantemente para o mercado externo, passando a ser denominados como os Grandes Projetos: o complexo siderúrgico, o complexo naval, o complexo paraquímico e o complexo portuário. Quase todos esses projetos tornaram-se realidade, com exceção do complexo naval.

Além desses grandes projetos, o governo estadual antecipou-se à concretização do Projeto Siderúrgico de Tubarão, e criou em 1974 um distrito industrial – o Centro Industrial de Vitória (CIVIT) – visando atrair indústrias para o Estado, através da venda a preços subsidiados dos módulos industriais. A concretização deste distrito no planalto de Carapina, contíguo a área prevista para a instalação da Companhia Siderúrgica de Tubarão, resultou na transformação do setor norte da Grande Vitó- ria em área preferencial para instalação de projetos industriais e residenciais. A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e atividades correlatas, por exemplo, além de gerar empregos diretos e indiretos (prestação de serviços), teve efeito multiplicador com influência na formação da classe média da Grande Vitória, elevando o potencial do mercado comprador do setor imobiliário.

Portanto, a Região Metropolitana passa a subordinar-se em boa medida ao desem- penho desses “Centros de Poder”40, devido ao número de atividades que em torno

deles giravam. Nesse momento, o Estado visando solucionar os problemas gerados pela desenfreada expansão urbana, procura estabelecer uma política de planeja-

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