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As pontes: referência na paisagemAs pontes: referência na paisagemAs pontes: referência na paisagem

As pontes: referência na paisagemAs pontes: referência na paisagem

As pontes: referência na paisagem

As pontes: referência na paisagem

Vale ressaltar uma outra imagem símbolo que representa o panorama da cidade insular: as pontes. Como ilha e centro geopolítico e econômico, era fundamental que Vitória ampliasse sua capacidade de acesso ao continente, e assim inúmeras pontes foram construídas ao longo de sua evolução urbana, passando a compor as referências paisagísticas da ilha. Assim, com as sucessivas ligações viárias e aterros, observa-se o estreitamento da percepção visual dos habitantes e turistas quanto a essa condição geográfica de “ilha” que contém o território municipal.

MORRO PRAIA DO SUÁ TERCEIRA PONTE MORRO BENTO FERREIRA

MORRO DO MORENO CONVENTO DA PENHA

2.19

Fig 2.23 Fig 2.23Fig 2.23

Fig 2.23Fig 2.23 Ponte Florentino Ávidos (1929) construída em estrutura de aço foi a pri- meira ligação expressiva do município com o território no sentido sul do Estado. Foto: Vítor Nogueira.

Fig 2.24 Fig 2.24Fig 2.24

Fig 2.24Fig 2.24 A Terceira Ponte tem uma grande extensão (3,5 km²) e liga os municípi- os de Vitória e Vila Velha. Foto: Vítor Nogueira.

18 1818 18

18 A Ponte Deputado Castello

de Mendonça é mais conhe- cida como Terceira Ponte e demorou dez anos para ser concluída.

A forma com que o uso deste elemento estrutural prevaleceu e se integrou à paisa- gem de Vitória se explica, pelo fato de que, uma das características peculiares da ilha de Vitória é a sua proximidade com o continente. As pontes permitiram suces- sivas ligações viárias integrando toda a região metropolitana. A primeira ponte construída foi a Florentino Ávidos (1924-1928), mais conhecida por “Cinco Pon- tes” em estrutura de aço localizada a sudoeste da ilha fazia ligação de Vitória com os municípios de Vila Velha e Cariacica. Como esta já não mais comportava o fluxo crescente de veículos, próxima a esta foi construída a Segunda Ponte (década de 70) que permite a visualização do Maciço Central como referência de entrada da ilha.

Na região nordeste, foi construída a Terceira Ponte (1989)18 com vão de 3,5km, uma

das maiores em extensão do Brasil representando em sua estrutura formal o avanço tecnológico. Esta ponte de grande magnitude situada na entrada da Baía de Vitória já se incorporou à paisagem, possibilitando visadas imediatas que privilegiam o poten- cial paisagístico da ilha.

2.23

O conceito de espaço, por expressar um movimento em direção a uma realidade, não é um conceito unívoco, tendo comportado várias formas de interpretação ao longo do tempo. Para Lefebvre, as formulações teóricas acerca do espaço, fragmen- tam-no em diversos postulados metodológicos, conforme a sua inserção nas ciênci- as: o geográfico, o sociológico, o histórico, o urbanístico. Assim sendo, o espaço não pode ser relativizado apenas sob o crivo cultural e temporal, e sim compreendido numa dimensão maior, da globalidade, como um produto, produto da práxis19.

Considerando o processo de urbanização historicamente vinculado ao modo de produção capitalista, o espaço urbano deixa de ser entendido apenas como um pro- duto, dotado de condições materiais e subjetivas, necessárias à produção em geral e a reprodução humana, para se transformar ele próprio em uma mercadoria , através das localizações20. As localizações surgem no processo de produção do espaço urba-

no, sendo dadas pelos valores de uso, que lhe são atribuídas pelas infra-estruturas físicas, as quais fazem com que se materialize a estrutura do espaço.

Nesse sentido, vale ressaltar a importância do caráter histórico do Estado na consti- tuição do espaço urbano. Muitas teorias foram formuladas a respeito do Estado. Lefebvre21 submete sua reflexão à análise evolutiva do pensamento de filósofos e

outros teóricos que discutem a questão, passando pelos clássicos do Iluminismo até chegar às teorias marxistas que embasaram a lógica do capitalismo moderno. No decurso da história, tivemos que nos aproximar do século XVI para que as questões de soberania deixassem de ser representadas em termos religiosos para assumir uma dimensão política, em termos de governo. A esta época, Lefebvre refere-se a Jean Bodin como um dos primeiros a formular a soberania como atributo do Estado, distinguindo-o de qualquer outra associação contratual ou natural: família, corporação, etc. Para Bodin, a soberania equaliza diante dela os sujeitos, “acarreta a legalidade e não

a arbitrariedade do soberano; ela exige para seu pleno exercício, uma jurisdição e um direito, portan- to uma constituição.”22 Por outro viés interpretativo, Hobbes, cientista político do sé- culo XVII, atribui ao poder soberano a semelhança do Leviatã23, monstro sagrado capaz do melhor e do pior, ao qual o indivíduo não poderá escapar. Dessa forma, para Hobbes, o conceito de poder e sociedade encontra-se numa entidade global, superior ao indivíduo e à razão individual.

Para Lefebvre estes pensadores não desvinculam o conceito de Estado da noção de “cidade”. Segundo os historiadores, os termos políticos mais utilizados na concep- ção dessas teorias são “polis, civita, e res publica”. Nesse sentido, o Estado como tal não se separa da cidade. Lefebvre cita Spinoza para quem existem apenas Cidades-Esta-

1919191919 Para Lefebvre, um pro- duto adquire um significado superior e pressupõe uma necessidade e uma técnica. A técnica é um produto his- toricamente construído e vai sendo transmitida, avaliada, aperfeiçoada e se consolida como uma estrutura. A téc- nica se consolida com a ati- vidade, a medida que se ex- perimenta. Portanto, o espa- ço social é senão um produ- to da atividade humana e do trabalho social, intermediada por uma técnica, construído historicamente. (Lefébvre, Henri. Le Materialisme Dialetique.Quadrige. Paris, 1940) 20 20 20 20 20 DÉAK (1985) considera

como localização do espaço urbano não apenas a terra, mas também o mar, e o ar (satélites artificiais).

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21 LEFEBVRE, Henri. De

l’État. Tomo III: “ Le mode de production étatique”.4 volu- mes.10-18 UGE. Paris,1977. Tradução Jorge Oseki (mimeo).

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22 Jean Bodin citado por

LEFEBVRE In: A respeito do Estado, Tomo III, Cap.3.Tradução Jorge Oseki (mimeo).

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23 Para Hobbes a distinção

entre sociedade civil e a so- ciedade política não tem sen- tido algum. Hobbes chega mesmo até a recusar a reli- gião na medida em que não é religião de Estado e pro- põe aos indivíduos um deus diferente (the immortal god) do deus político (the mortal god). A sua crítica às supers- tições garantirá a seu livro a

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