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O impacto econômico gerado pelo diabetes é considerável e é mais sentido nos países mais pobres, onde os pacientes e suas famílias têm de arcar com quase todo o custo do tratamento médico a que têm acesso. Na América Latina, as famílias pagam do próprio bolso de 40 a 60% dos custos com o tratamento da doença. Na Índia, os diabéticos mais pobres comprometem 25% de sua renda com atendimento particular. A maior parte desse dinheiro é usada para manter-se vivo evitando picos de glicose no sangue.

Pelo fato de estar aumentando mais rapidamente nas economias menores do que nos países desenvolvidos, o mundo em desenvolvimento é que vai arcar com o prejuízo no futuro. Mais de 80%

do investimento com atendimento médico a diabéticos é feito nos países mais ricos. Menos de 20% é investido nos países de economia média ou pequena, onde, em breve, viverão 80% dos diabéticos. Os Estados Unidos abrigam 8% da população mundial com diabetes e comprometem mais de 50% dos gastos globais com tratamento para a doença.

Nos Estados Unidos, em 1997, o total com gastos médicos por parte de diabéticos foi de 77,7 bilhões de dólares, ou 10.071 dólares anuais per capita para produtos e serviços médicos, contra 2.669 dólares por pessoa sem essa doença.35 Problemas associados também saem caro: 30.400 dólares em

caso de infarto ou amputação; 40.200 dólares se a pessoa tiver um AVC; e 37.000 dólares em caso de doença renal terminal. De acordo com o CDC, em 2002 o custo anual com o diabetes nos Estados Unidos ficou na faixa de 264 bilhões de dólares.36 Abaixo, uma relação dos custos:

• 132 bilhões de dólares no total (diretos e indiretos) • 92 bilhões de dólares com despesas médicas diretas

Os orçamentos governamentais do mundo todo vão enfrentar o grande peso do diabetes com o pagamento de pensões por invalidez, serviços médicos e sociais e perda de receita.

O diabetes afeta toda a sociedade, e não só aqueles que convivem com a doença. A OMS calcula que as mortes provocadas por diabetes, infarto e AVC custaram cerca de 250 bilhões de dólares internacionais na China, 225 bilhões na Federação Russa e 210 bilhões na Índia em 2005, e muitos desses casos de infarto e AVC estavam associados ao diabetes. A OMS estima que os três problemas de saúde somados irão custar aproximadamente:

• 555,7 bilhões de dólares em perda de receita nacional na China nos próximos dez anos • 303,2 bilhões na Federação Russa

• 333,6 bilhões na Índia • 49,2 bilhões no Brasil

• 2,5 bilhões até mesmo num país extremamente pobre como a Tanzânia

Esses cálculos baseiam-se em perda de produtividade, resultante principalmente de morte prematura. Se considerarmos a questão da invalidez, os números duplicam ou triplicam.

A doença também tem impacto negativo sobre as condições gerais de saúde da pessoa e seu desempenho profissional. Segundo o CDC, em 2003, 33,6% dos diabéticos americanos adultos disseram ter desorientação mental pelo menos uma vez por mês; 53,9% relataram ter tido pelo menos um dia de desorientação mental; e 62,8% revelaram ter tido pelo menos um dia de mal-estar físico ou

mental. Além disso, 32,6% deles revelaram incapacidade de desempenhar suas atividades habituais pelo menos um dia por mês, por problemas físicos ou mentais.

Se seguíssemos a dieta da prevenção, conseguiríamos economizar centenas de bilhões de dólares em despesas diretas e indiretas – mas estamos realmente dispostos a fazer isso? Por que não tomar a atitude óbvia? Em torno de 40 bilhões de dólares em subsídios federais serão destinados a plantações de milho, de modo que o xarope de milho venha a substituir a cana-de-açúcar. O xarope de milho foi eleito por muitos especialistas da área de saúde como um dos principais responsáveis pelo aumento da obesidade, uma vez que não sacia a fome. Desde sua invenção, o consumo de todos os adoçantes disparou, assim como o peso das pessoas.

De acordo com um estudo publicado em 2004 no American Journal of Clinical Nutrition, o crescimento do diabetes tipo 2 desde 1980 ocorreu paralelamente ao aumento do consumo de adoçantes, sobretudo o xarope de milho. Os dados coletados pelo estudo, realizado com 51.603 enfermeiras nos Estados Unidos, mostraram que as mulheres que bebiam uma dose de refrigerante não dietético ou ponche de frutas diariamente, adoçados ou com açúcar ou com xarope de milho com alto teor de frutose, engordaram em média 4,5 quilos a mais do que as mulheres que bebiam menos de uma dose por mês. O estudo foi realizado ao longo de quatro anos. Além disso, as que consumiam açúcar ficaram 82% mais suscetíveis a desenvolver diabetes tipo 2. “Moral da história: qualquer um que se preocupe com a própria saúde ou com a saúde da família não irá consumir essas bebidas”, afirma Walter C. Willett, da escola de saúde pública de Harvard, que participou da condução do estudo. “Pais que cuidam da saúde de seus filhos não devem ter [bebidas que contenham açúcar refinado] em casa.”37 A declaração do doutor Willett deixa muito claro: os lucros produzidos pela

Cultura da Morte estão em conflito direto com nossa capacidade de zelar por nossas crianças e por nós mesmos. A capacidade de amar e cuidar de nossos filhos e de nós mesmos é uma característica saudável da Cultura da Vida. Então, escolhemos a vida ou a morte?

Pesquisas também indicam que o xarope de milho com alto teor de frutose interfere no aproveitamento, pelo coração, de minerais fundamentais, como magnésio, cobre e cromo, além de implicar a elevação do colesterol e o surgimento de coágulos. Todos esses fatores contribuem para o aparecimento de doenças cardiovasculares – a principal causa de morte entre diabéticos. Descobriu- se que o xarope de milho rico em frutose também inibe a ação dos glóbulos brancos, tornando-os incapazes de defender o corpo contra agentes externos nocivos.38

Não há casualidade aqui, isso é elementar. Trata-se de uma tragédia evidente e em andamento. A Associação Americana de Diabetes estima que a doença esteja custando 132 bilhões de dólares por ano. Como base de comparação, o custo de todos os tipos de câncer juntos, nos Estados Unidos, soma 171 bilhões de dólares por ano. Temos uma grande epidemia, e tudo o que fazemos é torná-la ainda pior.

Essa pandemia tem diversas causas secundárias. Alguns médicos estão um pouco preocupados, pois cada vez mais crianças têm tomado medicamentos antipsicóticos para tratar ansiedade e distúrbios como autismo, e esses remédios podem estimular o ganho de peso, elevando, assim, o risco de desenvolver diabetes. É o caso do antipsicótico Zyprexa, por exemplo. Pouco se tem pesquisado sobre o impacto a longo prazo do diabetes tipo 2 em crianças, no que se refere a seu tempo de vida. As complicações crônicas decorrentes tendem a surgir entre dez e quinze anos depois do início da doença. Isso quer dizer que problemas limitantes, como doenças renais, cardíacas, AVC e cegueira, hoje afetam pessoas na flor da idade, nos anos em que deveriam ser mais produtivas. As projeções do CDC mostram que a expectativa de vida de crianças com diabetes tipo 2 será encurtada em dezenove anos.

O tratamento do diabetes complica-se ainda mais devido à crença difundida pelo jornal The New

York Times e apoiada por grande parte dos médicos: “O diabetes não tem cura. É uma doença

progressiva e fatal”. Contudo, até mesmo os resultados preliminares de nossa pesquisa mostram que isso não passa de um mito, que, aliás, só existe pelo fato de não termos divulgado antes o modo de reverter o diabetes naturalmente – isso porque, em 1920, o doutor Max Gerson curou Albert Schweitzer recorrendo à alimentação viva.

O diabetes é, sem dúvida, uma pandemia criada pelo estilo de vida mundial da Cultura da Morte. As estatísticas são aterradoras. O que está em jogo é nada menos que a saúde de todas as sociedades. Então, é preciso contribuir para a transição mundial para a Cultura da Vida, o que deve ser feito no âmbito pessoal. Antes de começarmos a falar sobre como reverter facilmente nossa atual pandemia para criar um mundo livre da doença, precisamos avaliar cientificamente os hábitos pessoais que favorecem seu desenvolvimento e, a partir dessa abordagem científica, desenvolver um programa que nos ajude a escolher um estilo de vida mais responsável, que criará condições mais saudáveis.

Quando desrespeitamos as leis da natureza, elas deixam de nos respeitar também. Neste capítulo, você verá coisas de que talvez goste muito como parte do que considera como sua identidade. É muito importante que você reconheça a parte saudável de si mesmo que não quer o diabetes e também a alimentação e o estilo de vida que geram a doença. Qualquer apego ao diabético que éramos antes, e à dieta e aos hábitos que nos acompanhavam, precisa ser abandonado. “Meus preciosos fardos”, disse o poeta Walt Whitman, “carrego-os comigo aonde quer que eu vá.”

Analisaremos agora nossos preciosos fardos e, no capítulo 4, iremos desenvolver um espaço mental e hábitos de vida que nos ajudarão a deixá-los de lado por uma vida que nos traga apenas coisas boas. O capítulo 5 mostrará como seguir uma alimentação antidiabetogênica da Cultura da Vida acessível e saborosa, não importa o quanto sua vida seja corrida. Se tiver alguma dúvida ao longo deste livro, dê uma olhada nas histórias de sucesso no capítulo 4. Você verá a realidade que vai querer para si mesmo, para sua família e para a sociedade. Pense que poderá se tornar uma das pessoas mais saudáveis e vigorosas que conhece. Vamos orientá-lo nessa conquista. Com isso em mente, avaliaremos esses fardos preciosos, esses hábitos arraigados que precisam ser transformados de modo a reverter o diabetes tipo 2.

A seguir, há uma lista dos fatores de risco que fazem parte da Cultura da Morte. Neste capítulo, analisaremos cada um deles, além de outras questões, como envelhecimento acelerado, genética, diabetes em crianças, resistência à insulina, diabetes gestacional, mal de Alzheimer e tipos de câncer associados com a doença. Entre os hábitos pessoais, escolhas e doenças para as quais se tem predisposição e que são diabetogênicos estão:

Sedentarismo, sobretudo o ato de ver televisão.

Sobrepeso e obesidade – como o hábito de comer alimentos processados, cozidos, pasteurizados e expostos a irradiação, com altos índices glicêmicos e de insulina, pobres em fibras, constituídos de carne, gorduras e produtos tóxicos, incluindo os encontrados nos peixes.

Consumo de leite e derivados.

Colesterol no sangue.

Estilo de vida estressante e hipertensão.

Cândida.

Síndrome metabólica (síndrome X).

Intoxicação por metais pesados e pela água.

Vacinas.

Café e outras bebidas com cafeína.

Tabagismo.

SEDENTARISMO

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC, 37,7% dos diabéticos dizem ser fisicamente inativos. A falta de atividade física estimula o diabetes tipo 2 e aumenta a necessidade de insulina em quem tem o tipo 1, pois não provê as proteínas especiais que levam glicose para as células. Essencialmente, a atividade física funciona como uma injeção de insulina, pois reduz os níveis de glicemia. Exercitar os músculos com maior frequência e esforço aumenta sua capacidade de utilizar a insulina e absorver a glicose. Isso alivia o trabalho das células beta, produtoras de insulina no pâncreas.

Uma nova teoria sobre os exercícios funcionarem como a insulina vem das chamadas proteínas transportadoras GLUT-4, que conduzem a glicose às células musculares. As atividades físicas fazem com que essas proteínas especiais cheguem à superfície da membrana celular, onde podem fazer a glicose em circulação mover-se para um lado e para o outro na célula, aumentando a sensibilidade à insulina e diminuindo a sua necessidade. Descobertas feitas pelo Nurses’ Health Study e pelo Health Professionals Follow-Up Study indicam que caminhar rapidamente por trinta minutos todos os dias reduz em 30% os riscos de desenvolver diabetes tipo 2. Os benefícios da atividade física, com sugestões e informações, serão apresentados com mais detalhes no capítulo 3.

PROGRAMAÇÃO DA TV

Vamos analisar o ato de assistir a programas de TV especificamente. Um estudo realizado pela Associação Americana de Diabetes avaliou 41.811 homens com idade entre 40 e 75 anos, por um período de dez anos. Observou-se uma associação direta entre os hábitos televisivos e o risco de desenvolver diabetes. Aqueles que ficavam sentados em frente à TV por mais de dezenove horas por semana eram 150% mais propensos a se tornar diabéticos do que os homens que assistiam a até três horas semanais deTV. Steve Allen chamou isso de “chiclete para os olhos”. Ficar sentado em frente ao aparelho é uma forma de sedentarismo, e há cada vez mais evidências de que os exercícios físicos previnem o desenvolvimento do diabetes melito tipo 2.

A cada duas horas da semana que você passa assistindo a programas de TV, em vez de procurar algo mais ativo para fazer, suas chances de desenvolver diabetes aumentam em 14%.1