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TECNISA Início: abril

5 FLEURY RESULTADOS EMPÍRICOS SOBRE O MODELO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO

5.3 Incentivos à inovação

Conforme descrito na seção 5.1, o Fleury está voltado à pesquisa científica e inovação desde sua fundação pela composição e perfil pessoal dos fundadores - todos médicos e empreendedores. A empresa sempre dedicou esforços para fomentar a inovação principalmente pelo aprimoramento contínuo de seus especialistas médicos e pela modernização constante de seus equipamentos de diagnóstico.

Apesar da regularidade das ações voltadas à inovação, não havia um planejamento formal dessas atividades nem indicadores de desempenho específicos. A criação da Diretoria de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento em 2007 foi um marco importante da gestão da inovação no Fleury, que veio formalizar e estruturar de forma perene os esforços de inovação e estabeleceu indicadores e metas, seguindo a metodologia BSC (Balanced Score-Card).

Com a criação em 2007 de uma diretoria corporativa de Educação, o Fleury reforçou sua orientação e ações voltadas ao desenvolvimento de seus funcionários, nesse mesmo ano foram desenvolvidas mais de 31 horas de treinamento por funcionário. Também em 2007 foi criado o programa de Desenvolvimento de Líderes, iniciativa que abrange três pilares de capacitação: Administração e Gestão, elaborado em parceria com a Fundação Dom Cabral, Visão Sistêmica do Setor Saúde, conduzido pelo Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (CPES), Competências do Líder, conduzido por diversos parceiros (Relatório Anual 2007, p 22).

Após completar o programa de 15 meses, a primeira turma formou-se em 2008. Esse programa agora será expandido em conteúdo e em número de participantes (Relatório da Administração – Balanço Sintético 2008). A equipe médica atualiza-se e desenvolve-se com outros recursos adicionais, com reuniões de atualização nas quais são discutidos casos clínicos, assuntos emergentes na prática médica ou recebem-se convidados externos para palestras sobre temas atuais.

Além disso, médicos e técnicos participaram de 123 congressos de diversas especialidades: 45 deles fora do país, e 117 profissionais enviados para cursos diversos fora da empresa. No âmbito da cooperação acadêmica existente desde os seus fundadores, a área de Educação do Fleury recebeu 16 médicos residentes de áreas clínicas, para estágios de curta duração no setor de Análises Clínicas e 21 visiting fellows, para programas de capacitação na área de

Diagnóstico por Imagem. Além disso, 230 alunos de escolas e universidades realizaram programa de visitação à sede técnico-administrativa do Fleury.

Um marco importante de 2007 foi a criação de um curso de pós-graduação em enfermagem de Centros Diagnósticos na modalidade lato sensu, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com participação de docentes de ambas as instituições (Relatório Anual 2007, p 22-23).

Se a Diretoria Corporativa de Educação tem foco no desenvolvimento do capital intelectual, a Diretoria de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento engaja-se na gestão desse conhecimento. Em 2007, foi desenvolvido o primeiro projeto de gestão do conhecimento do Grupo, na unidade de negócios Fleury Medicina Diagnóstica. A iniciativa resultou num conjunto de iniciativas estratégicas para aquisição, geração, aprendizado, codificação, organização, disseminação e proteção do conhecimento organizacional. Esse trabalho gerou uma publicação acadêmica em que se comparavam os resultados do projeto com as teorias de gestão do conhecimento (PEDROSO et al., 2008). A perspectiva é de ampliar o escopo da gestão do conhecimento, realizando projetos similares em outras áreas do Grupo. A gestão do conhecimento busca entender as dinâmicas de grupos de profissionais em distintos níveis de acumulação de conhecimento como expressa a frase:

Hoje temos um grupo de PhD´s dedicados a P&D na empresa, e que não realizam testes na rotina. Isso é importante, contribui para valorizar sua liberdade de pensamento para inovar.

(entrevista com Diretor Executivo de Planejamento Estratégico, Inovação e Sustentabilidade)

Poucos meses antes da primeira entrevista com o Fleury (jul.2007), a empresa havia promovido um importante encontro sobre gestão da inovação convidando como palestrante o professor Clayton Christensen da Harvard School (autor de diversos livros e artigos importantes sobre inovação) e executivos de empresas nacionais dedicadas à inovação como a Alpargatas, Blue Tree, Natura, e Embraer. Nesse evento houve participação intensiva de executivos de diversas áreas do Fleury, em companhia de convidados externos, compartilhando conhecimentos.

Do ponto de vista de instalações físicas voltadas à inovação, foi destinada uma área física específica para a condução de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento na Sede Técnico- Administrativa do Fleury.

Investimentos significativos feitos em 2007, para a contratação de PhDs e aquisição de equipamentos e tecnologia, permitiram a condução de projetos estratégicos de pesquisa e desenvolvimento, focados nas áreas de Genômica, Proteômica e Biologia Celular. Como resultado de um desses projetos, foi depositada uma patente no Patent Cooperation Treaty (PCT), em novembro de 2007.

Embora todas as iniciativas anteriores sejam importantes para a promoção e aprimoramento da inovação no Fleury, talvez a ação mais diretamente focada no incentivo à inovação para os colaboradores foi a criação da “Central de Ideias”. Com ela, todos os colaboradores do grupo Fleury podem submeter ideias de inovações de produto, processo ou serviço que serão avaliadas e respondidas individualmente, conforme descreve a seguinte frase:

“O objetivo é garantir um nível de discussão de cada ideia com mais pessoas, classificação e decisão de uso ou não da ideia. O intuito é ter sempre um feedback para a pessoa que deu a ideia, mesmo no caso de ideias que são armazenadas”.

(entrevista com Diretor Executivo de Planejamento Estratégico, Inovação e Sustentabilidade)

Os colaboradores que tiveram suas ideias aprovadas para desenvolvimento em projetos recebem reconhecimento monetário e não monetário, incentivando a continuidade do programa. Em outras palavras, o intuito é abrir a boca do funil de inovação, captando mais ideias internas e externas e gerando maior compartilhamento de conhecimento entre os profissionais.