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TECNISA Início: abril

4 UNIBANCO RESULTADOS EMPÍRICOS SOBRE O MODELO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO

4.3 Unibanco – incentivos à inovação

O Unibanco possui um conjunto interessante de incentivos à inovação, pois não utiliza ferramentas tradicionais como metas de inovação, indicadores de inovação, treinamentos específicos etc. Os incentivos do Unibanco estão mais voltados a atitudes ligadas aos valores corporativos expressos no Jeito Unibanco, e direcionados mais ao indivíduo do que ao grupo.

O Prêmio Walther Moreira Salles, na modalidade Inovação, é o único incentivo com foco central na inovação, ao mesmo tempo orientado à promoção específica dos valores “liderança intelectual” e “cabeça nas nuvens e pé no chão” do Jeito Unibanco. O prêmio é outorgado ao indivíduo ou equipe (até 8 pessoas) que recebem ações (units) como reconhecimento, além de ampla exposição entre os executivos do banco.

Um incentivo indireto é o Programa de Sócios, em que executivos que apresentaram um desempenho superior, em termos de adição de valor ao negócio, recebem o direito de compra de ações do Unibanco e, para cada ação comprada, são outorgadas ações bonificadas na forma de opções que podem ser exercidas entre 3 e 5 anos (Relatório Anual 2007, p. 14-15).

Outro incentivo formal é o Programa de Aceleração de Talentos também chamado de Fast

Track, no qual gerentes recebem treinamentos técnicos e comportamentais correspondentes ao

Jeito Unibanco, preparando-os para assumirem posições de gestão superior. As atividades incluem treinamentos em nível de MBA dentro e fora do país, congressos e treinamentos relacionados com a indústria bancária, assim como o desenvolvimento de planos pessoais de desenvolvimento e mentoring (aconselhamento profissional).

Em resumo, os incentivos são orientados a promover os valores do Jeito Unibanco e a conquista de resultados superiores alinhados à estratégia corporativa. As entrevistas com os superintendentes confirmaram que a lógica por trás desse sistema de incentivos é: para gerar resultados superiores é necessário fazer as coisas de forma diferente, entre elas desenvolver

novos produtos. Ou seja, a inovação é um meio para se alcançarem os resultados desejados.

Nota-se que os incentivos formais do Unibanco são voltados ao desenvolvimento individual de gestores, orientação que demonstra uma continuidade das práticas dos fundadores em busca dos melhores talentos. Na Figura 4.3, ilustra-se o papel dos incentivos para fomentar a inovação nos executivos do Unibanco.

Fig. 4.3 – O papel dos incentivos para a inovação no Unibanco

Fonte: O Autor.

Nota-se que os incentivos não são diretamente voltados à inovação, mas à geração de resultados, exigindo um esforço dos executivos em encontrar novas maneiras de atingir as metas, em que o esforço de inovar é um componente praticamente obrigatório. Os incentivos têm como principal alvo o executivo, com o propósito de proporcionar as melhores condições para que ele possa criar alternativas de negócio cujo desenvolvimento de novos serviços é uma das principais atividades. É importante destacar, também, que a reestruturação da diretoria em 2004 propiciou um aumento de autonomia dos executivos, um componente- chave que, alinhado com os incentivos descritos, fomenta o comportamento inovador.

“O processo decisório do Unibanco é muito descentralizado, ou seja, eu e meus gerentes temos uma autonomia de decisão muito grande”.

(entrevista com Superintendente de Produtos Varejo)

“O Unibanco dá muita autonomia para você ir e acontecer, te dá a oportunidade de fazer algo novo que se der certo pode-se multiplicar. É importante que existam

Treinamentos e Congressos Recursos financeiros e humanos Metas de negócio desafiadoras, com foco na lucratividade INOVAR Remuneração Variável Autonomia

Negociações internas para desenvolvimento do projeto

os exemplos bem-sucedidos. Ganhar agilidade com controle. O nosso foco de autonomia está aqui”.

(entrevista com Superintendente de TI Varejo)

Sobre

“Com relação a riscos operacionais, de mercado, regulatório e crédito, o banco é ultraconservador, porém, quando se fala em entrar num novo negócio, há uma boa disposição em avaliar”.

o desenvolvimento de novos serviços, é importante destacar que o executivo de produto acaba desempenhando grande parte do esforço de gerenciamento de projeto e dedica-se pessoalmente à negociação de recursos com outras áreas do banco (operações, TI, marketing, entre outras). Porém a autonomia, como ingrediente importante para fomentar o comportamento inovador dos executivos, não deve ser entendida como um incentivo à aceitação do risco:

(entrevista com Superintendente de Produtos Varejo)

A autonomia é a condição necessária para que o executivo possa agir e perseguir as metas desafiadoras de negócios que deve entregar, de forma complementar, a remuneração variável atua como um poderoso incentivo mobilizador dos executivos.

Um último elemento importante a analisar é o processo de geração de orçamento anual de investimentos que os contempla para o desenvolvimento de novos produtos. As diretorias do Unibanco possuem um orçamento anual chamado de “Investimentos”, ou seja, uma verba que se destina a projetos específicos dentro da diretoria que podem ter quatro categorias.

Os projetos de “geração de receita” envolvem o desenvolvimento de novos produtos, ou aperfeiçoamento de produtos existentes, ou ainda ações de promoção de produtos sem necessariamente modificar ou criar produtos. Projetos de “Qualidade” e Projetos de “Redução de Custos” visam modificar processos, ferramentas ou interfaces que tragam um ganho específico em qualidade, ou redução de custos, respectivamente.

Por fim, há os projetos de caráter “regulatório” que visam fazer ajustes na operação seguindo as regulamentações federais do setor. O diretor de cada área tem autonomia para decidir que proporção de sua verba de investimentos será aplicada em cada uma das quatro categorias de projeto. Não há restrições de valor por categoria de projeto, há apenas a limitação da verba

total de investimento anual.

Durante o processo de orçamentação pode haver projetos de novos produtos já idealizados com escopo, propósito, valor predefinidos, e previstos para desenvolvimento no ano seguinte. Mas a verba de investimentos possui também certo grau de flexibilidade alocando certo volume de recursos sem uma definição prévia de projeto, ou seja, para projetos que serão idealizados e criados ao longo do ano.