• Nenhum resultado encontrado

o Renascimento Pleno

No documento DA ARTE HISTÓRIA (páginas 122-125)

Com estas obras chegaria ao fim a fase experi-mental do Renascimento. No século seguinte, Roma suplanta Florença como capital da arte. Este segun-do períosegun-do, mais curto segun-do que o precedente, repor-ta-se essencialmente ao quarto de século que vai de 1495 a 1520 e tem também um número muito menor de representantes. A sua força provém agora de meia dúzia de figuras geniais, cujas portentosas criações haveriam de marcar para sempre a arte europeia, mas acabariam também por esgotar o uni-verso harmónico renascentista e evidenciar tensões que preludiam já o Maneirismo.

A fase de transição personifica-se em boa medi-da na obra de Leonardo da Vinci(1442-1519), parte da qual realizada em Milão. Interessava-lhe, sobretudo, traduzir a dimensão psicológica das suas personagens, cujas formas, envoltas em penumbra (sfumato), se materializam de modo suave e gra-dual, mergulhando a composição, como na Virgem dos Rochedos* ou na Última Ceia, num jogo subtil de claro-escuro, em que a luz desempenha o papel fundamental. No último período de vida dedica-se a estudos científicos, ilustrando, em centenas de desenhos, essa união entre arte e ciência caracterís-tica deste período.

Leonardo interessou-se também pela constru-ção, especialmente pelo tema da planta centrada e pelas relações entre a arquitectura e a balística.

LEONARDO DAVINCI(1452-1519), A Virqem dos Rochedos (1483). Museu do Louvre. Paris. © Lessing/Magnum.

122

CARACTERÍSTICAS

O Renascimento

Desenhos de arquitecturade LEONARDO DAVINCI. Biblioteca Mazarina, Paris.

© Giraudon.

MIGUELÂNGELO(1475-1564).

Cúpulada Basílica de São Pedrode Roma. © Scala.

Caberia, porém, a Bramante(1444-1514) a criação da arquitectura do Cinquecento, que surgiria já sis-tematizada no Tempietto* da igreja de S. Pietro in Montorio (1502), pequena mas imponente constru-ção circular cupulada que releva também das teo-rias de Alberti. Estas ideias alcançam pleno desen-volvimento na sua obra máxima, o projecto para a nova Basílica de S. Pedro (1506), gigantesca cons-trução em forma de cruz grega, flanqueada de qua-tro torres e coberta duma cúpula colossal, evocan-do a evocan-do Panteão.

Os seus desenhos seriam modificados por Miguel Ângelo, que lhes simplificaria os volumes e projectaria nova cúpula*, inspirada na do Duomo de Florença, conferindo-lhe maior grandiosidade e esbelteza. Especialmente na última fase da sua vida, este dedicou-se intensamente à arquitectura e o enquadramento monumental da Praça do Capitólio, com a sua escadaria e as três fachadas monumen-tais, ficaria como uma das mais impressivas compo-sições urbanísticas de sempre e modelo para futu-ras experiências. Mas a maior parte da sua obra construtiva denota uma tensão que a projecta já no capitulo seguinte.

Miguel Ângelo seria, aliás, basicamente, um escultor, que se empenha em conferir à arquitectu-ra as qualidades orgânicas da figuarquitectu-ra humana, tal como tentara traduzir nas suas pinturas a plenitude das formas esculpidas, como ilustram os frescos que realizou para a Capela Sistina, representando cenas do Génesise o Juízo Final. Essas qualidades emergem plenamente no gigantesco David, realiza-do em Florença e no qual evidencia já o gosto pela acção em suspenso e pela “terribilità” que irá mar-car as suas obras futuras, como o Moisés, os Escra-vosou os túmulos dos Médicisna Sacristia Nova de S. Lourenço.

Um outro colaborador da obra de S. Pedro seria Rafael, o mais jovem dos mestres deste período. Nesta disciplina, criaria uma arte rica e dramática, de forte valor escultórico mas com uma poética muito própria, que se reflecte exemplarmente nas suas Madonnas e retratos e em grandes composi-ções, como o magnifico fresco do Vaticano A Escola de Atenas*, onde se eleva ao apogeu o rigor geomé-trico dos mestres do século anterior.

Pela mesma época, Veneza conhece um desen-volvimento no campo da pintura, no seio do qual a cor irá alcançar um primado absoluto sobre todos os outros componentes da obra. O primeiro destes pintores da escola veneziana é Giovanni Bellini(c. 1430-1516), que estabelece uma espécie de ponte entre a herança de Florença e o que fará a originali-dade de Veneza: cores vibrantes numa luz difusa. O primeiro a tratar a paisagem não já como fundo, mas como tema central, será Giorgione (14771510), em cujos quadros os episódios narrados pa -recem dissolver-se totalmente, como se verifica em

A Tem pestade, cuja exacta significação nos escapa ainda.

Tiziano VECELLIO, dito TICIANO(c.1488-1576), Vénus deitada de Urbino.

Museu dos Uffizi, Florença. © Dagli Orti.

Paolo VERONESE(1528-1588), A Bela Nani. Museu do Louvre, Paris.

© Hubert Josse. É com Ticianoque a pintura veneziana conhece

o seu apogeu. Este prodigioso retratista (Paulo III e os Netos) é igualmente o primeiro grande pintor de nus, como ilustra a sua Vénus de Urbino*, cuja numerosa descendência se alongará até à Olímpia

de Manet. Ticiano, que representa as deusas como faustosas cortesãs, praticará, por vezes, uma pintu-ra religiosa monumental e austepintu-ra.

Enquanto Ticiano domina ainda a pintura vene-ziana, dois jovens artistas, Tintoretto(1518-1594) e Veronese(1528-1588) atingirão a notoriedade. O primeiro, autor de grandes composições religiosas destinadas aos conventos, como A Ceiaou A Cruci-fixaçãoé, como Ticiano, atraído pelos temas mitoló-gicos, que trata de forma bastante mais dramática (Marte e Vénus surpreendidos por Vulcano) e os pon-tos de vista audaciosos, em oblíquo, fazem a sua ori-ginalidade. Veronese privilegia geralmente compo-sições mais estáveis, situando as cenas sagradas num quadro profano, como em A Criação de Evaou

As Bodas de Caná. Ficará, todavia, para a posterida-de, como um verdadeiro virtuoso dos efeitos ilusio-nísticos, graças à decoração que realiza nas paredes da Villa Bárbaroem Maser.

124

DIFUSÃO

O Renascimento

No documento DA ARTE HISTÓRIA (páginas 122-125)