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o refinamento da arte nasride A arte dos Nasrides destaca-se pela preferência

No documento DA ARTE HISTÓRIA (páginas 105-109)

à medida e ao refinamento sobre todo o efeito gran-dioso. A sua arquitectura evidencia um certo con-servadorismo. Nem por isso deixa de ser notável pela delicadeza das suas ornamentações de estuque polícromo e de mosaicos, razão pela qual podemos admirar, na Alhambra de Granada*, “estalactites” de gesso de uma leveza surpreendente. Os palácios nasrides constituem exemplos do seu talento e de Tecido em seda, séc. XII.

Museu de Cluny, Paris. © Photo RMN-H. Lewandowski.

Espanha. A Giraldade Sevilha. © Stéphane Frances/Explorer.

Espanha. Sala dos Reis da Alhambra de Granada © Oronoz/Artephot.

Espanha. Interior da igreja de São Cipriano de Mazote em Valladolid. Exemplo de arquitectura moçárabe.

© Oronoz/Artephot. um gosto pronunciado pela organização de jardins e

espelhos de água integrados na arquitectura.

A arte muçulmana e a cristandade

Os contactos artísticos entre a cristandade e as artes muçulmanas foram numerosos no solo hispâ-nico e deram origem a criações compósitas. Em arquitectura, os ar tistas moçárabes e mudéjares

transmitiram aos reinos cristãos técnicas de cons-trução tipicamente muçulmanas, como a utilização do tijolo ou a forma do arco ultrapassado. É em matéria de decoração que o contributo muçulmano se torna mais impressionante, comunicando aos edifícios cristãos decorações de estuques polícro-mos ou de mocárabes e as artes decorativas benefi-ciam em toda a extensão destas novas influências.

A arte moçárabe

Exemplo disto mesmo constitui a arte moçára-be*, obra de artistas cristãos vivendo sob domina-ção muçulmana e que participam na elaboradomina-ção de construções ou de obras de arte cristãs, presentes tanto na Hispânia muçulmana como cristã. A arte moçárabe é particularmente sensível no domínio da arquitectura e, quanto às artes ornamentais, no da iluminura. Aí, os contributos muçulmanos (empas-tes de cor, vigor da linha) revelam-se fundamentais para a génese da arte românica.

A arte mudéjar

A designação de arte mudéjar refere-se às cria-ções que artistas muçulmanos efectuaram para os reinos cristãos e desenvolve-se exclusivamente na Espanha cristã a partir dos séculos X-XI, com o avanço da Reconquista. A ar te mudéjar evolui segundo a sucessão das diferentes correntes estilís-ticas da arte muçulmana e atinge o seu apogeu no século XV sob a influência da arte nasride. 0 Alca-zar de Sevilha, construído a partir de 1360 pelo Rei cristão Pedro o Cruel e restaurado no século XVI, constitui um exemplo acabado. Esta arte perpetua-ria as formas da arte muçulmana no século XVI, mesmo depois de o Islão, politicamente, desapare-cer do continente europeu, sendo expor tada além-Atlântico, após a descoberta do Novo Mundo.

A Sicília muçulmana

Não subsiste, na Sicília, edifício algum datando dos três séculos durante os quais esta foi muçulma-na. Após a conquista normanda, a existência desse fundo islâmico manifestou-se na decoração de edifí-cios religiosos ou civis e a herança muçulmana per-maneceria muito viva no domínio das artes orna-mentais, nomeadamente no fabrico de estofos e marfins. Os escultores em marfim do Sul da Itália (Salerno ou Amalfi) produzem, nos séculos XI e XII, objectos de grande qualidade, nos quais as influên-cias muçulmanas se fundem aos contributos româ-nicos e bizantinos.

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ANÁLISE DA OBRA

A arte muçulmana na Eur

opa medieval

O pátio dos Leões da Alhambra de Granada

(século XIV)

© Dagli Orti.

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Alhambra, residência fortificada dos monar-cas de Granada, recebe, sob o reinado de Maomé V (1362-1391), as suas últimas refor-mas antes da reconquista castelhana.

O palácio articula-se em torno de uma série de pátios interiores justapostos com a maior fantasia. O

Pátio dos Leões, o último a ser realizado, permanece como uma das jóias da arquitectura muçulmana.

Descrição

O Pátio dos Leões reflecte a tradição dos pátios de peristilo das grandes residências patrícias roma-nas, retomada posteriormente na concepção dos claustros. Um pórtico de elegantes colunas forma, sobre cada um dos lados menores, dois pavilhões. Ao centro do pátio, doze leões de mármore cinza, rara representação animal na arte muçulmana, sus-tentam uma grande taça de alabastro do século XI, donde jorra uma fonte. Através de um engenhoso

sistema de canalizações e canais, a água distribui-se por todas as partes do pátio e atravessa o peristilo, penetrando a partir daí na Sala dos Abencerragense na Sala das Duas Irmãs(ver planta).

Deste modo, a água unifica numa única compo-sição geométrica as partes cobertas e descobertas do edifício.

O estilo

Uma mão-de-obra escrava, numerosa e barata, executou os trabalhos da Alhambra, realizados com materiais pobres: madeira, argila, cerâmica e estuque polícromo. A decoração privilegia a fan-tasia, a leveza, o refinamento dos detalhes, os jo-gos de sombras e de luzes, a aliança entre a pedra e a água. Os motivos enrolam festões e volutas numa rede serrada de linhas geométricas diversa-mente entrelaçadas, como as de uma genial teia de aranha.

Plano da Alhambra, segundo o Guide Bleu-Espagne. Hachette.

Uma peculiar osmose se estabelece entre a água e a pedra. A esbelteza de cada colunelo assemelha-se a um jacto de água emergindo do solo e recaindo, como uma miríade de gotículas, através das rendas de estalactites esculpidas sobre as arcadas. Cria-se, deste modo, um ritmo perpétuo, que confere um aspecto feérico ao Pátio dos Leões.

O Pátio dos Leõesà noite, visto da Sala dos Reis. © Scala.

Comentário

A concepção desta arquitectura adapta-se magistralmente às elevadas temperaturas do verão andaluz. A circulação da água empresta frescura às dependências mais recônditas do palácio e as passagens cobertas e as arcadas, pro-tegendo do sol, conjugam-se com janelas abertas, a fim de produzir correntes de ar refrescantes.

A Alhambra constitui um testemunho elo-quente da singularidade da arte islâmica, onde a abundante decoração, a um tempo graciosa e poderosa, liberta uma beleza global impregnada duma certa voluptuosidade.

O que é secundário para o nosso espírito clás-sico, isto é, a decoração sobreposta, torna-se, afi-nal, essencial no mundo onírico do Pátio dos Leões.

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No documento DA ARTE HISTÓRIA (páginas 105-109)